quinta-feira, 4 de abril de 2013

Veleiros, nudismo, e abuso

Era naturismo en familia, sin connotación sexual”, disse o dono da escola-veleiro Léonide Kameneff, preso em Venezuela em 2008, extraditado e condenado em Paris neste março a 12 anos de prisão por abuso sexual de cinco dos mais de 500 jovens, tipicamente entre 11 a 13 anos, que participaram do projeto educacional alternativo entre 1979 e 2002.

Parte da defesa do Kameneff era que o nudismo abordo do veleiro refletia os "ventos de liberação" de 1968. A condenação pode indicar para o naturismo brasileira a direção em que o vento está soprando.Vale notar as mudanças de padrões; a comercialização de nudez infantil por meio de filmes; e os lideres "carismáticos" e as regras que criaram uma "prisão psicológico".

"Normal na época"

A mudança de padrões foi um argumento de Kameneff para justificar a nudez abordo do navio, conforme o site DNotícias de Portugal:

Na sua página na Internet, a associação, suspensa desde 2008, descreve uma "experiência emancipadora", uma "alternativa à educação e aprendizagem" dos colégios convencionais, "rica em descobertas".
Em declarações antes do início do julgamento, a 5 de Março, Kameneff defendeu que certas condutas atualmente vistas "com suspeita" eram algo de habitual à altura dos factos.

Porém, conforme um site de Martinique, ilha que os navios visitaram,

"Em suas motivações, o Tribunal Criminal concluiu que "a atração pedófilo de Leonid Kameneff foi bem antes do barco-escola e os acontecimentos de maio de 1968". "A violação e agressão sexual cometidos contra meninos por mais de 20 anos não se encaixam tudo no contexto de uma era supostamente permissiva, mas no contexto de uma sexualidade desviante", disse o julgamento do Corte.

A nudez casual, especialmente entre crianças e quando todos eram do mesmo sexo, já foi bem mais aceito. A Justiça pode punir hoje o que ninguém questionou ontem. Vimos nos EUA pais sendo dedurados por laboratórios fotográficos devido a fotos de crianças no banho. Dr. Cec Cinder observa no seu monumental "The Nudist Idea" de que na Alemanha nos anos 30, era permissível imprimir fotos de crianças peladas, mas adultos não podia: e agora a situação se inverteu.

Filmes de crianças peladas

Houve pelo menos um filme feito das viagens do veleiro de Kameneff,"Western Lights", ainda disponível pelo Amazon e postado em onze partes no YouTube. IMDB lista Kameneff como escritor, e seu co-réu (que foi inocentado) Bernard Poggi como diretor. Um dos comentários no Amazon afirma que "o filme é a condensação para duas horas de um documentário de 13 episódios feitos para televisão francês." Um leitor critica a descrição do produto no Amazon: enfatiza "meninos bronzados", "aventureiros jovens e bonitos", e "natação pelado como nos velhos tempos". O que leva pessoas a comprar um filme destes?

Vale notar que outros filmes semelhantes sempre seguiram os passos do naturismo brasileiro. Richard West fez filmes tipo "Nude in the South of Brazil" na Colina do Sol, entre outros lugares. Suas filmes renderem processos para uso indevido de imagens de menores, um ainda correndo (ou engatinhando) na Justiça brasileira.

Mais recentemente, foi feito vários filmes pelo documentarista Peter Dietrich no Brasil estão disponíveis no site enature.net. Parte das imagens são claramente da Praia do Abricó. Quando fui lá ano passado perguntei dos filmes, e vários pessoas da praia me informaram que os "naturista" nunca aparecerem antes, ou depois. Um conhecedor de todas as áreas naturistas do Brasil me falou que não reconheceu nenhuma das pessoas que aparecem. Pessoas? Devo dizer, crianças. As descriçoés de enature.net falam do "grupo de naturistas jovens", de "festa de 13 anos", e as imagens mostrem tão-somente crianças e adolescentes.

E um filme, num veleiro.

Mas é tudo legal, não é? Bem, houve uma companhia chamado de "Azov Films", cujo site tinha um resenha detalhada do que a lei permitia e o que não, e como seus filmes estavam estritamente dentro da lei. Foi fechada pela polícia de Canadá em 2011, sua lista de assinantes repassada para o FBI americano, que passou a prender os fregueses no último trimestre de 2012. E vale lembra que quando o presidente da FBrN foi preso em 2007, os filmes e revistas de "Brasil Naturista" foram usados como evidência para manter-lo preso.

Lideres, filosofias, ideologias

No processo foi descrito uma "ideologia" de nudez frequente, massagens conjuntos, e relações sexuais entre menores e adultos. As matérias em conjunto descrevem um "prisão psicológico" de crianças isolados dos seus pais, sob a batuca de um "guru" carismático.

A naturismo brasileiro não tem uma "ideologia". Tem uma "filosofia". Nas minhas conversas com antigos frequentadores da Colina do Sol, ouvi da pressão para participar dos trabalhos "voluntários": quem não participava sofria represálias. E presenciei e documentei a pressão contra quem desafiava as acusações falsas de pedofilia orquestradas pela corja da Colina em 2007.

Filmes de crianças? Guru? Veleiro? Ideologia? Bajulação pela mídia? Conheço esta história. A demora para conseguir a Justiça, conheço também. Mas Léonide Kameneff, agora com 76 anos, que escapou durante décadas, deveria levar o restante dos seus dias atrás de grades. Espero que o fim aqui segue o de lá.

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