O Congresso Nacional de Naturismo, um evento
realizado de dois em dois anos onde reúne naturistas oriundos de diversos
lugares desse país, inclusive de outros países também. O XIII CONGRENAT
realizado na Praia de Barra Seca, Linhares-ES, encerra hoje os seus trabalhos
onde tivemos muitos assuntos importantes para o Naturismo Brasileiro e a
eleição para Presidente e Conselheiros da FBrN (Federação Brasileira de
Naturismo).
Dentro
da programação estava prevista a palestra com o tema “Naturismo e o Respeito à
Nudez” que seria por mim apresentada, mas não houve o tempo hábil para tal
intento, o microfone só foi liberado às 13:00 hs e os participantes ainda nem
tinham almoçado, mas ninguém estava reclamando, nem eu. Para falar a verdade,
prefiro o silêncio, é mais significativo.
No
silêncio aprendo mais, observo detalhes que fugiria aos meus olhares quase
sempre muito atentos. Digo sempre aos meus amigos: Quer passar despercebido?
Não fique no meio de quem escreve. Não se trata de qualidade ou defeito, é uma
constatação da nossa própria natureza. O músico ouve sons que aparentemente
ninguém consegue escutar, o escritor percebe o que ninguém consegue ver. É um
perigo para os que gostam de mentir.
Na
sexta-feira à noite tivemos duas apresentações teatrais na Pousada Lua Nua, a
primeira, uma belíssima representação do Jorge Bandeira de Manaus, muito
significativa e poderíamos analisar sob diversos aspectos, não pretendo fazer
essa análise aqui. Ele mostrava se as roupas tivessem vida e no início ele
dizia: “is she” ou “i si”, acho que ele queria dizer “Isis”.
Em
seguida uma peça mostrando a resistência de duas crianças que precisavam
conviver com a sua avó nudista, apresentando argumentos da nossa sociedade
moderna. Uma dessas crianças foi a autora do enredo e que estava brilhantemente
(no sentido exato da palavra) sendo a atriz, os demais foram coadjuvantes. Será
que serei perdoado pelos amigos que estavam trabalhando na peça? Outra hora
farei a justiça e os elogios que também são merecedores, mas agora não, meus
olhos e ouvidos atentos estão focados na Ísis.
No
segundo ato, a menina de 8 anos de idade, a própria Ísis, conversa com uma
árvore. Só um naturista que atingiu seu ápice pode realizar tal diálogo, porque
entendeu a universalidade da vida. Mas não é algo que se busca como meta, como
se fosse um objetivo de um planejamento. Simplesmente acontece aos que nunca
foram tocados pela sociedade e vivem livremente. São puros de coração e tudo
admira, entendeu o “todo” que não pode ser separado, que a linguagem humana não
é algo que a impeça de entender o que a natureza nos diz.
Quando
fui apresentado a ela por sua mãe essa assim disse:
-
Olha filha, esse é quem escreve os textos que a gente lê nos nossos encontros.
Ela
responde
-
Nossa!! Numa total demonstração de admiração
Mentalmente
respondia
-
Nossa!! Nunca tinha visto um anjo de verdade, como a admiro por sua
simplicidade diante da sua própria natureza, estou comovido por sua admiração
de algo que nada fiz por merecer.
Ficou
difícil identificar quem ensinava ou quem aprendia. Isso se tornou indiferente
porque se tornou uma só coisa, a mente não entendeu isso e embaralhou toda a
lógica e assim foi possível o coração entender o que as palavras não poderiam
explicar.
Obrigado
Ísis pelo exemplo do que é ser uma naturista.
Evandro
Telles
31/03/2013