Pode parecer interessante ensinar naturismo nas escolas, nossas crianças começariam a ter uma outra mentalidade com relação ao seu corpo, estariam mais propensas a se aceitarem e a imoralidade, como num passe de mágica, desapareceria diante dos nossos olhos. Dora Vivacqua (Luz Del Fuego) no seu livro “Verdade Nua” em 1950 já dizia que “Para a fome temos o pão, para a sede a água, para a imoralidade a Nudez”.
Tenho uma forte crença de que as crianças com 13 a 15 anos de idade que ficam grávidas, e assim ficam comprometidos seus estudos e sonhos de terem uma profissão, é em grande parte atribuída a curiosidade para conhecer a anatomia do sexo oposto, não tem nada de sem vergonha, é que as pessoas de suas famílias ficaram escondidas, não se mostraram com naturalidade diante de seus filhos. O que era para ser natural passou a ser imoral.
Simples no conceito, extremamente complicado na prática. A falta de compreensão do que é Naturismo e as suas implicações no psíquico dos indivíduos faz a própria comunidade escolar impedir que seja ensinada essa disciplina. Mas como é algo importante, o seu conteúdo é modificado para “Educação Ambiental”. Eu me pergunto como pode existir o ensino sobre as plantas e os animais e não considerar o corpo humano dentro desse contexto? Impossível, se torna uma meia-verdade. A natureza é nua e o homem não?
Se ninguém se importar com as manifestações de repúdios na porta das escolas, não se importar com as passeatas pelas ruas do bairro ou mesmo da cidade, se tiver a disposição e peso político para lutar contra os programas ditados pelas Secretarias de Educação...Chega, nada disso é possível, ser autêntico custa caro, continuamos perdidos na selva das mentiras.
Deve haver outros meios para a conscientização de que não existe indecência no corpo humano. “Cobrindo-o com vestes, nós é que o tornamos cobiçado e nos excitamos pelo pensamento desviado” (Luz Del Fuego). Os desvios sociais acontecem quando o homem se distancia da sua própria natureza provocando transtornos.
Germano Woehl Jr publicou em seu blog www.ra-bugio.blogspot.com/2011/05/transtorno-da-falta-de-contato-com.html que o transtorno da falta de contato com a Natureza (Nature Déficit Disorver), é um termo criado pelo escritor e jornalista norte-americano Ricard Louv em seu livro de 2005, Last Child em the Woods (A Última Criança nas Florestas). Refere-se à alegada tendência de as crianças terem cada vez menos contato com a natureza, resultando em uma ampla gama de problemas de comportamento. Destaco que ele cita que seguindo o desenvolvimento dos transtornos da atenção e depressão e transtornos de humor, notas mais baixas na escola também parecem estar relacionados com o transtorno da falta de contato com a natureza.
Veja bem, Ricard Louv passou 10 anos viajando pelos EUA entrevistando e conversando com pais e filhos, tanto em áreas rurais e urbanas, sobre suas experiências na natureza. É muito interessante a leitura completa do texto publicado no blog do Germano, vale a pena ser lido.
Então o que poderia ser impedido de inserir Naturismo na disciplina “Educação Ambiental”? A única resposta é: Conscientização. Acredito que o melhor caminho de atingir esse propósito seria através da informação aos alunos de faculdade, serão os futuros pais, se ainda não os são. Teriam para seus filhos outra dimensão e posturas em relação ao corpo, estão mais dispostos a realizarem mudanças sociais e aprenderem sobre algo que para eles ainda é novo.
Podemos ainda concluir que devemos envidar maiores esforços para levar os jovens para o Naturismo, convidando-os a participarem de nossas reuniões, oferecendo textos atualizados e históricos para leitura. Um apelo diferente, atividades esportivas e lhes dando a oportunidade de conhecer sem muito exigir. Se isso não for feito com certa urgência talvez sejamos mesmos os últimos dos Moicanos, o que será lamentável para a espécie humana.
Evandro Telles
18/05/11