segunda-feira, 29 de abril de 2013

SOS Tambaba: Praia de Pernambuco, praia de Paraíba

Analisamos em janeiro a proposta da "Reserva Garaú", que vimos pretende tomar as terras até "... a Leste com o Oceano Atlântico, ao Sul com o rio Garaú ..." pretendendo privatizar a faixa da Marinha e a área do preamar, engolindo a Praia de Tambaba todinha. Parte da tática é incluir na proposta submetido às órgãos fiscalizadoras, a exigência que a "área toda" seja fechada com placas "indicando propriedade privada e proibindo a entrada de estranhos" e que isso "deve perdurar durante todo o período das obras."

Enquanto isso, há na Folha de S. Paulo de domingo, 28/04/13, matéria de duas páginas sobre mansões que privatizaram a faixa da Marinha na Praia de Pernambuco, em Guarujá. A prefeitura e a Secretária de Patrimônio da União assinaram um TAC que "não só prevê como determina a desocupação das áreas ocupadas irregularmente".  As 27 mansões vão perder uma faixa de 24 metros, devolvendo um total de 25 mil metros quadrados aos cidadãos, de quem pertence.

Porque em Paraíba a prefeitura de Conde a a mesma Secretária de Patrimônio da União estão contemplando uma proposta de entregar não somente a faixa da Marinha mas a praia entre ali e a água, para particulares, para agilizar o estupro de uma Área de Proteção Ambiental? Porque há regras diferentes para a Praia de Pernambuco, e a mais famosa praia de Paraíba?

Conforme notícia no Jornal Olho Nu, haverá outra reunião hoje a tarde sobre o empreendimento:

Praia de Tambaba Urgente!

Na segunda–feira (29/04) o Comitê Gestor do Projeto Orla de Conde (CGPOC) se reúne para apresentação do Projeto Turístico Reserva do Garaú, às 14h00, no Portal de Jacumã - Praia de Jacumã/PB ( o local é um ponto comercial localizado a direita da PB 008, na terceira quadra após o Portal de Jacumã no sentido praia).

Precisamos nos mobilizar para que o Comitê não aprove o referido empreendimento.


Carlos Santiago
MovimentoNU - movimento.nu@gmail.com

Vale notar que a alerta vem do MovimentoNU, e não da FBrN, sempre inerte em assuntos de importância.

Aguardamos informações

A resistência nestes casos depende das detalhes. Recentemente na Long Island, NY, o departamento de parques resolveu fechar a praia tradicional de nudismo de Lighthouse Beach. O Naturist Action Committee este mês emitiu uma alerta, com perguntas do tipo:

4. If habitats for new species have been created, what are they? And why are those new habitats important only in the areas that are traditionally clothing-optional? Dunes are being rebuilt elsewhere. What is the ecological justification for the selective removal of one class of park visitors, based on the clothing they may choose not to wear?

No Novo Iorque, quem queria fechar a praia alegou que precisava proteger fauna, sem disse quais espécies eram, e porque era somente preciso proteger elas contra quem escolhesse não usar roupa. Os naturistas pedem "quais espécies são estas?" para desnudar a arbitrariedade da proibição.

Notamos em janeiro que umas informações críticas foram sonegadas. O Anexo III dos documentos não estão no Internet. Os mapas apresentados ao público são de 1:100.000; os do Anexo III, são de 1:2.500, 1600 vezes (quarenta quadrado) mais detalhados. Mais não foram publicados.

Onde fica a faixa da Marinha depende da linha de preamar de 1831. A proposta do LORD Empreendimentos, donos do projeto Garaú, disse que estão aguardando um parecer sobre isso. Curioso então que encontramos sem problema os mapas da linha, já legalmente estabelecida.

Foi uma surpresa para nos aqui, de que depois a reunião de janeiro sobre a "Reserva Garaú" não houve um relato do que passou, nem na imprensa local, nem na imprensa especializada - quer dizer, naturista. Não exige diploma e jornalista para anotar o que passa, e publicar uma resenha.

O projeto Reserva Garaú, um empreendimento de 4.000 pessoas, é exatamente o que uma Área de Proteção Ambiental é estabelecida para barrar. Não deve ser aprovado. Que os dados foram sonegados é um bom indício, de que o posse dos dados fortaleceria os oponentes.

Pedimos mais dados. Quem for a reunião de hoje, favor informe o que acontece.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Boletim gera boletim

Já informamos do desfile de naturistas na Delegacia de Taquara no 22 de fevereiro. Estamos informados, de dois fontes, de que a eleição na Colina do Sol no primeiro domingo de março foi acompanhado por duas viaturas da polícia.

Aguardávamos postar, na esperança de ter aceso ao Boletim de Ocorrência, pois sabemos da importância de examinar papeis. A proposta do empreendimento imobiliária atrás da Praia de Tambaba se revelou com a leitura dos papeis, uma proposta de privatizar a área de preservação ambiental "até o Oceano Atlântico", incluindo a praia naturista.

O que rolou na delegacia, e porque força policial foi despachada para uma eleição de condomínio, é algo que somente poderia ser averiguado com os papeis e entrevistando os autoridades, neste caso a escrivã Silvana.

Fogo cruzado

É claro que há uma divisão dentro da corja da Colina do Sol. Um grupo inclua Etacir Manske e Celso Rossi; o outro grupo assinou uma série de "Boletins" como o "Movimento Colina para Sempre".. Publicamos um destes Boletins e uma resposta do eterno Capitão. Houve outra manifestação de Etacir Manske que ainda não publiquei. Faltou tempo para diagramar, e tive dificuldade em entender o que ele estava falando - queria propor, ou reclamar da, demissão das advogadas da Colina?

Estou informado de que o Boletim de Ocorrência resultou de outro "Boletim" que republicamos faz um mês. Leva 33 assinantes - presumo que foram estes convocados para a delegacia, mas conforme explicamos anteriormente, não publicamos os nomes. O texto aponta a falsidade de uma suposta contrato sobre uma "concessão" que Etacir comprou de Zumbi e que o ex-sequestrador Jõao Ubiratan dos Santos, vulgo "Tuca", disse que era dele. Os três combinaram dá um baixo no restante dos sócios, concedendo isenção da taxa de condomínio ao Tuca.

Cada grupo acusa o outro de crimes e outros atos reprováveis. Quem teria razão? Aqui somos criticados para não dar fé suficiente às palavras dos sócios da Colina, mas esta vez diremos: nisso, ambos os grupos têm razão.

Boatos que ouvimos

Sambemos menos que ouvimos, pois uma versão briga com outro. Mas os boatos são:
  • A convocação para a delegacia é resultado de um Boletim de Ocorrência de calunia e difamação feito pelo Etacir Manske e Celso Rossi.
  • Haveria uma audiência de conciliação no Fórum de Taquara em abril.
Repassamos isso para um amigo advogado, que informa sobre calunia e difamação:
"Ambos são ação privada, se acusa mediante queixa-crime, não se discuta na delegacia, mas no Fórum.  [...] Assim, me parece meio estranho tudo isso. Ou o tipo não é calunia nem difamação, ou a policia fez a coisa errado.

"Se for ameaça, o procedimento seria correto. Primeiro Delegacia (fazer um Termo Circunstanciado) depois audiência no Juizado Especial no Fórum, mas em caso de calunia ou/e difamação, não caberia TC na delegacia. Tem que ser diretamente no Fórum.

"Muito estranho."

Colina das Brigas?

No blog www.calunia.com.br, há no lado direito uma lista de casos jurídicos, com links para o site da TJ-RS e outros tribunais. É nem é uma lista completa. O caso mais recente é do sócio Dr. Vinicius, que foi banido da Colina - e conseguiu um liminar para que ele e sua família pudessem entrar e usar os benefícios para quais estavam pagando.

A Colina respondeu da sua maneira padrão, cassando outros diretos ("negativa de firmar os contratos de compra e venda, negativa de efetivação de transferências de cabanas e negativa de validar a candidatura do autor para cargo eletivo de órgão ...") Cassar os direito de votar dos seus opositores é uma das velhas técnicas de qualquer regime totalitário enfrentando oposição.

Fritz Louderback diz que sofreu perseguição da corja da Colina do Sol. Quem teria razão, ele ou a Colina? Dr. Vinicius chegou depois do que Fritz saiu da Colina do Sol, e também sofreu abusos. Só que ele conseguiu o liminar que o Fórum não deu para Fritz. Há um longo série de abusos antigos, bem antes que os devedores de Fritz se juntaram pra fazer falsas acusações contra seu credor, e contra o então presidente da FBrN, outro que ofereceu perigo à corja.

Quando há uma única disputa, podemos ficar em dúvida sobre onde está a culpa. Mas quando alguém é sempre envolvido em processos, fica difícil acreditar que a culpa é sempre dos outros. A Colina gastava algo como 10% da sua receita com advogados; qual condomínio ou empresa torra tanta grana assim? Agora vimos a própria corja tanto como "vitima" quando acusador na delegacia, e eleição vigiada pela polícia, que desmente a teoria de que a Colina é uma citadela de luz e pureza, com bárbaros sempre no portão. Não, há algo de podre na Colina do Sol, e muito podre mesmo.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Memórias de Ilha Grande

No site do Jornal Olho Nu, lemos hoje que:

Neste final de semana passado a famosa e bela Ilha Grande, no litoral sul do estado do Rio de Janeiro, recebeu um grande grupo de naturistas paulistas e cariocas para fazer turismo. Embora não haja nenhum local oficial na região onde se possa ficar nu, os visitantes descobriram locais desertos e tranquilos para a prática de nosso estilo de vida.

Pode ser. Mas não foi sempre assim. É bom relembrar o local mais oficial de Ilha Grande, seu estabelecimento mais famoso, ou pelo menos mais notório: o Instituto Penal Cândido Mendes, ou Colônia Penal Dois Rio.

Um dos detentos mais famosos foi Graciliano Ramos, e o lugar é descrito no seu "Memórias de Cárcere", que tirei do estante ao ver a nota em Jornal Olho Nu, lembrando um trecho do livro, mas que parece anterior ao transferência para Ilha Grande:

Graciliano Ramos
Numa dessas passagens matinais deu-se coisa burlesca. Diversas pessoas no Pavilhão, sem querer, entregavam-se ao nudismo. Saíam do banheiro, iam secar preguiçando nos cubículos, andando na Praça Vermelha, e esqueciam-se de vestir-se. Estava assim Newton Freitas, oferecendo a um magote ocioso conversa loquaz e gargalhadas imensas, quando se entreabriu a cortina de lona e a figura de Eneida apareceu. Com impudência tranqüila, o homem deu um passo e cumprimentou.

- Você está decente para falar com senhoras, murmurei tocando-lhe no ombro.

– Puxa! Com os diabos!

Recuou, quis envolver-se na toalhinha de rosto, mudá-la em tanga, acocorou-se rapidamente por detrás dos companheiros, morta a alegria num instante, encabulado em excesso.

Vol 1, pp 210-211

Umas das "senhoras" ele identifica na mesma página como Olga Prestes. Fala bastante do Barão de Itararé, também preso pelo polícia de Vargas. Uns anos antes, Itararé tinha impresso no seu jornal em fascículos a história de João Cândido, herói da Revolta da Chibata, e em seguida foi sequestrado e espancado por oficiais da marinha. Voltou à redação e afixou uma placa na sua porta: "Entre sem bater".

Impossível não mencionar a presença do Barão de Itararé na Ilha Grande, comentando uma visita pelo Marquês de Abricó!

Outro preso em Ilha Grande foi Fernando Gabeira, autor da "Lei Gabeira" que legalizaria naturismo no Brasil. O projeto de lei afundou com a prisão do então presidente da FBrN, Dr. André Herdy, sob acusações falsas. Vale lembrar também a prisão do ex-presidente de Sonata, Nelci Rones, outra prisão sem evidência, mas que serviu como pretexto para diminuir em dois terços a extensão da área naturista da praia de Tambaba.

Vimos então que na Ilha Grande naturismo não era raro no presídio - e que no Brasil, naturistas não são raros nos presídios. E falamos aqui somente dos inocentes. Imagine quantos terão quando os culpados começar cumprir regime em que o "banho de sol" é somente uma hora por dia!

terça-feira, 16 de abril de 2013

SOS Tambaba: Folha do Meio Ambiente

A Folha de Meio Ambiente, na sua edição impressa de março, veiculou uma matéria sobre a ameaça que o empreendimento "Reserva de Garaú" representa para a Area de Proteção Ambiental (APA) de Tambaba.

O autor, Reginaldo Marinho, entrevistou o engenheiro Antônio Augusto de Almeida, que foi secretário de Meio Ambiente de João Pessoa, durante a gestão do atual governador de Paraíba, Ricardo Coutinho, e também entrevistou o professor André Piva, da Universidade Federal da Paraíba, onde ele é Coordenador do Programa de Pós-graduação lato sensu em Turismo de Base Local.

Foi o próprio Reginaldo que nos alertou da matéria, com um comentário aqui no blog.

Típica das perguntas e respostas é:

FMA - As experiências fracassadas de megacomplexos turísticos, no Brasil e na Espanha, indicariam que a licença ambiental poderia ser usada para mascarar o loteamento da área?

Antônio Augusto -  Sim. Vivemos uma vulnerabilidade total das instituições responsáveis pela implementação das bases da sustentabilidade em nosso país, especialmente na Paraíba. A verdade é que gestão ambiental em nosso estado – e muito no Brasil inteiro - é somente formalidade para mascarar a legalidade.

APA e Praia Naturista

Enquanto Reginaldo abre a matéria com a Praia de Tambaba, seu foco é a Área de Proteção Ambiental, bem maior (e um bem maior) que a praia naturista. Mas nossos leitores que somente se interessem por naturismo nem devem por isso pular a matéria. Mas sem a isolamento garantido pela área preservada, a praia naturista não pode continuar. Quem imagina que 8 mil pessoas bem abastecidas morando acima das falésias vão deixar 300 metros de praia para gente sem roupa, quando "há famílias querendo usar a praia", está delirando.

Regras e realidade

Nos relatamos em janeiro:

  1. Que o documentação no site da Sudema mostra que o empreendimento pretende privatizar a área até "o Oceano Atlântico", incluindo a Praia de Tambaba;
  2. que os documentos essenciais (como por exemplo um mapa não borrado) não constam no site da Sudema;
  3. o que os planos públicos da "Reserva de Garaú" planeja (ou melhor, não planeja) para coexistir com a praia naturista;
  4. que a linha de preamar de 1831, já foi determinado (apesar do documentação do empreendimento dizer que não foi) e que a praia e falésias pelo menos são públicos e não particulares;
  5. o que o plano diretor para o litoral de Conde prevê para Tambaba;
  6. e que a Sudene tem poderes para rejeitar este empreendimento.

Agora, temos duas visões distintas e contraditórias aqui.

Minha avaliação, baseada nos documentos, leis e regulamentos que consegui levantar em poucos dias antes e depois da audiência pública, é que o empreendimento, de carácter totalmente incompatível com o planejamento local, estadual e nacional, e exatamente o que uma "Área de Proteção Ambiental" é estabelecida para evitar, deve ser rejeitado. E que as múltiplas camadas de aprovações necessários, deveriam barrar esta destruição de área ambiental tombada.

A visão de Antônio Augusto de Almeida, que já foi Secretario de Meio Ambiente do atual governador de Paraíba, é que há mesmo perigo deste projeto faraônico ir em frente.

Qual visão é mais correto? Bem, recomendo ler o que Almeida tem a dizer, no primeiro link deste postagem. Se eu precisava aposta dinheiro, colocaria na visão de Almeida. Mas notem também, se ele achasse que não tinha nada que poderia ser feito, não estaria falando.

domingo, 14 de abril de 2013

A UNIVERSALIDADE DO NATURISMO




Pressupõe universalidade aquilo que é comum a todos, por exemplo: O riso que é uma linguagem universal, comum a todos os seres humanos. Esta é a conclusão de um grupo de investigadores da University College London no Reino Unido, que realizou uma investigação com um total de 20 mil pessoas no seu próprio país e na Namíbia utilizando sons associados ao riso para estudar a questão. Não é difícil entender a causa do Naturismo também possuir essa característica, o corpo humano e a sua natureza, para delírio de alguns, é universal.

O pesquisador Waldo Vieira apresenta em seu livro “Homo sapiens pacificus” uma lista contendo 100 diferentes reações grupais ou condições humanas opostas à vivência do universalismo, entre esses estão os preconceitos, fanatismos, idolatrias, dogmas, nacionalismos, facciosismos, paroquialismos, provincianismos ou sectarismos de qualquer natureza.(1)

É bom que se tenha um melhor entendimento da relação de grupos sectários com o Naturismo e que não exista influência desses grupos porque fatalmente irá trazer conflitos e contradições maiores dos que já possuem. Pessoalmente questionei isso no CONGRENAT (Congresso Nacional de Naturismo), por que cantamos o hino nacional nesses eventos? A melhor resposta é que ainda estamos condicionados a pensar como grupo e não como um todo. Augusto Cury salientou esse comportamento em seu livro “O Vendedor de Sonhos”: Enquanto as nações pensarem de forma individualizadas a paz e harmonia que tanto defendemos jamais poderá ser conquistada. (2)

Não é diferente com relação às religiões, estimativa feita pelos britânicos Joanne O’Brien e Martin Palmer no Atlas das Religiões, segundo o qual existiriam 33.800 seitas cristãs espalhadas pelo Planeta, cada qual com diferentes interpretações da mensagem bíblica, pretensa revelação da “verdade única” e obrigatória a toda humanidade. (1)

Ora, o naturista pode ser o que ele quiser, tem toda a liberdade para isso, só não pode trazer para dentro do Naturismo suas orações e/ou cânticos que tragam implícitas as suas crenças individuais, as religiões trazem nas suas bases a impossibilidade do universalismo e o Naturismo não. Essas ações não devem acontecer até mesmo por uma questão de respeito por aqueles que em nada acreditam.

Luz del Fuego não ficou de fora dos conflitos políticos e religiosos de sua época (4), a universalidade pretendida não poderia ser compreendida por aqueles que fragmentavam o homem, isso era impossível naquela época e não é diferente na atualidade. Para aqueles que estão entrando para o Naturismo terão que romper e criar novas estruturas internas, como disse o amigo Viegas Fernandes da Costa: “Ao compreender isso, percebi a dimensão libertadora da nudez social. Libertadora porque contribuiu, primeiramente, para um processo de reconhecimento e aceitação pessoal, o que alterou estruturas internas, psicológicas.” (3)

Penso ainda que, mesmo para aquelas pessoas que há tempo praticam o Naturismo, terão que romper os grilhões criados por nossa sociedade, um mergulho para dentro de si mesmo será inevitável e é exatamente por isso que o Naturismo é transformador. O indivíduo irá buscar a sua essência humana e irá questionar suas ações com mais intensidade.

Vejam que não é a simples nudez causadora das verdadeiras transformações e sim das reações provocativas que o Naturismo desencadeia. Quando há o reconhecimento das superficialidades da vida que vivemos e a universalidade for verdadeiramente entendido, o ser humano não mais precisará matar uns aos outros, não mais será necessária as guerras, a vida será o que realmente temos de maior valor.

O problema não é a guerra, e as marchas de protesto não irão ajudar. O problema é a agressão interior nos indivíduos. As pessoas não estão à vontade consigo mesmas, daí precisar haver a guerra; do contrário, essas pessoas enlouquecerão. A cada década uma grande guerra é necessária para descarregar a humanidade de sua neurose. (5)

E assim os indivíduos ficam lutando entre si para conseguir fiéis às suas verdades que na realidade não são verdades absolutas. Se pelo menos tivermos uma pequena (não precisa se grande) noção da universalidade do homem, as guerras desapareceriam na face da terra e com certeza o Naturismo não é uma solução definitiva, mas pode ajudar muito.



Evandro Telles
10/04/2013





(1) Luz; Marcelo – Onde a Religião Termina?
(2) Cury; Augusto – O Vendedor de Sonhos e a Revelação dos Anônimos.
(3) Costa; Viegas Fernandes – Artigo “Sobre a Nudez Social”
(4) Luz Del Fuego – A Verdade Nua
(5) Osho – Alegria, A Felicidade que Vem de Dentro






sábado, 13 de abril de 2013

ÍSIS - UMA FLOR NO CONGRENAT




O Congresso Nacional de Naturismo, um evento realizado de dois em dois anos onde reúne naturistas oriundos de diversos lugares desse país, inclusive de outros países também. O XIII CONGRENAT realizado na Praia de Barra Seca, Linhares-ES, encerra hoje os seus trabalhos onde tivemos muitos assuntos importantes para o Naturismo Brasileiro e a eleição para Presidente e Conselheiros da FBrN (Federação Brasileira de Naturismo).

Dentro da programação estava prevista a palestra com o tema “Naturismo e o Respeito à Nudez” que seria por mim apresentada, mas não houve o tempo hábil para tal intento, o microfone só foi liberado às 13:00 hs e os participantes ainda nem tinham almoçado, mas ninguém estava reclamando, nem eu. Para falar a verdade, prefiro o silêncio, é mais significativo.

No silêncio aprendo mais, observo detalhes que fugiria aos meus olhares quase sempre muito atentos. Digo sempre aos meus amigos: Quer passar despercebido? Não fique no meio de quem escreve. Não se trata de qualidade ou defeito, é uma constatação da nossa própria natureza. O músico ouve sons que aparentemente ninguém consegue escutar, o escritor percebe o que ninguém consegue ver. É um perigo para os que gostam de mentir.

Na sexta-feira à noite tivemos duas apresentações teatrais na Pousada Lua Nua, a primeira, uma belíssima representação do Jorge Bandeira de Manaus, muito significativa e poderíamos analisar sob diversos aspectos, não pretendo fazer essa análise aqui. Ele mostrava se as roupas tivessem vida e no início ele dizia: “is she” ou “i si”, acho que ele queria dizer “Isis”.

Em seguida uma peça mostrando a resistência de duas crianças que precisavam conviver com a sua avó nudista, apresentando argumentos da nossa sociedade moderna. Uma dessas crianças foi a autora do enredo e que estava brilhantemente (no sentido exato da palavra) sendo a atriz, os demais foram coadjuvantes. Será que serei perdoado pelos amigos que estavam trabalhando na peça? Outra hora farei a justiça e os elogios que também são merecedores, mas agora não, meus olhos e ouvidos atentos estão focados na Ísis.

No segundo ato, a menina de 8 anos de idade, a própria Ísis, conversa com uma árvore. Só um naturista que atingiu seu ápice pode realizar tal diálogo, porque entendeu a universalidade da vida. Mas não é algo que se busca como meta, como se fosse um objetivo de um planejamento. Simplesmente acontece aos que nunca foram tocados pela sociedade e vivem livremente. São puros de coração e tudo admira, entendeu o “todo” que não pode ser separado, que a linguagem humana não é algo que a impeça de entender o que a natureza nos diz.

Quando fui apresentado a ela por sua mãe essa assim disse:
- Olha filha, esse é quem escreve os textos que a gente lê nos nossos encontros.
Ela responde
- Nossa!! Numa total demonstração de admiração
Mentalmente respondia
- Nossa!! Nunca tinha visto um anjo de verdade, como a admiro por sua simplicidade diante da sua própria natureza, estou comovido por sua admiração de algo que nada fiz por merecer.

Ficou difícil identificar quem ensinava ou quem aprendia. Isso se tornou indiferente porque se tornou uma só coisa, a mente não entendeu isso e embaralhou toda a lógica e assim foi possível o coração entender o que as palavras não poderiam explicar.

Obrigado Ísis pelo exemplo do que é ser uma naturista.


Evandro Telles
31/03/2013

Ísis foi uma deusa da mitologia egípcia foi cultuada como modelo de mãe e esposa, protetora da natureza. (Wikipédia). 

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Veleiros, nudismo, e abuso

Era naturismo en familia, sin connotación sexual”, disse o dono da escola-veleiro Léonide Kameneff, preso em Venezuela em 2008, extraditado e condenado em Paris neste março a 12 anos de prisão por abuso sexual de cinco dos mais de 500 jovens, tipicamente entre 11 a 13 anos, que participaram do projeto educacional alternativo entre 1979 e 2002.

Parte da defesa do Kameneff era que o nudismo abordo do veleiro refletia os "ventos de liberação" de 1968. A condenação pode indicar para o naturismo brasileira a direção em que o vento está soprando.Vale notar as mudanças de padrões; a comercialização de nudez infantil por meio de filmes; e os lideres "carismáticos" e as regras que criaram uma "prisão psicológico".

"Normal na época"

A mudança de padrões foi um argumento de Kameneff para justificar a nudez abordo do navio, conforme o site DNotícias de Portugal:

Na sua página na Internet, a associação, suspensa desde 2008, descreve uma "experiência emancipadora", uma "alternativa à educação e aprendizagem" dos colégios convencionais, "rica em descobertas".
Em declarações antes do início do julgamento, a 5 de Março, Kameneff defendeu que certas condutas atualmente vistas "com suspeita" eram algo de habitual à altura dos factos.

Porém, conforme um site de Martinique, ilha que os navios visitaram,

"Em suas motivações, o Tribunal Criminal concluiu que "a atração pedófilo de Leonid Kameneff foi bem antes do barco-escola e os acontecimentos de maio de 1968". "A violação e agressão sexual cometidos contra meninos por mais de 20 anos não se encaixam tudo no contexto de uma era supostamente permissiva, mas no contexto de uma sexualidade desviante", disse o julgamento do Corte.

A nudez casual, especialmente entre crianças e quando todos eram do mesmo sexo, já foi bem mais aceito. A Justiça pode punir hoje o que ninguém questionou ontem. Vimos nos EUA pais sendo dedurados por laboratórios fotográficos devido a fotos de crianças no banho. Dr. Cec Cinder observa no seu monumental "The Nudist Idea" de que na Alemanha nos anos 30, era permissível imprimir fotos de crianças peladas, mas adultos não podia: e agora a situação se inverteu.

Filmes de crianças peladas

Houve pelo menos um filme feito das viagens do veleiro de Kameneff,"Western Lights", ainda disponível pelo Amazon e postado em onze partes no YouTube. IMDB lista Kameneff como escritor, e seu co-réu (que foi inocentado) Bernard Poggi como diretor. Um dos comentários no Amazon afirma que "o filme é a condensação para duas horas de um documentário de 13 episódios feitos para televisão francês." Um leitor critica a descrição do produto no Amazon: enfatiza "meninos bronzados", "aventureiros jovens e bonitos", e "natação pelado como nos velhos tempos". O que leva pessoas a comprar um filme destes?

Vale notar que outros filmes semelhantes sempre seguiram os passos do naturismo brasileiro. Richard West fez filmes tipo "Nude in the South of Brazil" na Colina do Sol, entre outros lugares. Suas filmes renderem processos para uso indevido de imagens de menores, um ainda correndo (ou engatinhando) na Justiça brasileira.

Mais recentemente, foi feito vários filmes pelo documentarista Peter Dietrich no Brasil estão disponíveis no site enature.net. Parte das imagens são claramente da Praia do Abricó. Quando fui lá ano passado perguntei dos filmes, e vários pessoas da praia me informaram que os "naturista" nunca aparecerem antes, ou depois. Um conhecedor de todas as áreas naturistas do Brasil me falou que não reconheceu nenhuma das pessoas que aparecem. Pessoas? Devo dizer, crianças. As descriçoés de enature.net falam do "grupo de naturistas jovens", de "festa de 13 anos", e as imagens mostrem tão-somente crianças e adolescentes.

E um filme, num veleiro.

Mas é tudo legal, não é? Bem, houve uma companhia chamado de "Azov Films", cujo site tinha um resenha detalhada do que a lei permitia e o que não, e como seus filmes estavam estritamente dentro da lei. Foi fechada pela polícia de Canadá em 2011, sua lista de assinantes repassada para o FBI americano, que passou a prender os fregueses no último trimestre de 2012. E vale lembra que quando o presidente da FBrN foi preso em 2007, os filmes e revistas de "Brasil Naturista" foram usados como evidência para manter-lo preso.

Lideres, filosofias, ideologias

No processo foi descrito uma "ideologia" de nudez frequente, massagens conjuntos, e relações sexuais entre menores e adultos. As matérias em conjunto descrevem um "prisão psicológico" de crianças isolados dos seus pais, sob a batuca de um "guru" carismático.

A naturismo brasileiro não tem uma "ideologia". Tem uma "filosofia". Nas minhas conversas com antigos frequentadores da Colina do Sol, ouvi da pressão para participar dos trabalhos "voluntários": quem não participava sofria represálias. E presenciei e documentei a pressão contra quem desafiava as acusações falsas de pedofilia orquestradas pela corja da Colina em 2007.

Filmes de crianças? Guru? Veleiro? Ideologia? Bajulação pela mídia? Conheço esta história. A demora para conseguir a Justiça, conheço também. Mas Léonide Kameneff, agora com 76 anos, que escapou durante décadas, deveria levar o restante dos seus dias atrás de grades. Espero que o fim aqui segue o de lá.