sexta-feira, 26 de outubro de 2012

NATURISMO NÃO É UM CONCEITO DEFINIDO


NATURISMO NÃO É UM CONCEITO DEFINIDO


A mania do homem querer se definir para tudo levou os naturistas no III Congresso Internacional de Naturismo bateram o martelo e definirem: “Naturismo/Nudismo é um modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática da nudez social que tem por intenção encorajar o auto-respeito, o respeito pelo próximo e o cuidado com o meio-ambiente.”

Se naquela época quiseram fazer uma definição, até que ficou razoável, mas o que é uma definição? Por meio das palavras temos a pretensão de conseguir apresentar algo de forma precisa. Se assim for, talvez não se trate de uma definição e sim de um conceito, que pode ser expresso em qualquer número de linguagens que a mente possa conceber. Ora, as concepções de Naturismo tem sido frequentemente criticadas pelos vegetarianos, os conceitos se misturam e não chegam a nenhum consenso porque são comportamentos distintos para fins também diferentes.

Fico imaginando que tudo começou somente com um banho de sol sem roupas para um grupo de pessoas numa clínica médica e viram que isso trazia (ainda traz) benefícios para a saúde física e mental. Logo, Naturismo é o próprio Nudismo ponto. O resto é pura tentativa de expressar por meio das palavras o que não pode ser definido.

O ser humano é o único animal que tem a consciência da sua nudez, essa é a sua natureza e ele tenta assim explicar. Ao fazer isso ele cria rótulos, causa divisões quando a filosofia naturista não pode ter nenhuma. Naturismo é uma vivência, uma postura mental da naturalidade do corpo nu, uma nudez que tem dignidade.

Observe que uma criança nasce pura, inocente, natural, integral. Quando uma criança nasce, ela não é Hindu, nem Cristã e nem Mulçulmana, porque a consciência não pode pertencer a nenhuma seita. A consciência pertence ao Todo. Depois a sociedade fornece conceitos, preconceitos, sistemas e religiões (1). Naturismo é um modo de vida em harmonia com a natureza, tente definir “natureza”. Isso me faz lembrar de um autor, que agora não recordo o nome, escreveu um livro de, aproximadamente, 250 páginas para definir a palavra “bom” e no final concluiu: Não pode ser definido.

Tudo que diz respeito ao comportamento humano não pode ser definido, no máximo podemos fazer referência ou inferência dizendo: aparentemente indica que... ; Tudo leva a crer que...; É assim em todas as áreas das ciências humanas. (2)

Os conceitos são originados na nossa mente, não perca tempo com isso, esqueça a mente, esqueça a sociedade, esqueça o que o outro pensa a seu respeito. Aproveite os momentos que aqui estamos para compartilhar alegria, pensamentos e buscar a si mesmo. Se você puder compreender sua divindade interior, você compreendeu o que é a vida. Não deixe a sociedade interpretar, mas você tem de acordar a si mesmo.
O despertar para si mesmo é transformador na medida em que passamos a nos conhecer melhor, a entender a nossa essência e as nossas limitações, principalmente quanto à linguagem para expressar os sentimentos humanos. Não basta criar definições ou conceitos, é necessária a busca interior de cada um, as conexões que temos com um universo aparentemente sem sentido, nessa mistura genética, fazer uma travessia de harmonia e felicidade.

O Naturismo não pode ser um rótulo porque é integrado, não há necessidade alguma de mudar ou acrescentar conceitos, mesmo porque somente irá aumentar as contradições e provocar distorções. Já que se trata de um comportamento de aceitação da própria natureza, tendo por base a igualdade de todos os seres, não poderá ser definido com palavras. A compreensão ocorre somente pelos nossos próprios sentidos.

É assim com a palavra “vida”, sabemos o que é, mas não podemos explicar ou criar conceitos. Sabemos que a temos, mas não podemos expressar com palavras, será inútil e desnecessário, pura perda de tempo, tempo precioso para refletirmos sobre nós mesmo, meros turistas às vezes esquecendo de apreciar a viagem.


Evandro Telles
18/10/12

(1)   Artigo “Rótulos” de Osho
(2)   O Gene Egoísta de Richard Dawkins