sábado, 12 de fevereiro de 2011

POLITICA E NATURISMO

POLÍTICA E NATURISMO


O Naturismo quando vivido e praticado com simplicidade, no silêncio e consciente, cria um clima de harmonia e paz. Esse pacifismo não é tão somente para com outras pessoas, mas também com o próprio indivíduo. As preocupações com a beleza e as imperfeições desaparecem. Como muito bem retratado pelo historiador Viegas Fernandes da Costa, em seu artigo “Sobre a Nudez Social”, que diz: Ao despir-me, reconheci a “graça” em mim, o “cuidado de si” não para atender às necessidades estéticas do outro, mas para a minha conciliação comigo mesmo, em um processo de reconhecimento da minha integralidade. Bravo!!

 As preocupações excessivas com relação à nudez, não é só um produto de uma sociedade mercantilista que fez do corpo algo para ser vendido, mas também de pessoas moralistas que induziram ao pensamento de que toda nudez será castigada. Absurdos de mentes doentias que não conseguiram desenvolver com dignidade a espiritualidade e em tudo vê coisas erradas e pecaminosas.

A prática do Naturismo consciente nos remete para o entendimento e aceitação da nossa essência como ser humano. O conhecimento desse estilo de vida traz uma nova perspectiva com relação ao corpo humano, passamos a SER mais. Esse é o real valor do conhecimento, de que adianta falar e saber muito sobre amor e nunca ter vivido um? O conhecimento verdadeiro da nossa natureza muda o indivíduo que reflete nos seus relacionamentos sociais.

Lao Tzu, fundador do taoísmo, uma das religiões mais antigas e importantes da China, disse: “Dou-lhe três tesouros, um tesouro é o amor, o segundo é nunca ir para o extremo e o terceiro é ser natural”. Esses tesouros não têm sido observados em nosso cotidiano, assistimos muita violência e agressão, a falta de tempo com excesso de compromissos deixa o indivíduo no extremo de sua capacidade física e assim perde o contato com a sua própria natureza. Isso é lamentável!

Nos relacionamentos humanos existe política em todo lugar, e é uma doença que precisa ser tratada porque ela tem origem na ambição humana. O desejo de poder, de domínio sobre os outros e, do mesmo modo que o moralista, a política tem duas portas: Aquela que tenta mostrar o que não é, e a verdadeira, a própria natureza que não há como negar. Em outras palavras, o discurso é um o real é outro.

O homem incapacitou a mulher. Isso é política.
Metade da humanidade é constituída por mulheres. O homem não tem direito algum de incapacitá-la, mas por séculos ele a tem incapacitado completamente. Ele não permitiu que ela tivesse acesso à educação. Ele não lhe permitiu sequer que ouvisse as escrituras sagradas. Em muitas religiões eles não permitiram que elas entrassem nos templos. Ou, se permitiram, elas tinham uma seção separada, elas não podiam ficar ao lado dos homens como iguais, mesmo perante Deus. (...)
O homem tem tentado de todas as maneiras cortar a liberdade da mulher.
Isto é política; isto não é amor.
Você ama uma mulher, mas não lhe dá liberdade. Que tipo de amor é este, que tem medo de dar liberdade?
Você a coloca numa gaiola como papagaio. Você pode dizer que ama o papagaio, mas você não entende que o está matando.
(texto extraído do artigo “Política é uma doença” de Osho).

O Naturismo quando colocado num discurso político se torna feio, distorcido e recheado de contradições, o enfoque é diferente. Na essência do Naturismo encontramos a beleza, a liberdade e a contemplação da vida neste universo morto. A estatística da existência da vida pode ser comparada a um atirador que se encontra nos Estados Unidos e acerta diversas vezes uma mosca na França. Somos uma espécie rara, surgida ao acaso ou não, isso não importa, deveríamos todas as manhãs soltar rojões para festejar um novo dia.

A natureza nos mostra todos os dias algo grandioso para celebrarmos. Ao falar, perdemos um momento precioso para contemplar, a maior tolice que podemos fazer é falar qualquer coisa, tentar politizar essa beleza é, no mínimo, pura ignorância.

Viver o Naturismo não é fácil como se imaginam, a nudez é um pano de fundo, o que importa é a consciência dela, onde reside toda a liberdade que o ser pode experimentar e almejar. Dentro dessa consciência não é preciso de política alguma. Que tipo de política poderia ser aplicada na vastidão da existência? Nenhuma, porque será ineficaz, desnecessária.

É preciso ser entendida essas questões nos meios naturistas, porque só podemos defender algo com atitudes coerentes com a própria natureza. Quem é livre deixa o outro livre também, não tem como ser diferente. Fora isso é só política, só discurso evasivo.

Naturismo não é trampolim para obtenção de poder, status ou para ficar em evidência na mídia, isso é política. Naturismo é para fazer com que os seus praticantes tenham dignidade e transparência em sua plena nudez. Se ainda não for suficiente, para ser naturalmente naturais.

Evandro Telles
11/02/11

Macaco vê, macaco faz

Com o Congrenat para acontecer mais uma vez em Praia do Pinho, 26-27 de fevereiro, naturismo organizado merece ser revisto, especialmente a histórico da FBrN.
Congrenat será 25-26/02/2011, Praia do Pinho

Vendo a trajetória empresarial de Celso Rossi, a repetição é a tema mais constante. Em Praia do Pinho vendeu o direito de construir em terras do qual ele não era o dono; em Pedras Altas, "concessões" até 2010 em area de preservação ambiental permanente onde construção era vetada; e depois, os múltiplos estelionatos de Colina do Sol, tudo escondido e confundido atrás das identidades múltiplas de Naturis, Colina do Sol, Sol de Colina, FBrN, Ocara, FBrN, Brasil Naturista, etc.

Esta pobreza de imaginação faz a gente questionar: de onde esta única idéia? Um momento inusitada de criatividade?

"The Nudist Ideia"

Recebi semana passada o livro "The Nudist Idea", de Cec Cinder, e folheado seus quase 700 páginas, encontrei a figura de Ilsley Boone, o "Tsar de Naturismo Americano", que se apoderou do naturismo no país, e institucionalizou seu controle. Parece o modelo que Celso Rossi seguiu.

As diferenças são que Ilsley Boone tinha uma carreira expressiva antes de descobrir naturismo, inventando o ramo de filmes documentários escolares, e também alcançando sucesso como pastor protestante.  Também Boone se formou numa universidade da primeira linha, Brown, e depois tirou duas diplomas em teologia, inclusive um de mestrado. Rossi estudou direito - nunca ouvi se ele se formou - e depois foi trabalhar com papai..

Primacia inventada

Cinder dissecta a afirmação de Boone sobre como ele conheceu nudismo, a partir de uma matéria no N.Y.Times em 1929. A matéria é verdadeira, mas de 1931; Cinder que escreveu antes de índices online aponta um série de outros detalhes que
"não bate com os fatos - pelo menos cronologicamente - e a cronologia é essencial quando pleitando prioridade, como Boone estava fazendo com Kurt Barthel pelo título de "Pai de Nudismo Americano".
Quando comecei aprender um pouco de naturismo brasileiro, alguém que tinha lavado suas mãos da FBrN me apontou que Celso Rossi se apresenta como fundador do Praia do Pinho, mas também conta que sabia da praia por meio de uma máteria na revista Manchete. Ora, este argumentou, se já estava na revista, existia antes de Celso Rossi.

Boone foi visitar áreas naturistas em Alemanha no meados de 1931, e voltou pregando a criação de áreas semelhantes nos EUA.  Já em outubro era vice-presidente da American League for Physical Culture, então o grupo dominante de naturismo americano. Fundou logo uma revista, idéia que vários grupos naturistas tinhas levantado. A revista de Boone foi "a primeira verdadeiramente americano revista de nudismo", conforme  Cinder; a Naturis de Rossi não tinha nem este virtude, pois já tinha antecessores no Brasil. n

A cronologia de Boone era para mostra a que ele antecedeu Kurt