sábado, 4 de abril de 2009

HOMENS DESACOMPANHADOS E AUSÊNCIA DE MULHERES

O texto abaixo foi enviado pelo Sr. Rones (Nelci-RONES Pereira de Sousa - rones2010@) para a lista papo-naturista ( ver em http://br.groups.yahoo.com/group/Papo_Naturista/message/14653).

Vários pontos são divergentes aos textos aqui postados nesse Blog, mas como sempre incomodamos que tal nos auto-incomodar com esse texto?

Boa Leitura.


 

Prezados Naturistas,

HOMENS DESACOMPANHADOS E AUSÊNCIA DE MULHERES: Tenho visto circular pela Internet, tanto nos grupos vinculados ao naturismo como nas comunidades do Orkut e em Blogs especializados, inúmeras opiniões e "indignações" pela prática das áreas naturistas em não permitir entrada de homens desacompanhados e também pela pouca quantidade de mulheres militando ou se assumindo naturistas. Embora eu tenha prometido a mim mesmo que nunca mais abordaria esses assuntos nos espaços virtuais, de vez que já emiti por diversas vezes minha opinião a respeito, ocasionando ainda mais polêmica na questão, não poderia me furtar de responder, para realçar a total "indignação" de muitos, às milhares de "baboseiras" que estou tendo a infelicidade de ler ultimamente.

2. Inicialmente gostaria de dizer que eu também tenho as minhas indignações. Senão vejamos:

a) Sou naturista praticante e militante real das áreas naturistas há mais de 20 anos, onde trabalho veementemente pela defesa do naturismo e das áreas em particular. Essa atuação é ali, no dia a dia, conversando invariavelmente com todas as pessoas que entram e saem das áreas. Apesar de nos últimos dois anos ter ficado afastado da direção de entidades, do dia 27 de dezembro de 2008 ao Carnaval de 2009, trabalhei todos os dias em Tambaba, de 8:00 h da manhã até as 18:00 h., período em que recebemos em torno 60.000 mil visitantes. Descobri nesse período, como resultado de minhas conversas e constatações, que os problemas do naturismo e de nossas áreas continuam os mesmos e as soluções também são as mesmas. Com base nisso, no final do período, fiz uma correspondência à direção da SONATA, com cópia para a Prefeitura Municipal, Conselho de Ética e FBRN, dando as minhas sugestões. Descobri, entretanto, que as pessoas que receberam a minha carta reputam as minhas ideias como radicais, fantasiosas, que possuo uma mente putrefa e não tenho respaldo para saber o que é melhor para o naturismo e para a praia. Deram preferência a ouvir os seus "puxa sacos", que não são naturistas e nem sequer freqüentam a praia. Esta é uma situação corriqueira que tenho visto dentro do naturismo ultimamente. Só quem sabe o que é melhor para os naturistas são os teóricos da nudez e os milhões de naturistas virtuais que sabem tudo de naturismo e de nudez, muitos dos quais jamais entraram em um espaço para a prática do naturismo. Assim consideram aqueles que militam diariamente nas áreas como uns loucos, otários e sem a menor noção do que realmente deve ser feito para o funcionamento adequado das suas áreas. Este é um absurdo é visível e palpável.

b) É também muito comum ler por aí que na Europa as praias funcionam "assim ou assado", que lá tudo é diferente, que lá nada acontece de anormal e que no Brasil deveríamos nos espelhar neles para administrar as nossas áreas. Ora, a cultura européia possui milhares de anos. Na origem de sua cultura a nudez nunca foi vinculada à sexualidade. O uso das roupas se deu único e exclusivamente por problemas climáticos. A Igreja Católica, juntamente com outros seguimentos religiosos, tentou durante a Idade Média impingir ao povo europeu uma áurea de pecaminosidade à nudez, vinculando-a ao desejo sexual. Como não se muda a cabeça das pessoas da noite para o dia, esse intento não foi concretizado totalmente, ficando ainda arraigado os resquícios da forma antiga de se viver. Razão esta de existir maiores facilidades na implantação do naturismo naquele continente. No Brasil fomos colonizados recentemente e sob forte influência Católica. Se pesarmos ainda que grande parte da população "civilizada" inicial do nosso país foi constituída de degredados e marginais, dos quais somos descendentes, podemos concluir que a nudez no país tem uma conotação totalmente diferente daquela experimentada nos continentes antigos. Para a esmagadora maioria da população brasileira, a nudez é utilizada exclusivamente com intuitos sexuais. Acham ainda que quem fica nu está logicamente mal intencionado e cheio de desejos inconfessáveis. Sendo assim achar que podemos administrar um espaço naturista dentro dos padrões europeus é de uma sandice inescrupulosa e de uma irresponsabilidade a toda prova.

3. Com relação aos homens desacompanhados, sou de opinião que todos devem ter acesso livre a qualquer área desde que sejam naturistas. A população não naturista do país tem um índice muito alto de discriminação com a nudez. Principalmente os homens. Todo homem não naturista tem uma obsessão enorme por ver uma mulher nua. Isto não é opinião, é contatação. Tanto é que isso é explorado visivelmente pela mídia, pela publicidade e pelos seguimentos de erotismo e pornografia do nosso comércio. A facilidade do homem em praticar a nudez é muito superior à da mulher. Principalmente se for com o intuito de apreciar um monte de mulher nua, essa facilidade é muito maior. Isso é o que escutamos e observamos a todo minuto, tanto na entrada das áreas naturistas, quanto nos nossos relacionamentos diários, em universidades, trabalho e diversões. Esta realidade não pode ser ignorada, negada ou mascarada. Ela está aí para qualquer um ver e constatar. O mundo naturista funciona de forma diferente e assim deve ser tratado. Todo naturista deve ser respeitado, estando ou não acompanhado de uma mulher, seja homossexual ou não. Mas vem a grande questão. Como identificamos se um homem é Naturista ou não? Como conhecermos um homossexual na portaria de uma área naturista? Se utilizarmos apenas o aspecto visual, estaremos cometendo um grande ato de preconceito. Pois são os que mais parecem os que menos são. A capacidade de fingimento é muito superior à nossa de identificar essa imitação. Partir do princípio que homossexuais possuem trejeitos é atitude extremamente preconceituosa. Em Tambaba não fazemos qualquer discriminação a homens desacompanhados ou a homossexuais, bastem que provem que são naturistas. Eu mesmo estou separado há cinco anos e nunca fui barrado na portaria da praia, pois todos me conhecem e sabem da minha inconfundível condição de naturista. Assim serão tratados todos os que comprovarem essa condição. Agora, não dá para ir na conversa de qualquer um que chega e diz que é naturista, seja homossexual ou não. Não da para ir na conversa de qualquer um que chega e diz que é homossexual. Quem trabalha na portaria desses espaços, sobretudo os de alta freqüência como é Tambaba e localizado em região de forte cultura machista, como é o nordeste, vê a cada minuto chegando alguém dizendo que é naturista ou que é homossexual, mas que, na realidade deixou mulher e filhos na área adjacente e tenta adentrar a área exclusiva para a pratica da nudez com objetivos escusos. Portanto o tratamento deve ser igual a todos do sexo masculino, independente da sua orientação sexual. Situação que não discrimina nenhuma minoria protegida pela legislação. Nossa experiência mostra que não dá nem para sonhar em liberar a entrada indiscriminada de qualquer um nas áreas, sob pena de vermos a naturismo definhar e tornar um local de problemas insanáveis. Homens que não são naturistas não possuem qualquer escrúpulo ou respeito. Vão às praias com o único objetivo de ver mulher nua e, quem sabe, conseguir uma transa rápida, fora um monte de fotos que ele quer levar para deleite solitário ou uso indevido na internet. Quem duvidar é só experimentar a ver o que acontece. Qual é a solução para os solteiros? Procure na sua região algum naturista conhecido, ou a direção de uma associação, convença a namorada, uma amiga, uma irmã, uma tia ou mesmo própria mãe (isto acontece com muita freqüência), comprove as suas boas intenções e consiga um passaporte que o credencia a freqüentar qualquer área em todo o território nacional, independente de companhia feminina. Garanto que em menos de 60 minutos de conversa, consigo identificar um naturista potencial.

4. Com relação às mulheres, a situação é totalmente oposta. A mulher geralmente se sente como objeto dos desejos dos homens. Ela acha que a sua nudez é sinônimo de provocação e desperta as mais altas sensações libidinosas nos homens. Os homens dizem isto a elas todos os minutos. Leem isto nas revistas e jornais todos os dias. As naturistas sabem que no mundo fora do naturismo isso é uma realidade. As não naturistas acham que isso acontece também no mundo naturista. Após a minha separação, fiz centenas de tentativas de levar moças à praia. Obtive sucesso com algumas, mas com a maioria o meu poder de convencimento foi insuficiente para tirar delas esse vínculo da nudez delas com a promiscuidade masculina. Invariavelmente elas acham que serão o centro das atenções e que todos olharão para elas com olhos de desejo. Fazer elas perder essa fixação é tarefa muito difícil. Aquelas que experimentam acabam por descobrir um outro mundo, mesmo assim não querem que seus familiares, amigos, colegas tomem conhecimento disso, pois sabem que eles pensam como elas pensavam antes de visitar a área. Como exemplo, uma colega da universidade foi comigo à praia e resolveu contar aos outros colegas a sua experiência. Arrependeu amargamente. Todos invariavelmente fizeram muita chacota com ela, perderam grande parte do respeito que tinham por ela. Fora o volume de perguntas que recebi, todas relacionadas com o estado de suas anatomias. Outras colegas que tinham vontade de ir desistiram e as que não desistiram fizeram o maior segredo. Na portaria das áreas naturistas, vemos, a todo instante, centenas delas cheias de vontade, mas receosas dessas situações. Este panorama só mudará o dia que mudar as atitudes dos homens. Em face disso a permissão para que entrem desacompanhadas nas áreas é um caminho que se utiliza para desmistificar essa situação. Todas aquelas que recebem tratamento respeitoso são multiplicadoras da filosofia, mesmo não disseminando que freqüentam. Elas invariavelmente voltam e, normalmente, trazem um amigo de sua confiança. Portanto os homens não devem encarar a liberalidade de permitir que a mulher entre sozinha como uma competição ou discriminação com os homens, mas como um grande fator de incremento das pessoas que aderem à prática e que, mais hora menos hora, pode reverter em seu próprio benefício. Não concordo com a afirmação de que temos poucas mulheres militando no naturismo. Isto não é verdade. Apenas devido ao machismo exacerbado da população, elas preferem ficar mais reservadas em divulgar que gostam do naturismo. Situação que mudará a partir do momento que os homens forem inteligentes e começarem a usar isso a seu favor.

5. Em face disso concluo que nada deve ser mudado na forma de se praticar o naturismo no país. Apenas devem ser recrudescidas as medidas que venham a preservar mais e mais a pureza do funcionamento das áreas. Se somos diferentes do resto do mundo, devemos tratar nossos problemas de forma diferente, dando um passo de cada vez. Não canso de dizer que "o dia que tivermos 200 praias naturistas e 50 milhões de praticantes, com certeza vamos poder tratar o naturismo como ele é tratado no resto do mundo". O que precisamos é de administradores que tenham essa visão e que não deixem nossas associações cair nas mãos erradas. Este é um risco que pode acabar com o naturismo no País. Existem centenas de pseudonaturistas, imiscuídos no nosso meio, doidos para assumir as nossas entidades e dar outros destinos a elas. Muitos deles ocupando os espaços virtuais emitindo as mais estapafúrdias opiniões. Discordamos também absolutamente da opinião de que da forma como foi concebido pelo Celso Rossi o naturismo no Brasil não vai chegar a lugar nenhum. O Celso é dos maiores expoentes do naturismo no País, com profundo conhecimento da filosofia praticada em todo o mundo. Quando fez as regras do Pinho ele tinha conhecimento de causa, sabia do futuro do naturismo para o Brasil. As mesmas regras foram implantadas em Tambaba. Quando chegamos à praia, eu e minha família, em 1999, tínhamos uma frequência de mais ou menos 5.000 visitantes anuais. Por causa da seriedade do trabalho ali implantado, espelhado nas idéias de Celso Rossi, hoje experimentamos uma freqüência de mais de 60.000 pessoas anuais. Um crescimento de mais de 1000 % em 9 anos, maior que qualquer seguimento turístico no mundo. NATURISMO SE FAZ COM SERIEDADE E TRABALHO, in loco, dentro das áreas, e não com balelas pela internet.

Um Abraço.

Nelci-RONES Pereira de Sousa
Naturista