Halloween no Brasil é chamado de
Dia das Bruxas e sua celebração acontece no dia 31 de Outubro. É uma festa
cultural trazida pelos colonizadors ingleses à América. Escoceses e irlandeses
adicionaram o bicho papão e as histórias de fantasmas ao folclore da data.
Particularmente divido a história
do halloween em dois momentos; antes e depois de ter sido inventado as bruxas.
Antes tinha um fundo religioso, tanto é que alguns estudiosos dizem que o nome
é uma versão encurtada de “All Hallows Even” (Noite de Todos os Santos). Com o
tempo as pessoas passaram a referir-se como “hallowe’en”, e mais tarde
simplesmente “halloween”. As bruxas não são como as que conhecemos nos dias
atuais, elas foram inventadas, elas eram consideradas mulheres experientes,
inteligentes e conheciam alquimia. Na verdade elas eram um paralelo do místico
(homem sábio), as bruxas eram respeitadas como mulheres sábias.
Por serem mulheres, constituía um
perigo para o poder dominado por homens num sistema patriarcal. Como ressaltou
a bióloga-antropóloga Ashley Montague, “a fêmea, base biológica da vida, é o
mais forte dos dois fatores necessários para criar vida, enquanto a variável
masculina é mais frágil”. (The Natural Superiority of Women).
Mas como poderia ser diferente?
Teríamos que ter a capacidade de entender que as energias e atitudes masculinas
e femininas não são antagônicas e sim complementares, se fizermos uma
associação de yin e yang (estrutura conceitual que se baseia
na ideia de contínua flutuação cíclica, os dois polos que fixam os limites para
os ciclos de mudanças) iremos observar que todos os fenômenos naturais são
manifestações de uma contínua oscilação entre os dois. Polos arquetípicos que
sustentam o ritmo fundamental do universo.
YIN
YANG
Feminino
Masculino
Contrátil
Expansivo
Conservador
Exigente
Receptivo
Agressivo
Cooperativo Competitivo
Intuitivo Racional
Sintético Analítico
É fácil observar pela lista acima, como a sociedade
tem favorecido sistematicamente o yang
em detrimento do yin.
No século IX cria-se a figura da bruxa como uma
pessoa maléfica, demonizada, que teria que ser eliminada a qualquer custo.
Assim, pessoas foram queimadas vivas, torturadas até que confessassem sua culpa (por favor não leia somente,
coloque-se no lugar delas), cujo pecado era de ser uma mulher, uma mulher
inteligente. Uma histeria movida, em larga escala, por preconceito e
puritanismo.
Não é difícil perceber que ainda se guarda
resquícios na sociedade que ainda discrimina o corpo da mulher, mesmo sendo ela
privilegiada biologicamente com que a natureza se manifesta de forma tão
criativa, mesmo assim os ditames da indústria da moda consegue deixá-la
inferiorizada. Para que a história não se repita, valores sociais terão que ser
mudados, basta ver o número de agressões sofridas pelas mulheres, tema até
mesmo da prova do ENEM.
Repetindo o que disse Fritjof Capra em seu livro “O
Ponto de Mutação”: A Sociedade tem
favorecido sistematicamente o yang em detrimento do ying. Essa ênfase,
sustentada pelo sistema patriarcal e encorajada pelo predomínio da cultura
sensualista durante os três últimos séculos, acarretou um profundo
desequilíbrio cultural que está na própria raiz de nossa atual crise – um
desequilíbrio em nossos pensamentos e sentimentos, em nossos valores e atitudes
e em nossas estruturas sociais e políticas.
O NATURISMO, por ser um estilo de vida que não cabem
preconceitos e nenhuma espécie de divisão, nem mesmo entre solteiros e casados
em que algumas áreas insistem permanecer contra a própria filosofia
nudista/naturista, pode colaborar com novos valores, só é preciso entender as
implicações da nudez humana.
Num diálogo com um naturista transcorreu assim:
Ele: Não gosto de ver chegando homens solteiros,
não me sinto bem. Nem eu mesmo gosto de vir desacompanhado;
Eu: Mas...
Ele: Sei – não deixando nem concluir a minha
opinião – não está correto, mas é assim que me sinto.
Uma das implicações do Naturismo é que nos deixa
exposto para nos auto-avaliarmos diante dos nossos próprios preconceitos, algo
que temos por obrigação melhorar. Assim, o Halloween deve ser lembrado sempre,
mesmo proveniente de outras culturas, que a história não poderá ser repetida.
Evandro Telles
03/11/15