quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Pânico na Praia

Pânico na TV de novo visitou uma convenção naturista em Tambaba, e de novo produziu uma cobertura que não agradou.

Por algum motivo, há gente que ficou surpresa, e há gente que ficou querendo processar Pânico. Uns citaram o que umas residentes da Colina do Sol ganharam processando SBT, outros saudosistas elogiaram as reportagens de TV Manchete.

Não é bem assim. Não é tão fácil assim ganhar; não é sem risco processar; e além do risco claro de perder nos tribunais, quem costuma andar sem calças deve evitar provocar humoristas competentes.

E pelo que li nas listas, há umas idéias completamente fora da realidade sobre como lidar com a imprensa. Em 2003, a revista Naturally, da Federação Canadense de Naturismo, publicou uma matéria sobre isso que merece ser lido. Outro está traduzindo esta matéria.

Mas enquanto aguardamos a tradução, vamos olhar uns exemplos de como se lida, e não lida, com a imprensa, e o que dá para fazer quando tudo já foi pro brejo.

Ratinho e Colina do Sol

Em 2001, ou talvez 1999, Colina do Sol permitiu reportagem de SBT Reporter. SBT é uma área particular, e pelo que ouvi houve um contrato escrito de que as imagens estariam usado somente naquele programa. Em violação do contrato, as imagens foram usado na Programa de Ratinho.

Bem, Tambaba, como qualquer praia brasileira, é pública. É imagem feito em área pública, é reportagem. Notícia.

Não houve contrato por escrito entre a FBrN ou a prefeitura, e Pânico.

Enquanto a Colina abriu as portas para SBT Reporter, e apareceu no Pânico, em Tambaba não houve segredo nem de que foi o Pânico, nem que tipo de programa é, e já tinham debochado ano passado.

Mais Colina/SBT

Há, ainda, uma outra ação da Colina contra SBT, atualmente aguardando sentença (http://tj.rs.gov.br/site_php/consulta/consulta_processo.php?id_comarca=taquara&num_processo=10500046080)
Mas neste caso, SBT tem provas de que depoimentos no caso foram falsos: atas de reuniões da Colina em que foi dito como coisas estavam indo bem, quando concessionários da Colina foram para a Justiça dizer que puxa, como as coisas estavam indo mal devido ao Ratinho.

Ainda que o CNCS for ganhar algo na primeira instância, vai perder mais tarde. Deixando fora a possibilidade de condenação por perjúrio, que não tem a ver com o caso Tabamba, quem perde num caso destes é condenado a pagar os advogados do outro lado, geralmente em 10%-20% da quantia pedido.

Área Pública

Qualquer um que passa numa área pública onde a televisão está filmando corre o risco de ir ao ar. Área pública é isso mesmo, não existe expectativa de privacidade.

E as praias brasileiras são todas públicas.

Aqui há uma problema para praia de nudismo: pessoas peladas na praia de naturismo não tem uma expectativa que suas imagens não vão aparecer na televisão, no jornal ou no internet?

Não tem, não.

Como então a Praia de Abricó consegue barrar quem não tira a roupa, e quem tira fotos? O talentoso Pedro Ribeiro, em grande parte. Chame a polícia e eles não tiram, não é contra a lei.

Porém, se você não quer ir ao ar com a bunda de fora, não tire a roupa na praia, ou evite repórteres.

Os Simpsons no Rio

O que acontece quando alguém ameaçar processar humorista, quando é papo furado? Há o caso dos Simpsons no Brasil. Vamos ver o sumário de Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Simpsons#Polêmica_no_Brasil):

Em 2002, a série satirizou o Brasil no episódio 15 da 13ª Temporada Blame It on Lisa (Feitiço de Lisa). O episódio mostra o Rio de Janeiro com macacos e ratos nas ruas e com uma população sexualmente agressiva. No episódio, Homer é seqüestrado por um taxista, Bart é atacado por pivetes, e os programas infantis tem apresentadoras provocantes. A Embratur protestou e ameaçou processar os produtores da série.[13] A atitude do governo brasileiro foi alvo de chacota em diversas reportagens na imprensa internacional.


Antes mesmo do episódio ir ao ar no Brasil, o secretário de turismo do Rio de Janeiro protestou a respeito da forma como a cidade foi retratada. Em nota pública, o produtor-chefe da série, James L. Brooks, desculpou-se e disse que caso fosse preciso Homer gostaria de convidar o então presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso para uma luta no show Celebrity Boxing. De fato, Mauricio Ricardo, do site Charges.com.br fez uma charge animada com Homer e Bart encontrando Fernando Henrique, e após Homer e Bart sugerirem mostrar o Brasil como é, o presidente desiste.

Apesar de uma possível ação legal movida pela Secretaria de Turismo ter sido revogada, os roteiristas ainda fizeram mais piadas do Brasil depois. Em um episódio, Homer diz que gostaria de voltar ao país mas soube que "o problema dos macacos ficou pior".[14] e o palhaço Krusty diz em outro episódio que oficiais de imigração estão constantemente sondando-o porque seu ajudante, o macaco Mr. Teeny, veio do Brasil, e "seu tio era o macaco-chefe da Secretaria de Turismo do Rio de Janeiro".[15] Em "A Esposa Aquática", da 18a temporada, Lisa diz que Barnacle Bay é o lugar mais nojento em que já estiveram. Bart pergunta do Brasil, e ela responde "depois do Brasil". A citação fora cortada na dublagem.

Brasil é longe para os escritores dos Simpsons. Para Pânico, nudismo rendeu Ibope. Você ache que eles não podem voltar para o assunto, com freqüência?

Pessoas que vivem em casas de vidro não devem jogar pedras; que anda sem roupa não deve provocar humorista.

O caso Legacy

Observatório da Imprensa notou ontem (http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=558CID001) que uma viúva de Curitiba processou o jornalista americano Joe Sharkey, pois não gostou o Joe escreveu do caso Gol 1907.

Quem processou vai perder na Justiça, e perder feio, ficando devendo uns R$50 mil para os advogados de Joe. (Sei dos detalhes, quem não sabe porque poder consultar o blog de Joe hoje, no http://joesharkeyat.blogspot.com/2009/10/dont-blame-it-on-rio-or-else.html e procura a palavra "tupiniquin".) A autora já está perdendo na opinião pública, e somente não sofrendo mais porque é vítima de tragédia.

Quem cai nas graças de humorista sofre de chacota. Quem dá desgosto em jornalista séria, sofre conseqüências mais sérias.

O próximo escândalo

O naturismo brasileiro está numa situação em que pode antagonizar jornalista? Bem, em 2007 o presidente da FBrN foi preso, e enquanto naturistas e jornalistas sabem que as acusações foram falsas, isso ainda não recebeu veiculação.

Tanto o ministério público federal quanto estadual estão estudando denúncias na falência fraudulento da empresa Naturis, que tem ligações não somente com Colina do Sol mas também com Praia do Pinho, Pedras Altas, e até com Rincão. E Celso Rossi sempre se apresentava como o fundador de naturismo brasileiro, ainda que o movimento tinha uma histórico de meio século antes de Rossi aparecer. Para nem falar da carta de Pero Vaz de Caminha.

Além disso, a Colina do Sol está indo para venda judicial, e não tem o meio milhão necessário para evitar isso. Os autores das falsas acusações contra Dr. André Herdy e os outros, são todos da Colina do Sol. Os métodos empresariais da Colina (atrair "investidores", pega seu dinheiro, e os expulsar com o confisco dos seus bens) estão atraindo atenção.

E um dos "conselheiros de ética" da FBrN, sr. Marcelo Pacheco, enfrenta mais de um processo por utilizar foto de criança pelada, sem permissão dos pais.

E caso o atual e ilegítima diretoria da FBrN não aproveitar da eleição convocado para Praia do Pinho em 15 de novembro, para se legitimizar, haverá mais um prato cheia para a imprensa, sobre qual bunda bronzeada vai sentar na cadeira do presidente.

Realmente, esta é uma hora para o naturismo brasileiro atrair a inimizade da imprensa?

Coisas para não fazer

Houve um relato de sr. Nelci-Rones Pereira de Sousa da SONATA como Pânico na TV entrou na praia:


Agora pasmem! Quando a secretária de turismo do Conde, Sra. Suzzane, ligou para o José Antonio, presidente da FBrN, para autorizar a entrada deles, eu estava do lado dele e tentei da demovê-lo da idéia de autorizar a reportagem, pois sabia que o conteúdo da matéria seria extremamente danoso para o naturismo. Ouve uma pequena troca de idéia na hora, mas ele saiu da mesa com o intuito de negociar um contrato para checar o resultado da edição da matéria antes dela ir para o ar. Com toda certeza ele não conseguiu o contrato e nem impedir que os produtores entrassem na praia.

É um pouco difícil explicar isso, mas pedir para um repórter que você quer ver a matéria antes que seja veiculada, é algo que não se faz. E completamente contra a ética deles. O efeito é semelhante ao repórter pedir, "E agora podemos ter uns homens com ereção?"

Matéria sempre sai com erro, seja na televisão, seja no jornal. Mas pede para ver antes, até oferecer ajuda para "fazer uma checagem dos fatos" é algo que é visto como um afronto direto.

Eu sabia que Sr. Tannus, ao contrario de Dr. Herdy, teve pouco experiência com a imprensa antes de assumir a presidência da FBrN, mas eu imaginava que sabia mais que isso. Presumi que ele aprendeu uma lição, e que aprenderia mais com tempo, caso resolver participar do pleito legalmente convocado.

Mas está parada já foi. Esquece, sorri, prepara para o próximo, e nota bem as lições.

Vivendo com a imprensa

A imprensa pode ser utilizada. O números de Ibope de reportagens sobre naturismo (o de SBT Reporter sobre Colina venceu Globo, algo bem raro para qualquer outra emissora na época, e RedeTV bateu todas com este agora de Pânico) o coloca como uma tema de interesse.

Há enormes oportunidades, geralmente desperdiçados. Outros grupos precisam de dinheiro, esforço, ou jeitinho para aparecer na mídia. Naturismo precisa somente jeitinho. E não tem.

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