sexta-feira, 11 de abril de 2014

Morre ambientalista e naturista Augusto Carneiro

Morreu dia 7 o ambientalista e naturista gaúcho Augusto Carneiro. Entre as lutas de Augusto, O naturismo é mencionado em poucos obituários, não saindo por exemplo na Folha de S. Paulo hoje. Uma construção na Colina do Sol foi batizado com seu nome, anos atrás.

Não o conheci, e seu falecimento não foi reconhecido pela FBrN, Colina do Sol, etc., então reproduzo obituário de ONG ambientalista.


http://www.oeco.org.br/noticias/28188-morre-aos-91-anos-o-ambientalista-augusto-carneiro

Morre aos 91 anos o ambientalista Augusto Carneiro

Carneiro1Augusto Carneiro comemora seus 90 anos com seus amigos da Agapan. Foto: Arquivo Agapan.
Na madrugada desta segunda-feira (07) a comunidade ambiental perdeu Augusto Cesar Cunha Carneiro, um dos fundadores da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), considerada uma das primeiras associações ecológicas do Brasil. Carneiro Porto Alegre e, 31 de dezembro de 1922 e estava com 91 anos. Em fevereiro, foi internado no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre. Segundo a imprensa local, a causa da morte foi falência múltipla dos órgãos.
Em 2005, aos 82 anos, Carneiro recebeu a reportagem de ((o))eco em seu apartamento para falar sobre a história que ajudou a construir. Na ocasião, reclamou do jeito como a imprensa trata o ambientalismo. "Os jornais abandonaram a nossa causa depois da redemocratização", queixa-se. "Nosso último grande momento foi na Eco 92, de lá para cá entramos em declínio".

Senhor da memória

Era a memória viva do começo do ambientalismo no Brasil e dela se valeu para escrever o livro História do Ambientalismo, publicado pela editora Sagra-Luzzatto em 2003.
Ano passado, teve sua biografia publicada pela jornalista e escritora Lilian Dreyer. A obra “Augusto Carneiro – depois de tudo – um ecologista” demorou 2 anos para ficar pronta.
Nunca deixou de militar pela causa. Entre suas lutas, está o incentivo a criação dos Parque Estadual de Itapuã e do Parque Estadual da Guarita. Além da fundação da Sociedade Brasileira para a Conservação da Fauna e a Pangea - Associação Ambientalista Internacional. Foi agraciado, em 2004, com o Prêmio Ecologista do Ano José Lutzenberger da Câmara de Porto Alegre.

NUDISMO/NATURISMO - UMA MISSÃO IMPOSSÍVEL



Missão impossível é um filme dos Estados Unidos dirigido por Brian de Palma, com Tom Cruise, Jon Voight, Emmanuelle Béart e outros. Parece-me que a missão não foi tão impossível assim, já que no final ela foi cumprida.

 Mas não é sobre o filme que quero tecer comentários e sim dizer que a filosofia nudista/naturista jamais conseguirá modificar as inversões de valores sociais. Viegas Fernandes da Costa em seu artigo “Sobre a Nudez Social” fez o seguinte relato: Ao iniciar estas breves reflexões a respeito da minha experiência com a nudez social, ocorre-me à lembrança uma matéria da revista Veja do final da década de 1990, que tratava da guerra civil na Libéria. Chamou-me especial atenção uma fotografia que exibia o cadáver de um homem nu que havia sido linchado pelos guerrilheiros e abandonado à rua. Podia-se ver todo o corpo, suas feridas, a expressão de dor na face inerte e as lanhuras nos braços e pernas. Sobre o pênis, entretanto, uma espécie de tarja. Fiquei me perguntando o que seria mais obsceno: se a guerra civil e toda sorte de dor e destruição que esta provoca, onde cadáveres humanos são abandonados insepultos em meio à população que desesperadamente tenta sobreviver; ou se a exposição de um pênis aos olhos de leitores pudicos que poderiam se escandalizar, dando uma conotação sexual doentia a uma parte de um corpo humano barbaramente torturado e morto. Encaramos com naturalidade a guerra, o genocídio, a desestruturação social e a tortura, mas a nudez que nos cobre desde nosso nascimento é desnaturalizada ao ponto de um pênis supostamente chocar mais que a própria barbárie da guerra. Há aqui, certamente, uma inversão de valores sobre a qual devemos nos questionar e incomodar.

No entanto existem inversões mais sutis, de modo despercebido pela maioria das pessoas do nosso convívio, do tipo: “Coloque pelo menos uma cuequinha, fica mais bonitinho”. Por que tal afirmativa é uma inversão de valores? Tentarei esclarecer em poucas linhas já que longas explicações jamais serão lidas.

Não existe senão um único templo no Universo, e é o Corpo do Homem.
              Nada é mais sagrado do que esta elevada forma.

Curvar-se diante do homem é um ato de reverência feito diante desta
        Revelação da Carne. Tocamos o céu quando colocamos nossas mãos num
                corpo humano.

Novalis (pseudônimo de autor de Frederich Von Hardenberg, 1772. Citado em Miscellaneous Essays, vol II, de Thomas Carlyle).
  
Tanto a pele quanto o sistema nervoso originam-se da mais externa das três camadas de células embrionárias, a ectoderme, logo, o sistema nervoso é uma parte escondida da pele ou, ao contrário, a pele pode ser considerada como a porção exposta do sistema nervoso (1). Isto é muito significativo uma vez que a pele possuindo uma conexão com o sistema nervoso central ou interno, é também responsável pelas nossas percepções do mundo externo em que vivemos.

Muitos estudos têm sido feitos a partir da década de 70 com resultados surpreendentes e admiráveis com funções variadas: a) base dos receptores sensoriais; b) mediadora de sensações; c) barreira contra materiais tóxicos; d) responsável por um papel de destaque na regulação da pressão e do fluxo de sangue; e) órgão implicado no metabolismo e armazenamento de gordura são alguns poucos exemplos que cito. Até mesmo o autor do livro “Tocar” Ashley Montagu fica intrigado dos motivos da poesia se mostre tão desapontadamente estéril. Diz ele:

Foram escritos poemas para celebrar praticamente todas as partes do corpo, mas a pele, inexplicavelmente, parece ter sido negligenciada, como se não existisse. Num artigo intitulado “Hugging Humans” (Humanos Abraçando) ele se queixa do fato de muitos dos mais prezados poetas ingleses permanecerem encapsulados em seus intelectos, mantendo com alta freqüência um relacionamento muito precário com o seu corpo físico.

Para sentir a beleza de todo o corpo humano, é fundamental entender com o que estamos lidando, com uma fronteira cujo funcionamento ainda não totalmente explicável em nossas pesquisas científicas. E se mesmo assim uma simples “cuequinha” for mais bonita que a pele que nos cobre só mesmo chamando Tom Cruise para mais uma missão impossível de resgate, só que não será de uma pessoa e sim da própria identidade de todos nós.

(1)   Ashley Montagu; Tocar

Evandro Telles
03/04/14