segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Naturismo e educação


Por Laércio Júlio da Silva
05/10/2009
A educação como resultada do conhecimento humano armazenado pelas gerações, não pode estar desvinculado do cotidiano das pessoas. Um cotidiano que reivindicamos como cidadania planetária socialmente justa, onde ganha força a questão da ética e respeito às relações humanas, bem como o cuidado com o meio ambiente. O naturismo tem como seu principal pilar a educação como prática para a liberdade individual e paz consigo mesmo. O movimento naturista estimula a auto-aceitação, o respeito pelo próximo, reafirmando a relação homem em contato direto e integrado com as forças da natureza.

Competem aos seres humanos, enquanto mais uma das raças tripulantes da mesma nave planetária chamada Terra, estimular e lutar pela formação de sociedades socialmente mais justas e ecologicamente equilibradas, que conservem entre si relação de interdependência e autonomia contemplando a diferença, complementaridade e o antagonismo, em novas formas de perceber a realidade, reconhecendo a unidade humana em meio à diversidade individual e cultural como fator natural e objetivamente saudável ao processo civilizatório e em profundo respeito aos outros seres vivos.

O movimento naturista moderno surgiu no início do século 20, na Alemanha e França. Na França (especificamente na Ilha do Levante) foi criada pelos irmãos Duvalier uma "Clínica Helioterapêutica" onde se pregava que a nudez ao ar livre com alimentação natural (sem nenhum produto animal, drogas, cigarros e bebidas) e contato com outras pessoas ajudava na cura de todos os males físicos e mentais. Na Alemanha, que é tida como verdadeiramente a iniciadora do naturismo como o conhecemos hoje, um professor de educação física propôs aos seus alunos que estes deveriam fazer os exercícios ao ar livre e sem roupas. Depois de algum tempo, os jovens deste professor passaram a ser mais corados, ter mais saúde e alegria, as famílias dos mesmos vendo as mudanças inclusive comportamentais dos mesmos resolveram aderir aos exercícios e criaram em 1903, através de Paul Zimmermann, o que a princípio foi chamado de Nudismo. (a alteração de nome só foi feita na década de 50). No ano de 1906, surge nesse mesmo país o primeiro campo oficial para a prática do naturismo e a publicação do primeiro livro ["Die Nacktheit" (A Nudez)] sobre esta filosofia de vida cujo autor era o professor Ungewitter. Nessa época, além dos exercícios ao ar livre em completa nudez, havia também uma grande preocupação com a educação alimentar, que deveria ser saudável, geralmente baseada no vegetarianismo (fonte:www.fbrn.org.br).

O corpo humano é um todo holístico e não deve ser visto fragmentado em partes belas e não belas. O corpo é uma parte da personalidade humana que encaminha a trajetória da pessoa em relação a vida. Realizamos nossas ações através dele como forma de modificar nosso habitat e construir o conhecimento. A educação do corpo conduz a uma manifestação adequada através de um encontro com o seu próprio interior. A expressão corporal é à base do exercício da própria liberdade espiritual, definindo um conjunto de significados biológicos, físicos, históricos, sociais e culturais de cada indivíduo.

O naturista integra-se a natureza aprimorando o corpo e o espírito, extrapolando o conceito de feio ou bonito, sem preconceito de classe social, etnia, de idade, de religião ou estado civil, sendo que a prática naturista deve servir de base para uma melhor qualidade de vida e educação aprimorada, inclusive entre jovens. Ser naturista é ser despido de violência, alcançando a fraternidade entre todos, buscando o crescimento cognitivo e um elevado estágio de evolução humana.

Laércio Júlio da Silva é diretor da Federação Brasileira de Naturismo (FBrN) e presidente da Associação Goiana de Naturismo