Por Laércio Júlio da Silva
11/12/2009
Sou de um tempo que considerava quem se preocupasse com ecologia ou meio ambiente um sonhador ou no mínimo alguém que não tinha muito que fazer. Até meados dos anos 80, o movimento ambientalista não era levado a sério e havia todo o tipo de chacota e desprestígio tanto da esquerda como da direita no âmbito político. A direita até hoje defende o discurso que os ambientalistas são contra o desenvolvimento e por sua vez parte da esquerda ortodoxa achava tudo isso perda de tempo que se resolveria com o advento do novo homem sob o regime socialista... Lamentavelmente, os fatos não se mostraram assim.
Como todo o “calo” só pode ser sentido quando dói, as mudanças climáticas estão aí no nosso dia-a-dia, provando as consequências da intervenção do homem na mãe Terra.
Mesmo assim existem forças poderosas tentando desmoralizar os estudos recentes sobre o assunto: nos últimos dias, uma polêmica agitou o meio científico internacional. As pesquisas que comprovam o aquecimento global foram colocadas sob suspeita coincidentemente às vésperas da Conferência mais importante dos últimos tempos. A enorme repercussão dada propositalmente ao assunto pelas maiores agências de notícia internacionais atingiu supostamente cientistas que teriam fraudado pesquisas para reforçar a tese de que o planeta está esquentando.
Polêmicas a parte, desde o dia 7 de dezembro, 192 países estão em Copenhague para discutir o futuro do planeta: se efetivamente estão todos dispostos a agir evitando que as mudanças climáticas sejam catastróficas ou somente fazer "jogo de cena", voltando para casa convencidos que fizeram algo sério, e o que é pior, passando ao resto do mundo a falsa sensação de que foram tomadas providências reais.
Parte do que a grande imprensa internacional não publica com o mesmo destaque, além dos tais e-mails trocados entre cientistas, que foi divulgado recentemente pelas Nações Unidas em um relatório dramático que bate a porta da Conferência de Copenhage:
– As emissões de dióxido de carbono relativas a 2008 já superam em 40% as emissões dos anos 90. A este ritmo, dentro de 20 anos a temperatura média do planeta poderá aumentar mais de 2°C com uma probabilidade de chegar a 25%, atingindo assim o limiar de não retorno, a partir do qual se considera que o ciclo de produção de dióxido de carbono perderá a capacidade de se reciclar,
– A evolução da temperatura média dos últimos 25 anos reforça a tese do aquecimento provocado pelas atividades humanas. O aumento médio de 0,19°C por década confirma os atuais modelos teóricos de avaliação que explicam os efeitos causados pelos gases de efeito de estufa. Apesar de uma diminuição da parcela do aquecimento global causada pelo Sol – a nossa estrela passou por um mínimo do seu ciclo de 11 anos – a tendência do aquecimento médio manteve-se,
– As atuais redes de satélites de observação do clima mostram inequivocamente que as calotas do Ártico diminuem a um ritmo mais acelerado do que o previsto, a área que desapareceu nos últimos três anos superou em 40% a área prevista. Como já foi diversas vezes constatado o Ártico é muito mais sensível às alterações do clima do que o Antártico por causa da extensão da sua placa terrestre e da massa oceânica que rodeia o Polo Sul,
– As observações de satélite mostram também que o nível do mar subiu em média cerca de 3,4 mm por ano, ou seja 80% acima do valor previsto pelo PIAC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) das Nações Unidas, sendo este valor consistente com a contribuição causada pelo degelo acelerado dos polos. O aumento do nível do mar em 2100 poderá atingir um metro acima do valor inicialmente previsto pelo PIAC, que era cerca de 2 metros no cenário mais pessimista,
– O ano de emissão máxima de gases de efeito de estufa deverá ocorrer muito em breve, entre 2015 e 2020, se quisermos realmente limitar o aumento médio da temperatura do planeta a 2°C. Para estabilizar a temperatura do planeta será obrigatório estabelecer um modelo de sociedade pouco dependente das emissões de gases de efeito de estufa no final do século XXI, reduzindo em cerca de 80 a 90% as emissões per capita das nações mais desenvolvidas correspondentes ao ano 2000 (fonte: "O diagnóstico de Copenhage” - PIAC da ONU).
A humanidade espera bom senso dos governos envolvidos, principalmente os países do hemisfério norte responsáveis pela maioria do estrago. Isso não isenta o Brasil e o cidadão comum de fazer a sua parte por um mundo melhor. Os olhos da humanidade estão voltados para Copenhage na Dinamarca. E o nosso deve estar voltado para nossa família e o futuro dos que herdarão a Terra.
Como todo o “calo” só pode ser sentido quando dói, as mudanças climáticas estão aí no nosso dia-a-dia, provando as consequências da intervenção do homem na mãe Terra.
Mesmo assim existem forças poderosas tentando desmoralizar os estudos recentes sobre o assunto: nos últimos dias, uma polêmica agitou o meio científico internacional. As pesquisas que comprovam o aquecimento global foram colocadas sob suspeita coincidentemente às vésperas da Conferência mais importante dos últimos tempos. A enorme repercussão dada propositalmente ao assunto pelas maiores agências de notícia internacionais atingiu supostamente cientistas que teriam fraudado pesquisas para reforçar a tese de que o planeta está esquentando.
Polêmicas a parte, desde o dia 7 de dezembro, 192 países estão em Copenhague para discutir o futuro do planeta: se efetivamente estão todos dispostos a agir evitando que as mudanças climáticas sejam catastróficas ou somente fazer "jogo de cena", voltando para casa convencidos que fizeram algo sério, e o que é pior, passando ao resto do mundo a falsa sensação de que foram tomadas providências reais.
Parte do que a grande imprensa internacional não publica com o mesmo destaque, além dos tais e-mails trocados entre cientistas, que foi divulgado recentemente pelas Nações Unidas em um relatório dramático que bate a porta da Conferência de Copenhage:
– As emissões de dióxido de carbono relativas a 2008 já superam em 40% as emissões dos anos 90. A este ritmo, dentro de 20 anos a temperatura média do planeta poderá aumentar mais de 2°C com uma probabilidade de chegar a 25%, atingindo assim o limiar de não retorno, a partir do qual se considera que o ciclo de produção de dióxido de carbono perderá a capacidade de se reciclar,
– A evolução da temperatura média dos últimos 25 anos reforça a tese do aquecimento provocado pelas atividades humanas. O aumento médio de 0,19°C por década confirma os atuais modelos teóricos de avaliação que explicam os efeitos causados pelos gases de efeito de estufa. Apesar de uma diminuição da parcela do aquecimento global causada pelo Sol – a nossa estrela passou por um mínimo do seu ciclo de 11 anos – a tendência do aquecimento médio manteve-se,
– As atuais redes de satélites de observação do clima mostram inequivocamente que as calotas do Ártico diminuem a um ritmo mais acelerado do que o previsto, a área que desapareceu nos últimos três anos superou em 40% a área prevista. Como já foi diversas vezes constatado o Ártico é muito mais sensível às alterações do clima do que o Antártico por causa da extensão da sua placa terrestre e da massa oceânica que rodeia o Polo Sul,
– As observações de satélite mostram também que o nível do mar subiu em média cerca de 3,4 mm por ano, ou seja 80% acima do valor previsto pelo PIAC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) das Nações Unidas, sendo este valor consistente com a contribuição causada pelo degelo acelerado dos polos. O aumento do nível do mar em 2100 poderá atingir um metro acima do valor inicialmente previsto pelo PIAC, que era cerca de 2 metros no cenário mais pessimista,
– O ano de emissão máxima de gases de efeito de estufa deverá ocorrer muito em breve, entre 2015 e 2020, se quisermos realmente limitar o aumento médio da temperatura do planeta a 2°C. Para estabilizar a temperatura do planeta será obrigatório estabelecer um modelo de sociedade pouco dependente das emissões de gases de efeito de estufa no final do século XXI, reduzindo em cerca de 80 a 90% as emissões per capita das nações mais desenvolvidas correspondentes ao ano 2000 (fonte: "O diagnóstico de Copenhage” - PIAC da ONU).
A humanidade espera bom senso dos governos envolvidos, principalmente os países do hemisfério norte responsáveis pela maioria do estrago. Isso não isenta o Brasil e o cidadão comum de fazer a sua parte por um mundo melhor. Os olhos da humanidade estão voltados para Copenhage na Dinamarca. E o nosso deve estar voltado para nossa família e o futuro dos que herdarão a Terra.
Laércio Júlio da Silva é diretor da Federação Brasileira de Naturismo (FBrN) e presidente da Associação Goiana de Naturismo, o Goiasnat.