sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Perdendo terreno virtual

Além da perda iminente da área da AAPP na Praia do Pinho, o naturismo oficial brasileiro está perdendo espaço virtual. Fomos estes dias para o site www.pelados.com.br, que também age sob o nome "Brasil Naturista", para verificar quais revistas e DVDs estavam a venda.

Devemos escrever sobre "Brasil Naturista"? O "Manual de Estilo da Folha de S. Paulo" exige cuidados especiais quando escrevendo de concorrentes. Mas pensando bem, "Brasil Naturista" não é nosso concorrente. Afinal, nós não cobramos por conteúdo.  E eles não fazem jornalismo.

Procurei então, a venda da revistas na página principal de www.pelados.com.br. Cliquei no item do menu "Quem Somos", e depois "Revista Brasil Naturista", assim:


Mas o que aparece não é a lista de revistas a venda. Aponta para outro site, www.revistabn.com, e o que aparece é uma lista de links, que por alguma lógica retorcida começa com "Manequins Espirais":

Em contraste, em 2011, a revistabn.com ofereceu um monte de coisas naturistas à venda, conforme pode ser visto no Wayback Machine.  A mesma coisa acontece com lojanaturista.com, que vendia não somente as revistas encalhadas, mas também o Passaporte Naturista INF, DVDs, livros e álbuns de fotos. Mas hoje dá somente uma notícia de "temporariamente fora do ar". Parece que a loja virtual foi feito através de
/http://www.snetcommerce4.com.br/ecommerce_site,

e outras loja virtuais com a mesma estrutura continuam no ar, então o problema não é da ordem técnica. 

Ou a situação é temporário, ou a venda pela Internet caiu mesmo. Caiu -- ou foi empurrada? Desorganização interna, ou problemas financeiras ou legais?


Nunca deu muita grana 


Nos já vimos que o Portal e Revista Brasil Naturista nunca deram muita grana, uma média mensal de R$3.707,05. Para comparação, vimos:
Piso da categoria dos jornalistas no Rio Grande do Sul
Salário Normativo 2011/2012
R$ 1.591,00 - data base: Jun - Capital
R$ 1.333,00 - data base: Jun - Interior
A renda bruta da revista dá quase o piso do capital para a editora e editor. Claro que moram no interior - bem ao lado do Motel Sahara - e nunca estão lá, pelo menos quando oficial de Justiça visita. Mas lembre que o número R$3.707,05 é a venda bruta. Há, também, despesas. Não deve chegar líquido nem o valor de um jornalista do interior.

A bota-fora: AAPP sem terreno

Castelo sem terra: bota-fora da AAPP
Faz três meses, olhamos a situação do Paraíso da Tarturaga, ao lado da Praia do Pinho, primeiro empreendimento naturista de Celso Rossi construído nas terras dos outros, em que o dono do terreno e seu herdeiro, Comendador Aloísio Araújo e Antonio Araújo, ganharam no final de 2011 a reintegração de posse, ainda não efetivada, mas pedido ontem. Vamos ver hoje mais desdobramentos e passos na Justiça.

O tamanho e valor do terreno

A família Araújo possua um enorme terreno "em Taquaras, Praia do Pinho, Morro da Tartaruga, neste município, com área total de 260.600,13 m²". Dentro desta área maior os livro de Atas da Federação Brasileira de Naturismo, FBrN neé FBN, recorda

 
[...] foi a assinatura, no dia 1º de julho de 1988, de um contrato de Comodato entre a FBN e os Srs. Aloísio Camargo de Araújo e Antônio Camargo de Araújo, de uma área de 22.260m², de propriedade destes, defronte a Praia do Pinho, para construção da sede da FBN.
 

Um advogado que conheço intermediou recentemente na região a venda de um terreno de tamanho e localização ao de comodato, pelo valor de R$600 mil. As leis de proteção ambiental limitam muito a aproveitamento e o valor, mas pela multiplicação simples, a área total deveria valer na ordem de R$7 milhões.

Os papeis de Queiroz Urban e os 260.600,13 m²

Há um processo 005.03.007944-0 (0007944-93.2003.8.24.0005), em apelação sobre o posse da área total. Um sr. Marcelo Antônio de Queiroz Urban disse que comprou o terreno; os Araújo disserem que os papeis são forjadas, que já tem a posse mansa faz muitos anos e que queriam a vigia de Queiroz Urban posto fora. A Justiça na primeira instância deu a razão e a posse para os Araújo. Na apelação, 2010.038400-0, há um despacho de dia 11/09/2012, em que o juiz aceita a renúncia dos advogados de Queiroz Urban. Que pode ser um sinal de que não acreditam que o caso vai prosperar, ou pode haver outros motivos.

A apelação do AAPP

Quem leu o blog em junho, sabe que a Associação de Amigos da Praia do Pinho - AAPP ganhou na primeira instância, para ser derrotada na apelação. O Tribunal de Justiça entendeu que a AAPP assumiu os direitos e as obrigações do contrato de comodato. Nós aqui postamos trechos do Livro de Atas que confirmam de que o TJ acertou.

O presidente da AAPP disse ao Jornal de Santa Catarina de que

 
– Não há qualquer possibilidade de se proceder a reintegração enquanto o processo estiver aguardando decisão do STJ – diz Haack, que foi quem recorreu ao tribunal superior.
 

Quando escrevemos em junho, não havia sinal de uma apelação ao STJ: que mesmo assim não teria "efeito suspensivo", não barraria a reintegração. Porém em julho foi impenetrado um "Recurso Especial em Apelação Cível", 2007.038124-8/0002.00, que parece ser realmente para o STJ. Este caso também fez um passo "11/09/2012 às 15:59 - Solicitada Certidão Narrativa". Olhando o caso principal, vimos que a certidão foi pedida, preparada, e retirada ontem, 12/09/2012.

Já relatamos em junho de que os Embargos de Declaração em Apelação Cível n. 2007.038124-8/0001.00, foram rejeitados por unanimidade. Resta então este do STJ. Mas os Araújo pode pedir força policial para reintegração de posse, na hora que quiserem. E a hora foi ontem.

Condomínio Naturista Morro da Tartaruga

Mais uma das múltiplas faces de Celso Rossi responde processo, o "Condomínio Naturista Morro da Tartaruga". (A medicina reconhece esquizofrênica em que o paciente tem múltiplos personalidades jurídicas?) Este processo nº 005.02.015328-1 (0015328-44.2002.8.24.0005) de "Reintegração de Posse/Especial de Jurisdição Contenciosa", foi impenetrado pelo Antônio Camargo de Araújo e outros em 13/05/1998; os Araújo ganharam em 27/06/2001 um "Sentença de mérito gab.(art. 269,I,II e IV do CPC) procedente"; foi remetido para o Tribunal de Justiça em 14/07/2004.
Demorou sete anos no TJ-SC, e até o Código Civil mudou no intervalo. Em dezembro foi aberto a quarto volume do processo, a partir de fls 602.

Cada processo tem número novo e antigo, e parece que um processo foi juntado ao outro, "entranhado", mas o banco de dados da TJSC não encontra o processo entranhado pelo número dele. Eu estava tentando entender, indo de uma página para outro ... e de repente, apareceu o processo de execução da sentença, ontem mesmo, 13 de setembro.

Cair no real

Parei para postar a notícia, urgente e importante. E voltei para esta postagem e ... não importa mais. Quem comprou de Celso Rossi o que não era dele para vender, ficou quinze anos protelando o inevitável. Chegou no fim, ontem. Logo vem o oficial de justiça, e os papelados podem ir para Brasília e voltar. Não importa mais. A apelação não vai prosperar, o "Livro de Atas" da FBrN demoliu o argumento-chave da AAPP, de que não era sucessora da FBrN.

E a fim da charada. Desta charada. As outras charadas seguirão.