IN GOD’S WILDNESS LIES THE HOPE OF THE WORLD
No dia 05/06 comemora-se o “Dia Internacional do Naturismo”, acho bom pisar no freio e fazer algumas reflexões. O que há de tão importante neste movimento para que se tenha uma data comemorativa internacionalmente? O que temos para comemorar?
Há 93 anos nasceu Dora Vivacqua, conhecida como Luz Del Fuego que provocou mudanças na sociedade brasileira, com história documentada de uma pessoa à frente do seu tempo. Dnª Wanylda, sobrinha de Luz diz que ela estava 100 anos à frente de todos (Jornal “A Tribuna” de 11/04/2010). Dizia ela: “Para a fome temos o pão, para a sede a água, para a imoralidade, a Nudez”. (Luz Del Fuego – A Verdade Nua – 1950).
Sabia ela perfeitamente que a nudez corporal era uma coadjuvante na história, a nudez verdadeira era mental, era preciso jogar os lixos mentais fora e substituir pelos valores naturais. Continua sendo assim nos dias atuais.
O autor do título desse texto é John Muir, escocês, filósofo e naturalista. Sua família emigrou da Escócia para os Estados Unidos na metade do século XIX, outra pessoa à frente do seu tempo, escreveu “In God’s Wildness Lies the hope of the world” cujo significado é mais ou menos o seguinte: “As matas preservadas são de Deus e nelas estão a esperança da humanidade”. Interessante é que esta frase não foi escrita agora, já que o assunto “meio-ambiente” virou modismo, ela foi dita no século XIX, ou seja, há 100 anos atrás. Outra frase dele foi “Deixe as crianças andarem na floresta para elas aprenderem como funciona a natureza...” Todas as escolas da Califórnia comemoram o “dia de John Muir” em 21/04, data de seu nascimento.
Citei uma rápida informação de duas pessoas que fizeram a diferença na história, poderia citar muitas outras também, mas não é o propósito deste texto. O que eu quero deixar bem claro é que pessoas desse perfil são raras, difíceis de serem encontradas na praça. Conta-se numa mensagem em power point que circula na internet, não sei de quem é a autoria, que um determinado professor disse na sua sala de aula o seguinte:
“Desde que comecei a lecionar, e isso já faz muitos anos, descobri que nós professores trabalhamos apenas 5% dos alunos de uma turma; Em todos esses anos observei que, de cada cem alunos apenas cinco fazem realmente alguma diferença no futuro; Apenas cinco se tornam profissionais brilhantes e contribuem de forma significativa para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Os outros 95% servem apenas para fazer volume; são medíocres e passam pela vida sem deixar nada de útil.”
Se a estória é verídica eu não sei dizer, mas a mensagem é muito interessante e reveladora. Para fazer parte desses 5% tem que ser pessoas especiais, que buscam conhecimento, têm a consciência do seu papel como agentes transformadores de uma sociedade, procuram fazer o melhor em tudo que se propõem e são livres para pensar, não são influenciadas pelos pensamentos da época, sempre estão alguns anos à frente.
O Naturismo continua sendo uma filosofia de vida praticada por um grupo minoritário, isto considerando a população total. A maioria possui a dificuldade de vencer seus bloqueios pessoais diante da nudez, a consciência da sua natureza não foi ensinada nas escolas e ainda reprimidas desde à infância. Pode ser que quando atingirem uma idade mais avançada a “ficha irá cair” e será percebido que a sociedade privilegiou o jovem, o bonito, o sarado, a melancia etc. e tudo isso foi para o espaço, acabou. A única coisa que ficou foi o sentimento de frustração pelo reconhecimento que a vida foi uma prisão social quando deveria ter sido livre.
Carlos Bernardo González Pecotche (mais um adiantado no tempo), em seu artigo “Liberdade: Princípio e Fundamento da Vida” diz “A Liberdade é prerrogativa natural do ser humano” e ainda “O conhecimento confere maior liberdade a quem sabe usá-la com prudência e inteligência”. Novamente o conhecimento colocado em evidência ao lado da liberdade. Neste sentido tenho uma preocupação constante, nossos jovens não gostam de ler e “matam o tempo” como se não tivesse nenhum valor espiritual. Na era “Orkutiana” a preferência é ficar trocando figurinhas com diálogos nada enriquecedores. Estamos assistindo a maior pobreza cultural de todos os tempos.
A consciência é transformadora e enriquece o ser na busca do conhecimento de si mesmo, incentiva a luta por um ideal e nos torna mais humanos. Vejam que A AMAES e a SOPAES, representados pelos incansáveis Rômulo Vitório e Virginia Brandão tentam conscientizar a classe política sobre as questões de proteção aos animais, tendo em mãos o projeto da primeira Delegacia de Proteção e Defesa Animal do ES, estão obtendo vitórias expressivas e conquistando o direito da vida e da liberdade. Com certeza estes fazem parte dos 5% mencionado pelo professor.
O Naturismo tem muito para comemorar, cada dia mais grupos se formam numa demonstração clara da consciência da própria natureza humana, livre de preconceitos e nua como a natureza é. Vem mostrando a sua cara e exigindo o respeito que o naturismo merece, afinal é uma filosofia de vida rica e que precisa ser estudada à luz de outros valores sociais. Valores estes mais humanos e mais livres.
Alegramo-nos com o natural e nos entristecemos com toda e qualquer agressão a ela impingida seja no ar, na água ou na terra. É um movimento importante que busca o sentido da vida na igualdade de todos nós, não importa a cor, a crença, sexo ou as opções sexuais. Como diz o meu amigo Paulo Pereira, a natureza não pede julgamento algum. Não importa se somos minoria, afinal somos somente os 5% que querem fazer a diferença.
Vamos abrir nossa champagne e comemorar, um brinde a todos.
Evandro Telles
01/06/2010.
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