sexta-feira, 26 de março de 2010

Uma víbora no seio

"A questão moral deixamos para a igreja decidir", diz Marcelo Cavalheiro, presidente da Ambrava, na Folha de São Paulo esta terça-feira, comentando sobre a possibilidade da Praia Brava ser liberada para naturismo.

Cavalheiro é sábio em entregar o moral para a Igreja, e de considerar o naturismo como uma opção para turbinar o turismo na praia.

Porém, seria um erro presumir que em aceitando o naturismo, seria necessário ou útil convidar a Federação Brasileira de Naturismo.

FBrN: uma víbora no seio

Convidar a FBrN para sua praia ou empreendimento, é como abraçar uma víbora ao seu seio.

Cavalheiro não parece nenhuma Cleópatra, para fazer isso por querer. Aqui, então, assumimos o papel do Instituto Butantan.

Clarificaremos primeiro a "Código de Ética" da FBrN, batizada pela mesma metodologia do "Ministério de Paz" de Orwell em "1984". De ética nada tem. Certos pontos não passam de etiqueta, como "coloca uma toalha embaixo da bunda pelada". Mais nociva é a cláusula que proíbe “danificar a imagem” de naturismo. Não proíbe qualquer crime, só proíbe que isso chegasse a ser conhecido.

Exponha o corpo, mas encubra os fatos! É a lema da FBrN.

Já escrevemos sobre a ética da FBrN, na prática. É leitura aconselhável para qualquer um que está considerando qualquer negócio com o FBrN, para conhecer a distância entre o que prega e o que pratica.

A mordida da víbora

A mordida mais comum da víbora é a mordida de sempre: a mordida financeira. Ano retrasado, vi o livro de atas da FBrN. O primeiro ato, antes de qualquer coisa sobre os objetivos ou medidas para alcançar-los, foi determinar quanto cobraria para alguma associação local se afiliar à FBrN.

Cobrar primeiro, e deixar o que vai fazer em troca do dinheiro para depois.

Não é preciso se afiliar ao FBrN para praticar naturismo - basta tirar a calça. Para conseguir publicidade, o fato de ser naturismo em si já garante interesse da imprensa. A FBrN não oferece nenhuma sabedoria especial sobre relações com a imprensa, realmente, o fato que eles continuam a receber programas como Pânico no TV depois de já terem sido queimados, sugere que eles não somente não sabem de nada, mas que são incapazes de aprender.

A FBrN ano passado reconheceu um "dívida" de mais de cem mil reais para com seu presidente retrasado, Elias Pereira. O sucessor de Elias, Dr. André Herdy, me assegura que esta dívida é fabricação. Por exemplo, numa reunião da Federação Internacional de Naturismo em Espanha, onde Dr. André e vários dirigentes europeus ficaram na opção mais barata, Elias escolheu o hotel mais caro. E cinco anos depois, está mandando a conta.

Se a Ambrava acha que pagar contas em hotéis cinco estrelas na Europa é o uso mais sensata dos seus recursos, pode muito bem contribuir para a FBrN.

Controle do comportamento do publico

A FBrN pode alegar que tem experiência em como controlar o pública em ambientes naturistas. Mas as regras excêntricas da FBrN, sem similar em qualquer outra federação naturista do mundo, demonstram bem o ditado que "o que existe somente no Brasil, se não é jabuticaba, é bobagem".

Um dos destaques do regulamento é a proibição de homens solteiros. Foi a maneira encontrado para barrar homossexuais, artifício claramente inconstitucional, e na praia de Massarandupió resultou numa multa que quebrou a associação naturista de Bahia. Massarandupió hoje continua naturista, sem afiliação com a FBrN, e feliz. É um exemplo que Praia Brava poderia seguir.

Nos últimos dois anos, primeiro tentando conseguir a ajuda da FBrN no caso Colina do Sol, e mais recentemente somente interessado em que a FBrN não continuasse oprimindo os inocentes e festejando os criminosos, visitei várias praias naturistas no Brasil. Tambaba, Praia do Pinho, Galheta, todas tem sua "zona de sacanagem". E do que ouvi, a situação não é diferente em nenhuma outra.

Seria inevitável para Praia Brava, que sua natureza exuberante ficaria enfeitada com adornos de látex natural? Impossível dizer. Mas a experiência, e não as promessas, demonstra que se haveria uma maneira de evitar isso, a FBrN não a conhece.

Paraíso intocado - mas por favor, sem o serpente


Muitos dos membros da Ambrava, como crianças ou adolescentes, experimentam a felicidade de encontrar uma praia ou cachoeira que parece intocada desde o Descobrimento, e tirado a roupa para correr livre que nem os brasileiros originais.

É uma felicidade que faz parte da condição humana. A Ambrava quer preservar parte do litoral paulista para que os brasileiros do futuro possam sentir a mesma coisa que eles sentiram, a beleza natural deste mundo e desta terra.

A exuberância da mata atlântica já foi sacrificado no passado para a plantação de café, e condomínios fechados não são uma safra mais bonita ou mais nobre. É bom que Praia Brava continue como sempre estava, é louvável que Ambrava comprou esta briga, é encorajador que encontrou apoio na prefeitura de São Sebastião.

O naturismo pode oferecer muito para Praia Brava. É uma maneira de chamar atenção para a beleza do lugar, e de trazer turistas de fora e aumentar a prosperidade da comunidade local, sem trazer um publico para quem o lazer consiste em ver quanto que pode consumir, e especialmente esbanjar seu consumo.

Mas isso é o que o naturismo oferece. O que a FBrN oferece é gastos e perigos, um vampiro ou uma víbora, que de valor nada oferece.

É possível que Marcelo Cavalheiro e seus companheiros na luta chegaram uma bela manha na Praia Brava, ouviram as ondas bater na praia branca, abaixo das montanhas coberta da floresta tropical, e disserem, "Isso parece o Éden! Mais falta o serpente."

Se for para suprir esta falta que procuraram a FBrN, foi uma escolha acertada.



http://peladista.blogspot.com/2009/04/brasil-naturista-e-indicio-de-abuso.html

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