domingo, 8 de março de 2009

BATENDO NA MESMA TECLA

BATENDO NA MESMA TECLA

Lá pelos anos de 1980-1986 a inflação neste país bateu recorde de até 80% ao mês, época do Presidente José Sarney. Muitos acadêmicos, por exemplo, Maria da Conceição Tavares, Celso Furtado, Eduardo Suplicy e outros tantos já tinham a fórmula para a cura da doença: NÃO PODE GASTAR MAIS DO QUE GANHA, TEM QUE AJUSTAR AS CONTAS DE GOVERNO. Todos já sabiam e eram unânimes em afirmar que a chave estava nas mãos do Estado, mas ninguém tinha a ousadia de dar e tomar o remédio amargo.

Muitos artigos publicados do mesmo autor batendo na mesma tecla, se tornavam repetitivos sobre o assunto, aparentemente ninguém ouvia os recados, mas eram formadores de opiniões e suas mensagens eram transmitidas tanto para salas de aula quanto nos agentes econômicos e todos concordavam com a solução. Pessoalmente até acho que algum deles estava até cansado de tocar no mesmo assunto, mas não houve desistência.

Assim, às vezes me encontro na mesma situação, tenho frequentemente citado que é preciso valorizar mais o ser humano e que este deve ser estudado e entendido de modo holístico, e que todos os seus órgãos são igualmente importantes. O pé não é mais importante que as mãos, que por outro lado não é mais importante que os olhos e ouvidos, que não é mais importante que órgãos sexuais. Toda a composição física é importante, mas insistimos em supervalorizar e dar uma importância incrível à sexualidade das pessoas. Putz ficar pelado é coisa de outro mundo para muitas pessoas, não foi aprendido ou não tiveram a oportunidade de experimentar e sentir a sua própria natureza. Preocupamo-nos demais em cobrir parte de nós e esquecemo-nos de curtir, cultuar e descobrir a nós mesmos. No íntimo podemos até pensar em curtir esta natureza maravilhosa que nos foi dada, mas não ousamos, continuamos a persistir nos erros dos falsos valores.

Recentemente foi descoberta uma aldeia em que as pessoas estavam nuas, ao seu natural, vivendo como a própria natureza quer. Um repórter deixou de filmar uma pessoa subindo no coqueiro porque estava mostrando a bundinha dele, porque era horrível. Quem aposta comigo se tivesse alguém atirando na cabeça de outra pessoa este repórter não se preocuparia nem um minuto em filmar toda a cena? Se tivesse uma criança passando fome e morrendo será que ele acharia horrível e não filmaria também? E o que dizer da matança desordenada de animais por causa da sua pele? Diga-se de passagem, que na França fizeram uma passeata de pessoas nuas em defesa destes animais, a nudez choca mais não é mesmo?

Sinceramente, não consigo entender, o remédio nesta área também é amargo, tal como na economia, nas finanças pessoais. A mudança de postura requer sacrifícios porque a quebra de valores falsos significa dizer que estamos errando ou que alguma coisa está errada e que precisamos parar para meditar, espiritualizar e não temos tempo para isso, vivemos numa louca corrida e não defendemos idéia alguma.

O Naturismo é coisa séria, mais séria do que possam imaginar, é uma revolução. Uma revolução de ideais, de valores, de preconceitos. É a valorização da essência humana, é a igualdade da mulher diante do homem, é purificar os pensamentos, é não se importar com o modismo, é a busca do interior de cada um e não na sua estética, é responsabilidade, enfim é o respeito pelas nossas diferenças e aceitação de si próprio. Todas estas mudanças requerem sacrifícios porque tem que mudar a forma de pensar, tem que passar por uma renovação do conhecimento e um estudo da sua filosofia. Por este motivo prefiro ver o Naturismo mais como um processo de evolução do que um retrocesso as origens naturais do homem, apesar destes também serem verdadeiros.

Não há meio termo, ou se olha o ser humano com naturalidade ou com malícia e obstinação pelo sexo, sendo que este último o resultado social até aqui não tem se mostrado nada satisfatório, é preciso ensinar o que é respeito porque não foi aprendida esta lição.

Mesmo ampla, a definição é bem clara “Naturismo é um modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática da nudez social, que tem por intenção encorajar o auto-respeito, o respeito pelo próximo e o cuidado com o meio ambiente".

Pretendo continuar batendo na mesma tecla, quem sabe se algumas cabeças se abrem para verem que “o essencial é invisível aos olhos” (Saint Exupéry – Em O Pequeno Príncipe) e também por uma questão de consciência e missão de ensinar.

Evandro Telles
08/02/09