sábado, 17 de março de 2012

E o ventou levou Colina dos Ventos

O Jornal Olho Nu desta mês traz o final da rumoroso caso "Colina dos Ventos". Parece que não somente o caso é extinto, mas também o Colina dos Ventos não é mais naturista, conforme Olho Nu informa.

O dito pelo não-dito



Naturismo é uma conta de fadas, pela notícia. A Colina do Sol saiu da FBrN; o link continua lá no site do FBrN, mas não há menção do FBrN na página da Colina. O link da Colina dos Ventos continua, mas leva para um site "em manutençaão". Da mesma maneira, ouvimos que há um hotel na Colina do Sol, (erguido em terras do clube, com terras que o sócios achem que são deles, hipotecadas para garantir a dívida do hotel.) Mas o Hotel Ocara não aparece no site da Colina do Sol. 

Lembre um pouco da Coreia do Norte, onde um hotel inacabado de 105 andares domina a paisagem, a não ser em fotografias oficiais, onde Photoshop deixe o hotel acabada, ou some com ele por inteiro. Antigamente os estudiosos dos regimes totalitários estudavam cuidadosamente as fotos do palanque nos grandes desfiles, para ver quem estava mais próxima do poder - e quem tinha sumido por completo. 

A mesma técnica é preciso para acompanhar o naturismo brasileiro, onde qualquer notícia que não aceita tingimento cor-de-rosa, simplesmente não aparece. 
O caso Colina dos Ventos

Para relembrar o caso, um hóspede do recém-inaugurada pousada "Colina dos Ventos", perto da praia de Tambaba, reclamou do serviço no pacote de Natal 2009-Revillion. Houve um um assalto à pousada, e depois os hóspedes descobrirem que estavam trancados no lado de dentro do empreendimento. Jornal Olho Nu publicou a carta do naturista, que reproduzimos no blog .

A carta foi seguido por um "direto de resposta" da pousada, para qual nós aqui também demos espaço, como fez Pedro do Olho Nu.  Tudo bem, mas depois veio este processo, agora encerrado, e uma imposição da FBrN:
Urgente para não cair no mesmo erro nosso
Mensagem enviada por Renato Mertens, de São Paulo, SP, retirada por determinação da Presidência da FBrN em 21/01/10

A FBrN respondeu com uma emenda pior que a soneta:
 ...estranhamente, o Sr. Renato não encaminhou sua denúncia diretamente à Federação Brasileira de Naturismo, que é sabidamente a única instituição competente para receber, acompanhar, analisar, apurar e julgar denúncias que envolvam sua filiadas. 

Há mais uns bobagens do Sr. José Antonio Tannus, que começou sua presidência numa eleição conduzido ilegalmente às portas fechadas, sua último momento memorável sendo de palhaço para a imprensa televisiva humorística no ELAN em 2010. Conquistou o respeito que merece.

O golpe já estava em curso

A reposta rápida e emocionada da FBrN tinha que ter uma explicação. A reclamação tocou um nervo, mas qual seria?

Não demorou muito a aparecer a explicação, mas não foi no nordeste brasileiro, mas na Europa. Um daqueles que vive de naturismo, e que tinha procurações por 9 do total de 27 votos no conclave ou conchave que elegeu Tannus, estava tentando vender para naturistas alemães, uma participação na pousada Colina dos Ventos.

Pelo que ouvimos, a proposta era de vender 25% de participação na pousada pela soma de € 100.000: mais ou menos R$250 mil. Alertamos os "hermanos" do outro lado do mar do golpe, com riqueza de detalhes. Parece que a parte à venda tinha sido comprado não com dinheiro mas com uma "nota promissória": garantido por notas de 500 escudos com a tinha fresquinha, óleo de soja, palitos de fósforo, ou algum equivalente.

Pressa excessiva?

A FBrN reclamou da carta no Olho Nu sobre Colina dos Ventos, de que a reclamação tinha sido levado a pública com pressa excessiva. Era excessiva mesmo? Para quem estava pronto para pagar uma reserva antecipadamente, teria chegado em boa hora.

A notícia do golpe em curso motivou a resposta rápida daqui, pois uma vez feito o "investimento", o dinheiro não seria recuperável.

Foi uma decisão acertada? Que a Colina dos Ventos não é mais naturista, é um sinal de que o plano empresarial não era assim tão bom. O mercado de naturismo não é garantia de lucro.  Se um investidor tinha colocado seu dinheiro no empreendimento, teria o perdido.

O plano de Colina dos Ventos talvez foi que nem do Hotel Ocara: vender o empreendimento para otários na fase de sonhos, antes que a realidade aparece. Uns dos mesmos nomes, e seus fantoches, aparecem nas duas negociatas. 


Quem vai investir em naturismo?


Nossa alerta contribuiu para abortar o golpe, como contribuiu a carta no Olho Nu. Algum naturista europeu é € 100.000 mais rico do que teria sido, sem estas alertas.

No outro lado, há um "naturista" brasileiro que é € 100.000 mais pobre, pois não conseguiu passar o mico para frente. Isso é ruim?

Não é ruim, não. Um dia o naturismo vai precisar de investimentos, quando ele se livra dos erros do passado, e virar uma maneira de ganhar dinheiro trabalhando e atendendo o mercado, e não tentando realizar todo o lucro de um empreendimento antes mesmo que as portas abrem. Há a necessidade de que gente séria entrar no ramo, e ainda mais, que os corsários sejam varridos dos mares de naturismo brasileiro, e melhor ainda, que seriam varridos para dentro do xadrez.

segunda-feira, 5 de março de 2012

O naturista deve levar toalha. E mordaça?

Conheci a praia de Abricó fim de semana retrasada, mas não encontrei o nobre Pedro Ribeiro, editor do Jornal Olho Nu, e o fundador, a luz, o verdadeiro Marquês de Abrico.

Porque não encontrei? Porque ele estava em Tambaba, não de passeio, mas respondendo um processo:  uma tentava de amordaçar o Jornal Olho Nu. Os leitores habituais da imprensa naturista vão lembrar que Pedro publicou uma carta sobre a pousada Colina dos Ventos, onde parece que todos os hóspedes que compraram o pacote de ferias do fim do ano, abandonou o lugar antes de Revillion - mas depois de um assalto. Pedro retirou a matéria do site (e nós o publicamos aqui) e tem escrito muito pouco sobre o assunto, mas disse que foi processado pelos responsáveis pela Colina dos Ventos.


Não é para confundir com a outra pousada do mesmo nome funcionando desde 1995 em Fernando de Noronha.


O site do Tribunal de Justiça de Paraíba informa que o processo 041.2010.000.834-5 movido por "POUSADA SUNPLENTY LTDA." , foi "extinto sem julgamento do mérito". Mérito não tinha nenhum: a publicação de uma carta alertando turistas potenciais de um hotel que não atende as exigências mínimas, cabe perfeitamente dentro da liberdade jornalistica.

Recentemente, a Folha de S. Paulo escreveu da despesa e da dificuldade de responder às dezenas de processo movidos contra o jornal, em todos os cantos do pais, pela Igreja Universal. Na época, a advogada do jornal, Dra. Taís Gasparian, comentou isso comigo, quando conversei com ela em frente da igreja católica de Taquara, no meu celular grampeada pela promotora da comarca, Dra. Natália Cagliari.

Matéira no Yahoo ontem fala do jornalista do Pará condenado por ter denunciada o maior grilagem do País, artigo semelhante se encontra aqui, com o título "A censura pela intimidação".

Ambos os artigos falam a mesma coisa: até para a imprensa grande, processos sem mérito servem para tentar calar a boca do jornalista. No caso do grilagem, apesar do registro das terras - maior de vários estados brasileiros, e maior de uns países - foram cancelados, mas o jornalista perdeu o processo. Grilagem assim não se faz se a participação do judiciário, ele disse.

Como então fica para um jornal sem fins lucrativos, com Jornal Olho Nu, que existe devido ao noblesse oblige do Pedro? A despesa de responder um processo destes, o custo de passagens, o atrito causado até por um processo na justiça especial, que demorou no caso dois anos, serve como uma maneira não muito velado de calar um jornalista que desagrada.

Pedro retirou a carta do ar, mas não disse se for devido a um liminar, um simples ameaça, ou uma tentativa de usar o conselho de "ética" da FBrN contra ele. Nós publicamos a carta aqui. (A índice de Blogger está tendo um tremelique no momento, mas depois coloco o link).

Ainda, ouvimos que o motivo de tanto rebuliço, era que a Colina dos Ventos, estava a venda. Aparentemente no mesmo molde que o Hotel Ocara: vende-se o empreendimento na "fase de esperança", antes que a realidade pode murchar o valor.

Ná época, ouvimos de um amigo na Alemanha que uma aproximação foi feito a um clube naturista de lá, e publicamos uma alerta, Colina dos Ventos, clear and present danger, que foi circulado em listas naturistas europeias, e espero que tenho evitado que algum alemão chegasse a sofrer o mesmo destino que Dana Wayne Harbour, que perdeu toda sua poupança no fraude do Hotel Ocara, antes de morrer num "assalto". Pelo menos a Colina dos Ventos continua a venda pelo menos no Internet: quem tiver a paciência para assistir o slide-show pode reconhecer vários dos "suspeitos de sempre".


A Praia de Abricó parecia um lugar sossegado, que funcionava muito bem sem as vários jabuticabas da era vermelho de naturismo brasileiro, como a proibição de solteiros desacompanhados. Ainda não sofreu da atual onda de acusações falsas de pedofilia que viraram praxe na politicagem naturista, e que continuará parte até que algum acusador seja preso por denúncia caluniosa.

Vi no Abricó o que é essencial, e o que é dispensável, para o naturismo. A FBrN e suas regras homofóbicas, sua "conselho de ética" de paus-mandados, sua pequeno bando de gente que enriquece vendendo castelos nas nuvens antes que o vento soprar - são dispensáveis. Os naturistas que recebem novatos sem se preocupar em como os separar do seu dinheiro, que contribuem para naturismo que vez de exigir que ele os sustenta, que vejam a ética como guia e não como chicote - estes são essenciais.