domingo, 20 de fevereiro de 2011

Fotos, crianças, e a próxima naturista

Fotos de crianças peladas é uma tema recorrente do blog, pois enxergamos nisso um grande perigo para naturismo, e principalmente, para naturistas. A prisão de Nelci Rones, com a proibição imediata de menores na praia, e em semanas a proposta de acabar com a praia de Tambaba, para abrir espaço para um empreendimento imobiliário, mostra quanto é grande o perigo, e quanto é curta a distância entre o ataque ao naturista, e ao naturismo. 

"Precisamos proteger as crianças" são as palavras de ordem em qualquer linchamento. Os homossexuais "precisam recrutar nossos filhos"; comunista come criancinha; judeus usam o sangue de nenês cristãos. Hoje, as características supérfluas são dispensadas: o vilão é "o pedófilo".

A notícia de hoje de que o Ministério Publico de Paraíba esta preparando um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para formalizar a proibição de menores na praia de Tambaba, mostra quanto é irresistível esta ladainha. As fotos de Rones não são pornográficas; não foram comercializadas; e não foram feitas na praia de Tambaba: mas para "proteger as crianças", vão proibir que freqüentassem a praia. Não há evidência que crianças sofreram abuso, muito menos que o que não aconteceu tinha a ver com a praia.

Porque tanto afinco para resolver uma problema que, ao que tudo indica, nem existe?

A "demanda" excede a quantidade real

A dificuldade que o naturista (e o dono de escola infantil, e o técnico de time mirim, e qualquer outro que lida com crianças) enfrenta, é que o abuso sexual de menores quase sempre acontece em familia. O estranho que oferece balas é muito raro; a "rede de pedofilia", quase não existente. Não é que o padastro que abusa não seja do mal; é que a imprensa é maniqueista, e procura o "outro" para o papel de vilão, e o homem estranho é mais "outro" do que o pai de familia que fez algo de que se arrependeu logo depois.


Há poucas oportunidades de posar de paladino, "defendendo as crianças", então a saída para quem busca os holofotes que acompanham esta "luta" (é uma luta quando todos estão no mesmo lado?) é de atacar perigos inexistentes, moinhos de vento que podem ser apresentados como gigantes. 

Um exemplo, é que há 50 mil sequestros de crianças por ano nos EUA - e 49.900 são disputas de guarda dos filhos. Uns 100 são por estranhos - mas são estes que o FBI refere como "seqüestros esterotípicas", e que atraiam a atenção da mídia -especialmente quando a sumida seja uma menina branca e bonita.

Os números financeiras para "redes de pedofilia" são sempre absurdos. Alguém que ganhou $250 mil por ano com pornografia de todos os tipos, "domina o mercado milionário de pornografia infantil". Um livro que na véspera do lançamento estimava o número de prostitutos juvenis americanos como 30 mil, é publicado afirmando 300 mil, e uma "protetor de crianças" logo multiplica para mais de um milhão. Para a imprensa, o número mais atual e confiável, é sempre o número maior.

No Brasil, o Ministério Publico Federal de São Paulo rompeu seu convênio com o ONG Safernet, predileto do senador Magno Malta, porque o ONG estava falsificando números para exagerar sua eficácia. A imprensa pouco ligou; deu o "outro lado" do Safernet sem desconfiar, e o ONG ganhou uma elogia de duas páginas na Folha de S. Paulo de domingo passado - com se nada tivesse acontecido.  

A favor de Safernet, e a favor de qualquer acusador, há três fraquezas da imprensa brasileira: o hábito de rapidamente escolher quem é herói e quem é bandido, e nunca mais mudar os personagens de papel; a sede para acusações, tanto mais cabeludas melhor (e a "rede de pedofilia" se encaixa nisso); e a preguiça Procrustiano de encaixar qualquer caso novo num padrão antiga, cortando fora detalhes que não se encaixam, ou adicionando as que faltam.

Nota por exemplo que Nelci Rones era para ser tarado por meninas, então as fotos do seu filho Júnior não foram mostradas para a imprensa;  Fritz Louderback na Colina do Sol era para ser gay, então escondeu-se as provas de que seu ONG beneficiava também meninas.

Fotos de crianças, e crianças mesmo

Já falamos aqui da questão da Justiça e a criança no naturismo, e também dos possíveis efeitos de expor crianças ao naturismo. Nossa conclusão foi de que nada na lei ou jurisprudência impede - mas o naturista que confia que está com a razão, quando vem um Conselheiro Tutelar ou promotor contra, está na mesma posição de que um pedestre que está na faixa quando vem um caminhão. Estar correto não adianta muito contra a força superior.

As maneiras dos outros são nojentos

Conheço pessoas de Paraíba que lá constumavam comer um tipo específico de formiga, e no interior de São Paulo há quem come também. Juro que para classe média norte-americano, coração de galinha é uma coisa nojento. Aprendi a gostar, rapidinho - mas recusei na primeira churrascaria.

Para naturista, foto de gente pelado, ou de criança pelada, não é nada de fazer tremer o céu e a terra. O naturismo parece impossível para quem nunca experimentou, mas a novidade passa em uns vinte minutos.

Mas promotor e juíz não experimentam naturismo durante vinte minutos. Eles vejam "fotos de crianças peladas", e reagem com gringo enfrentanto "entranhas de galinha" pela primeira vez. Com nojo.

Há saída? 


A experiência própria com naturismo já muda preconceitos. Na hora de prisão de um naturista, e a acusação de que ele tem fotos de crianças peladas, não há muito a fazer. Já vimos no caso Colina do Sol de que não tinha mesmo foto de criança pelada (a não ser na capa de uma edição de Brasil Naturista para qual Marcelo Pacheco enfrenta processo civil), mas isso não é obstáculo nem para a polícia nem a imprensa - eles inventam.

Não podemos esperar que juiz ou promotor vai fazer experiência própria de naturismo. O que eles fariam, é ler um parecer, de um jurista de renome, que aponta que não há crime em simples nudez de menores.

Porém, juristas famosas cobram caro para fazer um parecer. Uma coisa destas não pode ser feito com pressa, é preciso examinar a lei e a jurisprudência. Havendo algo que o advogado de um naturista poderia já apresentar para o juiz (e para a mídia, também) haveria um chance muito melhor de o acusado seria solto, e talvez nem denunciado.


O que podemos fazer aqui, é citar quanto é comum, e aceito, a publicação de fotos de crianças peladas, até na primeira página de jornal. E fizemos isso, com exemplos. Podemos notar os absurdos lógicos, na argumentação feito. E fizemos isso.

Mas o que o próximo Nelci-Rones precisaria - e podem confiar que haveria um próximo, e alguém que confia que seria outro, será enganado - seria um parecer jurídico.

A hora de prepara é agora, e não quando a polícia e a imprensa estão na porta, buscando fama e IBOPE ao custo dos outros. Naturistas já se mostraram um alvo fácil, que pode pegar um e os outros fogem, ou como no caso Colina do Sol, até participariam, contando mentiras sobre inocentes.

2 comentários:

Jacques disse...

Muito bom material! Meu portugues não e tão bom, mais vou tentar participar. Se possuir fotos de criança nu e pedofilia, então tudos naturistas europeios são pedofilios! Abre qualquer site naturista frances e as primeiras imagem são de familias com criança. Não existe naturismo sem nossos filhos! O Rones, com certeza NAO e pedofilio o eu errei sobre ele durante todos anos que eu vi ele na praia. Naturamente, Jacques.

Jacques disse...

Muito bom material! Meu portugues não e tão bom, mais vou tentar participar. Se possuir fotos de criança nu e pedofilia, então tudos naturistas europeios são pedofilios! Abre qualquer site naturista frances e as primeiras imagem são de familias com criança. Não existe naturismo sem nossos filhos! O Rones, com certeza NAO e pedofilio o eu errei sobre ele durante todos anos que eu vi ele na praia. Naturamente, Jacques.