quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Mais reflexões sobre “a mulher nudista/naturista”

Por Roberto Barros
Concordo com a retrospectiva histórica da Florência, sempre houve muita opressão e dominação dos homens sobre as mulheres.

Antes dos métodos contraceptivos eficazes, elas quase sempre estavam grávidas, amamentando, era grande o óbito devido a gravidez, força física inferior a dos homens, etc.

Mas quase tudo mudou de 60 anos para cá. A assim, embora concorde que exista influência do passado e ainda hoje ainda existam muito preconceito e imposição sobre as mulheres, creio que os motivos principais para a pouca freqüência das mulheres nos encontros naturistas sejam outros, vejam abaixo alguns:

A falta de apelo erótico e sensual na nudez total pesa muito para muitas mulheres não aderirem ao naturismo, dizem que tem pudor. Mas não tem vergonha de roupas insinuantes ou micro biquínis. Pois com a roupa mostra-se o que se quer e tenta-se esconder as imperfeições. Aí sim há pudor e vergonha: não assumir a idade, não assumir as gorduras, não assumir a flacidez, cicatrizes, etc. as mulheres são muito vaidosas, muito mais do que os homens, gostam de se produzir, de se sentirem bonitas, atraentes. Sei que muitas mulheres adoram ficar só de topless (se a musculatura ainda esta rija) e adoram enrolar numa canga sem motivo algum... Outro ponto as mulheres resistem menos ao frio do que os homens, qualquer ventinho já as incomoda.

Creio que um ponto que ajudaria na descontração, seria mudarmos as regras gerais e permitir o conceito americano e europeu do “Clothes Optional”, assim sem pressões, imposições, obrigação elas ficariam livres para retirar a parte da roupa que quisessem, quanto quisessem.
E como estariam no ambiente onde a maioria estaria nua, em pouco tempo adeririam à prática naturista, outras demorariam um pouco mais, para mim não há problema algum nisso.

Sei que esta proposta será rebatida pela grande maioria dos naturistas, diga-se de passagem, os homens. 

Atavicamente a fêmea conquista, se insinua, gosta de ser apreciada, já os machos gostam de apreciar.

Seria muito bom para o naturismo, se assumíssemos e respeitássemos mais as nossas diferenças de gênero. Tem um grupo que só permite o topless para as veteranas menstruadas. Prova que muitas mulheres, ainda inseguras quanto ao desnudarem-se em público, usam este subterfúgio dizendo menstruadas num primeiro contato, mas em vez de serem atraídas para o naturismo não o são.


Blitz da Mídia da N - The Magazine of Naturist Living

Blitz da Mídia

N - The Magazine of Naturist Living

Volume 23

Outono de 2003

Publicação sob a Responsabilidade da The Naturist Society (TNS)

Tradução: André Herdy



Blitz da Mídia



Jogar com a media pode ser um erro.

Não jogar com a media pode ser um erro bem maior.



Stephen Payne,

Desert Shadows Inn





"JUNTE-SE A MIM e eu vou te fazer brilhar"



Eu não tenho certeza de quantas vezes eu já ouvi este tipo de declaração pronunciada pela língua de produtores de TV, Radio, Documentários, ou Talk Shows. Normalmente esta frase é seguida de outras como: "Você pode confiar em nós" ou da minha favorita: "Nós pretendemos realizar uma peça informativa e positiva sobre o naturismo".



O quanto destas declarações é verdadeiro? Praticamente nada! Então porque o Desert Shadows e outros grupos e áreas nudistas / naturistas continuam a se sujeitarem, aparentemente de forma irracional, a estas mídias que inevitavelmente nos deterioram?



Eu apenas posso falar sobre mim mesmo e sobre o Desert Shadows Inn. Nós sempre sentimos que isto é importante para que os não naturistas possam ver sobre nosso resort e sobre nossas opções de recreação. Se fossemos rejeitar todos os pedidos feitos pela mídia, isto apenas faria com que eles demonizassem-nos. Muito pior do que isto, em nossa opinião, a mídia iria encontrar pessoas que não nos representa e as usaria como sendo o padrão.



Então o que nós, e outras pessoas que importam, teríamos que decidir é se deveríamos apresentar o que somos ou se preferíamos que apresentassem o que não somos. Isto não é fácil de decidir. Em todas as últimas semanas nós recebemos ao menos um contato para aparecer em algum tipo de programa ou fomos perguntados se aceitaríamos ser entrevistados para algum jornal ou revista.



Depois de 11 anos no Desert Shadows nós desenvolvemos algumas linhas básicas e ajustamos nossos radares de forma muito boa. Infelizmente, mesmo assim ainda podemos cometer alguns erros. Deixe-me ilustrar isto revendo um de nossos maiores erros de mídia.



Quando recebemos um primeiro contato, no ano passado, dos produtores do "documentário" TrueLife (vida verdadeira) da rede MTV, nós fomos informados de que o objeto daquele programa era apresentar adolescentes que vivessem em ambientes diferenciados ou únicos. Eles pensavam que uma matéria sobre nosso filho Alex que tem 15 anos de idade e que havia aparecido no programa Ananda Lewis Show seria perfeito para o tal documentário. Alex freqüenta uma escola que fica a 90 minutos de Palm Springs e ele nasceu e vive dentro de uma área Naturista.



O que aconteceu a seguir é exatamente o padrão: o produtor (ou melhor, o assistente de produção) fez inúmeros contatos telefônicos com todos que queriam fazer parte das filmagens. Durante as entrevistas ele nem se quer fazia anotações das histórias que eram relatadas e nem se dava ao trabalho de perguntar se as narrativas poderiam ser encurtadas ou expandidas no trabalho final.



A parte seguinte do processo foi a explicação da parte dos produtores sobre suas visões e conceitos de como deveria ser o show. Infelizmente, após eles decidirem que querem você, eles aparecem com aquelas bajulações de que só querem: apresentar você como você (ou seu grupo) é; de uma forma totalmente positiva; e que o programa deseja transmitir a sua mensagem.



Se você acreditar neles, você estará em uma estrada sem volta para a infelicidade.



Os produtores do TrueLife da MTV disseram que eles gostariam de gastar uns três ou quatro dias filmando no nosso resort e na escola do Alex. Eles disseram que o programa iria ser feito como um documentário e que nada seria montado, e principalmente eles afirmaram que não tinham "nada programado" tudo seria o real como a vida do Alex é.



É muito dolorido recontar o episódio inteiro, mas resumidamente, das mais de 40 horas de gravações a MTV fez uma história de 12 minutos que atingiu exatamente os propósitos DELES e nenhum dos nossos.



Regra nº. 1: O produtor tem apenas um objetivo real: produzir um programa que atraia e que mantenha suas audiências. Isto normalmente se traduz em programas que criam algumas controvérsias. Se for um programa do estilo Talk Show que apresente o tema nudismo, você normalmente encontrará convidados dos seguintes tipos: um stripper que encontrou Jesus, uma estrela de filmes pornôs, um pastor evangélico, um psiquiatra, um adulto que se afirma escandalizado quando vê alguma criança em ambientes naturistas, ou todos os tipos acima.



Caso seja um programa que foi filmado em sua praia ou clube naturista, eles vão procurar os tipos mais extravagantes possíveis e farão um clipe com imagens apelativas com uma voz de fundo narrando o que está sendo visto, ou ao menos, irão usar como ilustração coisas totalmente fora do nosso contexto.



Um grande exemplo disto foi o Campeonato de Frisbee que foi promovido pela TNS durante seu Congresso há um ano. Jay Leno ficou o tempo todo tentando mostrar um grupo desorganizado – o Congresso da TNS, grupos fazendo politicagem, e depois mostra um bando de pessoas nuas correndo atrás de um frisbee. Eu não estava neste congresso, mas quero crer que isto não era o que a TNS tinha em mente quando autorizou a Leno fazer tais imagens.



Você precisa compreender que independente do que lhe foi prometido você não estará jogando com pessoas que estão interessadas em fazer algo realmente informativo sobre seu estilo de vida.



Regra nº. 2: A mídia é proprietária de cada centímetro do filme e de suas fotografias, a partir do momento em que você assinou um contrato com eles. Isto significa que eles podem vender, revender, editar, cortar e até distribuir, em qualquer contexto, qualquer imagem que eles tenham feito de você. Durante muitos anos, minha esposa Linda e eu temos visto nossas fotografias aparecerem em revistas que jamais ouvimos falar, e em contextos que nós nunca concordamos. (nem precisa falar que agora que já não estamos mais em nossos vinte e poucos anos isto simplesmente deixou de acontecer com novas fotos).



Pessoas nos perguntam o motivo pelo qual não abrimos processos se estamos sendo mal interpretados e nossas imagens mal utilizadas. Você pode processar, mas na maioria das vezes a equipe de filmagem (até mesmo para grandes redes de TV) é de pequenos produtores independentes que não tem grandes recursos financeiros. Mesmo que você seja filmado diretamente por uma grande rede de TV, você deverá estar preparado para uma longa e dispendiosa batalha legal que durará anos para ser vencida, se seus advogados forem bons.



Regra nº. 3: O produto final dificilmente será o que você esperava que fosse quando aceitou participar. O menos pior que você pode esperar é que você será retratado de uma maneira neutra. Existem exceções? Certamente, mas não conte com isto!



 Isto me traz de volta ao caso da MTV. Quando a equipe da TrueLife apareceu pela primeira vez, nós apresentamos nossas regras de filmagens (novamente) e fizemos um agendamento com eles. O filme era para ser sobre o Alex e eles planejaram filmá-lo fazendo sua rotina normal durante aqueles três dias. A equipe foi à escola com ele, entrevistaram seus amigos (que deram excelentes entrevistas, mesmo nunca tendo ido ao ar), e dedicaram algum tempo para filmar o Alex jogando vídeo game (o normal do dia-a-dia dele), mesmo depois tendo decidido que isto não era interessante para o programa. Então eles sugeriram que queriam filmar o Alex interagindo com os hóspedes do Desert Shadows. Isto sim seria algo interessante para eles, então eles começaram a fazer entrevistas com ele. O tempo todo eles tinham as câmeras voltadas para ele, e as únicas exceções foram quando fizeram a entrevista comigo e com a Linda.



Alex estava preso a eles das 06h30min da manhã até meia noite durante aqueles três dias. Ele até que estava confortável com esta super exposição. Ele já havia feito inúmeros trabalhos para a TV e fica confortável na frente das câmeras.



Sua amiga Sarah que conhece o Alex desde o jardim de infância, também foi envolvida na tal produção. Sarah é como se fosse nossa filha "adotiva". Ela tem estado em nosso resort dezenas de vezes durante muitos anos e também costuma trazer suas amigas para nadarem peladas com ela. Porém, ficamos pasmos quando vimos nos clipes editados do programa que eles apresentam a Sarah como alguém que não sabe bem se gosta disto, como alguém um pouco hesitante, e definitivamente como alguém que não sabe o que é o naturismo.



Chegou ao ponto de que quando o programa finalmente apresenta a Linda e a Sarah indo tomar um banho de sol sem roupas, a cena fecha e com um fundo preto e letras brancas aparece um texto afirmando que depois deste dia "Sarah nunca mais voltou naquele lugar".



Verdade! A família da Sarah se mudou para a Dakota do Sul alguns dias depois.



Este é um exemplo clássico de como eles podem distorcer a verdade para apresentar o ponto de vista deles.



Regra nº. 4: Nunca tente competir com o apresentador: Os apresentadores de TV, especialmente aqueles com as maiores audiências, não estão ali à toa. Geralmente, eles estão ali porque sabem fazer com que eles sempre pareçam ser o que o público quer ver e jogam com suas audiências o que o mercado quer ver. A partir do momento que você aceitou fazer uma entrevista com algum apresentador de TV, tente saber o máximo possível sobre como é aquele programa, qual é o público alvo deles, quem são os anunciantes dos comerciais e principalmente o que pensa aquele apresentador. Isto te dará os subsídios para compreender como será a entrevista e não adianta tentar competir.



Eu estava em Nova Iorque alguns anos atrás na Convenção prévia da Conferência Nacional para Legislação Civil. Estava junto da equipe da AANR que trabalha em relações governamentais. Esta convenção prévia ocorre todo ano com os representantes oficiais de associações e entidades não governamentais e reúne cerca de 25.000 pessoas. Este evento é coberto intensamente por todas as mídias. Sempre existem locais onde acontecem entrevistas particulares de alguns políticos (ou personalidades) para algumas rádios ao vivo. Estas pessoas entram em pequenas salas com umas duas dezenas de cadeiras que estão cheias de repórteres nacionais e apresentadores de talk shows.



Toda vez que nós fomos a estas convenções nós fomos convidados por vários rádios e TVs para darmos entrevistas. Quase sempre nós aceitamos e normalmente nos movemos de repórter em repórter para fazermos umas cinco ou 10 entrevistas no pequeno espaço de uma hora. Antes de cada entrevista o repórter dá um brief de o que ele está querendo cobrir ali naquele evento e normalmente explicam para que tipo de programa eles estão fazendo aquela filmagem.



Nós sempre levamos todas as entrevistas a sério e tentamos descobrir se algum dos repórteres é de algum estado ou região onde tenha alguma área nudista importante. Através disto se descobrimos que estamos sendo entrevistados por um repórter do Texas nós nos concentramos em abordar os temas relativos ao Hippie Hollow por exemplo.



Uma vez, após o final da primeira rodada de entrevistas, eu fui apresentado a uma charmosa e atrativa mulher que certamente não tinha mais do que 25 anos de idade. Ela falou que seu programa era assistido em oito dos estados do Sul dos EUA e que ela estava interessada em saber quantas áreas e clubes naturistas havia naquela região. Eu estava pronto para responder e não pude ser mais gentil ou interessado em respondê-la.



Eu acabara de me sentar e colocar o fone de ouvidos quando ela então fez sua primeira pergunta: "Sr. Payne, eu compreendi das suas respostas que você normalmente leva sua filha de apenas 15 anos para nadar pelada contigo. Você não acha que isto é uma atitude pedófila? Mesmo no padrão da Califórnia?" Ela então sorriu para mim e se dirigiu para junto de seu produtor deixando-me sozinho para responder sobre isto de cara para a câmera. Acreditem se quiserem, mas as perguntas subseqüentes dela foram disto para pior.



Meu erro havia sido não fazer meu "dever de casa". Eu simplesmente tinha acabado de dar uma entrevista com o representante do sindicato nacional das rádios conservadoras, Bob Grant, que tinha se mostrado apreciador e apoiador das recreações nudistas. Depois de um apoio inesperado destes, eu imaginei que uma entrevista com uma charmosa jovem apresentadora seria algo tranqüilo. E foi – para ela!



Evitar os programas matutinos de rádio é uma peste, a menos que você seja muito, muito hábil em lidar com a mídia. O horário matutino é o mais competitivo nas rádios.  Os apresentadores, normalmente, têm uma equipe de escritores profissionais que sempre estão em busca de angariar e manter a atenção de seus ouvintes. Mais do que em qualquer outro horário do dia eles costumam ir fundo em piadas baratas e de gosto duvidoso.



Regra nº. 5: Repita sempre a questão: Um dos melhores truques para não termos problemas quando respondemos a perguntas é sempre repetir a questão no início da resposta. Isto te proporciona duas coisas: Primeiramente te permite ter um pouco mais de tempo para formular corretamente sua resposta e também permite que você direcione a resposta para exatamente o que você compreendeu da pergunta.



Antes de começar a responder a qualquer entrevista você deve decidir qual é a mensagem que você deseja que seja passada. Destile esta mensagem em um ou dois pequenos pontos principais. Confirme que estes dois pontos podem ser sentenciados por você em no máximo 15 a 30 segundos. Se você conseguir reduzir sua mensagem principal para um tempo menor do que isto, melhor ainda. Os ouvintes ou os telespectadores perdem a atenção em um tempo inacreditavelmente pequeno. Porque você acha que os adesivos de campanhas são tão populares?



Regra nº. 6: Aproveite ao máximo seus 15 minutos de fama: Minha família e eu temos feito incontáveis programas de televisão, rádio e mídia impressa. A maioria deles têm tido um bom resultado, outros nem tanto. Mas graças a Deus que a memória do povo é muito curta. Nada do que você ou eu falamos ou fizemos em um programa de TV irá enviar milhares de pessoas para as praias naturistas – ou fará com que adquiram um Passaporte Naturista – no dia seguinte.



Esta regra 6 não é para dizer que trabalhar com a mídia não é importante. Na verdade trabalhar com a mídia é algo extremamente importante, mas apenas pelo efeito cumulativo de múltiplas e positivas exposições sobre o que é o Naturismo. Este acumulação de boas reportagens é que ao final irão fazer com que nossa mensagem seja espalhada e respeitada (mesmo que muitos não adiram). Nós precisamos é aproveitar bem cada oportunidade que nos aparece para fazer com que outras pessoas conheçam toda a alegria que temos em compartilhar recreações naturistas.



-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------



Comentários do tradutor André Herdy:



Em Janeiro de 2005, sem ter tido conhecimento desta matéria da N Magazine, eu logo após ter sido eleito membro do Conselho Maior da FBrN tive a iniciativa de criar uma cartilha para o contato com a Mídia. Esta idéia surgiu depois do fatídico programa SUPERPOP onde quatro desesperados e despreparados naturistas foram achincalhados pela Deputada, Médica, Psicóloga do PRONA (Dra. Devani) e outros debatedores que eram exatamente do tipo que esta reportagem afirma ser...



Naquela ocasião, vários naturistas de grande conhecimento de causa negou participar do tal programa, a produção procurou outras pessoas e encontrou um casal bem intencionado que não conhecia nada sobre mídia e o pior, que eram NOVATOS (menos de um mês) no Naturismo.



O Naturismo foi ridicularizado, perguntas fáceis de serem respondidas por quem conhece a nossa filosofia ficaram sem respostas, clipes totalmente falsos foram apresentados como sendo o dia-a-dia do Naturista além de várias outras coisas mais...



Naquela ocasião minha proposta foi termos uma regra parecida com estes seis pontos apresentados pelo dono deste resort americano e principalmente a questão de que os representantes oficiais, as pessoas que realmente sabem bem o que é e o que não é o Naturismo, fossem as responsáveis por dar tais entrevistas e principalmente acompanhar os repórteres quando estes estão dentro das áreas Naturistas.



Infelizmente somente o incansável Pedro Ribeiro é que adotou tal proposta. Tudo foi esquecido e agora volta a tona com estes infortúnios do Pânico em Tambaba... As sugestões são sempre as mesmas, mas as ações quase nunca ocorrem...