Sabe, povo, andei pensando um pouco mais sobre essa história de naturismo, de ficar pelado, de tirar a roupa. É claro que sou peladista convicta, mas andei descobrindo mais umas coisinhas sobre o assunto.
Bem, tirar a roupa, é tirar algo que está fora de si, é algo que está na superfície, logo os olhos vêem. É como se descascássemos uma laranja, como se pelássemos um ovo cozido, é como se raspássemos a cabeça. Legal essa visão, né??? Pois bem, ao fazermos isso o que vemos é algo pelado, algo sem roupa, sem casca. Uma superfície lisa, um corpo sem cobertura, sua superfície. Sua parte externa. É fácil então não encontrar sentido para a coisa. Porque a vestimenta está tão introjetada nos seres humanos, por causa da cultura, tão internalizado que é como se fosse natural estar vestido. É como se estar sem roupa não fosse natural. Ou seja, é como se fosse natural usar roupa e não o contrário. Então, tirar a roupa é como se fosse antinatural. E o que não é um processo natural, além de ser mais difícil dá abertura para que o orgulho e a vaidade entrem em cena e ocupem cada vez mais espaço para defender o indivíduo de possíveis ameaças. É como se ao estar realizando uma ação não natural, os mecanismos de defesa agissem para defender a criatura de ameaças. Aí o orgulho, a vaidade, ou objetivos tortos entram em cena para amparar o cidadão que se sente “vazio”, “desprotegido”, “ameaçado”.
Filosófico né??? Continuo com meu raciocínio.
Se tirar a roupa é um processo antinatural, o corpo precisa se defender. Logo, os naturistas inconscientes dessa inversão motivada pela cultura, ficam buscando justificativas para tirar a roupa; e não preenchendo o vazio criado, colocam o sexo em primeiro plano, associando a nudez ao sexo, já que culturalmente fomos ensinados que só se tira a roupa para práticas sexuais. Aprendemos que se tira a roupa para seduzir, para ter prazer no momento dedicado à realização do sexo, para excitar o parceiro ou a parceira e revelar seus desejos sexuais, enfim.
Caro indivíduo que tira a roupa, você já pensou por esse ângulo? Já pensou que você, usar roupa é natural, e tirar a roupa é antinatural? É como o processo de “falar” e “ler-compreender”. A “fala” é algo particular, que vem do interior para o exterior do indivíduo um processo natural (sei que você pensou em outras coisas que vem do interior para o exterior!!!!); já “ler-compreender” é algo do exterior para o interior. É um processo não natural e por isso exige certas habilidades. Exige mais do indivíduo, assim como tirar a roupa.
E, para mim, essa coisa de tirar a roupa, gera tanta confusão, tanta polêmica, inventa-se tanta história, criam-se tantas palhaçadas porque as criaturas que o fazem pensam culturalmente, ou seja, pensam que tirar a roupa não é natural. Se pensassem naturalmente, como alguns poucos naturistas e peladistas que conheço, a coisa seria menos dolorosa e causaria menos confusão.
Então, convido aos chamados naturistas a, por uns poucos segundos, deixar de pensar como naturistas, e olhar a coisa por esse ângulo de visão que estou apontando.
E até o próximo churrasco!!!