terça-feira, 1 de novembro de 2011

AFINAL DE CONTAS, O QUE É NATURISMO?



A definição oficial dada pela INF – Federação Internacional de Naturismo em Agde no ano de 1974 é: “Naturism (Nudism) is way of life in harmony with nature....” Observamos que a INF coloca “Naturismo e Nudismo” no mesmo plano, sem diferença alguma. Mas isso também já foi colocado por Paulo Pereira em seu livro “Corpos Nus” e em diversos textos dele onde explica com detalhes sobre essas diferentes palavras, mas com o mesmo significado. Inclusive o último foi agora em Outubro/2011, na entrevista concedida ao portal Jornal Olho Nu.

Observo que algumas pessoas ficam discutindo o assunto “Naturismo x Nudismo” e cria um problema e uma discussão sem fim. É preciso entender que o conceito já foi dado e nós filiados a INF devemos seguir a mesma linha de entendimento. Se mesmo assim houver algum modo de pensar diferente, devemos colocar para análise no Congresso Internacional. Se houver alguma mudança no conceito não haverá problema algum.

As palavras têm um lado conceitual, que poderão ser encontradas em qualquer dicionário, mas também possuem as suas implicações. Por exemplo, pensem um pouco sobre a palavra “amor” ou “liberdade”. As implicações na sua perfeita meditação serão até contraditórias. E o que dizer da palavra “Naturismo”?

A prática do Naturismo consciente, indubitavelmente nos fará refletir sobre o corpo humano dentro de um contexto natural e inserido na natureza de todas as coisas. Por isso se torna um agente transformador como disse Michel Caillaud em 1996 na sua conferência: “O Naturismo, rejeitando um tabu e os preconceitos, abre espaço para que as coisas sejam vistas sob uma nova ótica, permitindo que se manifeste um quadro de valores diferente daquele tradicionalmente inculcado” (1).

Parece que o perigo de andar descalço sobre cacos de vidros é fichinha em comparação com um naturista consciente. Essa pessoa começa a questionar todas as estruturas sociais, políticas, religiosas e educacionais. Sabe quando teremos uma lei que regulamente o Naturismo? Nunca. Porque são conflitantes na sua essência. No máximo haverá uma autorização para a sua prática em uma área específica e assim mesmo com muita insistência. A flor se abre e exala seu perfume sem nenhuma necessidade de permissão de ninguém, a natureza flui sem permissão, “SEM PEDIR JULGAMENTO”, que é o título do próximo livro de Paulo Pereira.

Tal como uma luz branca quando passa por um prisma e irradia as mais diversas cores, assim a mente humana cria todos os tipos de divisões. O que a Filosofia Naturista na realidade tenta fazer é eliminar, senão todas, pelo menos em parte esse separatismo. Venham não importa sua crença, sua raça, sua nacionalidade. Vejam que até a noção de pátria se perde quando se pensa pela ordem natural, deixa assim de existir qualquer tipo de raça pura. Não há necessidade de conflitos quando se tem a consciência de que tudo é interdependente. A luz branca representa o “TODO”.

Então, afinal de contas o que é Naturismo? Pode ser considerado um grande processo de meditação, pode ser também considerado uma grande religiosidade quando pensamos em todos sem divisão estamos nos religando ao que é Divino, pode ser até mesmo uma grande terapia (assim nasceu na Alemanha), pode ser pura diversão em que alegra nosso espírito e proporciona um pouco de tranqüilidade ao corpo não ficando tão obsessivo.

Do simples conceito de que o “Naturismo é o nudismo social moderno” (2) surge as mais profundas implicações do homem na busca de si mesmo, na busca de encontrar a paz. Como diz Mercedes Sosa em sua música “Solo Le Pido a Dios”, que eu não seja indiferente a todas as agressões, que eu seja um instrumento que possa conduzir as pessoas a refletirem sobre essas questões através dos textos que tenho escrito.


Evandro Telles
01/11/11
www.evandrotelles@blogspot.com


(1) Naturismo, um estilo de vida – Extrato da conferência proferida por Michel Caillaud, Presidente da Federation Française de Naturisme – traduzido por Edson Medeiros, publicado na revista In “Naturis” nº 07 em 1996.

(2) Entrevista de Paulo Pereira ao portal do Jornal Olho Nu – Outubro/2011


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