quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Viva a Liberdade Nua!

ManiFESTAçao pela Liberdade da Nudez #4
1º de dezembro de 2013, na ciranda de palmeiras na Praça da Paz – Parque do Ibirapuera – São Paulo


A debate no programa SuperPop da RedeTV! considerou se a nudez deve ser liberado, ou confinada nas gaiolas das áreas naturistas. Já aconteceram no Parque de Ibirapuera três ManiFESTAcões para a liberdade de nudez. A primeira, nas fotos acima e ao lado, simbolicamente retirou as faixas pretas da censura. A segunda foi coberta pelo jornal naturista Jornal Olho Nu, principal veículo naturista do Brasil, assim como a terceira ManiFESTAção.

Todas estas manifestações foram pacíficas, foram comunicados anteriormente às autoridades competentes, e apesar de acontecer no maior parque da maior cidade do Brasil, acontecerem sem
transtornos e sem muito incômodo para os outros usuários do parque.

É legal?

As manifestações políticos e culturais são protegidas pelas leis e pela Constituição do Brasil. O Ministério da Justiça já liberou o nu sem conteúdo sexual para a televisão aberto, a qualquer horário.E muitos protestos recentes tem usado nudez.

A reação dos frequentadores do parque à manifestação foi variada. Uns chegaram mais perto, inclusive famílias com crianças, outros poucos se afastaram, mas a grande maioridade não deram muita bola. Um grupo de adolescentes indo jogar bola atrasaram o passo um pouco, mais continuaram até o campo de bola.

A Guarda Civil manteve a paz nos três Atos
As guardas municipais, e as guardas terceirizados do parque, estavam preparados para qualquer dificuldade. Não houve. Sacaram então seus telefones, e fizerem recordações do evento.

E as crianças?

Crianças no naturismo sempre suscitam perguntas. Ser visto nus por outros pode lhes causar danos? E pode causar danos a crianças ver o nudez alheio? Ser fotografada faz mal à criança?

Até agora nenhuma família com crianças participou das ManiFESTAções. Foi cena corriqueira ainda no final do século passado crianças pequenas nadando peladas no espelho d'agua em volta do Obelisco no Parque, ou no fonte em frente do Catedral da Sé. Os jornais imprimem fotos de crianças peladas até na capa quando é notícia. Em 1990, Bia Lessa encenou "Suor Angélica" no Theatro Municipal, com umas cinquenta crianças peladas correndo no palco na cena final. E isso é falando das áreas nobres da cidade. O pudor é um privilegio dos ricos - quanto privacidade tem uma família morando num quarto de cortiço ou favela?

E não podemos esquecer de Chico Bento nadando pelado na roça, ou os indiozinhos de Castelo Ratimbum andando pelados como seus antepassados e como seus parentes de hoje.

Mas crianças vendo algo desacostumado, poderiam sofrer danos? Os museus da cidade são repletos de nus. Em 2005 a Oca de Ibirapuera recebeu a exibição "Corpos Pintados", onde conforme um critico de jornal, "Tudo pode ser visto na tez macia de uma garota ou na pele flácida de um idoso." A exposição de pinturas, fotos e esculturas de corpos nus foi frequentado inclusive por grupos de estudantes em uniformes da rede municipal e estadual.

No Parque de Ibirapuera, e no Brasil, o nudez da crianças pode ser visto, e ela poder ver o nudez dos outros. E sempre foi assim.

Tradição naturista brasileira


O naturismo formal nasceu no Brasil com Luz del Fuego, que abandonou sua família tradicional e seu nome Elvira Pagã, para abraçar o naturismo e dançar no palco com duas cobras. Ela fundou o Partido Naturista Brasileira nos anos 50, exigiu o naturismo rigoroso na sua Ilha do Sol na baia de Guanabara, onde exigiu que todos ficassem completamente nus - até o Censo. Luz aguentou a chegada no regime militar, mas foi vítima de um assalto na sua Ilha em 1967. Virou assunto de filme em 1982, peça de teatro em 1992, e ficou até mais famosa depois da morte do que na vida.

Atenção da mídia

O naturismo interesse a mídia? Não. Mas o nudez interessa. Muita cobertura de "naturismo" na televisão em anos recentes, não foi de naturismo. Usou o naturismo para disfarçar o interesse em corpos nus, ou em comédia da mais baixa qualidade.
A matéria na Folha de São Paulo em julho foi de outro padrão. Não foi pruriente, nem humorística, nem "chapa-branca", mas foi jornalismo mesmo.  Investigou vários recantos naturistas, e não engoliu as palavras do entrevistados. Tratou o "código de ética" como regras de etiqueta, por exemplo.
  
O tratamento da RedeTV! foi também respeitoso, pelo menos no estúdio. Não posso opinar sobre o que foi ao ar, pois isso é escrito antes.

Uma coisa é certa: a atenção da mídia deve garanti que haverá bem mais gente no Parque de Ibirapura no primeiro dia de dezembro. Mais gente para observar, e esperamos, mais gente para participar. A liberdade de nudez não é de um pequeno grupo, ou de uma pequena fatia de sociedade que tem o luxo de frequentar áreas particulares. É um liberdade com que todos nós nascemos.