Na década de 1890, Gauguin viveu no Taiti e
produziu uma série de telas que constitui a parte mais conhecida de sua obra.
Seus quadros dessa época registraram o espaço natural e a vida simples das
pessoas livres das imposições culturais da civilização ocidental. As telas acima “Duas taitianas com folhas de manga – 1899” e “O
Cristo amarelo – 1889” são algumas entre tantas outras produzidas pelo pintor que parte para o Taiti em busca de novos temas
e para se libertar dos condicionamentos da Europa.
Após a Quinta Exposição Impressionista
realizada em 1880, “L’Art Moderne” publica a respeito de “Estudo de Nu ou Suzanne
Costurando”: “Entre os pintores contemporâneos que trabalham o nu, nenhum foi
capaz de representá-lo com tão veemente realismo...Gauguin foi o primeiro
artista em muitos anos que tentou representar a mulher de nossos dias...Seu
sucesso é completo, ele criou uma tela ousada e autêntica”.
Foi inaugurada no dia 30/06 em Vitória ES a
Fábrica de Ideias. Um espaço dedicado à economia criativa e ao empreendedorismo
que, segundo os organizadores, uma oportunidade para inovação e destaques da
criatividade. Exceto quando essa “criatividade” faz referência à arte da nudez
humana. Sim, a fachada ganhou um painel de 250 metros quadrados de autoria do
artista plástico Emílio Aceti. Inspirado na obra de Paul Gauguin foi pedido (eu
li obrigado) que fizesse uma “simples” modificação na sua obra que o mesmo
considerou um desrespeito para com a arte.
Não minto, tive a sensação de estar vivendo
na época medieval em que Galileu teve que retratar suas descobertas
científicas. Em pleno século XXI onde já se diz que “O Futuro Chegou” o que
vejo é que as pessoas estão sempre querendo se ajustar a uma sociedade
neurótica e doente. A obra de Paul Gauguin foi alterada, a arte de Emilio Aceti
foi desvalorizada. Ninguém tem o direito de querer mudar a criatividade de um
artista, mesmo porque as intuições têm origens que nem mesmo o seu autor sabe
de onde elas chegam, mas que precisam ser expressas daquela forma. Quando
alteradas, a beleza se perde como num passe de mágica, a poesia ficou escondida
no interior do poeta, e por causa disso o encanto morreu.
Elcylio Antunes Neto em seu livro “O
Evangelho Segundo Aquenaton” apresentado no encontro literário “Café com
Letras” no dia 03/07/14, na página 42 diz: “O que chamamos de maldade não vem
de figuras míticas, mas do nosso interior quando está repleto de ignorância.”
O indivíduo com o seu falso moralismo não consegue
conceber um mundo mais natural onde possa prevalecer uma nova concepção do
corpo humano, ele joga para fora toda a maledicência que possui dentro dele
impregnado na sua formação. Esse mundo onde o corpo possui dignidade existe sim
e não é utopia, chamamos de Naturismo.
Evandro Telles
08/07/14