domingo, 22 de novembro de 2009

Perigo Aviário

Sexta-feira CENIPA lançou a Conexão SIPAER que pelo subtítulo é uma "Revista Científica de Segurança de Vôo".

A ciência procura conclusões sustentados pelos fatos, uma contraste ao hábito humano de procurar fatos que sustentam conclusões já alcançados. A segurança aérea focaliza não em fixar culpa para os acidentes que já aconteceram, mas de tirar deles lições para evitar que os mesmos fatores provocam outros acidentes.

A dinâmica é bastaste diferente daquele de pequenos grupinhos movidos por interesses fisiológicos e brigas antigas. Porém, o lançamento da revista me lembrou de uma "causa" de segurança aérea tem muito a ver com reclamações recentes do mundinho de naturismo brasileiro.

Duas matérias me provocaram a comentar a revista aqui:

O LIMITE DE AUTORIZAÇÃO NAS OPERAÇÕES AÉREAS: O CASO GOL 1907

GERENCIAMENTO DO PERIGO AVIÁRIO EM AEROPORTOS

Meu interesse na primeira é pois eu sou o correspondente local e tradutor do Joe Sharkey, o colunista do New York Times que estava aborda do Legacy, como creio que é de conhecimento geral. Devido aquilo, serviu como consultor e tradutor para um equipe canadense que fez um episódio de Air Crash Investigation para o National Geographic Channel.

O envolvimento não terminou ainda. Traduzi muito, inclusive o relatório da CPI da Câmera, escrevi no Observatório da Imprensa (duas vezes). Vou ter que traduzir esta matéria também, pois o compromisso assumido ainda não terminou.

Palestra em Fortaleza

O perigo aviário é um assunto em alta depois do que aves apagaram as duas turbinas daquele avião que então pousar no rio Hudson. Ouvi disso em outubro de 2007, em Fortaleza, numa palestra sobre segurança aérea.

Tinha terminado o trabalhou que me levou a Fortaleza, e meus planos foram de ir para a praia descansar. Mas precisei procurar no site da CENIPA o filme que a Aeronáutica fez sobre o resgate dos corpos, para enviar para a produtora da National Geographic, para esvaziar as falsas acusações que um pequeno grupo de parentes fizeram contra os militares que se enfiaram no mato, para que não chegassem a tela.

No site, encontrei o filme, e encontrei esta palestra sobre segurança aérea sexta-feira e sábado. Diz adéus aos meus planos de uma fim de semana relaxante entre as dunas e o mar, e foi aprender mais sobre os assuntos sobre quais escrevo, como é meu dever.

Matadouro ilegal

Memoravelmente, foi mostrado um vídeo curto sobre uma problema de urubus que estavam atormentando um dos aeroportos do nordeste. A causa tinha sido identificado, um matadouro clandestino que operava na cabeceira da pista.

Numa entrevista com o dono do matadouro, um homem simples do interior, ele contava com toda naturalidade como uma vez por semana ele jogava todos os ossos, tripas, sobras, etc. naquela área vazia, aberta, onde os urubus acabaram com a carniça. A câmera mostrava estes lá aguardando.

O homem claramente não tinha o menor idéia do perigo em que ele estava colocando a vida dos outros, ou como seu pequeno negócio a margem da lei estava emperrando o investimento enorme que sociedade tinha feito no aeroporto, ou como sua carne a três reais o quilo estava ameaçando turbinas que custam um milhão a unidade.

Explicando o perigo

O filme de SERIPA IV não mostrou a tentativa de explicar para este homem simples, de capacidade limitada, o perigo que seu matadouro representava, e de que ali não poderia continuar. Imagino que sua resposta foi mais ou menos assim:

Nós não torcemos contra o [aeroporto], pelo contrário, preferimos que ele recupere todas as perdas que teve, mas também gostaríamos que ele não tumultuasse e envolvesse todo mundo numa situação que não nos diz respeito. Já estamos todos cansados de ver o nome dele envolvendo o [matadouro clandestino]. Só isto!

A mente mesquinha e fechada é assim: veja o mundo inteiro somente em termos dos seus pequenos e isolados interesses.

Na cabeceira da pista

O dono do matadouro não entende que um amigo ou parente dele poderia estar abordo de um avião derrubado por um urubu na turbina ou na para-brisa. Entende menos ainda que quem está na cabeceira da pista corre mais risco de ser atingido por uma queda de avião.

Por acusações como aqueles contra Dr. André, naturistas estão todos na cabeceira da pista. Para polícia, promotoria, e imprensa: crianças e adultos pelados juntos é suspeita, numa maneira em que crianças e adultos juntos de bombacha, ou juntos de bicicleta, ou juntos em qualquer outra atividade familiar, não é suspeita.

Naturistas sabem que famílias inteiras nuas, ou crianças nuas, não é sinal de abuso. A FBrN sabe, também. Mas deixou claro, quando Dr. André foi preso, que a FBrN não vai testemunhar que naturismo familiar é inocente, nem para salvar seu presidente.

Acusação, falsa testemunha e julgamento na imprensa são terrores de nossos tempos, e ninguém sabe quem será a próxima vítima. Mas naturistas sabem que estão na cabeceira da pista, com mais chance se ser vitimizadas pelo próximo desastre do que qualquer outro.

Fatos simples

O que não entre em cabeça dura duas vezes, não entraria na terceira, mas mais uma vez:

  • A repudiação imediata de Dr. André pela FBrN não foi "nada contra";
  • Os acusações contra os quatro partiram tal-somente de sócios e conselheiros da Colina do Sol;
  • Os acusadores foram acolhidos pelo FBrN, estes urubus votando e sendo votados na eleição irregular no Mirante.

Não sei porque um pequeno grupo tenha tanto interesse em manter a FBrN como refúgio para estelionatários. Não sei porque a FBrN, que prestou apoio nenhum ao Dr. André, é tão prestativo em apoiar os autores das falsas acusações.

Não sei, e não me interessa.

O que eu quero, nesta hora, é que o FBrN não colocasse seus urubus no meu caminho. E só.

Interesse

Digo de novo que a problema desta senhora não é a incapacidade de entender qualquer coisa fora do seu mundinho. Não é somente falta de cabeça, mas falta de coração. Ela reduze os outros ao tamanho dela:

Então eu pergunto:- O que eles e mais alguns gatos pingados querem fazer do naturismo?
Qual é o interesse pessoal e econômico que eles tem?

"Pessoal e econômico"? Há coisas que não se faz por dinheiro (ainda que uns do FBrN acham diferente). Meu interesse na situação de Dr. André, Fritz Louderback, Cleci e Barbara é de ordem ética e moral:

"Nenhum homem é uma ilha, inteiro e completo em si mesmo; cada homem é uma parte do continente, uma parte do todo. Se um torrão for levado pelo mar, a Europa ficará menor e incompleta, tanto quanto se um promontório o tivesse sido, da mesma forma como se a propriedade de um amigo ou a sua própria tivesse sido. A morte de qualquer homem diminui-me a mim, pois eu sou parte da humanidade, e por isso digo-lhe: nunca procure saber por quem o sino dobra; ele dobra por ti."
(John Donne [1572-1631], Meditação XVII)

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