terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Atrás da folha de parreira

Quando Eva mordeu a maçã, a diferença entre pelada e vestida foi o mais inconseqüente das sabedorias que ela ganhou. Aprendeu a diferença entre o bem e o mal, e entre a verdade e a mentira.

Demorei para entender que o naturismo organizado brasileiro acha que Eva mordeu a fruta da Arvore do Nu e Vestido, e não do Bem e do Mal. Acha que tirando a roupa é o principal, e se desfazendo da incômoda folha de parreira, se pode também deixar de lado o verdade e a mentira, o bem e o mal, que incomodam ainda mais.

Pelo menos é assim que agem. 

Abre alas

A abertura do Congresso Internacional de Naturismo na praia de Tambaba em setembro de 2008 foi, como qualquer abertura, simbólico dos evento, dos organizadores, dos convidados, e do lugar. 

Talvez não da maneira esperada.

Fui informado antes do evento pelo Paulo, presidente da Sonata, de que na abertura as bandeiras de todos os países participantes seriam carregados por vinte jovens e moças, voluntários entre os jovens naturistas da Praia de Tambaba.

De fato, na hora (bastante atrasada) da abertura, entrou uma moça e um jovem, vestidos somente com penas, distribuídas com tal frugalidade de que, se fossem porta-bandeiras e mestre-sala, sua escola teria levado multa.

Versões inventadas

Como foi que a abertura foi literalmente decimada, indo de vinte para dois? Fui ver depois, com minha caderna e caneta nas mãos. Recebi as seguintes explicações:
  • Os figurinos chegaram com atraso, e não deu tempo para vestir os vinte.
  • Os jovens eram entre os pagos para trabalhar no evento, e sendo que a abertura demorou além do expediente, foram para casa.
  • Os jovens desistiram na última hora de aparecerem pelados na televisão nacional.
Todas estes explicações foram feitos com grande sinceridade. E, acredito, todas inventadas na hora.

Quem portou a bandeira

Falei com o jovem que portou a bandeira, Leandro se me lembro do nome (hoje é feriado, e não vou me dar o trabalho de procurar meu caderno para verificar), era mesmo funcionário pago pela Prefeitura de Conde, trabalhando no apoio do evento.

Leandro era bem preparado, ou bem rápido no pensamento; perguntado se era difícil ser o único de portar a bandeira, em vez de ser somente um de vinte, respondeu que era uma honra carregar a bandeira do Brasil. Perguntei porque ele foi quando os outros desistiram, e ele falou que cumpre seus pactos. Perguntado o que mamãe acharia vendo ele no TV na maneira que ela o trouxe ao mundo, disse que mamãe seria orgulhosa e feliz.

Leandro não mentiu, ou pelo menos, falou somente sobre os atitudes dele e da sua familia, e evitou criticar os outros que desistiram, e de criticar a organização (ou para melhor dizer, a falta de organização). É assim que se age nestes situações.

Todos tem o direto aos seus próprios opiniões. O que eles não tem é o direto aos seus próprios fatos. Leandro, que carregou a bandeira, falou dos seus opiniões e atitudes, e saiu bem. Os que eram responsáveis pela organização contaram mentiras, e parece que em nada se incomodaram com isso.

Quantos foram a Tambaba?

Quantos foram para o Congresso Internacional de Tambaba? Alguém com experiência em contar o público numa praia, fez isso no dia mais movimentado do Congresso, e meu contou o número, menos de 400. Um concessionário me contou que num fim de semana normal dava mais vendas do que durante o Congresso.

O Sr. Marcelo Pacheco, editor da revista de fotos de gente pelada que sai sob o nome Brasil Naturista, me disse no Congresso que, sendo que foi anunciado que viriam 5.000 pessoas, não se poderia dizer que não chegou a 500, porque o Naturismo já tinha dito 5.000.

Sr. Pacheco tem dito mais de uma vez que eu não sou naturista, que é verdade. Porém, eu posso imitar naturista quando a situação exige, pois dentro da minha roupa, tenho pele. Mas dentro do pele do sr. Pacheco, não há um jornalista, e ele não consegue imitar um.

Ainda bem que os leitores dele somente olhem suas fotos de gente pelada. Não sou assinante do seu site, mas pelos processso que ele está respondendo por uso de fotos de crianças sem permissão dos seus pais, são estas que o mercado exige, e que ele fornece.

O mal que a mentira faz

Mas que mal faz, dizer que há 5000 no Congresso? Bem, pergunte para os vendedores, que pagaram caro para o espaço no evento, e onde num belo manha as vendas totais de vinte lojinhas juntas foram um sabonete. Pergunte para os hoteis de Conde, que ficaram vazios porque muitos visitantes optaram por ficam em João Pessoa, presumindo que com 5.000 turistas Conde já estava lotada.

A verdade é objetivo

Nossa peladista-chefe acabou de escrever sobre o clubinho do peladinho. O atitude do FBrN me lembre de uma história de outra escolinha, esta não de peladinhos.

A sala de aula tinha acabado de ganhar um bicho de estimação, um linho coelho branco. Mas era preciso escolher um nome, e uma das crianças levantou a pergunta pertinente - era um coelho, um uma coelha?

Conversa vai, conversa vem, e uma das crianças sugeriu uma solução: vamos votar!

A FBrN, pelo que vi, persiste na idéia de que perguntas de fato podem ser resolvidos pelo voto. E por eles, não importando a maneira em que a questão esteja formulada, o votação é sempre na mesma base - você é de nossos amigos, ou não?

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