terça-feira, 27 de julho de 2010
III ENCONTRO DOS DIRIGENTES DE ÁREAS NATURISTAS
Nos dias 23 a 25/07/10 tivemos o III Encontro dos Dirigentes de Áreas Naturistas em Barra Seca, Linhares-ES, e o que já era de se esperar, avançamos pouco na solução de diversos assuntos ainda muito polêmicos. Mas é assim mesmo, um passo de cada vez, em nenhum momento tivemos a ilusão de esgotarmos os temas propostos.
Avançamos no desenvolvimento de abertura de canais de comunicação entre a Federação e os Dirigentes de áreas, um item importante no relacionamento de ambas as partes, como já dizia o famoso Chacrinha “Quem não se comunica.....”. E é por meio do diálogo que teremos os devidos entendimentos.
Outro item proposto para discussão foi sobre o uso de roupas em áreas naturistas. Tem sido observado com frequência o uso de cangas ou mesmo top less. De certa forma isso descaracteriza o movimento naturista. Muitas opiniões têm sido dadas nesses últimos tempos sobre esse assunto e como sempre não se consegue chegar a um consenso. A opinião de Renata Freire me parece para o momento a mais sensata, que é dirigir para objetivo de 100% da nudez, com paciência, explicação, harmonia e conscientização, o que já é feito em Barra Seca, um exemplo a ser seguido.
Naturismo é isso mesmo, é pacífico, é não agressão, é respeito e conscientização. Só tem um porém, o processo da consciência necessariamente passa pelo CONHECIMENTO (olha ele de novo!!) e requer leitura e estudo. Sobre isso tinha muito para falar e o tempo não me permitiu; talvez outra época ou por intermédio dos meus textos vou dando as minhas marteladas tentando abrir mentes. Mas faço a sugestão para todos os Dirigentes o incentivo à cultura naturista que tem uma História documentada e um lado filosófico.
O Jornal “A Tribuna” publica hoje dia 26/07/10 o evento realizado em Barra Seca dando ênfase sobre o uso de tangas, como se isso dividissem os naturistas, não divide nada, o Naturismo se faz com amizade, união e as diversas opiniões ocorrem por termos um país imenso, de culturas bem distintas de norte a sul. Isso sem contar as diversas áreas, umas públicas outras privadas, só é preciso bom senso. Na matéria não houve referência ao relacionamento de amizade, respeito e a alegria que prevaleceu em nosso encontro, mesmo entre aqueles que nem se conheciam. Considerando a falta de informações sobre o que representa o Naturismo no mundo, está de bom tamanho.
O Encontro foi sucesso, com representantes de Goiás, Paraíba, Distrito Federal, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Espírito Santo. Superou as expectativas, todas as pousadas da região lotadas e o clima de inteira harmonia, tal como o naturismo afirma ser.
É enganoso pensar que se sabe tudo sobre o Naturismo, aprendemos até com as crianças, aliás, são os principais professores, basta ficar observando-as. Cada encontro uma lição diferente, um modo de ver a vida de forma mais simples, sem esconderijos, sem subterfúgios, uma atenção à consciência das nossas formas.
Sem atenção para com a nossa própria consciência, não acenderemos a luz do respeito em torno de nós. (Correio Fraterno de Chico Xavier)
Temos muito ainda para conquistar, que não se faz da noite para o dia, e reafirmo como sempre, não precisamos de mais críticas, já as temos bastante, é preciso de forças que venham para unir e somar para o desenvolvimento dessa filosofia de vida. Necessário entender que, felizmente ou infelizmente, nós naturistas estamos à frente do nosso tempo e é com responsabilidade e exemplos que levamos a mensagem das nossas virtudes.
Sem controle do temperamento impulsivo, não alcançaremos a serenidade. (Correio Fraterno de Chico Xavier)
Passar um dia em Barra Seca é uma experiência incrível, tudo é lição. O Márcio Braga me dizendo “desamarre Evandro” é lição. A liberdade ensina a cada momento o que Faculdade alguma é capaz de mostrar em todos os seus períodos de estudos. Fazendo novamente referência à Joseane Medeiros que disse numa de suas palestras: “Naturismo é vida, é nudez consentida, é movimento sustentável”. Só vivendo um dia lá para saber o que estou dizendo.
Não acredite na fé das tradições, por maiores que sejam seus méritos e honras através do tempo e do espaço. Não acredite na fé dos sábios do passado. Não acredite no que você imagina ter vindo de alguma divindade. Não acredite em qualquer coisa que venha da autoridade de mestres e sacerdotes. Após a sua própria análise, acredite apenas no que você experimentar e reconhecer como correto, no que for bom para você e para todos os outros seres. (Kalama Sutta)
Parabéns a todos os Dirigentes, foi dado o exemplo vivo de harmonia.
Evandro Telles
26/07/2010
http://www.evandrotelles.blogspot.com/
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Seu nome na lista
A informatização do mundo coloca um monte de informação no alcance de todos. Bom quando procuramos, mas quando somos os procurados - o que poder significar, ter "seu nome na lista"?
Uns anos atras, um paulista rico, dono de uma empresa de perfumes, foi brutalmente assassinado depois de ter saído de um boate gay com três jovens da periferia. O boate fez questão de registrar todos que entraram, e ainda mais todos que saíram juntos, exatamente para coibir qualquer tipo de assalto. Os frequentadores souberam, e aceitaram trocar privacidade para segurança - afinal, a lista ficava nas mãos do boate, que já sabia quem era seus frequentadores.
O dono do boate, ansioso para ajudar desvendar o assassinato do freguês, aguadou a polícia com o relatório da sistema já pronto, mostrando com quem o finado tinha deixado o estabelecimento pela última vez. Mas a policia, na sua maneira, não queria o relatório, nem o movimento daquele noite. Queria o banco de dados inteiro, e levou.
Afinal, quem sabe para que seria útil no futuro, a "lista dos gays", os grão-finos e nem tão finos assim? Para desvendar outro crime. Para elevar um crime (e quem o resolveria) ao estrelato, o "lista dos gays" poderia fazer a diferença. Para encontrar alguém para desempenhar o papel de bandido, quando e o tempo urge e o delegado saindo de mocinho poder garantir aquela vaga cobiçada. Num país onde durante décadas colunistas sociais ganhavam menos para publicar, do que para não publicar, quem sabe o valor de uma lista destas?
Durante a Grande Depressão, o partido comunista nos EUA era mais um da fauna política exótica. Depois da segunda guerra, quando J. Edgar Hoover precisava uma ameaça para justificar o orçamento anual da FBI, ele escolheu o partido comunista como sua garantia financeira. E ter sua nome na lista, de repente tinha importância.
Caminhos inversos
Mas o que isso tem a ver com peladistas?
Vimos nestes meses duas mudanças em sentidos contrários. No editorial desta més do periódico brasileiro de naturismo, Jornal Olho Nu o editor Pedro Ribeiro reclama que recebe cada vez mais pedidos de pessoas - até dirigentes naturistas - que querem seus nomes retirados dos números antigos do jornal.
Pessoas que não querem seus nomes na lista.
Remando contra o maré, a Federação Brasileira de Naturismo quer que todos as associações afiliadas, gravam os nomes dos seus associados numa lista computorizada, e os mandar para a FBrN, para que este pode ... bem, a vantagem para o associado nunca foi explicada.
Comprei um passaporte naturista dois anos atrás, quando pouco sabia da FBrN, e imaginava que esta faria um esforço mínimo em apoio do seu presidente, então preso sob acusações falsas. Imaginava também que o passaporte servia para alguma coisa, que as associações e empresas credenciados pelo FBrN tinha uma obrigação de honrar o credencial da INF.
Levei minha esposa e filha na minha primeira visita a um resort naturista (elas aguentam muito). Para meu alívio, minha esposa já conhecia a esposa de Arnaldo do Mirante, e sua neta. Quando comprei meu passaporte não pretendia fazer um para minha filha, pois as vantagens para ela eram poucas, e houve o perigo de que um dia poderia ser uma problema ter sua nome na lista. Quando vi a maneira em que Sampanat fazia sua lista, de caneta num caderno, minha hesitação sumiu. Aquela não seria eterna: eu poderia fazer sabendo que minha filha poderia desfazer, e seria desfeito mesmo.
Mas enquanto até dirigente de grupo não quer seu nome na lista, porque impor em cada naturista que se associa formalmente, que num computador seu nome vai constar na lista, e esta lista vai para quem sabe onde? O uso esperado, não se sabe; o uso inesperado, nem se pode imaginar.
Como os outras lidam com isso
Não é "parte da vida, não tem o que fazer". Para motivos de privacidade, o equivalente novo-iorquino do Bilhete Único de metrô e ônibus não grava os movimentos dos usuários em qualquer sistema central. Somente o próprio cartão tem estes registros.
Aquele cartão no envelope dentro da contra-capa do livro da biblioteca, onde você poderia ver quem leu o volume antes, não existe mais nos EUA. Não porque foi trocado por computadores, mas por que foi trocado por uma sistema que não mantenha nomes numa lista de quem leu qual livro, explicitamente para evitar que alguma Autoridade poderia exigir a lista.
Nuvem no horizonte
Este semana, em São Paulo, uma jovem de 16 anos foi proibida de mostra o seio no palco. Peladistas Unidos recebeu dois pedidos de socorro nos últimos meses, de naturistas que estavam em apuros porque alguém achou que o corpo humano faz mal a menores.
Com este mentalidade, uma lista de naturistas poderia ter muitos utilidades. Vamos por que há suspeita de que uma criança que visitou uma área naturista sofreu abuso - e certeza de que três que visitaram o resort comum no outro lado da rua sofreram. Bem, o comum, faz o que, e a mídia não se importa. Mas na área naturista, há estes passaportes, e uma lista de quem estava ... uma lista de quem já estava ... uma lista de quem mora na região ... está cheio de lista, cheio de pistas. E enquanto há suspeito que uma criança sofreu, não seria bom verificar todas? Quais destas famílias tem filhos menores?
Há muitos bons motivos de não querer seu nome na lista, e os motivos só tendem a aumentar. A nuvem qualquer um poder ver, de onde vem o vento, qualquer um pode sentir. A tempestade vem na direção dos naturistas, e a Federação que deveria esta tomando providências ... esta colocando seu nome na lista.
Para facilitar.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
ARTIGO - LIBERDADE DE PENSAMENTO
Hoje, 14/07/2010, em todo o mundo comemora-se o dia da liberdade de pensamento, esta data foi escolhida pelos franceses como feriado nacional e data de celebração da Revolução Francesa em que houve a Queda de Bastilha. Era uma fortaleza situada em Paris que no século XV foi transformada numa prisão de Estado. Ali ficavam os intelectuais e políticos que discordavam ou representavam uma ameaça ao poder absolutista dos reis. É uma longa história, mas podemos dizer, com uma pequena margem de erro, que a intenção era o de prender o pensamento e entre os prisioneiros mais famosos podemos citar: Bassompierre, Foucquet, o homem da máscara de ferro, Duque de O’rleans, Voltaire, Latude entre outros.
A primeira vez em que foram definidos a liberdade e os direitos fundamentais do Homem foi por meio da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada pela Assembléia Nacional Constituinte da França em 26/08/1789 e também foi base da Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela ONU em 10/12/1948. Nela são enumerados os direitos que todos os seres humanos possuem.
- “Todo homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular”.
- “Todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão, este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.
Liberdade de pensamento é um tema muito atual e que merece alguma reflexão, afinal a liberdade é prerrogativa natural do ser humano. Se questionarmos as pessoas se são livres para pensar, acredito que um percentual bastante elevado dirão que sim, será que realmente são? Ou serão repetidores de opiniões do jornalista econômico ou político, dos líderes da igreja que freqüentam ou da sociedade que lhes inculcaram valores desde cedo que na realidade tiraram a sua liberdade?
No artigo “Temos liberdade de pensar?” de Carlos Bernardo González Pecotche, autor da Logosofia, diz “A liberdade de pensar em seu sentido íntimo significa a possibilidade de refletir e atuar a todo o momento com independência de preconceitos, de idéias alheias, do “que dirão”, etc., e, além disso, não fazer, pensar ou dizer o que não se deve.”
O Naturismo pode, efetivamente, colaborar com os indivíduos nesse sentido. O conhecimento e consciência da naturalidade do corpo humano, não abrem espaços para a promiscuidade nem para os preconceitos. Muitos ainda não se atrevem a freqüentarem uma área naturista com receio de suas reações corporais ou da sua estética. Naturismo realmente inicia na mente, é expressa por meio do corpo a liberdade mental..
Todo naturista tem uma grande responsabilidade social, afinal já sabemos pela história o resultado de querer prender o pensamento livre, responsável e ético. Podemos muito bem ensinar o caminho daqueles que ainda não conseguiram vencer seus medos, suas próprias fraquezas e de seus falsos valores sem violência, com paciência e compreensão. “Sem o suor do exemplo, os mais belos comentários perdem a legitimidade.” (Alan Kardec)
O escritor Mala Tahan, em seu livro “Lendas do Céu e da Terra” escreveu: “Nunca te arrependerás: De teres freado a língua, quando pretendias dizer o que não convinha. De teres pensado antes de falar. De teres perdoado aos que te fizeram mal. De teres suportado com paciência faltas alheias. De teres sido cortês e honesto com tudo e com todos”. Em vários países intelectuais encontram-se presos por terem ousado pensar livremente. Afinal, nunca como agora, pensar é uma questão de direito inalienável para cada ser humano. (http://www.emdianews.com.br/)
Sejamos conscientes que teremos que incentivar a união, um diálogo pacífico e de respeito, porque só assim poderemos demonstrar o valor de ter conquistada a liberdade do pensamento.
Evandro Telles
14/07/10
domingo, 4 de julho de 2010
QUEM NÃO VIVE COM NATURALIDADE VIVE NA SUPERFICIALIDADE
Naturalidade, qualidade do que é natural; produzido pela natureza; adquirido por nascimento. Partindo dessa definição, a nudez humana é o estado mais natural que o nosso corpo pode se encontrar, por isso dizemos “a natureza é nua”, porque todas as coisas produzidas por ela são espontâneas. A partir disso, tudo que se acrescenta a essa criação natural é artifício que criamos para um determinado propósito, tipo um brinco, uma pintura no corpo, um batom e mesmo as roupas. Tudo isso são artificiais.
Não é de estranhar o motivo pelo qual o ser humano esqueceu da sua verdadeira identidade. A educação e crenças incutidas na sua formação prestigiaram os artifícios em detrimento da sua liberdade. O carro, a casa, o dinheiro, a roupa tornaram importantes cartões de visita para dizer quem somos, e assim, os valores naturais, essência do ser, a razão da vida, deixam de ser pensados.
O domínio do pensamento e os questionamentos sobre o que pensamos é, na realidade, a busca do conhecimento de si mesmo. É imperativo mencionar aqui a importância da leitura e estudos sobre a nossa personalidade e caráter, porque o ditado “conhecer é poder” está parcialmente certo, o que realmente tem poder é a liberdade, que lhe é conferida por meio do conhecimento. Por esse motivo, regimes ditatoriais detestam livros e os queimam em praça pública.
Atualmente, esses regimes não mais preocupam em destruírem esse acervo, nossos jovens já faz isso, é grande o número de pessoas que não se importam o mínimo em se questionar, aprender e ler. Os relacionamentos com familiares e com os amigos refletem isso, o que realmente importa fica escondido dentro de cada um.
A prática naturista, além de trazer benefícios para o corpo físico, traz também benefícios mentais, “Naturismo começa na mente” (Paulo Pereira – Corpos Nus). Afinal, é um exercício para vivermos naturalmente, é o desapego que o Budhismo defende por causa da impermanência de todas as coisas, inclusive do nosso próprio corpo, é entrarmos na essência do ser e esquecermos por completo as artificialidades e viver cada dia melhor.
Muitos ainda não conseguem conceber a nudez como algo natural, ainda presos nas tradições e nos conceitos que formaram suas concepções de valores, Sua natureza pede liberdade, a mente não obedece. Isso acontece muito com a mulher, não sabe ela que, provavelmente, o naturismo lhe mais favoreça. Fica ela numa condição de igualdade diante do homem e conquista a sua liberdade que desde a infância a ela ficou privada. Recordo-me dos escravos que se beneficiaram com a lei que os libertaram e ainda assim imploravam para continuarem juntos de seus senhores. Não sabiam o que fazer e como iriam se sustentar, ficaram inseguros diante de um novo contexto social.
Viver com naturalidade implica vencer os medos internos, se tornar mais seguro e consciente da nossa própria natureza, é se colocar numa posição de igualdade diante de todos os seus semelhantes. O naturismo é, na verdade, evolução e ao mesmo tempo retorno da nossa condição humana, natural e nua.
Com certeza, ser natural não é simplesmente viver defendendo o meio ambiente e se alimentando de comidas naturais, é mais do que isso, é ser consciente da nossa natureza transcendente, é respeito pela vida e, sobretudo, sair do superficialismo. Mas tem um detalhe importante, ninguém poderá fazer isso por alguém, cada pessoa tem se propor a realizar mudanças em suas vidas, se lançar para o desconhecido, sair da mesmice. A liberdade é individual e as decisões também.
A omissão diante de nossas verdades gera infidelidade. Sair da superficialidade às vezes não é muito fácil, é preciso determinação, mudanças internas e, sobretudo, coragem e consciência.
Evandro Telles
04/07/10