quarta-feira, 5 de março de 2014

O NUDISMO E A PSICOLOGIA



Psicologia é uma ciência que estuda o comportamento humano e animal e os processos mentais (razão, sentimentos, pensamentos, atitudes). O corpo e a mente são estudados pela psicologia de forma integrada e não separadamente.

O Nudismo deve ser incorporado no estudo da Psicologia porque antes de tudo é também mental e não somente corpo despido. O sufixo “ismo” na palavra já tem o significado de uma doutrina, e a Psicologia poderia contribuir para o entendimento a respeito da nudez humana e as implicações psíquicas no indivíduo em que realiza transformações.

Como se processa essas transformações e como é o novo modo de vida após sentir a liberdade do corpo? Um estilo de vida que se opõe radicalmente ao outro não provocaria choques de identidades? Como seria viver naturalmente e autêntico com o próprio corpo se no meio social em que vivemos ainda não se consegue compreender que o Nudismo é ser livre dos disfarces?

Na dissertação de Mestrado na área de Antropologia de João Paulo Cordeiro Reis cita ele: “As mudanças que se operariam no nível psicológico possuem relação direta com a exposição pública da nudez. A evidência do corpo nu tende a ser percebida como um ato de coragem e aceitação de si, como prova definitiva da superação de um trauma gerado ainda na infância, mas que teria sido ultrapassado a partir de um gesto considerado excessivamente problemático no contexto ocidental. Ao despir-se, o naturista estaria rompendo com uma “cultura da vergonha”, criada para torná-lo medroso e submisso.”

Se a Psicologia tenta explicar o homem, podemos então afirmar que ela também evolui na proporção em que a ciência começa a realizar novas descobertas acerca da nossa natureza. A Física Quântica começa a proporcionar diversas especulações sobre a nossa constituição física e psíquica, a “Psicologia, até então lógica e pragmática, mesmo com sua inerente subjetividade, deverá considerar novas postulações de acordo com as considerações e paradigmas quânticos” (Psicologia e Universo Quântico de Adenáuer Novaes).

As perguntas são: Como a Psicologia irá explicar o psíquico sem considerar as constituições físicas? Será que os próprios psicólogos e estudantes da área estão livres corporalmente a ponto de ter o entendimento mais preciso do psiquismo?  Voltando à monografia acima citada ele faz referência às máscaras sociais:

De acordo com os naturistas, a civilização teria corrompido o caráter do ser humano, tornando-o egoísta e distante dos valores coletivos. De um estado original de pureza, ele teria sido levado à desconfiança e à malícia, tornando-se individualista e competitivo.

Sua nudez, compreendida como a marca da pureza original, teria dado lugar à falsidade das roupas e das máscaras sociais, que teriam a função de ocultar a verdadeira natureza das pessoas, criando múltiplos disfarces no contexto de uma sociedade marcada pela desigualdade.

É diante desse quadro que o naturismo tende a ser considerado como uma via de acesso a um mundo mais igualitário e fraterno, no qual o respeito pelo ser humano seria considerado um valor central. Contrapondo-se ao universo individualista e materialista das “sociedades têxteis”, os naturistas buscariam inventar modelos diferenciados de percepção e conduta, estabelecendo distinções marcadas entre o “nu” e o “vestido”.

No final do ano passado realizei uma palestra para alunos da Faculdade de Psicologia e até hoje nenhum mostrou interesse em realizar seus trabalhos de conclusão de curso quando o assunto é “Nudismo/Naturismo”.  Será que os nossos jovens não entendem que o corpo tem a sua beleza e sabedoria? O movimento Nudista tem muito para ensinar, mas é preciso querer aprender.



Evandro Telles
27/02/14



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