domingo, 31 de outubro de 2010

NATURISMO E DANÇA

NATURISMO E A DANÇA


No III Encontro de Dirigentes de Áreas Naturistas realizado em Barra Seca presenciei um rapaz (somos mais jovens do que muitos jovens, o que vale é a juventude mental) dançando na praia com um ritmo próprio, um compasso só dele. Perguntei, quem é esse louco dançando nu sozinho? Era Norberto, que até então não o conhecia.

Por um tempo fiquei ao seu lado observando os seus passos, seus gestos e me peguei sorrindo e naquele instante entendi que naturismo e dança representam harmonia com a natureza, é na realidade, harmonia com todo o universo. Percebi que o louco fui eu, deveria também ter dançado e não o fiz por ficar constrangido.

O universo dança magistralmente tal como as células do nosso corpo dançam freneticamente de um lado para o outro sem que exista qualquer previsão para qual direção elas seguirão. A matemática aqui só funciona com a estatística determinando probabilidades, tudo incerto. A Natureza é uma verdadeira dança e para estarmos em harmonia devemos seguir fazendo o mesmo.

Temos 3 modos de dançar: O solo, em dupla, em grupo. Entrar numa escola ajuda aprender alguns passos e assim ficar mais desprendido, menos tímido, se soltando para um espaço vazio, se libertando. Novamente encontramos aqui a semelhança com o Naturismo. “Liberdade” é o caminho que trilhamos para o conhecimento de nós mesmos, sem isso criamos amarras em função dos nossos conceitos.

Tem um curso chamado “Dançaterapia” que é uma abordagem corporal que faz uso terapêutico da dança e do movimento, e é um instrumento simples e poderoso que permite, através de um gesto, melhorar o próprio modo de ser e estar, física e mentalmente no mundo. http://www.dancaterapia-dmt.com.br/dancaterapia.htm.

Diz ainda: “Em todo ser humano está registrado uma dança, aquela dos gestos, do ritmo cardíaco, do ritmo biológico que anima e pulsa nos indivíduos. Através deste gesto podemos ser nós mesmos, expressando e experimentando novas formas que nos permitem modificar os comportamentos que geram o mal estar físico ou psicológico”.

Encontrar gestos de beleza até mesmo dançando o “reboleition” requer uma transformação mental dos indivíduos, uma transparência e um desafio de vencer o materialismo com a identificação com a nossa forma. Os praticantes do Naturismo têm revelado ser capazes de transpor esses valores sociais, afinal defendemos o não preconceito como uma condição necessária para aceitação da filosofia naturista.

Do mesmo modo que o Naturismo, a Dança também é cultural. No início de 1920 começaram a considerar uma disciplina acadêmica. Com as mudanças sociais da época, surge a dança moderna por volta de 1960 e 1970. Toda construção da dança parte de uma ideia, composta de ideologias e marcas histórico-culturais refletidas no corpo e na sociedade.

Num discurso de Osho ele disse: “A vida é um mistério, não uma pergunta. Não é um quebra-cabeças a ser resolvido, nem uma pergunta a ser respondida, mas um mistério a ser vivido, uma mistério para a amar e com ele dançar.”
Diz ainda “Se você está sofrendo é porque não está em harmonia com a natureza. Se você é miserável, significa que não está em harmonia com a natureza. No momento em que você se sentir miserável, sofrendo, ou em agonia, tente imediatamente minimizar a distância, aproximando-se mais da existência e repetinamente haverá luz e alegria, música e celebração”.

Conciliar a dança com o naturismo poderá proporcionar alegria e bem-estar, afinal estaremos comemorando a vida que não pára, uma vida em movimento constante. Teima em ser feliz e a todo instante nos chama para juntarmos a ela, só temos que aceitar o convite.

Se nascemos por um acaso da natureza ou por uma criação Divina, a verdade é que não sabemos o porque de estarmos aqui, pode ser que seja tão somente para aprendermos a dançar e convivermos harmoniosamente com todos sem distinção, do modo como o Naturismo pede que seja.

Evandro Telles
31/10/10
http://www.evandrotelles.blogspot.com/