domingo, 4 de julho de 2010

QUEM NÃO VIVE COM NATURALIDADE VIVE NA SUPERFICIALIDADE

QUEM NÃO VIVE COM NATURALIDADE VIVE NA SUPERFICIALIDADE


Naturalidade, qualidade do que é natural; produzido pela natureza; adquirido por nascimento. Partindo dessa definição, a nudez humana é o estado mais natural que o nosso corpo pode se encontrar, por isso dizemos “a natureza é nua”, porque todas as coisas produzidas por ela são espontâneas. A partir disso, tudo que se acrescenta a essa criação natural é artifício que criamos para um determinado propósito, tipo um brinco, uma pintura no corpo, um batom e mesmo as roupas. Tudo isso são artificiais.

Não é de estranhar o motivo pelo qual o ser humano esqueceu da sua verdadeira identidade. A educação e crenças incutidas na sua formação prestigiaram os artifícios em detrimento da sua liberdade. O carro, a casa, o dinheiro, a roupa tornaram importantes cartões de visita para dizer quem somos, e assim, os valores naturais, essência do ser, a razão da vida, deixam de ser pensados.

O domínio do pensamento e os questionamentos sobre o que pensamos é, na realidade, a busca do conhecimento de si mesmo. É imperativo mencionar aqui a importância da leitura e estudos sobre a nossa personalidade e caráter, porque o ditado “conhecer é poder” está parcialmente certo, o que realmente tem poder é a liberdade, que lhe é conferida por meio do conhecimento. Por esse motivo, regimes ditatoriais detestam livros e os queimam em praça pública.

Atualmente, esses regimes não mais preocupam em destruírem esse acervo, nossos jovens já faz isso, é grande o número de pessoas que não se importam o mínimo em se questionar, aprender e ler. Os relacionamentos com familiares e com os amigos refletem isso, o que realmente importa fica escondido dentro de cada um.

A prática naturista, além de trazer benefícios para o corpo físico, traz também benefícios mentais, “Naturismo começa na mente” (Paulo Pereira – Corpos Nus). Afinal, é um exercício para vivermos naturalmente, é o desapego que o Budhismo defende por causa da impermanência de todas as coisas, inclusive do nosso próprio corpo, é entrarmos na essência do ser e esquecermos por completo as artificialidades e viver cada dia melhor.

Muitos ainda não conseguem conceber a nudez como algo natural, ainda presos nas tradições e nos conceitos que formaram suas concepções de valores, Sua natureza pede liberdade, a mente não obedece. Isso acontece muito com a mulher, não sabe ela que, provavelmente, o naturismo lhe mais favoreça. Fica ela numa condição de igualdade diante do homem e conquista a sua liberdade que desde a infância a ela ficou privada. Recordo-me dos escravos que se beneficiaram com a lei que os libertaram e ainda assim imploravam para continuarem juntos de seus senhores. Não sabiam o que fazer e como iriam se sustentar, ficaram inseguros diante de um novo contexto social.

Viver com naturalidade implica vencer os medos internos, se tornar mais seguro e consciente da nossa própria natureza, é se colocar numa posição de igualdade diante de todos os seus semelhantes. O naturismo é, na verdade, evolução e ao mesmo tempo retorno da nossa condição humana, natural e nua.

Com certeza, ser natural não é simplesmente viver defendendo o meio ambiente e se alimentando de comidas naturais, é mais do que isso, é ser consciente da nossa natureza transcendente, é respeito pela vida e, sobretudo, sair do superficialismo. Mas tem um detalhe importante, ninguém poderá fazer isso por alguém, cada pessoa tem se propor a realizar mudanças em suas vidas, se lançar para o desconhecido, sair da mesmice. A liberdade é individual e as decisões também.

A omissão diante de nossas verdades gera infidelidade. Sair da superficialidade às vezes não é muito fácil, é preciso determinação, mudanças internas e, sobretudo, coragem e consciência.


Evandro Telles
04/07/10