domingo, 20 de março de 2011

A utopia do naturismo

As utopias não são para ser realizadas, mas para denunciar o real. Uma utopia do naturismo é a sua relação com a natureza. Outra utopia é a honestidade, a camaradagem. A relação é extensa. O meu comentário é dirigido ao pedido de desligamento de uma pessoa da lista porque foi veiculada uma mensagem de um movimento dos atingidos pela barragem de Jirau, em Rondônia. Houve quebra-quebra n o canteiro de obras, atos que devemos condenar. No entanto, este quebra-quebra é conseqüência de deslocamentos de populações atingidas pela barragem, portanto é uma questão que envolve problemas ambientais.

Como comentei acima, uma das utopias do naturismo é a sua sensibilidade com as questões ambientais. Uma sensibilidade que não existe no mundo real. E daí a denúncia.

Por vezes eu leio coisas nestas listas que me assustam pela falta de sensibilidade. Claro que a falta de sensibilidade é muito presente no naturismo, como é a discriminação contra homens solteiros e agora com a ameaça (que já está se tornando um fato) da proibição de crianças no naturismo. Mas isto tem sido discutido. No caso deste pedido de saída da lista por uma pretensa colocação gramsciana que eu não vi (eu acho que sou ingênuo!...), e que discutir questões ambientais numa lista de naturismo... faça-me o favor!

Eu utilizo listas de discussões desde o seu início. Comecei num centro de estudos de sexualidade, ao qual pertencia, e depois comecei a utilizar como uma forma de manter contato com alunos. Obrigava-os a usar. Havia me aposentado de uma universidade pública e quando passei para uma particular era a forma de não me distanciar dos alunos.

As listas têm uma particularidade da qual as pessoas ainda não se acostumaram: as nossas palavras são escritas e as nossas ideias são gravadas. Não são, como se costuma dizer, “palavras ao vento”.

Quem diz o que quer ouve o que não quer. Ou, quem escreve o que quer lê o que não quer. Portanto quando escrevemos algo teremos que nos responsabilizar por aquilo, pelas nossas ideias. Isto nos choca porque não temos esta responsabilidade com a palavra falada. Deveríamos ter. Mas não temos.

Quando a palavra é escrita o outro fica evidente. Está registrado um pensamento. Muitas vezes contrários aos nossos. A primeira coisa em que se pensa é censurar porque não concordamos. Somos egocêntricos. Colocamos para fora um autoritarismo quase sempre exacerbado principalmente quando imaginamos que o escrito se refere a posições políticas, religiosas, etc., com as quais não concordamos. Nosso desejo é ficar a conversar com os nossos umbigos. O nosso umbigo não nos contesta.

Quem vive em sociedade deve imaginar a sua heterogeneidade. Por menor que seja a comunidade existem homens, mulheres, solteiros, casados, de diferentes classes etárias, todos com experiências de vida diferentes, tornando o diálogo conflituosos no sentido de troca de ideias. Nenhum dos seus membros é totalidade. Os nossos desejos, as nossas formas de pensar, terão que ser “negociadas” com os nossos interlocutores. Em outras palavras, teremos que conhecer o outro.

A lista é sobre naturismo. Naturismo não é somente nudez social. Falar sobre naturismo não só falar de encontros em volta de uma churrasqueira. É falar de gente, falar de gente com visões de mundo num mundo maior. E falar em mundo é falar como interagimos com o mundo social e com o mundo físico nos quais vivemos. Que é o mundo de todos.

Não quero falar das questões ideológicas e dos mitos que envolvem o ambientalismo, mas algo que fica fora das discussões: as transformações que uma barragem para uma hidroelétrica provoca no meio ambiente. O bioma modifica. Traz transformações à fauna e à flora. E desloca populações. Perdem território.

Território é um espaço físico no qual os nossos limites é o espaço social. Onde nos relacionamos com outras populações e com o meio. Quando trabalhei na Amazônia, na década de setenta, quase todos os migrantes eram evadidos das represas construídas no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Também eram os evadidos do Paraná quando houve a erradicação do café e da pulverização do sistema de colonato no Sul (os imigrantes receberam lotes quando da chegada no Brasil, as famílias cresceram e a terra tornou-se pequena para a subsistência de todos).

Incomoda-me muito o elogio exaltado à militância. Questões pessoais. Militância não é causa, mas consequência de algo. E quase sempre estes movimentos resultam de falta de planejamento.

Os movimentos ambientalistas estão impregnados de ideias religiosas e as unidades de conservação são como a tentativa de retorno ao “paraíso perdido”; a reconstrução do mundo selvagem. Mas é mundo real para quem vive lá, talvez há milênios, no caso dos indígenas.

No caso de Monte Belo há três níveis de conflito. (1) Os representantes governamentais preocupados com planejamento energético. O modelo de planejamento estatal brasileiro é do tempo do regime militar inspirado no polonês por ser autoritário; (2) as questões ambientais, o bioma e (3) as populações tradicionais.

Mexe com a vida e com a relação com o mundo destas populações tradicionais.

Portanto, classificar um grupo de militância com chavões não resolve. É colocar para fora o nosso egocentrismo autoritário (a redundância é proposital).

Os naturistas têm menos direito de fazer isto porque é um grupo discriminado em face dos seus propósitos de nudez social. Deverá ter a sensibilidade suficiente para sentir estes problemas.

sábado, 12 de março de 2011

Boiando num mar de mentiras

Minha carreira começou programando computadores. Entre os peculiaridades do mister é ou a programa está certa, ou esta errada, e não vale engrossar a voz, pois computador não entende de "Você sabia com quem você está falando?". Um terço da atividade é o chamado "debugging", termo que significa, debruçando-se sobre o trabalho de ontem, procurando, "Onde foi que eu errei?"

Naturismo brasileiro segue num caminho glorioso
É um atividade em que nem a soberba nem a mentira levam para frente. Talvez por isso que o naturismo brasileiro me deixe tão perplexo. Há tanta gente que mente, e tanta gente que acho que não importa a realidade, mas o que é dito!

Vamos, então, desmentir um pouco. Relato umas das mentiras que "ouvi dizer" no naturismo ultimamente, e se eu que nem naturista sou ouviu tantas, imagine os que mergulhem mesmo em naturismo! É um milagre que não se afogam em mentiras. Ou pensando bem, com a eleição em Praia do Pinho, estão se afogando, mesmo. 

  • "Richard conversou com Etacir Manske e Marcelo Pacheco no bar Capop em Praia do Pinho durante Congrenat".
    Não, enquanto eu estava no bar na mesma lugar que eles, é o único lugar para comer no pedaço. Mas não conversei, tem teria o que dizer. Os sócios da Colina do Sol mostraram nas urnas uma semana depois, que não querem conversa com Eta e Pacheco. Por que eu queria? 
  • "José Tannus se ofereceu para testemunhar no processo contra Dr. André Herdy em Taquara"
    Nem Dr. André, nem seu advogado, nem sua familia, receberam qualquer oferta de ajuda de Tannus, nem qualquer outra comunicação, a não ser um pedido para o livro de atas e outras papeis da FBrN.
  • "Celso Rossi conta na Colina do Sol que ajudou Nelci Rones no processo contra ele em Tambaba"
    O que Celso falou ou não falou em Colina não tenho contatos o suficiente para verificar - pode ser que ele se gabava te ter ajudado, ou não. Porém, Celso Rossi não ajudou de maneira nenhum no caso de Rones. É interessante que este boato apareceu somente quando já era claro que Rones era inocente, e que já estava para sair com habeas corpus
  • "A FBrN não foi procurado para ajudar Dr. André Herdy".
    Mentira descarada. Silvio Levy escreveu cartas abertas logo depois da prisão dos quatro. Eu escrevi para a presidência da FBrN, sendo exercitado pelo sr. Elias Perreira, na véspera de natal de 2007; o visitei na sua empresa perto de Brasília, junto com Cristiano Fedrigo, em maio de 2008; e Cristiano e eu fomos para uma reunião da diretoria da FBrN no Mirante do Paraíso em julho de 2008; e Silvio, Cristiano e eu fomos ao Congresso INF em Tambaba em setembro de 2008, pedindo ajuda. O pai e o advogado de André também ligaram para Elias, pedindo ajuda da FBrN, para explicar o que era naturismo. Ajuda foi amplamente pedido, e não foi recebido. 
    Eu ouvi, do sr. Tannus, que os pedidos de ajuda não vieram com procuração firmado em cartório. Se for preciso isso para conseguir socorro de sr. Tannus, devemos agradecer que ele não seja salva-vidas ou médico.
  • "A FBrN não tem assessoria jurídica e não pode ajudar ninguém acusado de crime."
    Isso eu ouvi direto do sr. Tannus. Bem, também não tenho assessoria jurídica, e nem Silvio, Cristiano, Joaquim, ou César tem. Tanto Fritz Louderback e Dr. André, quanto Nelci Rones, foram julgados no tribunal da imprensa, onde um voz pode ser ouvido, se for levantado rapidamente. Todos estes (e outros que não chegaram a ser acusados publicamente) foram acusados por ser naturistas, as "evidencias", quando houver, sendo "fotos de crianças peladas" em nada diferente daquelas veiculadas corriqueiramente na imprensa naturista ou na grande imprensa.  
  • "ELAN foi para ajudar nossos irmãos naturistas latino-americanos" Esta foi dita pelo sr. Etacir Manske no Congrenat, durante a sessão formal, e na presença de muitos que lá estavam e que souberam que chegaram ao ELAN dois uruguaios e um chileno, ou vice-versa. E ninguém deu um píu. O propósito do ELAN foi dar dinheiro e credibilidade para a Colina do Sol, que estava (e continua) com uma grande falta dos dois. O que realmente serve para criar laços entre naturistas da latina américa inteira é a lista Peladistas Unidos, que tem bastante leitores em espanhol e no inglês.
Estes são umas. Há muitas mais. Assustador é a freqüência das mentiras, e a naturalidade com que são contadas pelos seus autores, e aceitas pelos seus ouvintes.

E umas mentiras são consagradas. Quando é anunciada que haveria 4.000 naturistas no Congresso da INF, ou 2.000 no Congrenat, é proibido falar depois que o movimento estava abaixa do normal. Sendo que tudo é um sucesso, ninguém sabe o que foi um sucesso (no Congresso INF, os grupos locais como a Orquestra de Violões de João Pessoa, e o campeonato de surf naturista) e o que nem aconteceu (shows musicais programadas).

Mas o que importa saber os erros? Que necessidade haveria de corrigir o percurso? A boa nave FBrN é à prova de naufrágio, e aquilo que você achou que viu não pode ser um iceberg, e eu não vou lá ver porque a baile está esquentada. Que banda maravilhosa, não? 

    segunda-feira, 7 de março de 2011

    Missão Impossível

    Uma das peculiaridades do Congrenat é que nas sessões formais, enquanto a "situação" em Tambaba foi discutida, não se levantou o nome de Nelci Rones Pereira de Sousa, cuja prisão sob acusações falsas de pedofilia é o pretexto para as restrições contra menores de 18 anos, e para as ameaças de fechar a praia.

    Sr. Tannus afirmou que ele e João Olavo Rosés vão visitar Conde "na próxima semana" - que agora já é a semana passada - para uma reunião com o Ministério Público sobre o TAC que proíbe menores de 18 anos na praia de Tambaba. Tannus afirmou também que recebeu uma ligação do ex-presidente do Conselho Maior, Damasceno, pedindo um documento do FBrN defendendo a praia.

    Tannus afirmou que mandou um documento para Damasceno - que "não foi divulgado, pois as vezes coisas tem que ser feitos no sigilo" - em que reuniu as vantagens econômicos que a praia naturista de Tambaba trouxe para o município de Conde. O documento fala dos últimos seis anos, de dois encontros nacionais, e com as afirmações do prefeito de Conde de que o Congresso INF trouxe R$6 milhões de mídia grátis para o município.

    Também, o documento fala sobre naturismo, que a Federação é afiliado a INF, e fala da famigerado "Código da Ética" da FBrN - que não é um código de ética. Cita o Artigo 5º da Constituição.

    Tudo muito bonito. Infelizmente, sendo que nada tem a ver com o problema, em nada adiantaria.

    Vamos por partes, trantando hoje o empreendimento Reserva Garaú e  Rones. Em outra ocasião, examinaremos o TAC.

    O empreendimento Reserva Garaú

    Jornal Olho Nu foi a primeira mídia naturista de divulgar, em 8/01/11, o empreendimento imobiliário Reserva Garaú proposta para o terreno atrás da Praia de Tambaba.

    O jornal Jampanews divulgou que "Prefeitura do Conde é a principal vilã nos crimes contra o patrimônio ambiental do município", apontando que licenças municipais são emitidos sem as devidas permissões federais. Nem uma Área de Preservação Ambiental é seguro em Conde, parece.

    Vamos falar um pouco em dinheiro. Vamos falar em muito dinheiro. Dois mil apartamentos e casas de alto padrão dá quanto dinheiro? Dá quanto lucro? Quanto deste dinheiro está orçado para a compra das terras, e quanto para as devidas permissões? Ou, realmente, qualquer permissões que permitem começar e construir até o ponto de ter um fait accompli?

    É muito dinheiro.

    A praia de Tambaba tem três áreas. Enquanto o segundo, a meia-lua onde fica a pousada Dom Quinzote, é a área principal de naturismo, não há espaço entre o mar e as falésias que admitiria uma infra-estrutura tipo Praia do Pinho. Para qualquer crescimento de naturismo em Tambaba, a área além da pedras seria essencial. E é esta área que é alvejado pela Reserva Garaú.

    Pensando como um empreendedor, e conhecendo ONGs, eu tentaria fazer que os naturistas trocassem o futuro para o presente. Ameaçaria a praia inteira, para chegar num "meio-termo" em que os naturista abrissem mão de 75% da praia. Eu teria incluídos os naturistas nos meus planos - e provavelmente, no meu orçamento.

    Afinal, uma vez construido, os desejos dos residentes de 2000 condomínios bem ao lado, vão pesar mais do que gente pelado que vem de longe. 

    Quem já foi secretário, sabe como é

    O currículo divulgado do sr. João Olavo Rosés destaca que ele já foi secretário municipal, muitos vezes, e teve atuação partidária. Sem dúvida, então, ele já teve contato com os lastimáveis práticas ainda muito comuns Brasil. Deveria saber não somente a maneira em que estas coisas são acertadas, mas os valores praticados. Sem saber como funciona, como seria possível combater?

    Não enriqueceu na vida pública

    Podemos confiar que sr. João Olavo Rosés não enriqueceu na vida pública - pois ele não enriqueceu de maneira nenhum. A casa em que ele mora na Colina do Sol com sua nova mulher com quem frequentou Congrenat, está no nome da sua ex-esposa, Isolde Astrid Niewöhner, na última lista "oficial". Ouvimos também (na Colina tudo funciona à base de boatos, até ato oficial de comissão eleitoral) que o motivo que sua candidatura ao Conselho da Colina foi impugnado, foi que estava mais de três meses inadimplente nas suas taxas de condomínio.

    Pelo jeito, João Olavo está precisando de dinheiro. Só podemos admirar então que apesar das suas problemas pessoas, ele já arranjou passagens aéreas para ir com José Tannus para Conde, para ver pessoalmente a situação de Tambaba, e presumo, todas os aspetos da situação.

    Nelci Rones foi acusado de ser pedófilo


    Nelci Rones, diretor e ex-presidente de Sonata, foi preso na televisão, acusado de ser pedófilo.

    É isso que é o pretexto do TAC, e é isso que é o primeiro, segundo, e último coisa que o promotor em Conde vai dizer.

    Não sei se o promotor que está atrás do TAC, é a mesma de Caaporã que fez a denúncia contra Rones.

    Faz uma baita diferença. Pois qualquer dos "autoridades" envolvidos na prisão de Rones, e tinha um pelotão, que ia de promotor até Policia Rodoviário Federal (que diabos a Policia Rodoviária Federal tem a ver com isso?) e já sabem que nada de vítimas ou provas tem contra Rones, e a preocupação deles é "como que eu vou sair desta sem uma mancha enorme na carreira, ou pior?"

    É o que o promotor vai falar, e o que o promotor vai pensar. E Tannus e Rones vão falar de um "Código de Ética Naturista".

    E a pedofilia na Colina do Sol?

    E o promotor vai falar em Rones. E ouvindo que o sr. João Olavo Rosés é da Colina do Sol, ele vai falar do seu antecessor Dr. André Herdy, e vai falar do seu vizinho Fritz Louderback.

    Quem acompanha este blog, e www.calunia.com.br, já sabe que Dr. André, Fritz, e Rones são todos inocentes.Viu os laudos que comprovam que não há evidências, e sabe que as "vitimas" negam os supostas crimes, em ambos os casos. 

    Mas como que o Sr. João Olavo vai falar isso? Ninguém sabe melhor que ele o origem das denúncias contra os quatro. Foi ele que organizou a reunião na Colina onde foi distribuído o telefone de Disque-Denúncia, para Zumbi Stefans entre outros, que usou três dias depois sua esposa o deixou para o filho de 15 anos de Fritz Louderback. Os acusadores que relatarm os que "ouvi falar" na polícia, e nem disso disseram sob juramento, são da turma de sr. João Olavo.

    Claro que ele não pode admitir "Mentimos". Vai evitar o assunto. E o assunto é o assunto principal, ou pelo menos o pretexto principal.


    Não adianta

    A viagem de Tannus e João Olava pouco ou nada renderia para o naturismo. O Ministério Publico de Paraíba precisa algo para mostrar como uma vitória do desastre da prisão de Nelci Rones, e para esforçar a prisão de um homem inocente para um crime imaginário, nada como "defender inocentes" contra perigos imaginários. Permite que o discurso continua no reino do imaginário, onde evidências não tem vez.

    Mas como vão mostrar o perigo para o público? Ora, pode ser que naturismo tem sua "código de ética", mas não foi que ex-presidente de Sonata foi preso por pedofilia? Não foi que o ex-presidente da  FBrN foi preso por pedofilia? Não foi que um ex-presidente de Colina do Sol (Fritz Louderback já exercitou a funçao) foi preso por pedofilia?

    Sim, são todos inocentes. Mas João Olavo não poder dizer isso. Vai ter que engolir as palavras do promotor, e engolir o que a promotoria imponha na Praia de Tambaba.

    sábado, 5 de março de 2011

    Tambaba: "Naturismo em movimento", prefeito em controle

    A nova diretoria de Sontata será escolhido amanhã dia 06/03 em Tambaba (e não domingo passado como foi anunciado), na maneira "rocinha" de naturismo brasileiro: com chapa única e com um "Conselho de Ética", sempre útil para patrulhamento ideológico. A lema da chapa, porém, e de perfeição absoluto: "Naturismo em Movimento". O naturismo em Tambaba está sem dúvida em movimento. Mas em que direção?

    A defesa que faltava

    Mas antes da chapa, vamos ouvir a palavra do prefeito de Conde, Aluísio Régis, que é quem atualmente administra a praia. Conforme paraiba.com.br,
    Tambaba - Sobre a polêmica envolvendo a área de Tambaba e o seu ex-presidente da Sociedade Naturista de Tambaba (Sonata) Nelci Rones Pereira de Sousa, 47 anos, que foi preso com fotos de crianças que teriam sido exploradas na área, Régis minimizou.
    "As foto eram da família dele, além disso, todas as fotos foram tiradas em um assentamento de Pitimbu, não em Tambaba. Agora, a Promotoria Regional de Alhandra decidiu proibir a entrada de crianças ou adolescentes na área de nudismo da Praia de Tambaba. Mas os campos de naturismos são caracterizados pela presença da família. É um turismo livre onde se leva os filhos, netos. Um ambiente freqüentado pela família. Vamos conversar com a Promotoria para ver como isso ficará, porque aquelas pessoas que vinham com toda a família, não vão querer mais freqüentar. Depois dessa reunião vamos avaliar se talvez não seja melhor encampamos a administração de Tambaba", frisa.

    O prefeito, cujo cargo depende de votos, tinha o coragem de fazer a defesa pública de Nelci Rones que o FBrN até agora não teve o coragem de fazer.

    Claro que o prefeito Aluísio não estava se arriscando. Rones já estava livre; César Fleury já entrou em contato com o prefeito; os filhos de Rones fizeram um trabalho incansável estes semanas todas; e houve umas matérias favoráveis na imprensa de Paraíba e até de São Paulo, em parte devidos aos esforços encampados aqui.

    Em Paraíba, Aloísio falou com seus eleitores pelas ondas de rádio, e defendeu Nelci, o acusado de pedofilia.

    Em em Praia do Pinho, onde o FBrN se reuniu para o último Congrenat, não se ouviu nas sessões oficias o nome de Nelci Rones. Ouviu-se somente as ondas do mar.

    Reserva Graúna

    O prefeito já alterou o decreto que defina a área de naturismo em Tambaba, retirando da área de naturismo toda a área além das pedras - e toda a possibilidade de expansão de naturismo com infra-estrutura no estilo da Praia do Pinho.  Ele falou no condomínio atrás desta praia, na Area de Preservação Ambiental. E ele não falou no condicional:
    Áreas a venda no Conde – Aluísio Régis informou que existem duas grandes áreas para serem colocadas a venda e que aguardam futuramente a instalação de condomínios e resorts. São as de Gramame com 130 hectares e de Tambaba, com 250 hectares.
    São dois grandes projetos, que terão áreas comerciais, residências, campo de golpe, quando for lançado será um grande sucesso. Serão produtos do investimento com nível internacional”, revela.

    Chapa única

    Chegamos à Chapa Única da eleição de Sonata. A chapa pode ser encontrado melhor formatado no site da Sonata. Para evitar demora - pretendo estar longe do Internet grande parte de amanhã - já mandamos nossos parabéns para sr. Daniel Santos da Silva e a nova diretoria.

    Tomam posse de imediata. Mas posse de que? O prefeito já tirou 75% da praia do decreto, e o que sobra, ele tirou da administração de Sonata. Durante anos defenderem a praia de unha e dente contra o perigo de homens solteiros. Vamos ver se mostram tanto empenho contra perigos de verdade.

    E aguardamos deles uma defesa da praia de Tambaba - e de Nelci Rones Pereira da Sousa.



    Sociedade Naturista de Tambaba - SONATA 

    EDITAL DE CONVOCAÇÃO DAS ELEIÇÕES

    O Presidente do Conselho Superior da Sociedade Naturista de Tambaba-SONATA no uso de suas atribuições estatutárias, e em atendimento à deliberação da Assembleia Extraordinária, ocorrida no dia 13.02.2011 que constitui a comissão eleitoral e estabeleceu as normas do processo eleitoral.
    CONVOCA ELEIÇÕES para Diretoria, Conselho Superior e Conselho de Ética, para o dia 06 de março de 2011, entre 11h00 e 16h00 (Horário de Brasília), no Bar e Restaurante DOM QUINZOTE –  Tambaba/Conde.
    Tambaba/Conde, 19/02/2011
    José Marcos A. Lima
    Conselho Superior


    HOMOLOGAÇÃO DAS CHAPAS
    CHAPA ÚNICA: “Naturismo em Movimento”

    DIRETORIA EXECUTIVA
    Cargo                        Candidato
    Presidente DANIEL SANTOS DA SILVA
    Vice-Presidente ALEX SANDRO ANDRADE DE SOUZA
    CONSELHO SUPERIOR
    Cargo                        Candidato
    Primeiro Conselheiro JOSÉ MARCOS DE LIMA
    Suplente EMANUEL GUEDES S. DA SILVA
    Segundo Conselheiro ROSELAINE BARBOSA PESSOA
    Suplente FIRMINO MANOEL NETO
    Terceiro Conselheiro ZENEIDE LÍGIA DE A. QUINTINO
    Suplente EDSON TAVARES COSTA
    Quarto Conselheiro JOSÉ DE ARAÚJO RAMALHO
    Suplente EMERSON SALGADO
    Quinto Conselheiro MAXIMILIANO JOFFE
    Suplente MARIO LIMA PEREIRA
    CONSELHO DE ÉTICA
    Cargo                        Candidato
    Primeiro Conselheiro ANTONIO FERNANDO C. TOMBOLATO
    Suplente EVERALDO DE SOUZA PONTES
    Segundo Conselheiro GUMERCINDO LUIZ GARCIA
    Suplente CESAR HENRIQUE
    Terceiro Conselheiro JAIME CABRAL VIEIRA
    Suplente GIONES PEREIRA DA SILVA
    Comissão Eleitoral
    Presidente- Hildebrando Bezerra de Carvalho
    Membro - Marcus Vinicius de F. Lins Pedrosa
    Membro - Cristina Lúcia de Lima
    Contato: www.tambaba.com.br

    terça-feira, 1 de março de 2011

    Carta de Referência para um Desconhecido

    Na lista Papo Naturista, Renata Freira do NIP, também presente no debate no Congrenat, fez umas colocações que creio que iluminam o assunto do papel do passaporte naturista.

    Como já falamos aqui, alguém que não acompanhou um diálogo que se arrasta faz anos tem um certo dificuldade em seguir uma conversa com muitas referências implícitas às outras carnavais.

    Mas, também, alguém que participa de um debate, tende a ouvir mais seus próprios argumentos, e sentir que estes tiverem uma aceitação maior do que os de um outro participante, com outras idéias, pensaria.

    Venda do passaporte é livre no exterior

    Na lista Peladistas Unidos, que é internacional (como o ELAN não foi), chegaram missivas d'além mar. "Latin Nude Naturist" confirmou a visão do sr. Marcelo Pacheco, afirmando que qualquer um pode comprar o passaporte no site do AANR, e que ninguém nos EUA exige este bendito passaporte. A AANR saiu da INF, então a disponibilidade do passaporte INF pelo AANR já pode ser coisa do passado, mas durou um bom tempo sem implicância da INF, então não há porque o Brasil deve ser mais restritivo que os EUA.

    Pelo email, sr. Fritz Louderback, com ampla experiência em naturismo internacional, confirma a versão de que o passaporte é livremente vendido e é para levantar dinheiro, e contribuiu umas informações sobre o histórico do documento:
    A INF venderá e quer vender cartões INF. Eles nunca foram para ser evidência de uma conexão com naturismo. O homem que originou os cartões é um americano, Hap Hathaway. Eu jantei com ele no seu aniversário ontem. Os cartões era para levantar dinheiro e dava um desconto para aqueles que compraram. Hap nunca pretendia que os cartões seriam usados como uma licença para entrar num área naturista.

    Um recado no grupo usenet uk.rec.naturist.uk de 2006 afirma que:
    INF "passports" (sic) now have their place firmly in history and only but a few French resorts seem to be clinging to the requirement to have them.

    O que senti da reunião, foi que a posição do Pacheco levou o debate. Ainda, se alguém emitiu 300 passaportes para qualquer um que mandasse dinheiro, na prática já foi para o espaço a idéia de que o documento qualifica o portador.

    A visão do Pacheco difere da minha visão do Passaporte INF. Porém, as colocações de pessoas que conhecem naturismo em outros partes do mundo, me persuadem que o Pacheco está certo neste ponto, e eu estava errado.

    Carta de referência

    Vamos passar, então, para a visão do cartão da Renata:

    O cartão é uma referência e deve ser aceito como isto. Na realidade não é uma declaração de perfeição, mas é uma referência de bons costumes "assinado" pelo responsável que concedeu o cartão e o recomenda....


    O que vem à cabeça de imediata é um texto de Benjamin Franklin, "Modelo de uma Carta de Referência para uma pessoa que você nem conhece":

    Paris, 2 April, 1777.
    "Sir,
    "The bearer of this, who is going to America, presses me to give him a letter of recommendation, though I know nothing of him, not even his name. This may seem extraordinary, but I assure you it is not uncommon here. Sometimes, indeed, one unknown person brings another equally unknown, to recommend him; and sometimes they recommend one another! As to this gentleman, I must refer you to himself for his character and merits, with which he is certainly better acquainted than I can possibly be. I recommend him, however, to those civilities, which every stranger, of whom one knows no harm, has a right to; and I request you will do him all the good offices, and show him all the favor, that, on further acquaintance, you shall find him to deserve."

    Vamos repetir parte disso em português:
    "Eu o recomendo, para receber aqueles cortesias, devidas a qualquer estranho sobre quem não se conhece nada desabonador; e peço ainda você lhe presta toda a assistência, e trata como todo o favor, que o conhecendo melhor, você julga que ele merece."

    Síntese

    Pacheco vende para qualquer desconhecido. Renata disse que é somente uma carta de referência. E Franklin (que vale notar costumava tomara um "banho de ar" pelado todos os dias) nos fornece uma carta de referência para um desconhecido.

    Chega de exclusão

    Uma das coisas que mais achei estranha no naturismo brasileiro, é a obsessão com exclusão. Quem podemos restringir? Como deve ser o procedimento para expulsar pessoas? Quantas barreiras podemos colocar para alguém entrar num grupo, num espaço, até numa praia pública?

    Com mais pesquisa no naturismo brasileiro, entendi que várias destas obsessões -- contra solteiros, contra homossexuais, as patrulhas ideológicos (mas chamadas de "eticas") permanentes -- não são características históricas do naturismo brasileiro, mas somente as distorções da era Rossi, que está se encerrando, tardiamente.

    Como o naturismo pode crescer se qualquer um que aceita um novato, está colocado na posição de fiador moral? Arnaldo do Mirante, o espaço naturista mais próximo ao maior metrópole do País, nem emite para não ter responsabilidade.

    A carta de Franklin é, ainda depois 230 anos, um modelo que podemos seguir, em como tratar um desconhecido. Está mais do que na hora de abandonar as paranóias e a exclusão que foram impostos no naturismo brasileiro no último quarto de um século, de voltar à liberdade, à tolerância e à espírita aberta que caracterizaram o naturismo de Luz del Fuego e seus sucessores.