sábado, 23 de novembro de 2013

LIBERTE-SE PARA O NATURISMO




Como diz na música “Uma Noite e Meia” de Renato Rocketh, cantada por Marina Lima: “Vem chegando o verão, um calor no coração, essa magia colorida, coisas da vida”. Cada estação possui a sua magia, mas o verão parece mais propício para desnudar o corpo e nele sentir as energias da natureza, é algo que não poderá ser falado porque cada pessoa poderá sentir de forma diferente. Lamentavelmente nesse país tropical, cujos primeiros habitantes já andavam nus, a prática do Naturismo/Nudismo como agente de integração entre mente-corpo ainda é desconhecida.

Algumas pessoas me dizem que nunca serão naturista/nudista, não entendem que dito dessa forma reflete um lado psicológico negativo do próprio corpo e consequentemente diante da vida. A civilização adestra o indivíduo a viver na irrealidade e ele assume como se fosse real, ele sonha e quando acorda ainda sente os reflexos daquilo que sonhou. Esse lado negativo não deixa aberturas para mudanças e evolução, assume uma postura intransigente, às vezes até arrogante diante da sua natureza. O conflito entre social x natural não irá cessar nunca. O mais correto seria dizer: “Não sou naturista/nudista, mas quem sabe algum dia!” Pelo menos abre-se uma porta para fazer avaliações, estudar o assunto, realizar reflexões sobre si mesmo diante do universo.

O historiador Viegas Fernandes da Costa ao escrever sobre a sua experiência com a nudez social no artigo “Sobre a Nudez Social” coloca o dedo na ferida de uma sociedade que recrimina o corpo e continua procedendo assim com o aval daqueles que ainda não compreenderam o que representa o movimento naturista/nudista no mundo. Cita ele: “Sabemos, portanto, do quão transgressor pode se caracterizar o gesto de tirar a roupa e conviver socialmente sem esta. Insisto lembrar que o caráter transgressor da nudez está relacionado com o contexto social em que se insere, em nosso caso, a sociedade têxtil. A transgressão e ousadia do ato parece ainda maior quando se trata de corpos que a sociedade classificou como “defeituosos ou deficientes”. Ou seja, que por alguma característica que manifesta, afasta-se da imagem que temos de um corpo normal, construída em nosso imaginário. Digo isso de experiência própria, já que carrego em meu corpo as marcas de uma doença neuromuscular que me atrofiou os membros inferiores e superiores, e provocou “deformidades” em minha coluna e tórax”.

A prática do Naturismo/Nudismo é provocativa na medida em que passamos também a refletir a inclusão do próprio corpo na natureza, aí começamos a pensar sobre o meio-ambiente, sobre os valores sociais e sobre muitos outros assuntos. Desenvolvemos a percepção de como a sociedade é neurótica! A dúvida que ainda carrego é que os psicólogos ainda tentam ajustar o indivíduo a essa sociedade. Penso que esse ajuste só poderá ser feito em parceria com uma filosofia, e o Naturismo/Nudismo pode ser uma proposta muito interessante. Vou aguardar uma resposta da amiga e professora de Psicologia Maria Rita que me permitiu um espaço para realizar uma palestra para seus alunos.

Naturismo/Nudismo é uma proposta de uma vida diferente, um olhar com naturalidade e de se sentir livre. Liberdade essa que também nos torna responsáveis porque estamos passando para futuras gerações uma nova perspectiva que inclui o respeito e harmonia mesmo com as nossas diferenças. Os conceitos que temos da natureza humana são verdadeiramente insignificantes e totalmente distorcidos, a ciência por meio da Física Quântica atesta isso, o físico alemão Werner Heisenberg em 1927 propôs o Princípio da Incerteza.

Experimentar o Naturismo/Nudismo até mesmo para fazer uma reavaliação do próprio psiquismo, amplia as possibilidades de entendimento de como enxergamos o mundo material. É um mergulho não só nas águas do mar, mas também para dentro de si mesmo. Tente, experimente, liberte-se.



Evandro Telles
19/11/13


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Azov Films - big business?

The Azov Films case "has really challenged people to reconsider what nudism and child modelling are", according to the police inspector in charge of the case. The publicity was massive. How big was Azov Films, and what what does its size imply for naturists?

A brief look at the published numbers shows that in the Azov Films case, the police made a mountain out of a molehill. If a one-man, $800,000 per year operation is so big that 30 policemen come from around the world for the press conference, then maybe there just aren't enough international porn rings, for the number of police departments that need to justify their budgets. The police may need to throw the net wider, beyond pornographers to naturists. If they didn't indeed do just that with the Azov arrests.

Financial reality

Azov Films was operated openly from a warehouse in Toronto, by a Brian Way. According to the Toronto Star, the company billed $1.6 million over its last two years, and a total of $4 million since being founded in 2005. That's $500k to $800k per year, and that's gross, not profit.

What is that in sales?

A look at the Internet Archive mirror of the Azov catalog for the films that appear to be the core of the police case, Azov's own productions, starts with films at "List Price: $49.95 Price: $36.95". CTV News says, "For approximately $40, customers could buy about an hour of video, and receive photos at a discount, delivered online or by mail, police say." We don't know the mix of physical DVDs that would require postage vs downloads.

But we just need a ballpark figure, so let's assume Azov's sales was films which with postage cost a round $50 each. That gives 10,000 to 16,000 DVDs per year, or for a work year of 50 weeks, 40-64 DVDs a day - in line with Azov apparently being a one-man operation, as there's no news of any employees beyond Mr. Way, and perhaps his mother.

Azov sold some 600 films, including mainstream titles. How many were produced by Azov isn't clear from the news coverage. On average that's 16-27 copies of each title per year - remembering that "average sales" is a nearly useless measure in movies or books. Supposedly the man who filmed the boys in the Ukraine got $1000 per film, so Azov must have needed to sell at least 50 copies of each title to break even.

45 Terabytes

According to CTV News,

More than 45 terabytes of data were seized.

“This is equivalent to a stack of paper as tall as 1,500 CN Towers,” Beaven-Desjardins said.

Neither informative, nor true. Mr. Way wasn't selling paper, he was selling DVDs. A common DVD holds from 4.7 to 8.7 GB. At the lowest capacity, 45 TB would be 9,600 DVDs; at the higher, 5,200. Four months' stock. To use Inspector Beaven-Desjardins's method of calculation, given the 1.2mm thickness of a DVD, 5,200 DVDs would form a stack 6.2 meters high; 9,600 DVDs would be 11.5 meters. Or, 1/50th the 553.33 height of the CN Tower.

Do I smell someone inflating numbers?

Even if Inspector Beaven-Desjardins's comparison were apt, her arithmetic is wrong. A page holds about 2KB of text; paper is about .1 mm thick; the CN tower is 553.33 meters high. The CN tower is the height of about 5.5 million sheets of paper, or 11 gigabytes of text. 1,500 CN towers would be equivalent to 16.6 terabytes, not 45 TB. Or perhaps Azov didn't really have 45 TB of data. We know she's telling fibs, we just don't know which number is a crock.

"Giant paedophile ring"

The Independent describes the case as

A giant paedophile ring with a worldwide reach was broken apart during a three-year inquiry which led to the arrests of hundreds of individuals, including clergymen and teachers, and the rescue of nearly 400 children who were at risk, Canadian police have revealed.

In one of the biggest such operations ever seen, investigators uncovered an octopus-like child-porn network centred on a now-shuttered sex-film business in Toronto.

It's "giant", it's "biggest", it's "worldwide", a "network", and "octopus"! It took three years to dismantle! And it's ... a one-man operation that billed four million dollars over six years?

Part of the mythology of child pornography is that it's a "multi-billion dollar business." But if that's true, how can a company with gross revenue of $500,000 (from which it paid rent, postage, DVD blanks, servers, etc.) be one of the largest operations ever?

Something doesn't add up. As in the false accusations of pedophilia in the notorious Colina do Sol case, or the Catanduva witch hunt, the vast numbers tossed around by law enforcement and the press seem to have little basis in reality.

Naturists may feel that the Azov Films prosecution has nothing to do with them. After all, there's U.S. and other court precedent that simple nudity in the context of naturism is protected under the First Amendment, and under other constitutional protections in other countries.

However, Azov's customers thought the same. And quite a few films that were sold by Azov were also sold by "mainstream" naturist sites, including some sites based here in Brazil.

domingo, 17 de novembro de 2013

Arrested for nudist films?

Thursday the Canadian police announced "Project Spade" and the arrest of 348 people for purchasing DVDs from the site Azov Films: DVDs that were advertised as legal nudist films. Last week, a father living at the Sunsport Gardens nudist community was arrested because he had hired a professional photographer to take "family photos" of his daughters, and unknown to the father or the girls, the photographer either cropped some photos or else zoomed the lens in on the girls' crotches.

On the Azov Films case, the Canadian police said:

“This case has really challenged people to reconsider what nudism and child modelling are. It’s caused countries around the world to look at this material and ask whether it’s OK for doctors, teachers, daycare providers and hockey coaches to be buying this kind of material.”
- Lisa Belanger
Toronto police detective constable who led the investigation

Nature of Azov Films DVDs

According to the Toronto Star,

On the surface, it appeared to be a legal “naturist” site, showcasing what were billed as artistic films that featured nude boys. But officers decided a closer look was needed, and an investigation was launched in 2006. They looked at Way’s material and found nudity — worrying to many, but not enough to meet the strict legal parameters of child pornography.

However (according to the news articles) the owner of Azov Films, a Mr. Way, also had his own private collection of unmistakable child pornography. The news coverage alternates references to the personal porn collection, or non-Azov pornography found with Azov's customers, with statements about the films sold on the site during the six years it was in operation, from 2005-2011. Possibly in the expectation that careless journalists would confuse one with the other, as some have indeed done.

While Azov's site was taken offline when the owner was arrested in mid-2011, the Internet Archive holds the company's own description of the material it sold and in some cases produced:

  • Our naturist/nudist films are of authentic naturism and are not obscene, lewd, sexually oriented, lascivious, or pornographic. They are not illegal to own, sell or distribute. Our naturist films are suitable for viewing by all family members.
  • We have no pornography, obscene material, lewd material, lascivious exhibition of the genitals, prurient conduct, vulgarity, or close-ups of body parts in our naturist films.

The films were openly for sale via the Internet, and delivered by the Post Office. Azov was in court in the US several times over the years - battling over trademark and copyright questions. Apparently there is case law that customers cannot use as a defense the company's own description of the legality of the material. Even so, as the site operated for many years without government interference, and the police seem to have carefully avoided saying that what Azov sold was pornography, it seems likely that simple nudity was all that was sold via the website.

"Child exploitation" is how the police describe the DVDs for sale. But what does that mean? Belanger is quoted by the Star: “One child in a movie takes 15 showers — all these kids we knew were being exploited.” In comparison, in the Brazilian film "O Menino Maluquinho", the pre-teen protagonist takes a bath, with a pet turtle, in front of the maid. In "Pixote", the title character takes a shower, and again the camera shows all. "Exploitation", and we never knew it!

The police say that the DVDs of the boys are "explicit", but they don't say that they are "sexually explicit". Nudist films can indeed show "explicit" nudity (which is not illegal), without showing explicit sex. The vocabulary games remind me a story of the era of "yellow journalism": a woman was described as "exotic" because the paper could be sued for "erotic", and why not? its readers didn't know the difference.

For our Brazilian readers, the DVDs that resulted in the arrests seem indistinguishable from the DVDs sold by "Brasil Naturista" (also known as "pelados.com.br") and before it, the VHS tapes sold by the now bankrupt Naturis. And no different from the films made of rented children - sorry, hired models - at Abrico Beach in Rio and at several other Brazilian naturist venues around 2009, still for sale on sites indistinguishable from that of Azov Films.

Naturists beware

The contrast between the carelessly worded press accounts, and the weasel-worded police phasing, makes it quite clear that the material Azov sold via its website was close to the line between naturist photography and child pornography. Inspector Belanger's summer of watching movies found that under a third of the films crossed the line. Since Mr. Way claimed to have known the law, and conducted his business openly, it seems likely that the third, even if over the line, were not far over it.

How can a naturist be sure that he has family pictures, and not child pornography? The answer seems to be, he can't. We'll return to that question later.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

SOU NUDISTA, ALGUM PROBLEMA?




Como é de conhecimento de muitos, o Nudismo nasceu na Alemanha por volta do ano de 1900, o professor alemão Adolf Koch inicia seus alunos nos desportos ao ar livre, bom isso não é segredo para ninguém, é história documentada.

Algumas federações até preservam em seus nomes a palavra “nudismo”, entre elas podemos citar ANF Australian Nudist Federation, NZNF New Zeland Nudist Federation, e até um dos maiores acervos da preservação da memória do movimento está localizada na Flórida, Estados Unidos chama-se American Nudist Research Library.

Tenho em minhas mãos livros de diversos autores entre eles cito: “Nudismo Y Naturismo” de Fernando Cabal, edição espanhola; Storia Del Nudismo de Jean Pascal Marcacci, edição italiana e outros. Nenhum deles faz menção depreciativa com relação à palavra “Nudismo”. Interessante que no país dos índios é que “toda nudez será castigada”!

Qualquer coisa que se relacione com a nudez humana a sociedade tenta criar um estigma, seja por humilhação, condenação ou culpa, não importa o nome que se dê à nudez, ela é sempre vista com olhar crítico por uma sociedade que tem medo da liberdade. Associar o nome Nudismo como se fosse algo irresponsável, inconseqüente, sem fundamentos que impliquem bem-estar psíquico, corporal e ambiental é, no mínimo, por falta de conhecimento das suas origens.

Nudismo é a consciência da própria nudez, os índios não praticavam o Nudismo, a nudez deles já era natural, não precisavam desse artifício para entrar na natureza e conversar com as árvores.

Na carta escrita em 1855 pelo chefe Seattle menciona: “Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumosas são nossas irmãs; os gamos, os cavalos, a majestosa águia, todos são nossos irmãos. Os picos rochosos, a fragrância dos bosques, a energia vital do pônei e o homem, tudo pertence a uma só família.” Definitivamente não precisava de artifícios para entender a unicidade da vida e da interdependência de todos que por aqui habitam.

A nudez pode favorecer reflexões sobre o corpo no universo, pensar de uma forma profunda e positiva sobre si mesmo sem necessitar de títulos. São as minhas ações e atitudes que poderão me definir, e mesmo assim imprimir uma definição equivocada por causa da amplitude da nossa natureza.

Freud disse que todo homem nasce neurótico. Isto é uma meia verdade, o homem na verdade nasce em uma humanidade neurótica. O homem nasce natural, real, normal, mas no momento em que o recém-nascido se volta parte da sociedade, a neurose começa a funcionar. A neurose básica é que ele sente e pensa e se identifica com a parte que pensa, e sentir é mais real que pensar, sentir é mais natural que pensar. Nascemos com o coração que sente, mas o pensamento foi cultivado; é dado pela sociedade.

Minha nudez não faz parte do pensar, nem quero saber o que pensam a meu respeito, só quero sentir o ar, o sol, a água e a terra. Os conceitos são puramente mentais, vou dispensá-los. Sim, sou nudista, algum problema?

Evandro Telles
29/10/13



sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Bons ventos para Tambaba?

A praia de Tambaba não é a única de Jacumã, Conde, ameaçada pela exploração imobiliária. Chegou quarta-feira do TRF5 a notícia de que uns heróis de capa preservaram outra praia do município.   

Não garante que a beleza natural de Tambabá continuará intocada, mas é um bom sinal.

TRF5 determina demolição de novas construções na “Praia do Amor” (PB)

23/10/2013 às 17:14

Magistrados estenderam os efeitos da sentença aos novos ocupantes irregulares, em Jacumã, no município do Conde


Foto: Ana Carolina Sacoman

O Tribunal Regional Federal da 5ª Região – TRF5 deu provimento, ontem (22/10), ao agravo de instrumento ajuizado pelo Ministério Público Federal (MPF) e determinou a demolição de novas ocupações na Praia do Amor, em Jacumã, no município do Conde (PB). O TRF5 reformou decisão da 3ª Vara Federal da Paraíba, que havia indeferido pedido do MPF para estender os efeitos da sentença proferida na ação civil pública, em razão dos danos ambientais causados por veranistas.

“Em Ação Civil pública os efeitos da coisa julgada não se restringem apenas às partes que integraram a lide, podendo a sentença produzir efeitos ultra partes (além das partes relacionadas na petição inicial), nas hipótese de legitimação extraordinária ou concorrente, e erga omnes (alcance geral), nas demandas que objetivem tutelar direitos difusos ou coletivos. Assim, embora as novas barracas não tenham integrado o polo passivo da lide (processo), inicialmente, porquanto ao tempo da ação ainda não existiam, sofrem os efeitos da decisão (sentença) proferida, sendo responsabilidade de o Município coibir novas ocupações”, afirmou a relatora, desembargadora federal Margarida Cantarelli.

ENTENDA O CASO – O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por intermédio de sua representação no estado da Paraíba, propôs Ação Civil Pública, com pedido liminar de retirada das barracas instaladas (inicialmente, eram seis proprietários), construídas irregularmente em área da União, por ameaçarem o ecossistema de mangue, gerarem poluição e destruição da fauna e flora, na localidade conhecida como “Praia do Amor”.

Os réus apresentaram contestação, alegando que habitam a área há mais de 20 anos, preservando-a e educando os turistas para que não promovam agressões à natureza. Alegaram, ainda, que as casas foram construídas de madeira e cobertas de palha de coqueiro, há mais de 20 anos não são levantadas novas habitações e se localizam a 30 metros do mar, na maré alta, bem como da faixa de mangue.

A sentença condenou os réus proprietários dos imóveis a desocuparem definitivamente a área, no prazo de 30 dias, contados do trânsito em julgado da decisão, condenou o município do Conde a proceder à demolição das construções e remoção dos entulhos, após o decurso do prazo de desocupação. J.C.R.F. e outros proprietários apelaram da sentença. A 4ª Turma do TRF5, por unanimidade, negou provimento à apelação.

O MPF requereu que os efeitos da sentença fossem estendidos aos novos ocupantes, tendo em vista que estes não existiam à época do ajuizamento da Ação Civil Pública pelo Ibama. O Juízo da 3ª Vara Federal da Paraíba negou o pedido. O MPF ‘agravou’ (ajuizou agravo de instrumento) da decisão. O agravo foi apreciado e julgado pela 4ª Turma do TRF5.
AGTR 132950 (PB)

Autor: Divisão de Comunicação Social do TRF5 – comunicacaosocial@trf5.jus.br

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

NATURISMO NO TERRITÓRIO DAS EMOÇÕES

Após o II ENNN Encontro Norte Nordeste de Naturismo que durou quatro dias, tendo como lema “Espiritualidade, Solidariedade e Compromisso”; e em torno disso muitas atividades que considero importantes de serem mencionadas nesse texto.

Necessário esclarecer que “Espiritualidade” não tem nada a ver com religião, crenças, Deus, Santos ou Profetas. Espiritualidade é um caso de amor maior do indivíduo em relação ao cosmos. Você toca na folha estará ao mesmo tempo tocando nas estrelas, é a universalidade sem fragmentos, é sentir o pulsar da vida em todas as direções, não há norte nem sul, não há fronteiras. No dia em que a espiritualidade tocar o homem não poderão existir guerras, violência, afrontas, porque o outro será um espelho que reflete ele mesmo.
 
Diariamente tínhamos um momento para reflexão dos elementos da natureza, fogo, terra, água e ar. No primeiro dia, uma fogueira foi acesa e a Rayssa fez abertura do evento de forma brilhante, louvando o “fogo” que em nosso corpo representa o coração, símbolo da paixão, do amor e da energia que nos faz movimentar. Todos os participantes mentalizaram o que deveria colocar para o universo, seus pedidos, anseios, desejos e provavelmente orações. Mas tudo de forma silenciosa em respeito às crenças individuais, que é um dos preceitos do Naturismo.

No segundo dia “a terra” com representação artística do amigo Jorge Bandeira, que deitou o seu corpo na terra molhada pela chuva que não dava trégua, mas foi bom que tenha sido assim em reconhecimento da nossa adaptação à natureza, não ao contrário. Antes da sua exposição, Jorge pede que tenhamos em mente as crianças ali presentes e o amigo Miguel que luta contra o câncer e sempre esteve em defesa do Naturismo na praia de Massarandupió. Deita numa posição fetal e os participantes colocam um punhado de terra sobre o seu corpo, e nada mais foi dito. Percebem a significância? É o encontro da vida e da morte, é a vida se manifestando da terra, vivida por uma criança que hoje luta e o seu final, coberta de onde surgiu. É o encontro dos opostos, é a vida que morre ou surge? É seu início ou fim? É a igualdade de todos os seres que vivem, é o direito de viver com dignidade. Não contive tamanha emoção e meus olhos lacrimejaram.

No terceiro dia, “a água” foi o terceiro elemento, exaltada a sua importância para a manifestação da vida, circulante em todo nosso organismo, além de nascermos por meio desse elemento. Todos passaram por uma fonte de água e ali se banharam. À noite foi o lançamento do livro “Naturismo – Um Corpo Não Fragmentado” em que tive a oportunidade de realizar uma breve apresentação, sem muita delonga por ver o cansaço de muitos que já tinham ido à praia, passado o dia em reuniões. Percebi a inconveniência de realizar uma palestra com muitos detalhes. O ponto alto do evento mais uma vez partiu da encenação do Jorge Bandeira de um texto escrito por Plínio Marcos (1935-1999), mostrando o índio transformado num mendigo, sem vida em seu olhar, sem alma e esperança. Culpa de quem? Dos que os tiraram das suas terras, mas também dos que calaram por medo, dos que nada fizeram para impedir a ganância, dos nossos antepassados e de cada um de nós que ficamos sentados, acomodados vendo passivamente o extermínio do homem nu, tirado à força de seu habitat, da terra e do seu lar. Culpa de quem? Mais uma vez pergunto. Por incrível que pareça encontro um dedo apontado em minha própria direção. Isso é consciência, Naturismo e Natureza andam de mãos dadas e antes de tudo, é um compromisso com a vida. (Edson Medeiros).
    
No quarto dia, encerramento com reverência ao “Ar”. A respiração, o reconhecimento que o corpo tem a sua própria sabedoria, o ar inspirado tem que ser solto, ninguém poderá reter como se um objeto fosse porque se for retido cessa a vida, tem que ser equilibrado, nem mais nem menos. Lembra-nos que a vida é uma fluidez e não estática, um constante dar e receber, que não somos donos de coisa alguma, só estamos usufruindo. Naturalmente surge a “gratidão”, que não é uma atitude e sim um sentimento. Não é que se tenha que agradecer a alguém, é andar no peito com a gratidão por todas as coisas e por todos que encontramos nessa passagem pela vida afora.
Algumas pessoas chegaram quando estávamos finalizando essa atividade ainda perguntaram: “Perdi alguma coisa?”
Sim, perdeu tudo, quem não participou perdeu muito.

Obrigado, as lições foram muitas. Aprendi que o Naturismo é também território das emoções.



Evandro Telles
14/10/13


terça-feira, 27 de agosto de 2013

Homenagem a Evandro Telles e familiares...

Gostaria de deixar registrada a nossa homenagem ao Evandro Telles, colaborador desse site, e grande divulgador do naturismo Brasil. Há alguns dias recebi e repassei paras as listas de discussão a triste noticia abaixo:

Amigos.

Comunicamos o falecimento da Sra. Madalena, mãe de Evandro Telles, ocorrido nesta manhã de domingo, sendo o enterro marcado para amanhã, segunda-feira, em Cachoeiro de Itapemririm. Há uns 2 meses ela teve um AVC e durante este tempo esteve internada algumas vezes evoluindo para o falecimento.

Aos nossos queridos amigos Evandro e Romilda enviamos nosso carinhoso abraço extensivo aos familiares, 

Maria Luzia
p/ Grupo Naturismo Capixaba


Fica a nossa homenagem ao amigo Evandro Telles e família.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Viva a Liberdade Nua!

ManiFESTAçao pela Liberdade da Nudez #4
1º de dezembro de 2013, na ciranda de palmeiras na Praça da Paz – Parque do Ibirapuera – São Paulo


A debate no programa SuperPop da RedeTV! considerou se a nudez deve ser liberado, ou confinada nas gaiolas das áreas naturistas. Já aconteceram no Parque de Ibirapuera três ManiFESTAcões para a liberdade de nudez. A primeira, nas fotos acima e ao lado, simbolicamente retirou as faixas pretas da censura. A segunda foi coberta pelo jornal naturista Jornal Olho Nu, principal veículo naturista do Brasil, assim como a terceira ManiFESTAção.

Todas estas manifestações foram pacíficas, foram comunicados anteriormente às autoridades competentes, e apesar de acontecer no maior parque da maior cidade do Brasil, acontecerem sem
transtornos e sem muito incômodo para os outros usuários do parque.

É legal?

As manifestações políticos e culturais são protegidas pelas leis e pela Constituição do Brasil. O Ministério da Justiça já liberou o nu sem conteúdo sexual para a televisão aberto, a qualquer horário.E muitos protestos recentes tem usado nudez.

A reação dos frequentadores do parque à manifestação foi variada. Uns chegaram mais perto, inclusive famílias com crianças, outros poucos se afastaram, mas a grande maioridade não deram muita bola. Um grupo de adolescentes indo jogar bola atrasaram o passo um pouco, mais continuaram até o campo de bola.

A Guarda Civil manteve a paz nos três Atos
As guardas municipais, e as guardas terceirizados do parque, estavam preparados para qualquer dificuldade. Não houve. Sacaram então seus telefones, e fizerem recordações do evento.

E as crianças?

Crianças no naturismo sempre suscitam perguntas. Ser visto nus por outros pode lhes causar danos? E pode causar danos a crianças ver o nudez alheio? Ser fotografada faz mal à criança?

Até agora nenhuma família com crianças participou das ManiFESTAções. Foi cena corriqueira ainda no final do século passado crianças pequenas nadando peladas no espelho d'agua em volta do Obelisco no Parque, ou no fonte em frente do Catedral da Sé. Os jornais imprimem fotos de crianças peladas até na capa quando é notícia. Em 1990, Bia Lessa encenou "Suor Angélica" no Theatro Municipal, com umas cinquenta crianças peladas correndo no palco na cena final. E isso é falando das áreas nobres da cidade. O pudor é um privilegio dos ricos - quanto privacidade tem uma família morando num quarto de cortiço ou favela?

E não podemos esquecer de Chico Bento nadando pelado na roça, ou os indiozinhos de Castelo Ratimbum andando pelados como seus antepassados e como seus parentes de hoje.

Mas crianças vendo algo desacostumado, poderiam sofrer danos? Os museus da cidade são repletos de nus. Em 2005 a Oca de Ibirapuera recebeu a exibição "Corpos Pintados", onde conforme um critico de jornal, "Tudo pode ser visto na tez macia de uma garota ou na pele flácida de um idoso." A exposição de pinturas, fotos e esculturas de corpos nus foi frequentado inclusive por grupos de estudantes em uniformes da rede municipal e estadual.

No Parque de Ibirapuera, e no Brasil, o nudez da crianças pode ser visto, e ela poder ver o nudez dos outros. E sempre foi assim.

Tradição naturista brasileira


O naturismo formal nasceu no Brasil com Luz del Fuego, que abandonou sua família tradicional e seu nome Elvira Pagã, para abraçar o naturismo e dançar no palco com duas cobras. Ela fundou o Partido Naturista Brasileira nos anos 50, exigiu o naturismo rigoroso na sua Ilha do Sol na baia de Guanabara, onde exigiu que todos ficassem completamente nus - até o Censo. Luz aguentou a chegada no regime militar, mas foi vítima de um assalto na sua Ilha em 1967. Virou assunto de filme em 1982, peça de teatro em 1992, e ficou até mais famosa depois da morte do que na vida.

Atenção da mídia

O naturismo interesse a mídia? Não. Mas o nudez interessa. Muita cobertura de "naturismo" na televisão em anos recentes, não foi de naturismo. Usou o naturismo para disfarçar o interesse em corpos nus, ou em comédia da mais baixa qualidade.
A matéria na Folha de São Paulo em julho foi de outro padrão. Não foi pruriente, nem humorística, nem "chapa-branca", mas foi jornalismo mesmo.  Investigou vários recantos naturistas, e não engoliu as palavras do entrevistados. Tratou o "código de ética" como regras de etiqueta, por exemplo.
  
O tratamento da RedeTV! foi também respeitoso, pelo menos no estúdio. Não posso opinar sobre o que foi ao ar, pois isso é escrito antes.

Uma coisa é certa: a atenção da mídia deve garanti que haverá bem mais gente no Parque de Ibirapura no primeiro dia de dezembro. Mais gente para observar, e esperamos, mais gente para participar. A liberdade de nudez não é de um pequeno grupo, ou de uma pequena fatia de sociedade que tem o luxo de frequentar áreas particulares. É um liberdade com que todos nós nascemos.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Folha de S. Paulo: a panelinha de naturismo

A Folha de S. Paulo escreveu hoje de naturismo, com grande perspicácia e com espaço enorme, a capa e sete páginas internas da revistinha de domingo. Domingo a noite estava como a matéria mais lida da edição online. Li a matéria logo depois um ensaio de Fernando Gabeira em que o autor da Lei Gabeira nota que, "O mês de junho envelheceu rapidamente os partidos, como se as câmeras os fotografassem usando o efeito sépia para transmitir a atmosfera de passado que os envolve." As manifestações pacatas no Parque de Ibirapuera, e esta matéria no maior jornal do Brasil, envelheceram o "naturismo organizado" brasileiro.

O título da matéria principal é "Todo mundo pelado: naturistas paulistas brigam entre si pelo direito à nudez pública", e os repórteres Ricardo Senra e Danila Moura entrevistaram aderentes de vários movimentos: Alfredo Nora que organizou as manifestações no Parque do Ibirapuera, Rose Santana do SP-Nat, da Marcha das Vadias, da Pedalada Pelada. Um dos criadores desta última, André Pasqualini, deu a frase emblemática da reportagem:

"Acho uma incoerência enorme alguém que se diz naturista ser contra esse movimento no parque", afirma André, que foi preso na primeira bicicletada nudista.

Sobre a rusga entre os pelados radicais e tradicionais da cidade, André tem o seguinte a dizer: "Sabe qual é o motivo? Briguinha de ego, gente reclamando de quem está a fim de formar uma panelinha naturista".

O suite de matérias mostra uma divisão entre os naturistas novos, que fazem alguma coisa, que levam naturismo para as ruas ou os parques, e um outro grupo, que é retratado como pessoas plantadas defendendo seus castelos isolados, com seus mentes medievais.

O jornal ainda coloca as opiniões de três renomados juristas sobre o naturismo público. Topless nunca dá processo, conforme um. E o uso do nu em protesto, é protegido pela Constituição.

Recomendo a leitura integral das matérias. Só não as coloco aqui para respeitar o copyright. Além da mateira principal há uma sobre aspetos legais; sobre terapia corporal nu; sobre "pelados que viraram notícia", e regras de etiqueta, onde se encontra o que a FBrN incorretamente chama de "Código de Ética".

O que importa?

Alfredo Nora postou no Facebook depois que a matéria saiu,

agradeço à revista da folha ter me dado a capa de hoje. mas lamento que mesmo cheios de boas intenções e com pessoas esclarecidas envolvidas, colocaram em primeiro plano, acima das questões fundamentais, uma novela ridícula e insignificante do que chamaram de "guerra entre naturistas radicais e tradicionais" ...

Panelinha velha?
Enquando Alfredo era o principal entrevistado, não era o único. Porque São Paulo lembre a Revolução de 1932 enquanto o resto do Brasil nem dá bola? Porque o Guerra Civil americano é ainda importante para os estados do sul, e águas passadas para os do norte? É que a guerra importa mais para o lado que perde.

E como a matéria mostrou, os "naturistas tradicionais" estão perdendo a guerra. Alfredo os procurou e foi repulsado. Sem dúvida, os repórteres ouviram muito mais do "conflito" do lado das pessoas ligados ao "naturismo organizado", do que ouviram de Alfredo, pois para eles, importa mais. Eles que estão fazendo guerra - e vendo que suas "armas" nem atingem o "inimigo". São irrelevantes e obsoletos.

Discorde de Alfredo de que a agressão dos coligados da FBrN seja uma "novela ridícula e insignificante". Eu já escrevi no Jornal Olho Nu sobre a segunda e a terceira "ManiFestAção" no Parque de Ibirapuera. Eu sabia da fricção com o "naturismo organizado", e foi por isso que fui assistir. Não escrevi disso pois ao meu ver não combinava com a linha editorial do veículo, e também porque parecia que poderia ser um aberração momentânea de uma dirigente que estava sob estresse por outros motivos. E atacar uma pessoa nesta situação, não combina com minha linha.

Acertou na mosca

A Folha acertou em cheio. O naturismo brasileiro vive, de fato, uma guerra. A guerra é pior do que a Folha imagina: comentamos esta semana o papel que a atual diretoria da Federação Brasileira de Naturismo tinha nas acusações falsas de pedofilia que causaram a prisão do então presidente da FBrN, Dr. André Herdy. Sobre a "panelinha", uma breve olhada na estrutura da FBrN mostra que a multiplicação de "diretorias" é limitada somente pelo número de parentes e amigos dos manda-chuvas que querem hospedagem grátis em áreas naturistas. A Colina do Sol é um pesadelo de perseguições de quem esteja fora da panela, e privilégios para quem está dentro.

A psiquiatra Carmita Abdo da USP também compara as manifestações usando o nu, e os outros protestos recentes:

Carmita vê paralelo entre a causa de Alfredo e a onda de protestos que começou com cobrança por menores tarifas de transporte público e se tornou algo muito maior no país. "As novas gerações sempre propõem rupturas, que começam com pequenos grupos e atingem o social."

O mundo gira

Para um estrangeiro, a fascinação de Brasil com o "oficial" é em si fascinante. A obrigatoriedade do trabalhador se afiliar ao sindicato do setor (e pagar um imposto ao particulares), e da empresa pertencer ao "sindicato patronal" e também ser tungada, é coisa bizarra. A noção de que tudo mundo precisa ter um "representante oficial", e ainda pagar por isso, remete à época em que esta regras nasceram, quando fascismo emprestou suas ideias para implantar o Estado Novo e seus arquitetos para projetar as grandes construções de São Paulo.

O mundo gira. A crença em representantes "oficias" sumiu, até nos representantes eleitos, como as manifestações desta mês mostram. As vantagens organizacionais de um grupo naturista, foram largamente ultrapassadas pelo Internet e pelas redes sociais. O modelo da ditadura de Vargas, as monopólios estatais e reservas de mercado da ditadura militar, reproduzidos em tamanho "PP" nas "concessões" da Colina do Sol, são coisas do passado.

O mundo gira. O novo chega. O velho cede. Mas cedendo, esperneia.

sábado, 20 de julho de 2013

Borraram os sem-calças

A ocupação da Câmera de Vereadores de Porto Alegre por jovens protestando a tarifa de ônibus e tanto mais terminou de modo festivo, sem danos para o patrimônio público, mas com o que o repórter Felipe Bächtold da Folha de S.Paulo chamou de "mais uma inovação":

Cerca de 20 jovens que integram o Bloco de Luta Pelo Transporte Público, grupo que reúne entidades que pedem o passe livre, posaram nus dentro da Câmara Municipal para fotos que depois eles próprios postaram nas redes sociais.

O "ensaio fotográfico" foi uma comemoração do grupo, acampado no plenário da Casa desde a semana passada, pela resposta a parte de suas reivindicações.

Mesmo sem roupa, os jovens, "tímidos", cobriram o rosto. Eles se posicionaram para as fotos em frente a uma galeria de retratos de ex-integrantes da Câmara. A atitude chocou políticos do Estado.

A matéria toma a metade superior da página C8 da Folha de ontem, com o título "câmara dos PELADOS", com "PELADOS" em letras com quase 4 cm de altura. É ilustrada com duas fotos, aparentemente tiradas de Facebook, uma das quais reproduzo abaixo:

Isso não era a única foto tirada; na própria foto podemos ver mais quatro pessoas tirando fotos. Esta foto saiu na versão impresso da Folha recortada para tirar estas pessoas da margem da imagem - porém, a nudez é intocada.

Outros veículos

Enquanto a Folha fez o recorte artístico mas não censurou, vários outros veículos borraram os sem-calças. O Diário Gaúcho borrou pintos mas não seios.

Zero Hora optou por uma captura diferente da mesma cena, mas também com as "vergonhas" borradas. E de novo, seio é liberado, mas pinto não pode.

Barrado no origem

O repórter postou a imagem colhida de Facebook na página da Folha no Facebook - e foi censurado. Facebook apagou a imagem e ainda bloqueou a conta do jornalista durante 24 horas.

"Sexo grupal"

O uso do nudez em protestos (e nesta caso, em comemoração) é pouco entendido. Conforme a matéria de Bächtold:

O presidente da Câmara, Thiago Duarte (PDT), afirmou que a imagem é "deprimente" e desrespeitosa com a instituição.

"Se querem fazer sexo grupal, que vão fazer em um local privado, não em um local público", disse à Folha.

A confusão de nudez simples com sexo (e até "sexo grupal") é tipica de quem nunca foi exposto ao naturismo. Até a forma de censura, feito da ótica machista, ilustra esta confusão. Mas a confusão é somente no lado "textil"? Bächtold continua:

CAUSA LGBTT

Integrante do Bloco de Luta, Luciano Barcellos, que participou da audiência, disse que a iniciativa de bater as fotos partiu de um pequeno grupo de ativistas ligados à causa LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros), que também fazem parte do movimento.

"Eles entendem que o corpo não é um problema", diz.

Barcellos --que não aparece nas fotos-- critica o que chama de "falso moralismo" e diz que o bloco tem integrantes de "todo o prisma da esquerda" e respeita cada tipo de protesto.

Quem já viu um pouco de naturismo brasileiro encontrou a jabuticaba de proibição de homens solteiros. É muito ingenuidade interpreta isso como outra coisa do que é: homofobia.

Ora, se naturismo não é sobre sexo, o que importa a preferência sexual dos naturistas? Se a pretensão não seja "sexo grupal", por que cargas d'água é preciso que homem e mulher estejam presentes em proporções iguais?

Os vereadores de Porto Alegre podem ter suas dificuldades em distinguir nudez de sexo. E se não conseguem entender o respeito pela coisa pública (não houve vandalismo) e o desrespeito pelo homem público (as fotos de cabeça para baixo) é porque não querem entender.

No naturismo brasileiro, também, o hábito é fingir não entender muito coisa: não enxergar o swingue, não enxergar a discriminação contra homossexuais, não enxergar os fraudes financeiras e imobiliárias que se escondem atrás de naturismo.

Há quem pergunta porque os jovens nos fotos enrolaram suas cabeças em panos. Prefiro perguntar porque os naturistas brasileiros enfiam suas cabeças na areia.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

In Rio to see the Pope? Visit Abricó beach!


Young people from all over the world are coming to Rio de Janeiro to see the Pope. Saturday July 27 will be the Prayer Vigil at Campus Fidei, em Guaratiba. Sunday morning the Pope will say Mass at the same location, which as he requested is in one of the poorer neighborhoods of Rio de Janeiro.

Guaratiba is poor, and far away, and lacks transportation and other public utilities for the  1.5 to two million people expected. The suggested means of reaching Campus Fidei from the closest train station is ... walk. For 13 kilometers. Monday the 29th is a holiday until noon in Rio de Janeiro: there is simply no way to insure people will be able to travel until then.

While it's winter in Rio, it's a tropical winter. Many young people, facing hours of walking, pedestrian traffic jams, or loaded trains and buses, may think, "Let's go to the beach and wait for things to untangle!" That excellent idea brings up two problems: How to find the beach? And what about a bathing suit?

Fortunately, there's a simple answer to both questions. Rio de Janeiro's nude beach, Praia de Abricó, is only 10 km from Campus Fidei. Go east along Avenida das Américas. When you get to Estrada Roberto Burle Marx, turn right, toward the sea. When you reach the Estrada do Grumari, turn left.  The road will take you to one end of Grumarí Beach. Go to the other end, and there's Abrico Beach. While the whole area should be well policed for the Pope's visit, it may be safer (and more fun) to go in a group of a dozen or two.

Peace be with you! 

View Larger Map

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Luz del Fuego, saindo dos acervos


Luz em casa na Avenida Niemayer
A mãe de naturismo brasileiro, Luz del Fuego, foi uma figura de controvérsia na vida, que deixa obstáculos para traça seu legado depois da sua morte, violenta e prematura.
Felizmente, a digitalização de arquivos de jornais anda facilitando quem quer saber mais de Luz del Fuego. Ilustramos esta matéria com fotos do extinto jornal carioca Última Hora, agora no Arquivo Publico do Estado de São Paulo. As edições do jornal que correspondem às fotografias ainda não está digitalizadas.  O Estado de São Paulo, que já foi um grande jornal, anunciou ano passado um plano de digitalizar seu acervo, que foi recentemente concluído, um acesso livre para todos até dia 20 desta mês.

O jornal O Estado de S. Paulo noticia a participação da Luz na peça "Fruto da Eva", mas ela aparece muito menos viva do que depois da sua morte, especialmente na primeira década deste século, ou quando um filme foi lançado em 1982. Veja o gráfico dos resultados da pesquisa "Luz del Fuego":

FILTRE POR PERÍODO De 1875 a 2010 ( 109 )
  • 1870
  • 1880
  • 1890
  • 1900
  • 1910
  • 1920
  • 1930
  • 1940
  • 1950
  • 1960
  • 1970
  • 1980
  • 1990
  • 2000
  • 2010
As barras no gráfico exibem a quantidade de ocorrências do termo procurado em cada período.
Clique sobre uma das barras para exibir resultados do respectivo período.

O jornal tem ainda um sumário da "personalidade" Luz del Fuego, com um texto muito semelhante o de Wikipedia, e links para seis páginas do jornal

Viva, notamos em 20/06/1959, na página 6 da edição nacional:

Luz del Fuego ameaçada de perder a Ilha

Rio, 19 ("Estado" - Pelo telefone) -- O sr. Fernando Sehwah, delegado de Costumes e Diversões do Rio de Janeiro, solicitou informações da União acerca dos fins a que se destina a Ilha do Sol, cuja concessão foi dada à atriz Luz Del Fuego. O delegado pretende averiguar se o Clube Naturalista Brasileiro foi autorizado a funcional naquele local.
Enquanto eu procurava ver instância da censura impedindo Luz del Fuego, encontrei Luz del Fuego impedindo o censo. Em 22/09/1960, na página 8, O Estado informou:

Luz del Fuego impediu o censo na Ilha do Sol

Rio 21 ("Estado") Dora Vivaqua, conhecida pelo nome artístico de "Luz del Fuego", proibiu o desembarque dos recenseadores em sua ilha, a Ilha do Sol, devido à negativa daqueles funcionários em cumprir os regulamentos da colonia de nudismo ali existente, isto é, desembarcar sem roupa.
Assim, apesar da intervenção dos jornalistas, que fizerem ver a artista, que sua atitude era ilegal, "Luz Del Fuego" e os membros de sua colonia deixaram de responder aos quesitos do censo.
Seguiu em 12/10/1960, página 7:

Recenseamento na Ilha do Sol

RIO, 11, ("Estado") -- Um agente do Recenseamento pôde ontem finalmente cumprir o seu dever na Ilha do Sol, reduto de "naturalistas", que têm à frente a antiga vedeta Luz Del Fuego. Apenas três pessoas foram ali recenseadas pelo agente, que trajava um calção.
Mais tarde, Luz Del Fuego disse que, se houvesse maior numero de "naturalistas" na ilha, o censor teria que trabalhar inteiramente despido.

A morte de Luz

Photo sem data de Jean Mazon
Nas edições de Última Hora disponibilizadas pelo Arquivo do Estado, a morte de Luz del Fuego está na edição vespertino de 01/08/1967 na página 9 do primeiro caderno, com a título indo de um lado para outro da folha:

Preso confirmou a morte de Luz

Preso ontem pela polícia fluminense, o homicida e foragido da Justiça Alfredo Teixeira Dias, irmão de Mozart "Gaguinho", o principal suspeito de ter assassinado Luz del Fuego e seu caseiro Edgar, revelou que houve realmente o duplo homicídio e que tanto êle quando seu irmão ajudaram a fazer submergir, perto da Ilha do Sol, os dois cadáveres. Afirmou entretanto que os crimes foram praticados pelo amante de Luz, Hélio Luís dos Santos.

Na continuação do texto, a matéria revela rivalidades entre os dois lados da baia de Guanabara. Num lado ficava o estado de Guanabara, antigo Distrito Federal, e noutro o estado de Rio de Janeiro, com seu capital em Niterói. Chegou ao ponto de que quando a lancha com jornalistas de um lado esguichou, o outro não socorreu: foram regatados por pescadores.

No texto do Última Hora, os irmãos Alfredo e Mozart jogam culpa no amante de Luz, uma versão que não foi acolhida pela Justiça nem pela História.

Nascimento da lenda

A gráfica de citações de O Estado ilustra a renascimento da lenda de Luz del Fuego. Pontos importantes foram o lançamento do filme "Luz del Fuego" em 1982, que não ganhou uma resenha no O Estado: somente registros de horários de cinema, um dos quais notou a entrada reduzida para menores de 10 anos.

Uma década depois, em 11 de dezembro de 1992, O Estado trouxe sob o título "Os escândalos de Dora Vivaqua" uma crítica de Alberto Guznik, da peça "Luz del Fuego", passando no Teatro Imprensa. O jornal continuava:

Quase ninguém sage quen é Dora, mas quase todos se lembram de Luz del Fuego, como ficou famosa pelas suas aventuras, nudismo e cobras. A vida de Dora está em cena.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Quando serão os nudistas expulsos do Morro da Tartaruga, acima da Praia do Pinho? A Justiça já reconheceu que os donos são a família Araújo, que pediu a reintegração de posse, suspensa devido uma série de "Embargos de Terceiros" repetitivas, tantas que foi preciso criar uma tabela para acompanhar. Atualmente, os autos de todos os embargos estão como os advogados dos Araújo, ou talvez já foram devolvidos pelos Correios, com o que espero seja sua palavra final sobre isso.

Usucapião

As nudistas tentam, outra vez, atrasar sua expulsão do Morro da Tartaruga. Agora são ações repetitivas de usucapião, não contra os Araújo, mas contra outro um tal de Marcelo Antônio de Queiróz Urban. Já falamos que ele perdeu para os Araújo, e apelou.

Vamos simplesmente adicionar mais uma coluna à nossa tabela:

Nº do processo Data Autor(a) Usucapião
005.12.013413-0 27/09/2012 Maria Christina Braga Cestari Canto
005.12.013414-9 27/09/2012 Giovanna Alves Cim e Alvaro Muinos Vazques 005.13.006795-9
005.12.013415-7 27/09/2012 Nelson da Silva Oliveira 005.13.004027-9
005.12.015672-0 25/10/2012 Joaquim de Oliveira Neto e Moacir Paulo Gerloff 005.13.006793-2
005.12.015673-8 25/10/2012 Luiz Carlos dos Santos 005.13.006794-0

Os nomes de Maria Christina Braga Cestari Canto e Joaquim de Oliveira Neto não aparecem nos processos de usucapião, ou não aparecem ainda.

Três dos processos foram impenetradas no 09/05/2013, mas o primeiro, o de Nelson da Silva Oliveira, é de dia 4 de abril. A juíza já emitiu uma decisão, do qual o advogado, o mesmo Dr. Juvenal Campos de Azevedo Canto de sempre, de que ele talvez nem foi notificado quando protocolou os outros:

Autos nº 005.13.004027-9
Ação: Usucapião/Especial de Jurisdição Contenciosa
Autor: Nelson da Silva Oliveira
Réu: Marcelo Antônio de Queiróz Urban

R. h.

1. Intime(m)-se o(s) Autor(es) para que, em 10 (dez) dias, emende(m) a petição inicial, mediante as seguintes providências:

a) junte(m) a certidão de confrontação, fornecida pela Prefeitura Municipal, a fim de comprovar as pessoas tidas como confinantes no cadastro do referido órgão;

b) junte(m) certidão expedida pelo cartório da distribuição da Comarca informando sobre a existência ou não de ações possessórias envolvendo-o(s);

Intime(m)-se.

Balneário Camboriú (SC), 24 de abril de 2013.

Dayse Herget de Oliveira Marinho
Juíza de Direito

Um determinação deste despacho chama atenção: o pedido ao Cartório sobre outras "ações possessórias". Uma olhada em outros processo mostra que isso é um pedido padrão.

A situação aqui é bastante simples: os Araújo permitiram que o FBrN usasses, durante cinco anos, parte do seu terreno no Morro da Tartaruga. A FBrN repassou o uso do terreno, junto com a obrigação de devolver, para a AAPP, que permitiu o uso pelos seus associados. Assim determinou a Justiça, e assim está escrito no Livro de Atas da FBrN.

A Justiça determinou, ainda, que a ocupação pela AAPP era "esbulho": sabiam que o terreno era do outro. Negou qualquer indenização para os "benfeitorias" da AAPP e seus associados, devido à ocupação abusiva.

Com esta certidão, a juíza vai ver que o mesmo pessoal que perdeu no Tribunal de Justiça, entrou com mais nove (9) processos, todos com o mesmo teor, todos com o mesmo advogado, tentando pegar este mesmo terreno. Como se a Justiça não tivesse mais o que fazer.

sábado, 25 de maio de 2013

MANI FESTA AÇÃO LIBERDADE DA NUDEZ - Parte “3”

Recebemos panfleta hoje da 3ª "Mani Festa Ação Liberdade da Nudez", programada para o parque de Ibiripuera em São Paulo no feriado de dia 30, quinta-feira. Reproduzimos abaixo.

Escrevemos sobre o evento anterior para o Jornal Olho Nu, e devemos estar presentes de novo, outros compromissos permitindo.

Notamos que o evento anterior correu sem transtornos. Hoje mesmo, na Paulista, Augusta, e Praça Roosevelt, aconteceu a "Marcha das Vadias", com proteção da Polícia Militar. Marcelo, um dos organizadores da "Mani Festa Ação Liberdade da Nudez", nós informa que distribuiu 300 destas panfletas para "meninas nuas e semi-nuas".

A panfleta não veja problemas com a presença de menores. Realmente, sendo que o Ministério da Justiça liberou o nudez não sexual na televisão para todos os horários, pela lógica não teria problemas maiores ao vivo. Porém, a lógica não reina neste campo. Nos aconselharemos não levar crianças para participarem do ato.


MANI FESTA AÇÃO LIBERDADE DA NUDEZ - Parte “3”.
30/05/2013 no FERIADO as 15h – PRAÇA DA PAZ (Reunir nas Palmeiras) –Parque do Ibirapuera – São Paulo

Guarda Civil do parque Comunicada!

Administração Geral do Parque Ciente!

Comunicamos que a reunião trata-se de um encontro entre naturistas e simpatizantes para criar estratégias para ações que visam à legalização da nudez publica sem cunho sexual.

A reunião tem finalidade pacífica e não utilizará em nenhum momento expressões ou movimentos que possam ser entendidos como obscenos.

Tem por objetivo chamar a atenção das pessoas ao fato de que o NU é natural do ser humano, partindo do entendimento de que a legalização da nudez tornará a sociedade MANI FESTA AÇÃO LIBERDADE DA NUDEZ - Parte “3”. 30/05/2013 no FERIADO as 15h – PRAÇA DA PAZ (Reunir nas Palmeiras) –Parque do Ibirapuera – São Paulo Comunicamos que a reunião trata-se de um encontro entre naturistas e simpatizantes para criar estratégias para ações que visam à legalização da nudez publica sem cunho sexual.

A reunião tem finalidade pacífica e não utilizará em nenhum momento expressões ou movimentos que possam ser entendidos como obscenos. Tem por objetivo chamar a atenção das pessoas ao fato de que o NU é natural do ser humano, partindo do entendimento de que a legalização da nudez tornará a sociedade mais saudável, com menos pornografia, bem como, poderá excluir com o preconceito e diferenciação que há no tratamento das pessoas pela forma da vestimenta, além do que, criará maior segurança às mulheres que sempre são assediadas ao usarem roupas curtas, visando a paz, os direitos igualitários e a liberdade sobre o próprio corpo (COMO NA MARCHA DAS VADIAS).

A criminalização e a descriminalização devem ter por base precipuamente o sentimento jurídico do povo, pouco importando tratar-se do Direito Penal em si mesmo ou de contravenções penais, desde que se destinem a reprimir certas condutas que a sociedade não pode tolerar. Tendo em vista que o ministério da educação liberou para todas idades a nudez sem conotação sexual em todas as mídias Brasileiras, compreendemos que a presença de menores sem autorização dos pais é isenta da responsabilidade por parte de seus organizadores.