quarta-feira, 30 de outubro de 2013

SOU NUDISTA, ALGUM PROBLEMA?




Como é de conhecimento de muitos, o Nudismo nasceu na Alemanha por volta do ano de 1900, o professor alemão Adolf Koch inicia seus alunos nos desportos ao ar livre, bom isso não é segredo para ninguém, é história documentada.

Algumas federações até preservam em seus nomes a palavra “nudismo”, entre elas podemos citar ANF Australian Nudist Federation, NZNF New Zeland Nudist Federation, e até um dos maiores acervos da preservação da memória do movimento está localizada na Flórida, Estados Unidos chama-se American Nudist Research Library.

Tenho em minhas mãos livros de diversos autores entre eles cito: “Nudismo Y Naturismo” de Fernando Cabal, edição espanhola; Storia Del Nudismo de Jean Pascal Marcacci, edição italiana e outros. Nenhum deles faz menção depreciativa com relação à palavra “Nudismo”. Interessante que no país dos índios é que “toda nudez será castigada”!

Qualquer coisa que se relacione com a nudez humana a sociedade tenta criar um estigma, seja por humilhação, condenação ou culpa, não importa o nome que se dê à nudez, ela é sempre vista com olhar crítico por uma sociedade que tem medo da liberdade. Associar o nome Nudismo como se fosse algo irresponsável, inconseqüente, sem fundamentos que impliquem bem-estar psíquico, corporal e ambiental é, no mínimo, por falta de conhecimento das suas origens.

Nudismo é a consciência da própria nudez, os índios não praticavam o Nudismo, a nudez deles já era natural, não precisavam desse artifício para entrar na natureza e conversar com as árvores.

Na carta escrita em 1855 pelo chefe Seattle menciona: “Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumosas são nossas irmãs; os gamos, os cavalos, a majestosa águia, todos são nossos irmãos. Os picos rochosos, a fragrância dos bosques, a energia vital do pônei e o homem, tudo pertence a uma só família.” Definitivamente não precisava de artifícios para entender a unicidade da vida e da interdependência de todos que por aqui habitam.

A nudez pode favorecer reflexões sobre o corpo no universo, pensar de uma forma profunda e positiva sobre si mesmo sem necessitar de títulos. São as minhas ações e atitudes que poderão me definir, e mesmo assim imprimir uma definição equivocada por causa da amplitude da nossa natureza.

Freud disse que todo homem nasce neurótico. Isto é uma meia verdade, o homem na verdade nasce em uma humanidade neurótica. O homem nasce natural, real, normal, mas no momento em que o recém-nascido se volta parte da sociedade, a neurose começa a funcionar. A neurose básica é que ele sente e pensa e se identifica com a parte que pensa, e sentir é mais real que pensar, sentir é mais natural que pensar. Nascemos com o coração que sente, mas o pensamento foi cultivado; é dado pela sociedade.

Minha nudez não faz parte do pensar, nem quero saber o que pensam a meu respeito, só quero sentir o ar, o sol, a água e a terra. Os conceitos são puramente mentais, vou dispensá-los. Sim, sou nudista, algum problema?

Evandro Telles
29/10/13



sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Bons ventos para Tambaba?

A praia de Tambaba não é a única de Jacumã, Conde, ameaçada pela exploração imobiliária. Chegou quarta-feira do TRF5 a notícia de que uns heróis de capa preservaram outra praia do município.   

Não garante que a beleza natural de Tambabá continuará intocada, mas é um bom sinal.

TRF5 determina demolição de novas construções na “Praia do Amor” (PB)

23/10/2013 às 17:14

Magistrados estenderam os efeitos da sentença aos novos ocupantes irregulares, em Jacumã, no município do Conde


Foto: Ana Carolina Sacoman

O Tribunal Regional Federal da 5ª Região – TRF5 deu provimento, ontem (22/10), ao agravo de instrumento ajuizado pelo Ministério Público Federal (MPF) e determinou a demolição de novas ocupações na Praia do Amor, em Jacumã, no município do Conde (PB). O TRF5 reformou decisão da 3ª Vara Federal da Paraíba, que havia indeferido pedido do MPF para estender os efeitos da sentença proferida na ação civil pública, em razão dos danos ambientais causados por veranistas.

“Em Ação Civil pública os efeitos da coisa julgada não se restringem apenas às partes que integraram a lide, podendo a sentença produzir efeitos ultra partes (além das partes relacionadas na petição inicial), nas hipótese de legitimação extraordinária ou concorrente, e erga omnes (alcance geral), nas demandas que objetivem tutelar direitos difusos ou coletivos. Assim, embora as novas barracas não tenham integrado o polo passivo da lide (processo), inicialmente, porquanto ao tempo da ação ainda não existiam, sofrem os efeitos da decisão (sentença) proferida, sendo responsabilidade de o Município coibir novas ocupações”, afirmou a relatora, desembargadora federal Margarida Cantarelli.

ENTENDA O CASO – O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por intermédio de sua representação no estado da Paraíba, propôs Ação Civil Pública, com pedido liminar de retirada das barracas instaladas (inicialmente, eram seis proprietários), construídas irregularmente em área da União, por ameaçarem o ecossistema de mangue, gerarem poluição e destruição da fauna e flora, na localidade conhecida como “Praia do Amor”.

Os réus apresentaram contestação, alegando que habitam a área há mais de 20 anos, preservando-a e educando os turistas para que não promovam agressões à natureza. Alegaram, ainda, que as casas foram construídas de madeira e cobertas de palha de coqueiro, há mais de 20 anos não são levantadas novas habitações e se localizam a 30 metros do mar, na maré alta, bem como da faixa de mangue.

A sentença condenou os réus proprietários dos imóveis a desocuparem definitivamente a área, no prazo de 30 dias, contados do trânsito em julgado da decisão, condenou o município do Conde a proceder à demolição das construções e remoção dos entulhos, após o decurso do prazo de desocupação. J.C.R.F. e outros proprietários apelaram da sentença. A 4ª Turma do TRF5, por unanimidade, negou provimento à apelação.

O MPF requereu que os efeitos da sentença fossem estendidos aos novos ocupantes, tendo em vista que estes não existiam à época do ajuizamento da Ação Civil Pública pelo Ibama. O Juízo da 3ª Vara Federal da Paraíba negou o pedido. O MPF ‘agravou’ (ajuizou agravo de instrumento) da decisão. O agravo foi apreciado e julgado pela 4ª Turma do TRF5.
AGTR 132950 (PB)

Autor: Divisão de Comunicação Social do TRF5 – comunicacaosocial@trf5.jus.br

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

NATURISMO NO TERRITÓRIO DAS EMOÇÕES

Após o II ENNN Encontro Norte Nordeste de Naturismo que durou quatro dias, tendo como lema “Espiritualidade, Solidariedade e Compromisso”; e em torno disso muitas atividades que considero importantes de serem mencionadas nesse texto.

Necessário esclarecer que “Espiritualidade” não tem nada a ver com religião, crenças, Deus, Santos ou Profetas. Espiritualidade é um caso de amor maior do indivíduo em relação ao cosmos. Você toca na folha estará ao mesmo tempo tocando nas estrelas, é a universalidade sem fragmentos, é sentir o pulsar da vida em todas as direções, não há norte nem sul, não há fronteiras. No dia em que a espiritualidade tocar o homem não poderão existir guerras, violência, afrontas, porque o outro será um espelho que reflete ele mesmo.
 
Diariamente tínhamos um momento para reflexão dos elementos da natureza, fogo, terra, água e ar. No primeiro dia, uma fogueira foi acesa e a Rayssa fez abertura do evento de forma brilhante, louvando o “fogo” que em nosso corpo representa o coração, símbolo da paixão, do amor e da energia que nos faz movimentar. Todos os participantes mentalizaram o que deveria colocar para o universo, seus pedidos, anseios, desejos e provavelmente orações. Mas tudo de forma silenciosa em respeito às crenças individuais, que é um dos preceitos do Naturismo.

No segundo dia “a terra” com representação artística do amigo Jorge Bandeira, que deitou o seu corpo na terra molhada pela chuva que não dava trégua, mas foi bom que tenha sido assim em reconhecimento da nossa adaptação à natureza, não ao contrário. Antes da sua exposição, Jorge pede que tenhamos em mente as crianças ali presentes e o amigo Miguel que luta contra o câncer e sempre esteve em defesa do Naturismo na praia de Massarandupió. Deita numa posição fetal e os participantes colocam um punhado de terra sobre o seu corpo, e nada mais foi dito. Percebem a significância? É o encontro da vida e da morte, é a vida se manifestando da terra, vivida por uma criança que hoje luta e o seu final, coberta de onde surgiu. É o encontro dos opostos, é a vida que morre ou surge? É seu início ou fim? É a igualdade de todos os seres que vivem, é o direito de viver com dignidade. Não contive tamanha emoção e meus olhos lacrimejaram.

No terceiro dia, “a água” foi o terceiro elemento, exaltada a sua importância para a manifestação da vida, circulante em todo nosso organismo, além de nascermos por meio desse elemento. Todos passaram por uma fonte de água e ali se banharam. À noite foi o lançamento do livro “Naturismo – Um Corpo Não Fragmentado” em que tive a oportunidade de realizar uma breve apresentação, sem muita delonga por ver o cansaço de muitos que já tinham ido à praia, passado o dia em reuniões. Percebi a inconveniência de realizar uma palestra com muitos detalhes. O ponto alto do evento mais uma vez partiu da encenação do Jorge Bandeira de um texto escrito por Plínio Marcos (1935-1999), mostrando o índio transformado num mendigo, sem vida em seu olhar, sem alma e esperança. Culpa de quem? Dos que os tiraram das suas terras, mas também dos que calaram por medo, dos que nada fizeram para impedir a ganância, dos nossos antepassados e de cada um de nós que ficamos sentados, acomodados vendo passivamente o extermínio do homem nu, tirado à força de seu habitat, da terra e do seu lar. Culpa de quem? Mais uma vez pergunto. Por incrível que pareça encontro um dedo apontado em minha própria direção. Isso é consciência, Naturismo e Natureza andam de mãos dadas e antes de tudo, é um compromisso com a vida. (Edson Medeiros).
    
No quarto dia, encerramento com reverência ao “Ar”. A respiração, o reconhecimento que o corpo tem a sua própria sabedoria, o ar inspirado tem que ser solto, ninguém poderá reter como se um objeto fosse porque se for retido cessa a vida, tem que ser equilibrado, nem mais nem menos. Lembra-nos que a vida é uma fluidez e não estática, um constante dar e receber, que não somos donos de coisa alguma, só estamos usufruindo. Naturalmente surge a “gratidão”, que não é uma atitude e sim um sentimento. Não é que se tenha que agradecer a alguém, é andar no peito com a gratidão por todas as coisas e por todos que encontramos nessa passagem pela vida afora.
Algumas pessoas chegaram quando estávamos finalizando essa atividade ainda perguntaram: “Perdi alguma coisa?”
Sim, perdeu tudo, quem não participou perdeu muito.

Obrigado, as lições foram muitas. Aprendi que o Naturismo é também território das emoções.



Evandro Telles
14/10/13