SANTO NATURISTA
São Francisco de Assis, nascido por volta do ano de 1181, com uma longa história de vida a ser contada, às vezes associado com a filosofia naturista por ter sido ele despojado dos valores sociais vigentes na época, defensor não só dos animais, mas da natureza como um todo. Ficou nu em público entregando todos os seus pertences ao seu pai, ao qual tivera alguns desentendimentos, em sinal de desapego aos bens materiais e da herança da família. Toda a sua vida foi assim? Creio que não, durante a juventude gostava da música e fazer as serenatas para as damas da cidade. Tudo muito natural para a sua idade.
Era ele naturista? Também não, o primeiro clube naturista surgiu em 1903, Hamburgo, aliando saúde mental com a saúde física e depois com maior desenvolvimento na França, ou seja, o naturismo nasceu quase 800 anos após o nascimento de São Francisco de Assis. Em outras palavras, gostar da natureza e dos animais não faz de ninguém um Santo nem mesmo um Naturista.
Tudo indica que o ser humano gosta de misturar conceitos e complicar o que é simples. O naturista é uma pessoa comum, com defeitos e qualidades, não é assexuado, nem tem o compromisso da abstinência de qualquer espécie, enfim tudo o que é próprio do Homem ou da Mulher têxtil se faz presente em suas vidas também. Ele (a) entende e aceita a sua nudez como algo natural, simples e que não há necessidade de usar artifícios para se esconder.
O ato de tirar as roupas mostra o desprendimento dos valores sociais que foram inculcados desde a infância, não importa se é branco, preto, magro, gordo, alto e baixo. Não importa a beleza física, a religião que professa nem as opções sexuais de cada um, não importa a nacionalidade ou o quanto de dinheiro se tem no bolso. Não importa o que o outro pensa, simplesmente se aceita o que é e pronto. Tal condição liberta o indivíduo de conceitos hipócritas que não os deixa viver em paz consigo mesmo.
Podemos dizer com certeza, é na mente que se processa as mudanças, deixa-se de lado os valores sociais e em seu lugar entra os valores naturais. Essa transformação propicia um ambiente mais adequado para os questionamentos sobre a nossa essência e a verdadeira identidade, afinal de contas somos únicos e não existe ninguém, repito NINGUÉM na face da terra igual ao outro.
Provavelmente o ditado “cada cabeça uma sentença” venha da condição da desigualdade de todos nós, mas a pergunta que não se cala é: Quem está com a verdade? A verdade é aquilo que não se pode negar; o que está presente em todos, que me diz que não sou uma ilusão e atesta a minha existência no plano físico. Nesse caso, é o “pensamento” que me dá essa condição, daí a conclusão do filósofo e matemático Descartes “penso, logo existo”.
Muito tem sido falado e escrito nos últimos tempos sobre a força do pensamento, os livros “A Força do Pensamento Positivo”; “O Segredo”; são alguns exemplos, mas não ficam imunes às críticas de pessoas com reconhecido conhecimento científico e biológico. No entanto é inegável que a mudança do pensamento pode também mudar uma vida, porque as ações também mudam.
No entanto, se a mente do indivíduo carece de conhecimento e cultura, os pensamentos serão de igual natureza. Por esse motivo a consciência das verdades naturais de cada um, por meio de pensamentos mais elevados em relação aos padrões “normais”, torna o naturista uma pessoa diferente e um número significativamente inferior aos têxteis. O seu mundo mental é outro, seus valores também.
Acho interessante deixar claro para os que estão chegando, naturistas não são santinhos, a Santidade está diretamente relacionada com o exercício da fé e das virtudes que o ser humano deve desempenhar para o bem-estar de todos. É o ser livre de preconceitos e um nível elevado de compaixão, é ter o desprendimento de bens materiais, sendo capaz de tirar suas roupas para doar àquele que delas necessitam. Bom, tirar as roupas com facilidade os naturistas já fazem, portanto, não duvido que possamos encontrar por aí um Santo Naturista.
Evandro Telles
03/08/2010
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