quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Naturismo e cultura da paz

Por Laércio Júlio da Silva
16/09/2009

Estivemos em visita ao 2º Festival Mundial da Paz, que aconteceu de 4 a 7 de Setembro de 2009, realizado em Goiânia. Nada mais oportuno aos naturistas brasileiros que se engajem na luta pela pacificação de nossa sociedade no sentido global, já que nosso código de ética reza como falta grave “a prática da violência física como meio de agressão a outrem”. O naturismo é uma proposta pacifista por origem, já que procura a integração harmoniosa com o meio ambiente e o próximo. Procuramos o encontro individual do ser, subtraindo ao máximo os valores do ter, na busca do saber interior, e por essa razão estamos irmanados à Unesco, que em um de seus documentos caracteriza as guerras como nascidas do espírito dos homens, e é consequentemente nele primeiramente que devem ser erguidos os baluartes da paz.

A busca pela paz deve ser perseguida no nosso dia-a-dia, seja em casa, no trânsito, no local de trabalho ou de lazer. A guerra é gerada principalmente pelo preconceito, tão combatido pelo naturismo, pois a prática da nudez social nos conduz a uma vivência igualitária e nos faz refletir sobre as diferenças em total harmonia com o cosmos. A cultura da paz é um conjunto significativo de valores humanitários, atitudes eminentemente voluntárias, que fazem despertar um novo olhar e uma nova forma de agir sobre a vida. É na cultura pela paz que encontramos o processo civilizatório verdadeiramente racional que nos diferencia da natureza de outros animais. É nela também que encontramos um campo sedimentado para o crescimento espiritual no caminho da realização de uma sociedade mais justa e fraterna.

A violência e a guerra são geradas igualmente pela desigualdade entre os homens, fruto de uma sociedade exploradora nos moldes do capitalismo que divide as pessoas em classes sociais. Não é fácil falar em paz a uma pessoa que está sendo sistematicamente agredida pela falta de condições financeiras para o sustento de sua família; portanto, a paz social através da provisão mínima de recursos materiais é fundamental para a cultura da paz. A educação pacifista com justiça social deve fazer parte do ideário de cada um de nós. Ao alcançar uma sociedade mais justa e igualitária, o homem terá condições de crescer cognitivamente rumo à elevação espiritual.

O respeito a todos os dogmas dentro de uma visão holística nos educa para a concepção de paz. A aceitação das diferenças e a somatória de cada contribuição fazem com que nos voltemos para o verdadeiro propósito do naturismo. A violência nasce da não-aceitação e do não-entendimento, caminho fértil que conduz ao conflito.

Os naturistas estão empenhados em construir o mundo da paz, sensibilizando pessoas que desejem encontrar a harmonia interior com o conhecimento do seu próprio corpo e mente, a fraternidade entre os povos, e a forma mais pacífica de convívio com a natureza.

O naturismo é proscrito em vários países, principalmente motivado por questões culturais e religiosas. Entendemos o atual estágio cultural de cada sociedade. O naturismo foi perseguido pela cultura de guerra nazista de Hitler, tendo seus locais suprimidos no período ditatorial em vários países, inclusive no Brasil; por isso, valorizamos a construção diária do pacifismo.

Parabéns aos que constroem a paz no seu cotidiano, contribuindo para um caminhar dialogado com todas as culturas e estilos de vida. Iniciativas como o Festival Mundial da Paz, fóruns de educação e cultura de paz devem ser incentivados nas escolas, nas favelas, nos bairros, nas cidades, em todo o País e no mundo.

“Não quero que minha casa seja cercada por muros de todos os lados e que as minhas janelas estejam tapadas. Quero que as culturas de todos os povos andem pela minha casa com o máximo de liberdade possível”(Mahatma Gandhi).
Laércio Júlio da Silva é diretor da Federação Brasileira de Naturismo (FBrN) e presidente da Associação Goiana de Naturismo – Goiasnat
www.goiasnat.com.br