segunda-feira, 5 de março de 2012

O naturista deve levar toalha. E mordaça?

Conheci a praia de Abricó fim de semana retrasada, mas não encontrei o nobre Pedro Ribeiro, editor do Jornal Olho Nu, e o fundador, a luz, o verdadeiro Marquês de Abrico.

Porque não encontrei? Porque ele estava em Tambaba, não de passeio, mas respondendo um processo:  uma tentava de amordaçar o Jornal Olho Nu. Os leitores habituais da imprensa naturista vão lembrar que Pedro publicou uma carta sobre a pousada Colina dos Ventos, onde parece que todos os hóspedes que compraram o pacote de ferias do fim do ano, abandonou o lugar antes de Revillion - mas depois de um assalto. Pedro retirou a matéria do site (e nós o publicamos aqui) e tem escrito muito pouco sobre o assunto, mas disse que foi processado pelos responsáveis pela Colina dos Ventos.


Não é para confundir com a outra pousada do mesmo nome funcionando desde 1995 em Fernando de Noronha.


O site do Tribunal de Justiça de Paraíba informa que o processo 041.2010.000.834-5 movido por "POUSADA SUNPLENTY LTDA." , foi "extinto sem julgamento do mérito". Mérito não tinha nenhum: a publicação de uma carta alertando turistas potenciais de um hotel que não atende as exigências mínimas, cabe perfeitamente dentro da liberdade jornalistica.

Recentemente, a Folha de S. Paulo escreveu da despesa e da dificuldade de responder às dezenas de processo movidos contra o jornal, em todos os cantos do pais, pela Igreja Universal. Na época, a advogada do jornal, Dra. Taís Gasparian, comentou isso comigo, quando conversei com ela em frente da igreja católica de Taquara, no meu celular grampeada pela promotora da comarca, Dra. Natália Cagliari.

Matéira no Yahoo ontem fala do jornalista do Pará condenado por ter denunciada o maior grilagem do País, artigo semelhante se encontra aqui, com o título "A censura pela intimidação".

Ambos os artigos falam a mesma coisa: até para a imprensa grande, processos sem mérito servem para tentar calar a boca do jornalista. No caso do grilagem, apesar do registro das terras - maior de vários estados brasileiros, e maior de uns países - foram cancelados, mas o jornalista perdeu o processo. Grilagem assim não se faz se a participação do judiciário, ele disse.

Como então fica para um jornal sem fins lucrativos, com Jornal Olho Nu, que existe devido ao noblesse oblige do Pedro? A despesa de responder um processo destes, o custo de passagens, o atrito causado até por um processo na justiça especial, que demorou no caso dois anos, serve como uma maneira não muito velado de calar um jornalista que desagrada.

Pedro retirou a carta do ar, mas não disse se for devido a um liminar, um simples ameaça, ou uma tentativa de usar o conselho de "ética" da FBrN contra ele. Nós publicamos a carta aqui. (A índice de Blogger está tendo um tremelique no momento, mas depois coloco o link).

Ainda, ouvimos que o motivo de tanto rebuliço, era que a Colina dos Ventos, estava a venda. Aparentemente no mesmo molde que o Hotel Ocara: vende-se o empreendimento na "fase de esperança", antes que a realidade pode murchar o valor.

Ná época, ouvimos de um amigo na Alemanha que uma aproximação foi feito a um clube naturista de lá, e publicamos uma alerta, Colina dos Ventos, clear and present danger, que foi circulado em listas naturistas europeias, e espero que tenho evitado que algum alemão chegasse a sofrer o mesmo destino que Dana Wayne Harbour, que perdeu toda sua poupança no fraude do Hotel Ocara, antes de morrer num "assalto". Pelo menos a Colina dos Ventos continua a venda pelo menos no Internet: quem tiver a paciência para assistir o slide-show pode reconhecer vários dos "suspeitos de sempre".


A Praia de Abricó parecia um lugar sossegado, que funcionava muito bem sem as vários jabuticabas da era vermelho de naturismo brasileiro, como a proibição de solteiros desacompanhados. Ainda não sofreu da atual onda de acusações falsas de pedofilia que viraram praxe na politicagem naturista, e que continuará parte até que algum acusador seja preso por denúncia caluniosa.

Vi no Abricó o que é essencial, e o que é dispensável, para o naturismo. A FBrN e suas regras homofóbicas, sua "conselho de ética" de paus-mandados, sua pequeno bando de gente que enriquece vendendo castelos nas nuvens antes que o vento soprar - são dispensáveis. Os naturistas que recebem novatos sem se preocupar em como os separar do seu dinheiro, que contribuem para naturismo que vez de exigir que ele os sustenta, que vejam a ética como guia e não como chicote - estes são essenciais.