Muitas
pessoas as quais convido para conhecer mais de perto o Naturismo me dizem que
primeiro teriam que emagrecer e tornar seus corpos esbeltos, mas isso nunca
acontece, seja como for, não se aceitam do jeito que elas são, estão sempre se
comparando com alguém. Fatalmente é uma perseguição ilusória, uma desculpa para
esconder suas frustrações.
Uma
pesquisa realizada pela organização sem fins lucrativos Action of Happiness –
em colaboração com a Do Something Different – desafiou 5 mil pessoas a fazerem
um ranking de 1 a 10 com os hábitos que mais consideravam “chaves para a
felicidade”. Todos os 10 hábitos colocados como opções desta pesquisa estavam
estreitamente relacionados com a satisfação geral das pessoas com a vida. Mas,
segundo os cientistas, a “autoaceitação” é o fator mais fortemente ligado a
esse sentimento. E que, curiosamente, foi o hábito menos relacionado entre os
entrevistados, revelando que é algo que as pessoas praticam muito pouco ou quase
nada. Por quê? Porque o nosso maior hábito de todos é procurar a felicidade do
lado de fora quando, na verdade, ela está dentro de nós mesmos. (1)
Para
a professora Karen Pine, psicóloga da Universidade de Hertfordshire e
cofundadora da Do Something Different, a pesquisa mostra é que praticar a
autoaceitação é o que mais pode fazer diferença no nível de felicidade de uma
pessoa. Segundo o Dr. Mark Williamson, diretor da Action of Happiness, “nossa
sociedade coloca uma enorme pressão sobre nós para sermos bem sucedidos e nos
compararmos constantemente com os outros. E isso causa uma grande quantidade de
infelicidade e ansiedade”. (1)
Essa
semana uma integrante do Grupo Naturismo Capixaba me informou que irá fazer um
depoimento num jornal local (Vitória-ES) relatando como o Nudismo/Naturismo a
tirou do seu estado depressivo. Não é incomum acontecer tal transformação,
Viegas Fernandes da Costa em seu artigo “Sobre a Nudez Social” cita: “Assim, ao
despir-me, na Praia do Pinho, reconheci a “graça” em mim, o “cuidado de si” não
para atender às necessidades estéticas do outro, mas para a minha conciliação
comigo mesmo, em um processo de reconhecimento da minha integralidade.”
O
praticante do Nudismo/Naturismo encontra-se a um passo para sua autoaceitação
na medida em que se tem o reconhecimento que as diferenças corporais constitui
na impossibilidade da existência de um padrão a ser seguido. Marcelo Gleiser em
seu livro “Criação Imperfeita” faz a observação de que deveríamos ter outra
noção de beleza a partir das nossas imperfeições, pois “são essas diferenças
que tornam a vida interessante. A mensagem que a física de partículas e a
cosmologia moderna nos ensinam é clara. Somos produtos de imperfeições da
Natureza”. (2) (3)
Na natureza um casulo quando se rompe sai a
mariposa. Com o homem parece ocorrer justamente ao contrário, ele nasce uma
mariposa e logo entra no casulo, é enjaulado e aprisionado, seu ser espontâneo
sofre, e não pode sair disso. Por isso há tanta patologia. (4) As dificuldades
de deixar o corpo livre por causa dos seus condicionamentos sociais tornam-se
também problemas psíquicos e não é difícil encontrar psicólogos consultando com
outros psicólogos, não é estranho isso?
Mas
a vida é mesmo estranha. Aqui às vezes os reis são mendigos e os mendigos são
reis. Não se deixe enganar pelas aparências. Olhe para dentro. O coração é rico
quando palpita com alegria, o coração é rico quando está em harmonia com a
natureza, com a lei fundamental da vida. O coração é rico quando você está em
harmonia com o todo; essa é a única riqueza que existe. Do contrário, um dia
você vai chorar e dizer: “É tarde demais...” (4)
Essa
integralidade com a natureza há muito vem sido defendido pelos
nudistas/naturistas como uma porta para a autoaceitação, um meio de realizar
uma cisão de que a felicidade depende de um corpo perfeito. Infelizmente mal
compreendidos pela sociedade e não é por acaso que somos minorias.
(2)
Marcelo Gleiser;
Criação Imperfeita
(3)
Dr. Amit Goswami;
O Médico Quântico
(4)
Osho; Fama,
Fortuna e Ambição
Evandro
Telles
14/03/14