domingo, 30 de janeiro de 2011

'Fotos são de famílias adeptas do naturismo'

O jornal Agora, do grupo Folha de S. Paulo, tem na capa da edição neste domingo, acima da dobra - o lugar mais nobre do jornal - a notícia de que "Praia pioneira em nudismo está ameaçada". A matéria inteira não está na edição do Internet, mas uma entrevista com Nelci de Sousa Júnior, está.

Porque num jornal do grupo Folha? Enquanto há gente que despreza naturista virtural - inclusive Nelci-Rones, cujo soltura aguardamos com ansiedade, para que podemos voltar a discordar dele - não é a primeira vez em que o maior jornal do país deu ouvidos ao seu humilde correspondente.

30/01/2011

'Fotos são de famílias adeptas do naturismo'

Léo Arcoverde e Josmar Jozino
do Agora

O bancário Nelci de Sousa Júnior, 27 anos, filho do ex-presidente da Sonata (Sociedade Naturista de Tambaba) Nelci Pereira de Sousa, 55 anos, disse ontem ao Agora que seu pai é inocente e que não há prova contra ele.

Praia pioneira em nudismo está ameaçada
Sousa Júnior afirmou que, em abril do ano passado, ladrões roubaram a casa do pai e também levaram vários fotos naturistas. Segundo o bancário, na maioria das fotos aparece ele e as duas irmãs na praia, sem roupa. Havia fotos de outras pessoas nuas, todas naturistas.

"Não existem fotos de pornografia ou sexo explícito, mas sim fotos de nudez, sem maldade ou malícia, como prega a filosofia naturista", afirmou Sousa Júnior.

Ele disse ainda que seu pai sempre foi contra a especulação imobiliária na região da praia de Tambaba e acredita que a prisão dele pode ter sido uma represália de especuladores.

"As fotos roubadas foram entregues ao Ministério Público. Muita gente tinha interesse em prejudicar meu pai", acrescentou Sousa Júnior.

O filho do ex-presidente da Sonata afirmou que, depois de seis meses de investigação, "não foram encontrados quaisquer vestígios de comercialização ou divulgação das fotos na internet". Segundo Sousa Júnior, de todas as pessoas ouvidas durante o inquérito policial, apenas uma empregada doméstica que trabalhou com o pai dele acusa Sousa de atentado ao pudor. Antes da acusação, a ex-empregada da família teria sido demitida.

O bancário contou que o pai está num presídio com capacidade para 400 presos, mas que abriga 1.100. "Temo pela integridade física dele. Vou visitá-lo amanhã [hoje]. Espero encontrá-lo bem. Ele é inocente e aguardamos o julgamento de um habeas corpus".

Ação Criminosa: Prefeitura do Conde é a principal vilã nos crimes contra o patrimônio ambiental do município

Matéria originalmente publicada em:
http://www.jampanews.com/2010/ler_noticia.php?id=23211


29/01/2011
Ação Criminosa: Prefeitura do Conde é a principal vilã nos crimes contra o patrimônio ambiental do município

O litoral Sul do Estado, onde estão localizadas as praias mais bonitas da Paraíba tem sido um “El Dorado” cobiçado pela ganância imobiliária, que vem se mostrando ousada ao ponto de ignorar a legislação ambiental em vigor.
Apesar da ação fiscalizadora do Ministério Pùblico os crimes ambientais são uma constante em municípios como o Conde e Pitimbu, que integram a Área de Proteção Ambiental de Tambaba, um patrimônio ambiental que se estende por 11.500 há, onde a natureza brindou a região com falésias, recifes e corais, piscinas naturais, rios e lagoas de água doce e uma vegetação de deslumbrar os olhos.
São muitas as ações do Ministério Público na defesa desse rico patrimônio dos paraibanos e da humanidade. Para perplexidade de quem se interessa pelo assunto a Prefeitura do Conde é ré em todas elas, onde fica constatada sua ação criminosa ao facilitar e conceder autorização para a devastação do meio ambiente.
Empresários do ramo imobiliário encontram na Prefeitura seu principal aliado para invadir áreas de preservação ambiental e destruir o meio ambiente como já ficou constatado em muitas ações movidas pelo Ministério Público.
Um dos casos mais escabrosos dessa parceria criminosa foi constatado em maio do ano passado quando o MP ajuizou ação civil pública contra o empresário Gilbert Mehrez, da empresa Lausanne Empreendimentos e Participações Ltda, pela construção irregular de um apart hotel, no loteamento Jacumã I, no referido município.
A obra contrariava todos os preceitos legais que foram da construção em solo não edificável à devastação da vegetação de mangue. Para cúmulo do absurdo o condomínio estava sendo construído em área da União e tinha autorização apenas da Prefeitura do Conde.
A obra incidia sobre área pública e de preservação permanente, cedida de modo irregular pelo município do Conde, réu na ação. Quando a licença ambiental foi anulada, as obras foram simplesmente abandonadas, contribuindo para a degradação
ambiental.
O dano ao meio ambiente foi comprovado em parecer técnico emitido pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), segundo o qual foi realizada “a abertura de estradas em áreas inclinadas, com a retirada de vegetação nativa, utilizando máquinas pesadas, destruindo a camada fértil do solo”.
Ainda de acordo com o parecer, foram executadas obras de terraplanagem, para fins de pavimentação de vias e construção de chalés inacabados nas encostas (área de preservação permanente), não respeitando o recuo mínimo de 100 metros previsto pela legislação ambiental.
Esse procedimento do empresário não seria uma exceção, mas a regra no município do Conde principalmente depois que Aluísio Régis retomou o controle político. Conforme foi apurado, em abril de 1996, a Lausanne Empreendimentos obteve na prefeitura do Conde cessão de uso de área, no loteamento Jacumã I, pelo prazo de 99 anos.
A área cedida pelo município corresponde ao terreno no qual a empresa iniciou a construção do apart-hotel. No entanto, o referido local está completamente inserido em área pública de propriedade da União (terreno de marinha) e é caracterizado como área de preservação permanente.
A empresa obteve o alvará de construção perante a prefeitura em dezembro de 2003, mas em 2005 a Lei Municipal nº 376/20057 revogou as Leis Municipais nº 167/96 e 118/93, pelas quais o município cedia o local à empresa de forma ilegal e inconstitucional.
Outro exemplo estarrecedor do procedimento da Prefeitura do Conde pode ser medido por esta ação movida pelo MPF contra Eleonora Streak. . Segundo o MPF/PB, a ré construiu e reformou, de forma irregular, imóvel de alto padrão em área de preservação permanente (APP), na praia de Tabatinga, situada na Área de Preservação Ambiental (APA) de Tambaba (PB).
Conforme relatórios de fiscalização da Superintendência de Administração do Meio Ambiente da Paraíba (Sudema), o imóvel está situado não só a menos de dois metros das margens do maceió do Rio Bucatu, mas também próximo à borda da falésia da Praia de Tabatinga. A Sudema também verificou fortes indícios de supressão de vegetação nativa, além de plantio de vegetação exótica.
Consta na ação que a Sudema autuou diversas vezes o empreendimento, por ferir legislação ambiental, construção e reforma irregular no imóvel, por falta de licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes e por se tratar de edificação potencialmente poluidora. O órgão chegou a embargar a obra por duas vezes, até a sua devida regularização. Mesmo assim, a proprietária do imóvel continuou com a edificação, descumprindo os embargos.
A construção irregular foi realizada com a conivência da prefeitura do Conde. “A prefeitura já estava bem ciente da recomendação do Ministério Público Federal de que não concedesse qualquer alvará ou licença sem ouvir previamente a Gerência Regional do Patrimônio da União (GRPU), o Ibama e a Sudema. Ainda assim, decidiu favorecer a ré e conceder-lhe licença, sem qualquer espécie de oitiva da GRPU ou do Ibama”, relata o procurador da República Duciran Farena, autor da ação.
Para detectar e localizar as agressões ao meio ambiente e identificar as supostas construções irregulares na Área de Preservação de Tambaba foi realizado um estudo técnico utilizando-se o que tem de mais moderno em termos de Sistemas de Informações Geográficas.
Ficou constatado pelos resultados dos estudos que o Conde é o município que apresenta o maior número de infrações à Legislação ambiental do Litoral Sul paraibano. A Área de Proteção Ambiental Tambaba – APA- é uma unidade de conservação, e está classificada como uma unidade de uso sustentável, pois objetiva compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentado dos recursos naturais.
Ela foi criada através do Decreto Estadual Nº 22.882, de 26 de março de 2002. Inicialmente possuía uma área próxima dos 3.270 ha e localizava-se entre as cidades do Conde e Pitimbú. Municípios que estão inseridos na Mesorregião da Mata Paraibana, Pitimbú faz parte da Microrregião do Litoral Sul, enquanto o Conde da Microrregião de João Pessoa.
Através do Decreto Estadual Nº 26.296, de 23 de setembro de 2005, foi divulgada a ampliação dos limites da APA Tambaba, passando a ter uma área de 11.500 ha e fazer parte do território do município de Alhandra que também se insere na Mesorregião da Mata Paraibana e na Microrregião do Litoral Sul do Estado da Paraíba.
Assim após a ampliação, a área da APA ficou distribuída entre os três municípios da seguinte forma: 45,72% dentro dos limites da cidade do Conde, 39,55% em Pitimbú e os demais 14,73% nos territórios do Município de Alhandra.
Desse modo, a APA Tambaba, após o aumento de sua área, ficou situada entre os paralelos 7º 25’ 00” e 7º 16’ 30” Latitude Sul, e entre os meridianos 34º 55’ 00” e 34º 47’ 30” Longitude Oeste.
Com base nas leis ambientais em vigência no país e no estado, observou-se a existência de diversos casos nos loteamentos da área urbana da APA Tambaba nos quais tais leis não foram respeitadas.
Todo esse festival de irregularidades constatado pelo Ministério Público Federal dá uma dimensão da importância que o Litoral Sul tem para o Estado e a cobiça que desperta nos investidores nacionais e internacionais dispostos a degradarem o meio ambiente à procura de lucros fabulosos.
Como já ficou constatado que a Prefeitura do Conde é a principal vilã nessa corrida para devastar o meio ambiente do município é bom ficar de olho nas manobras patrocinadas pelo prefeito Aluísio Régis

Fonte:
 Redação

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Paraíso Perdido: Tambaba, um paraíso ameaçado pela especulação imobiliária















O prefeito Aluísio Régis está mexendo com um vespeiro. Ele está querendo fechar a porta do “paraíso” para milhares de adeptos do naturismo que freqüentam Tambaba, a maior referência turística da região metropolitana da capital e considerada uma das três praias mais bonitas do litoral brasileiro.
Segundo defensores do “paraíso” localizado no litoral sul do Conde freqüentado principalmente por naturistas de outros estados e de outros países - sede de encontros internacionais da prática do nudismo, o prefeito que, por muito tempo usufruiu da condição de “criador da praia”, estaria encaminhando mensagem ao Poder Legislativo municipal para extinguir a prática que vem desde Adão e Eva e que fora tão bem cultuada pelos nossos indígenas, eles que já vagavam nus quando as primeiras caravelas aportaram por aqui.
Como pretexto para o ato de violência contra a principal atração do turismo do município e do Estado, responsável pela explosão de pousadas e pela freqüência de milhares de pessoas na região, Aluísio estaria alegando “ocorrências policiais” envolvendo praticantes do naturismo, com o agravante de que, uma das personagens acusadas de prática de pedofilia na praia, seria membro da Sonata, entidade que administra Tambaba.
A prisão repercutiu e ensejou oportunidades para que o prefeito do Conde invadisse os espaços mais nobres e influentes da mídia paraibana para expor e justificar seu propósito de extinguir Tambaba que, para ele “já deu o que tinha de dar”.
A ocorrência policial apresentou-se com visível toque de armação desde o principio e tornou-se suspeita depois que o Ministério Público desconsiderou as provas apresentadas pela Polícia Civil, que seriam fotos apreendidas no computador do acusado.
Invasão Imobiliária
Mas, o que se tem tornado suspeito – e criminoso – é a avassaladora explosão imobiliária nos últimos tempos principalmente depois que Aluísio Régis retomou o comando político do município.
Ela seria tanta que a legislação ambiental em vigor no Estado estaria sendo desrespeitada de forma acintosa pelos investidores imobiliários sedentos em pôr as mãos numa das últimas reservas naturais do litoral nordestino e uma das mais bonitas ainda na sua plenitude original, onde o verde serve de adorno a paisagem deslumbrante.
Ao tempo em que Aluísio Régis organiza suas forças para destruir o símbolo da preservação ambiental da orla do seu município, interesses imobiliários poderosíssimos vindos de recantos como o EUA e Europa aportam no município alardeando vantagens que só beneficiariam especuladores, autoridades corruptas, milionários do mundo todo, contemplados com megas projetos de instalação de condomínios de luxo em detrimento do patrimônio natural.
Esse jogo de interesses imobiliários, que reúne cifras astronômicas, seria de fato a razão única para o fechamento de Tambaba, a pérola do projeto de expansão imobiliária, que seria atrelada a esses espaços nababescos.
São empreendimentos bancados pelo capital internacional que já fizeram a festa de mercados como Maceió, Recife, Natal e Fortaleza e terminou por levar à degradação o seu rico patrimônio ambiental.
Para esses setores que defendem a integridade física de Tambaba, a instalação de grupos imobiliários como a Century 21, uma das mais poderosas organizações imobiliárias do mundo, no Conde, não seria mera coincidência.
Ela veio atraída supostamente pelas promessas de revogação da rigorosa legislação estadual que permitiria a devastação da riqueza ambiental para instalação de monumentais empreendimentos imobiliários, que vem ser a sua marca registrada.
A Century – apenas para dar como exemplo a força dos setores mobilizados convocados para invadir o litoral sul - chegou com pompa e, segundo os naturistas, com voracidade, e festejando o potencial imensurável da área metropolitana da capital paraibana na qual está inserido o Conde, onde fica Tambaba.
Pioneiro
Um dos pioneiros na devastação e no desrespeito a legislação ambiental que protege o litoral paraibano teria sido o ex-governador Cássio Cunha Lima. Ele por todo seu período de seis anos como governador comprou briga com o setor imobiliário da capital por querer o monopólio de projetos como o Costa do Sol criado ainda no Governo Burity II.
Através de parentes e amigos, Cássio teria investido no litoral sul, onde gostava de veranear e onde inaugurou o estilo de privatização de praias para seu deleito e de poucos privilegiados.
Junto com parentes teriam também investido na invasão de áreas consideradas de preservação ambiental (APAS) e construído os primeiros condomínios fechados em praias como Coqueirinho, outro paraíso terrestre, hoje sobre controle da iniciativa privada.
Com a eleição de Ricardo Coutinho e o evidente prestígio do ex-governador cassado a chama da ganância imobiliária foi reacendida e, novamente o rico patrimônio ambiental do Estado estaria sob ameaça.
Não foi a toa que o prefeito Aluísio Régis foi um dos primeiros peemedebistas a aderir ao governador Ricardo Coutinho. Sua pressa foi tanta que era um dos primeiros da fila na solenidade de posse do governador socialista.
Aluisio sabe que o tempo é curto e só lhe resta à metade de um mandato para consumar o sonho de sua vida: lotear o litoral sul, ambição que foi abortada por Tarcísio Burity ainda nos idos de 79, quando criou uma das legislações mais modernos do mundo em defesa do patrimônio ambiental hoje em risco pela ganância desenfreada dos especuladores e da falta de compromisso de governantes inescrupulosos.
O Jampanews inicia uma série de reportagens abordando a devastação do patrimônio ambiental n litoral sul consumado sob o olhar complacente das autoridades do setor e estimulado por setores ligados aos interesses imobiliários.

Fonte:
 Redação
publicado em

http://www.jampanews.com/2010/ler_noticia.php?id=23185




Nelci-Rones, sem liminar mas não sem esperança

O advogado de Nelci-Rones entrou com um pedido de habeas corpus, mas lemos hoje no Diário de Justiça de Paraíba de que o pedido liminar - quer dizer, de imediata - foi negado:
 
HABEAS CORPUS N° 002.2010.001103-6/001 – Comarca de Caaporã/PB - RELATOR: Desembargador
Leôncio Teixeira Câmara - IMPETRANTE: Eduardo
Henrique Nogueira Luna - PACIENTE: Nelci Rones
Pereira de sousa – Vistos etc. "...No caso em tela, e
neste juízo preliminar, não restaram completamente
refutados os requisitos autorizadores da decretação
da prisão cautelar (fumus commissi delicti e periculum
libertatis), razão pela qual, indefiro a liminar pleiteada...". Publique-se. Cumpra-se.
 

É a decisão liminar que não ganhou, o mérito da petição, ainda tem que ser julgado. Mas isso pode demorar um mês ou mais.

A maneira em que a decisão é colocado -"não restaram completamente refutados" - sugere a dificuldade que se enfrenta nestes casos. O normal no Brasil é recorrer em liberdade. Fritz Louderback disse que quando ele estava na cadeia no caso Colina do Sol, entravam no Presídio Central pessoas acusadas de assassinato, em casos em que realmente tinha um defunto, ficavam uma semana e saíram com habeas corpus. Enquanto ele, num caso sem provas de que aconteceu, continuava preso.

Houve cadáveres, e os suspeitos foram soltos. No caso de Nelci-Rones, é preciso completamente refutar que um crime aconteceu, antes que pode ser solto. É muito estranho, para quem não é do ramo.

No caso Colina do Sol, com cada hábeas corpus, o desembargadores mandaram pedidos de informações para a juíza da primeira instância, Dra. Ângela Martini. Ela ela continuava mandando os dados, falsos, do inquérito, apesar da sua falsidade já ter sido amplamente demonstrado em juízo. Achei inexplicável, e continuou achando. Se for procedimento normal, não deve ser. Se não for normal, alguma explicação deve ser cobrada dela.

Tambaba Urgente!! - abaixo assinado


Tambaba Urgente!!






Vem do Conde um pedido e uma obrigação a todos os naturistas, para colaborar com assinatura do abaixo-assinado contra a revogação da lei que destina o espaço da praia de Tambaba para prática de nudismo. Segue o link. É só assinar e confirmar o email de assinatura.



Vamos colaborar, não podemos deixar que acabem com Tambaba naturista!!!!
Vamos a LUTA !!!!

Esse é o link...

http://www.peticaopublica.com.br/?pi=tambaba
ou pode entrar no site www.tambaba.com.br




Para:Governador da Paraíba, 

Secretário de Turismo do Estado


Os signatários



segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Nelci Rones, pedindo garantia de vida

Sr. Nelci-Rones de Sousa, preso 37 dias no central da polícia de Paraíba, desde sua prisão e condenação sumário pela imprensa local, acabou de ser transferido para um dos presídios mais perigosos do estado. Seu filho, Nelci Rones Júnior, pediu a divulgação da carta abaixo, em que ele implora, aos poderes oficiais e não-oficiais, pela segurança física do seu pai.

"Ver o sol nascer quadrado" não é de tudo ruim, quando se sabia que existia uma boa chance de não chegar a ver a sol nascer de maneira nenhuma. E parece que isso é a situação em que Nelci se encontra.

Nelci Júnior pede a divulgação da carta, dizendo que "Tudo que fizermos é válido, a situação chegou ao máximo do tolerável."

Há motivos sérios de preocupação. A transferência do Nelci-Rones para uma cela super-lotada - há 27 na cela, ouvimos - é talvez um sinal que nos meios oficiais, alguém percebeu que faltando evidências que poder sustentar uma condenação, uma maneira de evitar que o processo que pode complicar a polícia e o MP, é evitar o processo, pelo falecimento do réu.

Mas também os presos, ao contrário da polícia, MP, ou jornalistas, não tem fama ou audiência a ganhar impondo culpa no Rones. Fritz Louderback estava preso no RS numa ala reservado onde estavam presos muitos ex-policiais, e eles reconhecerem de imediato que sua prisão era uma farsa. No famoso caso da Escola Base - citado de novo pelo Lula poucos dias antes de deixar a presidência - posso dizer também que os presos foram muito mais abertos aos fatos do que os jornalistas, que só queriam saber de algo que sugeria culpa. Mas houve outros casos - o do Geovan Joaquim da Silva vem imediatamente a mente - em que baseado nas notícias falsas do TV, acusados sofreram agressão de todos os tipos na cadeia.

A transferência repentina do Rones, quando até a promotora tinha recomendada que ele fosse mantido no Central da Polícia para sua própria segurança, é uma medida oficial que coloca em risco a segurança física de Rones, e pode ser acompanhado por outras medidas, não-oficiais mais partindo das mesmas repartições, com o mesmo fim.


 
A
Corregedoria Geral da Justiça da Paraíba
Corregedoria Geral do Ministério Público da Paraíba
Secretaria de Segurança Pública da Paraíba
Comando da Polícia Militar da Paraíba
Grande Oriente do Brasil – Paraíba
Loja Maçônica Arlindo Correia
Centro de Defesa dos Direitos Humanos
Órgãos de Imprensa da Paraíba

Aos cuidados dos responsáveis pelos órgão supracitados

Senhores,

Meu nome é Nelci Rones de Sousa Júnior, 27 anos, bancário, casado, filho de Nelci Rones Pereira de Sousa, 55 anos, estudante, agricultor, que encontra-se encarcerado na Penitenciária Modelo Desembargador Flósculo da Nóbrega (Presídio do Roger) desde o dia 20 de Janeiro de 2011, após ficar preso na Central de Polícia de João Pessoa desde 14 de Dezembro de 2010.

Venho através desta esclarecer alguns fatos e solicitar a ajuda dos senhores no que diz respeito a integridade física, moral e psicológica do meu pai, pois, apesar do grande empenho dos administradores, diretores e agentes dos presídios do estado em manter a ordem e garantir a integridade dos apenados, é impossível manter o controle total sobre os mesmos, tornando a estada temporária do meu pai com sério risco de morte.

Dos fatos:

Meu pai foi preso dia 14 de Dezembro de 2010 através de um decreto de prisão temporária expedido pelo fórum de Caaporã, acusado do crime de pedofilia, após investigação de cinco meses, onde encontraram fotos de crianças e adolescentes nuas na praia de Tambaba e em sua residência.

Acontece que meu pai é um reconhecido naturista há mais de 20 anos, utiliza e defende sua filosofia de vida e as fotos encontradas, em sua maioria, são de nós, filhos e família, desde que éramos crianças. Tenho duas irmãs, uma de 29 outra de 17 anos que estão, também, na maioria das fotos. As demais fotos são de famílias que frequentavam o naturismo e a residência do meu pai. Não existem fotos de pornografia ou sexo explícito, como dito da acusação, mas sim fotos de nudez, sem maldade ou malícia, como prega a filosofia naturista.

Em cinco meses (agora seis) de investigação não foram encontrados quaisquer vestígios de comercialização ou divulgação das fotos pela rede mundial de computadores (Internet). A não ser há dez anos atrás quando meu pai era presidente da Sociedade Naturista de Tambaba, e alimentava o site da praia, www.tambaba.com.br, voltado inteiramente a filosofia naturista, como diversos sítios encontrados na Internet no Brasil e no mundo, com a devida autorização dos fotografados. Desde que saiu da presidência do órgão, retirou as fotos e o site do ar.

Vale ressaltar que no inquérito foram ouvidas diversas pessoas e que somente uma testemunha ouvida, uma empregada doméstica que trabalhou com meu pai há 5 anos atrás e que se desentendeu com ele na época, motivo pelo qual foi demitida, acusa meu pai de atentado ao pudor a adolescentes. Acusação veementemente negada pelas supostas “vítimas” em depoimentos igualmente constantes no inquérito. “Vítimas” essas que hoje são maiores de idade, não detém de nenhum trauma psicológico, mantém suas vidas normalmente, algumas casadas e com filhos, afirmam que meu pai sempre as respeitou e nunca tentou qualquer ato libidinoso, além de nunca prestarem queixa ou denunciarem meu pai, mantendo amizade até hoje.

Bom, mas este contraponto cabe a defesa no momento oportuno.

O motivo real desta carta é pedir, como filho, cidadão idôneo, formador de opinião e que acredita na justiça e nos direitos humanos, garantia da integridade física do meu pai. Tenho medo do que possa acontecer ou ter acontecido com ele desde que foi transferido para o Roger, pois, como dito pela Dra. Cassiana Mendes, promotora de Caaporã, a mim e a meu advogado: “é melhor seu pai ficar na Central de Polícia em cela separada, pois no presídio os presos têm suas lei próprias” e esse tipo de crime, mesmo sem comprovação ou julgamento é reprimido de forma brutal pelos apenados.

Quanto a transferência do meu pai: foi solicitada pelo(a) Juiz(a) da comarca de Caaporã, através de ofício entregue à Central de Polícia no dia 20 de Janeiro de 2011. Não conheço claramente as leis que regem este tipo de prisão, mas não entendi o motivo da transferência, pois meu pai estava encarcerado em cela separada, como solicitado pela promotora, e por lá ficou durante 37 dias, aguardando o desenrolar do processo, sem prejudicar ninguém, tendo como única despesa a alimentação, dada três vezes ao dia (que me proponho a pagar, se for o caso). E, nas vezes em que fui visitá-lo, percebi que encontravam-se várias celas vazias, o que dá pra entender que não há superlotação, ao contrário do presídio. Sei que a carceragem da Central de Polícia é para presos provisórios, mas não é este o caso do meu pai? A cela não era o melhor lugar para se viver, mas pelo menos tínhamos assegurada a integridade física dele e éramos muito bem recebidos pelos delegados, agentes e carcereiros.

Recebam por favor o meu apelo. Não sei se esta carta vai ajudar, mas peço que me entendam como um filho que não quer ver seu genitor, a pessoa que o criou com todo o amor e ensinou tudo sobre honestidade e respeito ao próximo, vítima mortal da injustiça que estão fazendo.

Agradeço desde já a atenção dispensada.

João Pessoa, 24 de Janeiro de 2011.

Nelci Rones de Sousa Júnior
 

domingo, 16 de janeiro de 2011

Decifrando o código

Quando examinamos a filosofia naturista, prometemos logo tratar do "Código de Ética" da FBrN, com o mesmo rigor. Para lembrar, a conclusão sobre a "filosofia naturista" era de que a palavra "filosofia" não descrevia muito bem do que se tratava, mas era usado para motivos de marketing: pega bem ter uma filosofia, e não somente o hábito de andar sem calças.

Para saber o que é um texto, é bom examinar o nome, que as vezes é uma pista, como "Receita de Guacamole". É bom depois ver o que o texto fala. Se não há menção de abacate, é certeiro de que, ainda que é encabeçada "Receita de Guacamole", que não é. É bom também ver de onde veio - provindo da chef de cuisine da Restaurante Rosa Mexicana, nossos expectativas são outros do que se veio de uma desconhecido.

No caso do desconhecido, poderíamos examinar outros textos da sua autoria, ou levantar um pouco mais sobre sua pessoa. Uma Lei de Proteção Ambiental é pelo nome uma coisa linda; mas se recebemos o projeto de lei do lobista da Liga de Madeireiros e Criadores de Gado, vamos ler com outros olhos.

E ainda, há textos com nomes bonitos, com propostas que parecem perfeitas, vindo de figuras idôneas, que na prática, não dá certo. Podemos imaginar gente em Teresópolis, preocupados com os pobres (ou pelo menos com seus votos) que implementaram uma política de "Moradia Própria Acessível" para abrir as ladeiras para ocupação das camadas populares. Afinal, rico gosta de proteção ambiental, mas também rico já tem onde morar, né?

E se isso parece safadeza, cinqüenta anos atrás os pensadores técnicos e modernos de São Paulo canalizaram os córregos para maior eficiência urbana, e os efeitos daquele pensamento não foram tão diferentes dos efeitos da ocupação das áreas de proteção ambiental de Teresópolis.

Nesta mesma linha, a Folha de S.Paulo de hoje traz a manchete, "Novo Código Florestal amplia risco de desastre".

Por final, há como o texto é aplicado. Vitor Hugo disse que "A lei, na sua imparcialidade majestosa, prone tanto o rico quanto o pobre de roubar pão e dormir sob viadutos". Uma mapa da distribuição da efetiva da polícia de São Paulo mostra que é concentrada não onde há mais homicídios, mas onde há mais roubos de carros. Sustenta a tese de que no Brasil a polícia não é usado para defender a lei, mas de defender os ricos contra os pobres.

Vamos olhar o "Codigo de Ética" da FBrN destes óticas, então.

Atrás dos nomes

Re-lembrando, porque algo é chamado de uma "filosofia" não comprove que é, das mesma maneira de que o fato que alguém foi preso numa "Operação Predador" quer dizer que é um. Os nomes incorretos podem ser inócuas (como "filosofia de naturismo") ou podem ser nocivos, como nestas "operações". Orwell escreveu em "1984" de um mundo em que o Ministério de Paz cuidava de guerra, e o Ministério de Verdade, de mentiras.

O escoteiros tem um "Código de Honra", a FBrN tem uma "Código de Ética". Já em si, é um nome que não permite que seja contra. Ninguém está contra ética, como ninguém quer deixar de "defender crianças". Ou, como vimos em Teresópolis, "dar aos pobres moradia própria, financeiramente e físicamente acessível."

Além de ser bom, um Código de Ética é importante. Se alguém deixou de cumprir as regras de etiqueta, pode ser que comeu a entrada com a garfo de salada. Mas alguém que violou o Código de Ética, fez algo sériamente ruim.

Vamos deixar de lado então a frase "Código de Ética", que distorce o pensamento. Falaremos da Lista de Regras: nome neutro que descreve o que é.

O que o texto diz, mesmo?

A Lista de Regras da FBrN engloba, no total, 15 regras, não todas da mesma importância. Destes, quatro podemos de imediato qualificar como simples regras sanitárias (deixando fora a segunda parte da Regra 11.7, que trataremos separadamente):

II.6 - Deixar lixo em locais inadequados.

II.7 - Provocar danos à Flora e à Fauna, ou à imagem do Naturismo.

II.8 - Satisfazer necessidades fisiológicas em áreas impróprias, ou exceder-se na ingestão de bebidas alcoólicas, causando constrangimento a outros aturistas (sic).

II.9 - Utilizar assentos de uso comum sem a devida proteção higiênica.

Não há nada de especificante naturista em nenhuma destas regras, a não ser II.9 e o fato de que praia naturista tende a ser afastada e primitiva, onde há menos cesto de lixo, e mais fauna e flora.

As regras sobre "respeitar a natureza" servem uma função mercadológico, da mesma maneira que a frase "filosofia naturista". Para quem não é naturista, andar por aí sem roupa parece bastante estranha. O apelo a "natureza", reforça a idéia de que há alguma tese maior atrás disso. Que é conveniente para marketing, mas marketing e ética são assuntos diferentes.

Temos também umas regras que parecem adequadas a qualquer lugar, onde um grupo heterogêneo de pessoas tendem a congregar, repetidamente - regras de boa convivência:

II.3 - Utilizar aparelhos sonoros em volume que possa interferir na tranqüilidade alheia, e ou desrespeitar os horários de silêncio regulamentados.

II.4 - Causar constrangimento pela prática de atitudes inadequadas.

II.5 - Portar-se de forma desrespeitosa ou discriminatória perante outros naturistas ou visitantes.

Destaco regra II.4 pois é tão vago que abrange tudo, ou nada. A não ser que uma cláusula destas é freqüente em regras de condomínios, e tem um sentido definido na prática brasileira.

No capítulo "Falta Grave", há outras regras de boa convivência:

I.2. - Praticar violência física como meio de agressão a outrem.

E há umas regras que coíbem comportamento sexual:

I.1. - Ter comportamento sexualmente ostensivo e/ou praticar atos de caráter sexual ou obscenos nas áreas públicas

II.1 - Concorrer para a discórdia por intermédio de propostas inconvenientes com conotação sexual.

Há algo específico de naturismo, que exige este regras? Tenta isso no Clube de Boliche, ou Clube de Atiradores, e vai ver que rapidez você é expulso. Ainda que, no Clube de Atiradores, outro solução pode estar à mão.

Podemos raciocinar aqui por analogia. O Clube de Atiradores, se tiver uma Lista de Regras, sem dúvida entre eles esta "Nunca transporte armas carregadas", e talvez "não porta armas ostentivamente fora da sala de treino de pontaria".

Regras que obviamente valeriam também no Clube de Boliche ou num área naturista.

O Clube de Atiradores deve atrair sua leva de loucos, que não entendem bem o propósito esportiva. Uma área naturista, também. As manias dos loucos nos dois casos são diferentes. É de esperar que os Atiradores destacam no regulamento o que vai afastar maníacos por armas, e que naturistas destacam o que vai afastar tarados.

Temos então uma categoria de regra que é bom para o geral, mas que merece ser destacado no ramo, ainda que não vale mais nem menos numa área naturista, do que em qualquer outro lugar.

Também estas regras tem sua função de marketing: sua existência, e num documento chamado "Código de Ética", é bom para apontar para gente de fora que poderia imaginar que "área de naturismo" é sinônimo para "orgia".

Relacionado há uma regra com função mercadológico semelhante:

I.4 Portar ou utilizar drogas tóxicas ilegais.

Esta regra serve a mesma utilidade que a proibição contra nudez do regulamento da Liga das Escolas de Samba. As escolas históricamente foram financiados pela contravenção, os banqueiros do jogo do bicho. Quem infringe a moralidade em um área, com freqüência compensa com um pose de rectitude moral em outros. Quando eu trabalhei no ramo (montei a loteria "raspadinha" para Nossa Caixa em São Paulo, e para o CEF nacionalmente), também evitamos ligações com bebidas, sexo, ou qualquer outra coisa divertida.

Chegamos a três regras que podem ser considerados específicas de naturismo (repetindo aquela se "sente na sua toalha"):

II.2 - Fotografar, gravar ou filmar outros naturistas, sem a permissão dos mesmos.

II.9 - Utilizar assentos de uso comum sem a devida proteção higiênica.

II.10 - Apresentar-se vestido em locais e horários exclusivos de nudismo, sendo tolerado às mulheres o topless, durante o período menstrual.

Nada especialmente exótica. Se uma área é de naturismo, pessoas se comportam numa maneira em que talvez não gostaria de der visto fora da área. Assim, a regra contra fotografia.

Voltando ao regra de toalhas, o Clube de Boliche exige sapatos adequadas, para não marcar a pista; o Clube de Golfe proíbe saltos altos no campo, pois gastam um enorme esforço de manter aquilo aveludado, e salto alto faz buracos. Exigir que alguém use uma toalha - ou não use roupa - numa área naturista, não é nada de outro mundo.

Mas também, não é uma "falta de ética" aparecer de roupa num evento naturista, como não é "falta de ética" usar salto alto no gramado. É respeitando uma regra, mas "ética" é outro assunto.

Paciência

Chegamos ao fim do espaço, ou pelo menos ao fim da paciência do autor, e a do leitor presume-se é mais curto ainda. Encontramos régras sanitárias, regras de boa convivência, regrás contra comportamento sexual público para afastar tarados, e três regras de naturismo mesmo.

Há também a regra contra uso de drogas.

Notavelmente, não encontramos aquela regra que proíbe solteiros desacompanhados.

E não encontramos nenhuma regra, de todas estas, que poderia ser bem descrita como sendo uma "regra de ética".

Sobram para considerar no próximo duas cláusulas que destacamos - o de "imagem de naturismo" e aquela de "Causar constrangimento pela prática de atitudes inadequadas" - se alguém saber o que este segunda significa, e se já foi invocada em alguma ocasião, favor comunicar comigo, pelo email ou nos comentários no blog.

Sobra também examinar a maneira em que esta regras são interpretadas, e como penas para violar-las são impostas. E sobram mais duas regras, que merecem ser examinadas com mais cuidado:

I.3. - Utilizar meios fraudulentos para obter vantagem para si ou para terceiros.

I.4. -Causar dano à imagem pública do Naturismo ou das áreas naturistas.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Ontem em Peladistas, hoje na Folha

Ontem falamos do poder de decepção das palavras, citando as duas "Operação Predador" em que a policia prendeu Nelci Rones em Tambaba este dezembro, e três anos atrás, Dr. André Herdy, Fritz Louderback, e suas mulheres.

Hoje, a Folha de São Paulo traz na sua terceira página matéria assinado pelo criminalista Adriano Salles Vanni, "Ilegalidade dos Rótulos da Polícia Federal" (somente para assinantes no site da Folha, mas disponível aqui.) Dr. Adriano nota que:

Rótulos esdrúxulos incutem nas mentes expressões que passam a ser muitas vezes o único elemento da incriminação de supostas quadrilhas.

A representação na mente começa com o vocábulo "operação", que tem sinônimo insosso: cumprimento de mandados judiciais.

Isso apenas inaugura o artifício.

Àquela expressão acrescenta-se outra, depreciativa e infamante, que, adotada pela mídia e pelos julgadores, lança o inimigo ao mais baixo degrau da dignidade humana, associando-o a insetos, a vermes, a répteis e a outros seres repugnantes.

As elucubrações para criação do vocábulo adequado são férteis: operações sanguessugas, gafanhotos, vampiros, chacais, anacondas e lacraias são exemplos. Além desses, inspirados na fauna, estigmatizam também: Pinóquio, Sodoma, piratas, metástase, Al Capone, "longa manus", cara de pau.

 O criminalista ainda comenta o efeito destes rótulos:

Mas por que perdura essa flagrante ilegalidade? Por agraciar com importante bônus os agentes da persecução penal, influenciando juízes e tribunais. Se para um lado há bônus, para o outro, reduzido a verme, resta apenas ônus, o ônus da prova da inocência.

A situação comentado pelo Dr. Adriano Salles Vanni é exatamente aquele vivenciado pelo Nelci Rones, Dr. André Herdy, Fritz Louderback e as outras: um adjetivo proferido em lugar de evidências - e servindo como motivo de prisão.

Sorte e coincidência

Em 2007, a corja da Colina acusou Fritz Louderback e Dr. André de pedofilia, e nós aqui dissemos de imediata que era balela. Escrevi aquela semana para o ombudsman da Folha e outros; semana seguinte procurei o Consulado Americano pedido ajuda para Fritz e Barbara; na véspera de Natal escrevi para Elias Pereira - substituindo para Dr. André na presidência da FBrN - alertando da sinais características de uma farsa policial, e alertando ainda que não importando como terminar o caso, ninguém nunca se orgulharia de abandonar um amigo, na hora de necessidade.

Quando as acusações vierem contra Nelci Rones, nossa resposta aqui foi publica e imediata. Nos assuntos que motivaram a ruptura da Sontata com a FBrN, as correnteza predominante aqui (ainda que o peladismo tolera divergência) era exatamente contra a posição de Rones.

Mas a prisão de inocentes é um assunto de suma importância; a admissão de solterios desacompanhados na praia não é. O que nós divide do Nelci Rones é pequeno, e o que nós une é grande, começando pelo fato que Rones também é filho de Deus.

Mas que identificamos a falsidade das acusações com rapidez no caso Colina do Sol não foi sorte; que acertamos de novo no caso de Rones, não é coincidência. Que nosso análise exposto aqui seja, sem tirar nem por, o que Dr. Adriano expus no maior jornal do país, também não é sorte.

Coragem

Curioso é que jornalista ache que é preciso alguma coragem para dizer que alguém é inocente, sem saber todos os fatos. E se, ao desenrolar dos fatos, o acusado for culpado? E o perigo de ter defendido um culpado?

O oitavo mandamento é "Não levantaras falso testemunho". A presunção de inocência é a pedra fundamental de jurisprudência ocidental. Pensar o melhor dos outros até comprovado o contrário, e ainda esteja disposto a perdoar, é a mensagem central do Testamento Novo.

Defender um culpado não é nem crime nem pecado. Acusar um inocente é ambos.

O que deveria assusta, é o risco de acusar um inocente. O que deveria assustar, é quanto pouco jornalistas se preocupam com a presunção de inocência. O que deveria assustar é o desprezo total para com as evidências e com os fatos, com que a imprensa procede quando um Autoridade faz uma acusação.

Risco baixo em defender

Ademais, o risco é baixo em defender alguém acusado de fazer parte de um "rede internacional de pedofilia". Abuso sexual de menores é um crime que quase sempre acontece dentro dos paredes do lar, cometido por familiares.

Sem entrar num excesso de detalhes, estes casos são quase sempre invenções. O "primeiro rede de pornografia infantil" nos EUA, em Los Angeles em 1973, não tinha ninguém processado por pornografia infantil. O "maior rede" foi uma empresa de Texas que processava cartões por sites adultos. Milhares de freguês foram apontados e presos, mas no maior parte dos deles, seus números dos seus cartões tinham sido roubados e usados à revelia. A página oferecendo pornografia infantil que a polícia mostrou para o juiz, foi desmascarada como uma montagem da próprio polícia. Como no "primeiro", e como no "maior", em quase todos estes casos, os números - ora de 'vítimas', ora do tamanho da freguesia, das receitas financeiras, da quantidade de revistas, fotos ou filmes produzidos - nunca aguentam uma examinação mínima para consistência ou plausabilidade.

Em outras palavras, quando alguém fala que estourou uma "quadra internacional de pedofilia", é uma aposta segura de que ele esteja mentindo. Estatisticamente como moralmente, não é nada arriscado em defender um acusado nestes casos.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Gatas no mesmo saco

Nelci Rones foi preso perto de Tambaba, faz quase um mês, e até agora o que apareceu contra ele é que ele tinha fotos naturistas de crianças, no maior parte, dos seus próprios filhos. 

Revista QUEM
Parece que ele não está sozinho neste pecado. Em março de 2009, a revista QUEM publicou fotos de Pietro, filho de Giovanna Antonelli e Murilo Benício, tomando banho de mar pelado na praia de Grumari.

Pela lógica da Prefeitura de Tambaba, na praia de Grumari, pode; ao lado na praia de Abricó, não poderia, pois praia de nudismo é impróprio para menores de 18 ...

(Vale notar que o blog do link vende publicidade ligado a palavras-chaves; a palavra "filho" na matéria, leva para a propaganda "Quem não tem Roupa Suja para Lavar que atire a primeira tampinha").

Bauer-Griffin
Ainda, encontramos  uma foto da brasileira Gisele Bundchen na praia com seu filho Benjamin, nove vezes depois que ele veio ao mundo, e ainda vestido da mesma maneira.

Presuma-se que Gisele não falta nem dinheiro para vestir o pimpolho, nem estilista disposta a fazer isso grátis.

É opção mesmo, que assim é a maneira mais confortável para o filho curtir a praia.

Que diferença há entre estes fotos e as de Nelci Rones?

Bem, sem nenhum disrespeito ao Nelci Junior, que nem conheço, uma comparação de fotos do próprio Rones e de Gilsele Bundchen sugere que é provável que Benjamin aos nove meses fosse mais bonitinho que Júnior ao mesmo idade. Ainda que todos os nenês são bem semelhantes tanto na sua beleza quando seu nudez.

Outra diferença é que Nelci está sendo mantido preso para verificar a possibilidade de que seus fotos foram veiculadas pelo  Internet. No caso de Gisele e Giovanna, nem é preciso verificar - já está comprovada, pelos links acima.

A lei é para todos, e deve tratar todos da mesma maneira.

Sugiro, então, que a polícia e a promotoria de Paraíba devem, de imediata, prender Gisele Bundchen e Giovanna Antonelli. Podem até compartilhar a mesma cela de Nelci Rones. Pelo menos isso tornaria mais agradável sua espera para a Justiça de Paraíba 


A filosofia e a filosofia naturista

Fulêncio, vegetariano, faz naturismo, e gosta de surfar e acampar.

Ele segue, então, as filosofias de vegetarianismo, naturismo ... surfismo e acampismo?

Bem, mas não é que sabemos que os primeiros dois tem suas "filosofias", enquanto surfismo é um esporte, e acampar é somente um passatempo?

Mas muitos brasileiros que ganham um salário mínimo deixaram de ser vegetarianos habituais durante a presidência Lula, pois finalmente poderiam comprar "mistura" e não somente arroz e feijão. Enriquecerem a dieta, ou empobreceram a filosofia?

Os Beach Boys pregam que, "Catch a wave and you're sitting on top of the world", uma declaração filosófica clara e enxuta, mais do que qualquer um que já o ouvi de naturista. E se o naturismo tem a ver com natureza, está mais proxima a ela quem acampa de short e camiseta na Mata Atlântica ou quem está nu no Mirante aguardando o barman trazer outra cerveja?

A filosofia analítica

Para examinar mais profundamente a "filosofia naturista", vamos dar uma passada pela filosofia de verdade.

A correnteza predominante da filosofia moderna, a filosofia analítica, preocupa-se com o senso de expressões, e suas conseqüências lógicas. O sentido de frases, mais do que o sentido de palavras: uma cadeia lógica é igualmente valido sendo sobre a modismo de naturismo, ou a filosofia de surf, ou o esporte de acampar: a substituição de uma palavra de conotação mais simpática não faz um argumento de repente mais forte.

Um exemplo já dado neste blog, é a velha pegadinha "Quantas pernas um cachorro tem, de chamamos o rabo de perna?" A reposta é quatro: ainda que é chamado de perna, o rabo continua sendo um rabo.

Só porque chamamos o surfe de uma filosofia, e o naturismo de um esporte, não faz que o surfe seja por isso uma filosofia, nem que o naturismo seja, por isso, um esporte.

Igualmente, ainda que habitualmente fazemos referência à "filosofia de naturismo" não comprove só por isso que existe mesmo tal coisa. Imagine que espalhássemos pelo Internet milhões de referência ao "rabo de naturismo". Ainda que o "rabo de naturismo" fosse amplamente divulgado nem por isso ele passaria a ser minimalmente abanável.

A decepção das palavras

A filosofia analítica costuma traduzir argumentos em lógica simbólica, e ver as conseqüências dos símbolos. Tem as vantagens de que permite examinar os argumentos desnudados das conotações potentes das palavras, e exige que se examine exatamente o que argumento está afirmando.

Traduzindo para lógica simbólico o celebrada prova de Descartes da existência de Deus, verifique-se que o fulcro do argumento é o uso de dois sentido distintos da mesma palavra, como se fossem idênticos. Que não são.

A lógica desempenha para os filósofos a mesma função que a contabilidade serve para as empresas e cada vez mais para os governos: a de manter-los honestos. É pela balancete que sabemos se o presidente do conselho está falando a verdade para os acionistas, e o prefeito municipal para os eleitores.

"Predador"

As palavras são os tijolos e paus que jornalistas utilizam para construir as suas matérias. Não desconfiam da sua matéria-prima. Mais devem.

Ano passado, o delegado Juliano Brasil Ferreira anunciou a prisão na região de Taquara de uma quadrilha pesadamente armada de 40 homens ... com cinco pistolas. Um pistola para cada oito homens não é "pesadamente armada", até porque não deixaria espaço para "levemente armada".

Só porque o delegado disse "pesadamente armada", não quer dizer que é.

Tanto na prisão de Dr. André Herdy em dezembro de 2007, e a de Nelci Rones em 2010, a polícia anunciou que aquilo era "Operação Predador". Se tivesse dado um nome neutro como "Operação Begônia", ou um que descreveu com mais clareza a finalidade da operação, como "Operação Aparecer", a cobertura teria sido diferente.

Um nome de operação é um opção de marketing. Permite que o repórter e o leitor ou espectador já sabe, num instante, do que se trata. Útil quando é correto, pior que inútil quando não é.

Céu e terra

As palavras são traiçoeiras. Bem antes da filosofia analítica (e antes do feminismo) Dr. Samuel Johnson disse que "Palavra são as filhas da Terra, e coisas são os filhos do Céu." A realidade das coisas é muita acima das palavras utilizadas para descrever-la.

Quando etiquetar é conveniente

As palavras são úteis quando queremos transmitir para alguém uma idéia de uma forma sucinta. Quando falamos de uma "estação de esqui", quem ouve já traz junto uma monte de conotações. Em termos de divulgar naturismo, é util que existe o termo "naturismo" e que seja largamente divulgada, e que a palavra traz conotações de uma prática pacata, consolidada, onde você poder trazer as filhas e a avô se quiser.


Porém, enquanto podemos transmitir uma faceta da verdade para os outros com nossas palavras, não devemos transmitir mentiras - como os delegados fizerem com a terminologia "Operação Predador". Conseguirem que os jornalistas e tele-espectadores engolissem as palavras, e não olhassem para a realidade por trás, que era bem diferente. E, ainda que simplificasse para os outros, não devemos aceitar nossas próprias palavras como substituto para a realidade.

A decepção inócua

Dizer que o naturismo é uma "filosofia" ou um "estilo de vida", em vez de um "esporte", uma "opção", uma "prática", ou uma "moda", é, no fundo, inócua. A sugestão de que há algo profundo por trás de uma prática que a grande maioria acharia estranha - como por exemplo ioga ou cooper, ambos de quais já foram bem excêntricos - é uma jogada de marketing antiga e honrada.

Mas não devemos confundir praticas habituais com "filosofia". Toda escola de samba tem uma "ala de baianas" e uma porta-bandeira e mestre-sala; é por força do regulamento, constume e estilo, ou porque a "ala de baianas", e algo que "faz parte da filosofia da samba"?

Filosofia e ética

Vimos, então, que falar da "filosofia de naturismo" é de usar um termo comum, conveniente da perspectiva mercadológico. No senso mais rígido de "filosofia", o naturismo não tem uma filosofia. Dificilmente vamos encontrar um uso da "filosofia de naturismo" e que "o estilo de vida naturista" não caberia igual, ou até melhor.

Em contraste com a decepção inócua da "filosofia naturista" - que não é uma filosofia - temos o "Codigo de Ética Naturista" - que não é um Código de Ética. Enquanto a "filosofia" é não faz mal, o "Código de Ética" é nocivo.

Mas acabou o espaço. Já falamos hoje da Filosofia sem filosofia, e na próxima trataremos da Ética sem ética.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Continuidade no naturismo brasileiro

A continuidade é dado, como a unidade, como motivo para não chutar a FBrN para o lato de lixo, criando uma organização nova para representar, e defender, naturistas.

Brasil tem uma longa tradição de naturismo. Cabral já encontrou o naturismo praticado por todos. A Luz del Fuego personificou naturismo com a fundação da sua Partida Naturista Brasileira em 1949, e no seu Clube Naturalista Brasileiro em 1954, como Laércio Júlio da Silva explicou aqui no verão passado.

Paulo Perreira, que conheceu Luz del Fuego, dá muitas detalhes sobre a verdadeira historia de naturismo brasileiro nos seu livros, que podem ser comprados no site do Jornal Olho Nu.

Brasil estava representado na fundação da INF-FNI (Federação Internacional de Naturismo) em 1952, e no congresso desta de 1972.

Continuidade e ruptura

O naturismo brasileiro já pode traçar uma história de mais de meio milênio, ou de mais de meio século. Em comparação, o nome "FBrN" tem somente uns vinte anos de uso.

No site da FBrN, há um histórico que liga a organização ao passado, onde se nota uns dos nomes sob quais o naturismo brasileiro já funcionou:

  • Partido Naturista Brasileiro
  • Clube Naturalista Brasileiro
  • Fraternidade Naturista Internacional do Brasil (FNIB)
  • Associação Naturista Brasileira (ANB)
  • Federação Brasileira de Naturismo (FBN)
  • Federação Brasileira de Naturismo (FBrN)

Vimos, então que a descontinuidade de nomes é até uma tradição do naturismo brasileiro. Em 1988, a ANB tinha uma passado honrado, e tinha aguentado a repressão da ditadura militar, que era pesado com qualquer divergência, não somente a política, mas também a cultural e até sexual.

Não houve, em 1988, motivo de abandonar a bandeira "ANB" para adotar uma nova, muito menos fingir que a organização era completamente novo quando quando simplesmente continuou a ANB, o presidente deste, Hans Frillman, ficou como vice-presidente da FBN.

Motivos de mudança

Mas agora há motivos e demais para querer uma nova organização, sob um novo nome. Enquanto a ANB tinha de que se orgulhar, o nome da FBrN já está maculado, e há um armário cheio de esqueletos - e até quem costuma anda somente de pele, não deve deixar esqueletos expostos. A inevitável lavagem da roupa suja da FBrN poderia ser assistido em mais conforto, debaixo de uma outra bandeira.

O maior motivo, é claro, é o abandono de Dr. André Herdy e os outros três naturistas presos com ele no caso Colina do Sol em 2007. Naturistas brasileiros poderiam concluir que uma organização que não defende nem seu próprio presidente, não vai defender ninguém.

Quando Nelci Rones foi preso três anos depois, a FBrN mostou que agora estava preparada - para se distanciar com rapidez de qualquer naturista alvo de acusações falsas.

O mínimo de decência

Seria talvez injusta exigir coragem da FBrN e dos seus dirigentes. Para quem nunca faltou coragem é difícil entender quem nunca tinha.

Mas se coragem não pode ser exigido, o que pode ser esperado é o mínimo de decência. Se à FBrN faltou a coragem de defender Dr. André, pelo menos não precisava aceitar como delegado no Congrenat de 2009 um dos autores das falsas acusações, Etacir Manske. Não precisava aceitar Marcelo Pacheco - que estava curiosamente bem organizado para encenar a destituição de Dr. André em 2007 - e suas muitas procurações.

E antes de dizer que não tinha escolha, bem, a lei exige que reuniões sejam abertas, e fecharam as portas da eleição em violação direta da lei da União. Poderiam ter barrado Manske e Pacheco, sim.

No mesmo Congrenat, não precisavam escolher a Colina do Sol - cujo diretoria era composta basicamente dos caluniadores, e que continuava implacavelmente perseguindo os alvos das suas falsas acusações - como sede da ELAN em 2010, nem ter prestigiado o evento.

A falta de coragem é uma fraqueza humana que precisamos aceitar, ainda que não entendemos.

Mas o acolhimento da corja da Colina do Sol, foi uma falta de decência.

Não de poder esperar ou exigir de todos, coragem. Mas se pode esperar, se podem sim exigir, o mínimo de decência.

Os esqueletos financeiras

Um dos atos da FBrN - sem valor pois perpetrado antes que sr. Tannus foi finalmente legalmente empossado na presidência em novembro de 2009 numa eleição convocada e conduzida conforme a lei, na Praia do Pinho - foi de "reconhecer" uma "dívida" inexistente de mais de R$100 mil, com o sr. Elias Perreira. Era suposamente gastos que ele fez em prole da FBrN, como por exemplo ter se hospedado num hotel de luxo em Espanha quando outros dirigentes brasileiros (e europeus) optaram para um lugar de classe econômico.

Não sei o motivo deste "reconhecimento" de uma dívida tão além das possibilidades da FBrN. Nos EUA, serviria para fraudar a imposta de renda, mas no Brasil, não sei. Nem quero saber. Que a "dívida" de sr. Elais, e qualquer conseqüências criminais da sua fabricação, ficasse com a FBrN!

Tinha vermelha

Também durante muitos anos as contas da FBrN como sua personalidade, foram misturadas com as de Celso Rossi.

Eu já examinei muitos negócios de sr. Rossi, e o próximo que encontro que pode ser chamado de honesto, será o primeiro.

Tanto mais longe dos "rolos" de Celso Rossi, melhor. Mas fácil fechar e abrir outra organização, do que tentar levar para frente algo que foi contaminado pelo contato.

"Ética"

A usa da "ética" como um mecanismo para expulsar desafetos, é um defeito da FBrN que merece um postagem a parte. Mas é um dos males tão enraizados, de tão difícil de extirpar (quem pode estar contra algo chamada de "ética", ainda que não seja?) que melhor começar do zero, do que suar para chegar ao empatado.

Herança Indígena

Os verdadeiros raízes de naturismo brasileiro, nos antepassados indígenas, são valorizado por umas figuras atuais de naturismo, como Carlos Sena em Manaus e Wagner em Tambaba. Porém, foram sempre desprezados pelo FBrN.

Desprezados especificamente pelo FBrN, não pela Luz de Fuego, PNB, CNB, FNIB, e ANB. A FBrN preferiu enfatizar o corrente "europeu" de naturismo.

É que coisa alardeada como "europeu" atrai brasileiro classe média, que nem quer saber de bugre.

E a classe média tem algo que os pobres não tem, que é dinheiro. Pobres foram inúteis para a FBrN pois não possuem nada de qual eles podem ser defraudados, para depois ser expulsos por "falta de ética" se ousam reclamar.

Seria bom resgatar os raízes indígenas do naturismo brasileiro.

Mas a tradição e a continuidade?

O cenário brasileira está cheia de partidos políticos que traçam seus antecedentes até raízes ilustres. O cristianismo está cheia de seitas que se dizem as únicas carregadores da palavra de Deus. A cultura tem movimentos como o tradicionalismo gaúcho (aquele pessoal que anda de bombacha) que perpetuam um tradição que a história desconhece. O arquitetura alpina da estância de Gramado deve sua existência não as tradições alemães, mas a legislação municipal - tudo aquilo data da emancipação de Taquara nos anos 50.

Sim, ter uma tradição é útil, e qualquer organização nova pode enaltecer a tradição ilustre de Luz del Fuego, ou daqueles que pisaram nestas terras antes que Cabral.

Um tradição existe, e quem procura ligações, encontra, ou fabrica conforme a necessidade.

A FBrN se aproveito da estrutura da ANB - na maneira em que o cupim se aproveita da estrutura da casa. A situação societária da FBrN é problemática; o prestígio desgastado; e o moral, irrecuperável.

Deixe para lá. Vamos voltar para a ANB, ou para Luz del Fuego, ou aqueles que avistaram as velas brancas das caravelas de Cabral. Vamos nós despir da carapaça da FBrN, e encarar o futuro, desnudos.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Caso Nelci Rones: Ainda sem vítimas ou evidências

Recebemos isto, do jornal Contraponto de Paraíba. Nelci Rones continua preso lá perto de Tambaba, e a polícia e Ministério Público continuam sem vítimas e sem evidências.

 
G-8 Contraponto PARAÍBA, 30/12 a 06 de janeiro do 2011
Geral

Naturista pode estar sendo vítima de injustiça e preconceito do MPE

Sem qualquer prova contundente da prática de pedofilia, naturista continua preso apesar de não haver vítimas

A prisão do naturalista Nelci Rones Pereira de Souza, ex-presidente da Sociecidade Naturista de Tambaba (Sonata), acusado de prática de pedofilia de distribuição de imagens de crianças nuas na internet, pode estar se transformando num clássico caso de "linchamento moral". Até agora, nem o Ministério Publico Estadual e muito menos a Policia apresentou prova contundente de que Nelci Rones tenha, de fato, praticado atos cruiminosas contra crianças.

Nelci Rones foi preso nuna operação coordenada pelo Ministério Publico Estadual contra a pedofilia. A ação foi plenamente gravada por praticamente todas as redes de televisão e pubicada nas edições de todos os jornais do Estado. Com ele, foram encontradas várias fotografias de crianças e adolescentes nuas.

Dito dessa forma, parece que Nelci possuia apenas fotos de crianças e adolescentes. Na verdade, o naturista tinha também em seu poder outras fotos com adultos sem roupas, em praias de nudismo.

Ao que tudo indica, Nelci Rones foi vitima de um grande equivoco e, agora, vai ficar difira para o Ministério Público admitir publicamente que prendeu, expôs em frente de câmeras de tevê e fotografias de jornais uma pessoa inocente.

A operação coordenada pelo MPE chegou a Nelci Rones a partir de denúncia anônima de que ele recebia crianças e adolescentes em casa, no município do Conde, onde ocorreriam abusos sexuais. Na residência do naturista a operação localizou apenas fotos de pessoas nuas, inclusive de
crianças e adolescentes. De posse das fotos, não foi difícil para o Ministério Público efetuar a prisão em flagrante de Nelci Rones. E é exatamente ai onde pode ter se estabelecido a diferença entre o fato e a versão. Para a Polícia e o Ministério Público, a simples posse de fotografias de crianças e adolescentes já caracteriza crime de pedofilia.

Mas o depoimento dos filhos do naturista muda completamente o rumo da versão alardeada pelo MPE. A filha de Nelci, de frente para as câmaras de televisão, garante que tudo não passa de um mal-entendido. As fotos encontradas pela Operação seriam, na prende maioria, dos próprios filhos de Nelci em diferentes fases da vida.

Outra acusação contestada pelos filhos de Nelci e a versão de que o naturista postava fotos de crianças nuas na internet. E aí entra outra vez a diferença entre fato e versão. De fato, Nelci postava fotos de pessoas nuas na rede mundial de computadores. Dito desta forma, parece que ele fazia parte de uma organização internacional de pedofilos.

Na versão dos filhos, o papel de Nelci Rones na Sonata - entidade que administra a área de nudismo na praia de Tambaba - é justamente atualizar a página da entidade na Internet e de manter intercâmbio com outras instituições de difundem a filosofia naturista pelo mundo.

Visto dessa forma, as fotos apreendidas e a interpretação que o Ministério Público Estadual deu ao fato pode fazer a diferença entre crime de pedofila e preconceito e desinformação de nossos procuradores estaduais.

Até o momento, nenhuma vitima de abusos que Nelci Rornes tenha praticado se apresentou à Policia. E praticamente impossível que, diante de tanta exposição na mídia das imagens de tevê e fotografias do suposto 'pedófilo" nenhuma vítima tenha se apresentado para corroborar a acusação.

Inquestionável o papel do Ministério Público no seu mister de defender a sociedade num estado democrático de direito. Mas é preciso moderação por parte dos procuradores, sobretudo pela mega-exposição à mídia que vem recebendo nos últimas anos, para que, de defensores da sociedade, se transformem em algozes de pessoas inocentes, vítinas de acusações levianas e de interpretações fundamentadas, apenas, no preconceito.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A união e a força

A FBrN ganhou seu Atestado de Inutilidade Pública quando se bateu em retirada no caso de Nelci Rones em Tambaba. A incapacidade de defender um naturista preso basicamente por ser naturista, se junta à incapacidade gerencial demonstrada no Congresso da INF na mesma Tambaba; e à censura do Jornal Olho Nu no caso Colina dos Ventos.

Para nem falar de como no caso Colina do Sol a FBrN abandonou quatro naturista inclusive até seu presidente, Dr. André Herdy, e depois ainda abraçou efusivamente a corja da Colina de quem partiu as falsas acusações.

Encontrei vários brasileiros, pessoas boas, que já participaram de naturismo organizado -- e não participam mais. Tantos foram os dissabores que aguentaram, que simplesmente se retiraram do meio. Eles se fizerem a pergunta clássica - "Estou melhor com ela ou sem ela?" e a resposta era, sem.

O caso Nelci Rones, com seus reflexos imediatos no banimento de naturismo familiar de Tambaba, foi para muitos a gota d'agua. Já passou da hora, dizem, para uma Associação que defende os naturistas. Que os representa, mas principalmente, os defende.

Contra isso, há gente pregando "a união", e também "a continuidade". Hoje olhamos o primeiro assunto, unidade. Depois, a continuidade, e a questão de interesses comerciais, e da defesa possível.

A emblema de autoridade dos pretores romanos era uma fasces, como carregado pelo jovem naturista ao lado. Os vários paus amarrados mostram que um sozinho é facilmente quebrado, mas unidos são fortes. O machado no meio simboliza a força.

É um símbolo de Justiça largamente usado pelo mundo; na estátua de Lincoln no Memorial em Washington, os braços da cadeira em que o grande homem está sentado, são lavrados com foices.

Mas também era o símbolo, e deu seu nome, ao fascismo italiano.

Os símbolos da união, e a palavra, são usados para legitimar noções completamente divergentes.

A unidade que abrange

Nada tenho contra a unidade - afinal, estou escrevendo no próprio blog de Peladistas Unidos, espaço este fundado por Ariana Boss, onde reina a pluralidade de opiniões, uma guarda-chuva (ou talvez melhor, guarda-sol) que abrange pontos de vista opostas, em cordialidade.

Abrange a pluralidade de opiniões, e a totalidade de informações. Joaquim cuida de postar na lista "Peladistas Unidos" todas as notícias, e não somente as que agradam ou apóiam um visão específica. Ou as que pintam um retrato de naturismo somente em tons de cor-de-rosa.

É interesses em comum que fazem um comunidade, mas interesses comuns não implicam na necessidade de uma ponta de vista única. Caminhamos na mesma direção, mas podemos discordar sobre a percurso a ser seguido. Mas vendo todos as informações e várias opiniões, podemos fazer a escolha melhor.

A unidade que se imponha

No meio da fasces, há o machado - simbolizando a força. Afinal, a união de todos dá a autoridade de disciplinar, não é?

O fascismo colocou o Estado acima do indivíduo. Qualquer fanaticismo é assim: a igreja que queima o herege em praça publica; a guerrilha que executa os companheiros que divergem a linha ideológica (que é sempre bastante estreita); a sociedade que marginaliza quem tem o cor de pele errada, ou o sotaque de classe baixa, ou não use as roupas de moda (ou qualquer roupa).

Não sou naturista: minha área de interesse é crimes de imprensa, e o caso Colina do Sol é um dos maiores do Brasil. Uma coisa que estranhei do naturismo brasileira, é a ênfase em exclusão. Uma vez um grupo naturista se forma, o primeiro assunto é: quem podemos excluir? Solteiros, quem dorme com a esposa de outro homem, ou quem dorme com outro homem mesmo? Quem esta abaixo de 18? Que tal quem está abaixo de 1m50? O naturismo brasileiro, na minha experiência, gasta muito mais esforço restringindo e expulsando do que recrutando e acolhendo.

Não é nenhum mistério porque naturismo engatinha no Brasil enquanto cresce em disparada em outros regiões do globo.

Como diferenciar?

Geralmente dá para diferenciar quem procura a união como meio de chegar a algum objetivo comum: vamos nós defender, vamos compartilhar experiências, vamos tentar proteção em lei. Quem quer união só para ter união, geralmente está realmente dizendo "faz as coisas da minha maneira, pois aqui sou eu que mando."

A fasces simboliza tanto a força que um pau ganha se unindo aos outros, quanto à autoridade ao qual este se submete quando faz parte da comunidade - qual força a pau teme mais que o machado?

Mas no caso de Nelci Rones, e no caso Colina do Sol, a FBrN não mostrou a força da união. Mostrou, "a encrenca é sua, e vou cuidar da minha vida". A "união" da FBrN não protege os paus contra as ameaças de fora.

O machado está protegido, ali no meio dos paus. E como Jornal Olho Nu descobriu, o machado não hesita em mostrar quem é pau e quem é machado.

A fasces simboliza o contrato social, a união e a força. A FBrN promete a união, e exercita somente a força. Estamos melhores com ela, ou sem ela?