quarta-feira, 17 de novembro de 2010

NUS NA PLATÉIA DE " BACANTES" NO RIO!!!

Por Claudio Lacerda



Caros amigos NATURISTAS, NUDISTAS, PELADISTAS, GAYS E E SIMPATIZANTES!

Ontem eu e mais 5 amigos frequentadores da praia do Abricó, portanto naturistas de carteirinha literalmente, tivemos o imenso privilégio, aliado a muita coragem, claro, de termos podido ficar completamente NUS na platéia da peça As Bacantes, dirigida por José Celso Martinez Correia.

Amigos, foi algo além do sensacional, espetacular e único. Por mais que eu adjetive o que senti, infelizmente só quem participou saberá o que vou descrever nas linhas abaixo.
A partir de um e-mail criado pelo meu amigo Jhonas e, devidamente reenviado para este grupo [naturistasgays], dirigi-me ao local da peça muito ansioso pois seria minha primeira experência de nudez extra-naturismo e, por assim dizer, em público literalmente. Público textil, claro. Sentamo-nos ao lado da banda como combinado, e os 6, naturistas cascudos realmente ficamos de início muito acanhados, obviamente. Jhonas que fez parte das Oficinas, disse que em determinado momento da peça (1º Nascimento de Dionísios) todos os atores ficariam completamente nus, inclusive já insinuando sexo entre eles. A partir dali, então, o clima mais liberal da peça seria quebrado.

Mas mesmo assim, ainda não tínhamos clima suficiente para isso! E a peça imeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeensa e muito confusa, com praticamente todos nus ou quase nus, incluindo o pessoal de apoio, seguia adiante.

No último intervalo, ou seja, faltando 2 horas para a peça terminar (total de 6 horas de espetáculo), finalmente tiramos a roupa. A essa altura do campeonato, o cheio de erva queimada já era algo comum, e se isso algo proibido literalmente por lei, não só era usado livremente na platéia, então nós os pelados que não estávamos em local público, estaríamos completamente livres para ali exermos o nosso direito de ficamos nus.

E ficamos!!! 

Mas, infelizmente, e para variar, uma mulher teve a infelicidade de comentar com outra que nós estávamos " saidinhos demais". Apesar dela tentar ser discreta, eu acabei ouvindo, e como eu também vi que ela consumiu a tal da erva, minha resposta foi curta e grossa: pelo menos eu não transgrido a lei.
Mas isso não nos atrapalhou. Interagimos com os atores, nos jogamos em cima deles na hora da cena do bacanal  hehe, nos sujamos de mel e lama, mas nada, repito, nada poderá descrever a emoção da força e da energia que a peça emana. Em determinado momento vimos que homens naturalmente também se beijavam, podendo também exercer seu livre direito de poderem amar livremente.

Sou naturista de carteirinha, mas defendo a livre expressão de poder ficar nu, e como vivemos num país hipócrita que está se vendendo ao exagero fundamentalista, temos então que apaludir de pé por existir essas raras oportunidades onde nós, os nudistas, naturistas, peladistas ou até mesmo oportunistas que tiraram as suas roupas, possam tranquilamente exercer sua nudez sem serem repreendidos ou virarem, no mínimo alvo de chacota e humor.

Hoje, caros amigos leitores, tem mais! E pelo jeito hoje seremos em maior número. A peça de hoje é o Banquete, onde, só para terem uma idéia, um dos músicos toca pelado.
 
Ah sim, antes de terminar gostaria de registrar que um convidado ilustre, o senador Eduardo Suplicy estava presente e, não só adorou a peça como fez no final um pequeno e inflamado discurso, sendo muito ovacionado.
No dia seguinte, apesar do cansaço, lá estávamos nós os naturistas, ávidos para podermos exercer nosso amplo direito de ficarmos nus!

E em "O Banquete" isso também foi possível! Além de nós outras pessoas da platéia, também se sentiram a vontade para arriarem suas calças e tirarem suas blusas, expondo assim toda a beleza natural de seus sexos, divinos como a semelhança de quem os criou.
Para quem ainda acha que fomos muito corajosos, saibam que foi algo próximo a divindade. Durante essas duas peças, ficar nu foi como estar "vestido com a roupa da pele", pois um dos músicos tocou 70% do espetáculo completamente pelado e uma das mulheres do apoio de contra-regra, nem pensou duas vezes em ficar sem blusa, como se a sua natureza masculina fosse mais natural do que a moral hipócrita ainda vigente.

Após a peça, uma pequena rave com músicos tocando ao vivo, sacudiu, literalmente a todos, incluindo os peladistas que pularam e muito, sentindo todo o seu corpo pulsar livremente, no meio de uma maciça composição de pessoas que, apesar de ainda estarem vestidas, sinceramente demostraram em seu mais íntimo, sincera inveja.
Presentes ao espetáculo, e que ficaram para a festa, abrindo um sorriso de aprovação ao nos verem nus e pulando, o casal Júlia Lemmertz e Alexandre Borges.


 
Antes de qualquer coisa, sou e serei sempre um amante da nudez!
 
Cláudio
(Moderador dos grupos NaturistasGays, HomensSolteirosNaturistas e frequentador assíduo da praia de Abricó desde 2004)

Esse texto foi publicado originalmente na lista Naturistasgays - ver em http://br.groups.yahoo.com/group/naturistasgays/?yguid=129380338

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

ARTIGO - PERCEPÇÃO

PERCEPÇÃO

O dicionário Michaelis cita que é o “ato ou efeito de perceber” e também que é a “faculdade de perceber pelos sentidos”. Faça um teste com você, tente ver o que está acontecendo ao seu redor, o que você está fazendo e o que outros também fazem. Irá notar que os sentidos ficam mais aguçados e ficamos mais atentos ao momento presente, passamos a observar mais o que se passa ao nosso redor.

No dia 05/06/10 na reunião do Grupo Naturismo Capixaba fiz o alerta sobre a falta de tempo na vida moderna. Hoje tenho em minhas mãos o artigo de Jane Mary de Abreu “Estamos num mato sem cachorro?” publicado no Jornal “A Tribuna” em 24/08/08 fazendo referência sobre o mesmo assunto. Dois anos após a publicação do referido artigo o problema continua. Estamos literalmente correndo atrás do nada.

Os maus tratos aplicados não somente aos animais em propriedades rurais voltadas à produção comercial, mas também o descaso, o abandono e a violência que muitos são infligidos não atestam nem de longe a espécie humana como a imagem e semelhança divina que na minha formação religiosa quiseram me fazer crer, muito ao contrário, penso que seja um desrespeito ao que é divino.

Esses questionamentos somente são colocados em evidência a partir das nossas percepções do mundo que nos rodeia. Não é diferente a crença colocada na infância de que o corpo deve ficar coberto porque a roupa é mais bonita, porque é pecado ou qualquer outro motivo para esconder as doenças mentais dos indivíduos. O ser humano culpado antes mesmo de nascer é, no mínimo, um absurdo dessas mentes doentias. A negação do que é fica pior, provoca distorções sociais e na própria personalidade da pessoa deixando-a infeliz.

A prática do Naturismo coloca um pé no freio e outro na terra, nos faz perceber a nossa verdadeira natureza, nua e livre de conceitos e preconceitos, igualitária. É disso que muitos líderes não gostam, porque querem a superioridade, o domínio das raças e das crenças. É o DISTÚRBIO HERDADO citado no livro “O Despertar de Uma Nova Consciência” de Eckhart Tolle. Ele diz que os seres humanos sofreram mais nas mãos uns dos outros do que em decorrência de desastres naturais, fazendo referência que no fim do século XX, o número de pessoas mortas violentamente pela mão de outras chegou a mais de 100 milhões. Será que não há percepção dessa insanidade?

Mas existe uma solução, por meio da consciência. Só sabemos o que é dia porque temos a noite; sabemos o que é calor porque sentimos o frio; o que é luz quando vemos a escuridão; o que é saúde quando se sabe o que é doença. Enfim, só com o reconhecimento e percepção da insanidade que será possível correção do distúrbio herdado, quando o ser humano se colocar na sua ordem natural e não como um Deus. Tal situação tornará mais claro e perceptível que somente podemos viver e conviver com as nossas verdadeiras identidades.  “As mentiras da personalidade são um fardo muito pesado para a essência, para a alma” (Osho).

 Fica evidente que o Naturismo não é só uma questão do prazer em estar nu, é conviver com as nossas verdades, é tornar perceptível a nossa existência e a vida que está latente em todos os seres, o reconhecimento da natureza tal como ela é, sem julgamento, sem melindres, sem hipocrisias.

Viver naturalmente impõe que se remova a falsa roupagem que nos encoberta, tire as máscaras e as fantasias que o verdadeiro aparece. Acredito que a percepção seja a porta de entrada para dentro de nós mesmos e seguir em direção a ela é uma atitude que pode mudar os valores até então nunca questionados.

É ótimo participar de um grupo naturista, ficamos mais livres de um monte de disparates em relação ao nosso corpo, proporciona momentos de alegrias e descontração, um bate-papo agradável e tudo se torna muito prazeroso. No entanto, é necessária a percepção do que se busca está além dos prazeres pessoais. Está no próprio conhecimento e no reconhecimento como seres naturais, desiguais, imperfeitos e por isso mesmo de uma beleza indescritível!

Evandro Telles
08/11/10