O peladismo nasceu desdentado e careca. Não expulsa ninguém, e sua cabeça não está cheia de problemas cabeludos. Dos seus olhos recém-abertos, é estranho que todo e qualquer problema de comportamento e convivência seja encarado como de "ética". Num código de ética que trata de tudo, que vai de A a Z, tende-se a confundir o importante com o trivial.
Seguindo a filosofia minimalista e prática do peladismo, podemos procurar um código de ética mais enxuto, descartando as aberrações que o naturismo, especialmente o naturismo brasileiro, acumularam com o tempo. Proponho que o peladismo adote um código básico que vai não de A a Z, mas somente de V a X:
- Não matarás.
- Não adulterarás.
- Não furtarás.
- Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo.
- Não cobiçarás a mulher do teu próximo.
- Não cobiçarás a casa do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.
Poucos discordariam em tese destes mandamentos, mas na prática o naturismo organizado, a FBrN, tem feito vista grossa a escancaradas violações de todos eles, na Colina do Sol.
V. NÃO MATARÁS
Dana Wayne Harbour, 79 anos, o maior investidor no Hotel Ocara, encravado na Colina do Sol, foi assassinado em sua casa na Colina, dia 28 de novembro de 2007. Os papéis que ele tinha sobre os negócios da Ocara sumiram depois de sua morte. Ele tinha anunciado numa segunda-feira que ia mudar a disposição dos seus bens. Quarta-feira foi morto, e sexta, cremado. Segunda-feira um residente da Colina apareceu no Banco do Brasil com um atestado de óbito e tentou sacar todo o dinheiro da conta dele.
Em agosto de 2008, enquanto Barbara Anner estava numa audiência no Fórum de Taquara, alguém subiu no telhado da sua casa, dentro da Colina, que é protegida por guardas e cercas, e colocou espuma de uretano na chaminé. A bomba incendiária explodiu na próxima ocasião que a lareira foi usada, e apenas por grande sorte — e pela ação rápida do funcionário Pedro — a casa não pegou fogo, matando Barbara e sua acompanhante Nedy.
Nedy de Fátima Pinheiro Fedrigo, a residente mais antiga da Colina, foi avisada pelo médico de que se não se afastasse de Barbara, sua saúde não agüentaria. O estresse das ameaças constantes, os tiros na noite, as armas brandidas, os insultos, e por fim a bomba -- ela sofreu três ataques cardíacos, e sucumbiu.
O proprietário do camping, por motivos que ficarão claros a seguir, já fez muitas ameaças, algumas de arma na mão, contra os falsamente acusados no caso Colina do Sol, tanto antes de serem presos como depois da soltura.
VI. NÃO ADULTERARÁS
É de amplo conhecimento de que o camping da Colina do Sol é reduto de suingue, ou troca de casais. A presença de crianças e adolescentes na Colina inibe a sacanagem, e essa é em parte a raiz da oposição da gangue da Colina à presença dos jovens e dos que os apadrinham.
Não que suingue seja apanágio só da Colina. Recentemente visitei Tambaba e a Praia do Pinho; nos dois lugares tem áreas que todos sabem serem de suingue.
VII. NÃO FURTARÁS
Os acusadores dos quatro da Colina, com poucas exceções, devem dinheiro àqueles a quem acusaram -- e uma vez que conseguiram tramar o prisão de seus credores, não pagaram.
Mas o problema é de safra mais antiga. Na véspera do réveillon, em 1998, morreu Gilberto Antônio Duarte de Vargas, funcionário da Colina. Deixou a família desamparada, porque a empresa Naturis, responsável pelo gestão da Colina, não tinha recolhido INSS. A família do Gilberto acionou e ganhou -- mas até agora não recebeu um tostão. Ainda que algum dia consigam receber, os filhos de Gilberto já passaram seus anos mais vulneráveis na penúria e desamparados. Foram furtadas suas infâncias.
A ação não desabona apenas a Naturis, mas o Clube Naturista Colina do Sol, seus advogados, fundadores, e atuais gestores. Assim que foi condenada, a Naturis imediatamente doou seus bens para o CNCS. Conforme declarou o juiz do caso:
Resta óbvia a ocorrência de concilium fraudis perpetrado pela reclamada e o CNCS, para garantir a continuidade do clube, protegendo-se da execução trabalhista. A própria beneficiária da doação encarregou-se de requerer a falência da reclamada, sem mencionar ao Juízo falimentar que é detentora dos bens da ora "falida" e ocupa, agora, o cargo de administradora judicial da massa falida.
Há também um furto moderno, o de imagem. A empresa Naturis, além de gerir a Colina, publicava uma revista. Ela e suas sucessoras têm sofrido vários processos de uso indevido de imagem, geralmente de menores.
Para nem falar dos três assaltos que ocorreram na casa de André Herdy enquanto estava preso. Nos dois primeiros ficaram intocados os valores, mas os papéis foram revirados de pernas para o ar. Estariam os assaltantes à procura do livro de atas da FBrN, que comprova que esta é a verdadeira dona dos terras da Colina?
VIII. NÃO LEVANTARÁS FALSO TESTEMUNHO CONTRA O TEU PRÓXIMO
As acusações contra os quatro presos no caso Colina do Sol não partiram das crianças, nem das suas famílias. Partiriam tão-somente de dentro da Colina do Sol. Quer dizer, de "naturistas".
Com as acusações falsas, quatro pessoas inocentes ficaram treze meses privadas de liberdade. As crianças de Morro da Pedra, que tinham encontrado na obra social dos acusados uma oportunidade de fugir da pobreza -- com aulas de reforço, assistência médica e dentária, fundos para material escolar e outros benefícios -- voltaram para as pedreiras.
"Ele só ajudava meninos", disse a gangue da Colina, preconceituosamente colorindo a pecha de pedofilia com o matiz de pederastia. As testemunhas, e as fotos dos eventos patrocinados pelo casal americano, desmentiram a existência de tal preferência.
Partiram também de dentro da Colina as acusações de que Silvio Levy, defensor dos réus, estivesse fazendo ameaças e cometendo crimes contra a administração da justiça. Este absurdo foi desmascarado quando o sigilo foi retirado do processo e viu-se que as "ameaças" e "crimes" foram os apelos públicos e equilibrados que Silvio publicou no Jornal Olho Nu.
As mentiras também não começaram no presente caso Colina do Sol. No processo movido pelos herdeiros do Gilberto Vargas ficou comprovado que o conselho da Colina (inclusive seu atual presidente) e as advogadas da Colina fizeram declarações contraditórias em processos simultâneos. Atualmente um juiz estuda a queixa-crime. Que ela prospere!
De dez mandamentos, um é contra o falso testemunho. Não é um despropósito, pois seus efeitos se espalham. Envenenar o poço da verdade é como envenenar o poço da vila, de que todos bebem.
IX. NÃO COBIÇARÁS A MULHER DO TEU PRÓXIMO
Além do suingue, há adultério puro e simples. Um residente da Colina, três dias depois de sua esposa o abandonar para ficar com o filho adotivo de Fritz Louderback, denunciou o americano.
O adultério está na mira dos grandes mandamentos por causa das fortes emoções que provoca ente os seres humanos. No caso Colina do Sol, foi uma dos raízes do mal.
X. NÃO COBIÇARÁS COISA ALGUMA DO TEU PRÓXIMO
Aqui chegamos à raiz do mal que se instalou na Colina do Sol, e que o naturismo brasileiro carece de coragem moral para enfrentar.
Conheço a Colina do Sol pelos relatos dos outros: pelo que me disseram aqueles que moram lá, ou moraram lá até irem embora ou serem expulsos. Também vi um video e ouvi uns relatos de Pollyanna.
Foi Nedy que me falou, "Colina é para ser 'uma empresa de marca'. Tem quem ache que morar aqui dentro é uma grandeza, por causa da marca. Mas também precisam trabalhar, Vão sobreviver do ar, do lago?"
Tem gente que ganha dinheiro fora e só passa o final de semana lá. Mas e os de dentro? O esquema de concessões, pelo que ouvi, não rende a ninguém o suficiente para viver. Várias vezes faliram a concessão de construções, da internet, de telefonia. A venda teve vários donos, todos felizes em passar a bola pra frente. O restaurante rende poucos meses por ano, me contou uma antiga gerente dele.
Dos que moram dentro muitos "não fazem nada o dia inteiro a não ser fofocar" (segundo a fofoca, naturalmente). Dentre estes foram os que levantaram falso testemunho.
Mas se não dá para viver da comunidade pequena da Colina, sobrevive-se de que? De cobiçar o que é do próximo. De inventar violação do código de ética, de expulsar fulano e fechar seu empreendimento, de cassar sicrano e vender sua casa "para o bem comum".
E há os pequenos roubos de cada dia. Há um relógio de eletricidade para a Colina inteira -- e alguns moradores não recebem conta. A eletricidade que usam, em casa e em seus comércios, é paga pelo próximo.
É fácil. Pelo milagre de "democracia", você decide que o que é do próximo agora é seu. Vota que o próximo só pode comprar de você, ao preço que você fixar; que ele paga sua luz, fornece sua água, leva seu esgoto; e quando a renda do próximo acabou, basta expulsar e tomar seu patrimônio.
E quando seu servo morre no serviço, e sua família fica desamparada por que você cobiçou os contribuições que teriam garantido um mínimo para seus dependentes, você pode ficar com o que é deles por direito, e se esquivar da obrigação durante anos, e até empurrá-la para outros.
O naturismo organizado, com toda a sua ética, continua acolhendo quem violou e costuma violar estes mandamentos, aceitando como candidato ou eleitor quem participou ou compactuou com as muitos violações destes mandamentos cometidos pela gangue da Colina do Sol.
Em nome de que ética, fundado em que valores, os assim chamados naturistas fazem vista grossa, mentem que não sabe, fingem que não aconteceu? Como podem tratar como algo sem importância assassinato e tentativa de assassinato, roubo e calúnia? Como acham que tudo isso, inclusive crimes cometidos contra o presidente da FBrN, não é com eles?
Há pessoas cuja ética é norteada pelo céus, pelos valores que guiaram a civilização durante séculos. E há quem, enfrentando uma situação em que é mister agir, pergunta "O que é mais vantajoso para mim?"
Tenho tuda certeza que o peladismo vai agir melhor do que o naturismo organizado. Até por que pior, impossível.